São trinta anos no meio da moda. Como não poderia deixar de ser, Edilson Ferreira sabe o que diz. Mais do que isso, sabe como fazer seu trabalho e arrancar elogios de produtores, fotógrafos, modelos e artistas. Afinal, seus primeiros passos já foram dentro de um habitat para lá de fashion. “Minha mãe foi uma grande costureira no Maranhão, daquelas que fazia o molde na mesa, com papel, desenhado em cima do corpo da pessoa. Isso me encantava desde novo, mas fui trabalhar em banco. Quando descobri que eu realmente amava a moda fui fazer styling e maquiagem”, lembrou ele, que, a partir daí, encarou longas produções de desfiles, publicidade e muitos backstages badalados.
Confira o trabalho de Edilson na entrevista editorial publicada no site HT com Pablo Morais.
“Eu vim para o Rio através do concurso da Elite, conheci o Sérgio Mattos e não parei mais de trabalhar nisso. Já fui to The Look of the Year e muitos outros concursos e trabalhei com diversas supermodelos em início de carreira”, contou ele, que ensinou algumas a darem seus primeiros passos na catwalk. “Eu dava aulas de passarela, ia nas agências. Mas não gostava disso de colocar livro na cabeça, até porque acho que cada uma tem que, através da sua personalidade, moldar seu andar elegantemente”, explicou.
É com esse mesmo pensamento que ele trabalha as maquiagens que cria. “Maquiagem também é criar seu estilo. Cada pessoa é diferente, mas nunca tive muitos problemas. Sempre rola alguém que prefere outro estilo, pede para tirar algo, por outro… tem que ter jogo de cintura. Em desfile não, até porque os conceitos são muito elaborados e a modelo não têm que se meter, mas tudo é questão de conversa, todo mundo é sujeito a erros e acertos, tudo pode ser ajeitado de acordo com o desejo das pessoas”, analisou Edilson, que já fez direção de maquiagem e desfiles de nomes como Samuel Cirnansck. “Atualmente eu sou só maquiador, mas quando me chamam para algo de moda eu gosto, até porque comecei fazendo produção e styling”, disse ele, que escolheu o caminho das cores. “Elas me encantam, por isso a maquiagem. Quando abro uma paleta acho lindo. A make nada mais é do que uma fantasia onde mulheres – e homens também – criam personagens. É um adereço, mas estar mal maquiada faz todo o look não render”, disse.
E o que significa, na opinião de Edilson, estar mal maquiada? “Exagero de cores é o pior erro, acho. Pele muito carregada também. Quando uma mulher está mal maquiada parecem vários ursinhos pandas… corretivo muito branco também é feio. Tudo tem que ornar, os elementos conversam”, ensinou ele, que faz uma pele perfeita com “muito pouco”. “O principal produto para estar sempre com pele boa é proteção, protetor solar. Quem tem um corretivo essencial e uma boa máscara já se garante. Dentro da make a pele é o que importa. Se tiver viço e estiver naturalmente bela, a pessoa está linda para qualquer ocasião”, analisou ele, que prefere ressaltar os olhos, mas não se prende a regras. “Prefiro olhão do que bocão, mas acho que dependendo do momento dá para combinar os dois. Há eventos em que o tema pede brincar com cores, make, mas no cotidiano acho que não exagerar é o segredo. Mas não me prendo: a maquiagem pode ser usada de manhã, tarde, noite”, ressaltou.
Apaixonado por misturas, Edilson adora trabalhar a pele negra. “Tem que ver os pontos que são bons de valorizar. A pele negra às vezes tem quatro, cinco pigmentações e podemos trabalhar em cima disso com pigmentos desenvolvidos hoje na indústria de cosméticos e os mix. Todas as peles podem ser trabalhadas através da mistura certa de pigmentos para deixar no tom desejado e isso me fascina. Eu amo essas misturas”, disse ele, endossando que “tem que trabalhar com emoção”. “Se tem frio na barriga é porque é bom. Quando perde, melhor procurar outra coisa. Gosto desse meio, porque a cada momento estou criando e descobrindo”, garantiu.
Não à toa, a dica principal de Edilson para quem está começando é: muito estudo. “O mercado está muito cheio. Então diria para estudarem sempre. A maquiagem é uma escola. Não é amanhecer maquiador. Cuidar bem do outro é saber o que vai fazer. Conheço gente que já estragou peles e cabelos por não ter conhecimento”, contou ele, que, em uma carreira tão longa, já teve oportunidade de realizar muitos sonhos. Não todos. “Tinha o sonho de maquiar a Luiza Brunet e hoje trabalho bastante com ela. Já maquiei também a Liya Kebede, uma negra linda, das antigas, que faz muita alta-costura e até hoje está em evidência. Ela fez um filme, ‘Flor do deserto’, sobre a história de meninas que nasciam em tribos somalianas e eram castradas. É uma das modelos mais icônicas do mundo”, disse ele, que quer ainda mais: “Sonho em maquiar a Natalia Vodianova, que acho uma das mulheres mais lindas do mundo”, contou.
Viciado em redes sociais, Edilson está sempre se aprimorando e não teme trabalhar com famosos de mais personalidade. “Meus seguidores são quem gosta de moda e eu também sigo isso: conceito. Quando a gente descobre o que gosta e trabalha com segurança viramos tão profissionais quanto quem estamos maquiando. Ir para um set é executar o que você gosta. Faça bem que você se sai bem”, aconselhou.
Com um enorme arsenal de produtos Dior e L’Oréal Professionel, Edilson sabe que nem todos tem o mesmo acesso, mas tem dicas para boas maquiagens mesmo em tempos de crise. “Dá para gastar pouco e ter bons produtos e resultados. Há várias linhas em grandes farmácias. Além disso, a pessoa pode investir em quatro produtos e já ter material para uma boa maquiagem. Um rímel, um batom, uma base e um blush já são um caminho andado. Criatividade é tudo: o lápis pode virar sombra, batom… o batom pode ser blush…”, listou. Apesar dos tantos truques, a dica principal na make é a mesma que Edilson usa na vida. “Não ter medo de ousar. Vai na fé, faz seu estilo e se joga”. Assinamos embaixo.
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