No interior do Brasil, a tribo Xavantes utiliza o balaio feito com folhas secas de buriti como auxílio para carregar alimentos e até bebês. Mas, com o olhar atento de Tereza Xavier e o talento da joalheira carioca, os cestos ganham formas, pedras e adornos e se transformam em joias com a mais pura essência brasileira. O modelo, que é numerado e feito todo artesanalmente, hoje já é sucesso no catálogo da loja e está presente em todos os continentes. Como contou a joalheira Tereza Xavier, a bolsa Vesica Piscis é a oportunidade da grife homônima de reforçar o DNA da marca que conquista fãs pelo mundo há 21 anos. “Eu estou muito feliz de estar conseguindo dar voz a uma etnia indígena com este trabalho. Durante toda a minha trajetória, eu sempre uni as raízes brasileiras com a alta joalheria. E nesse trabalho não é diferente. Eu me aproprio da obra artesanal de uma tribo indígena e acrescento diamantes, pedras preciosas e outros elementos para potencializar a beleza”, explicou.
Assim, além de firmar o conceito de joalheria sustentável, Tereza Xavier ainda divulga a arte manual da tribo Xavantes, que fica a quilômetros de distância de Goiânia. Segundo a joalheira, a estrutura da bolsa que originou a obra de arte é um trabalho desenvolvido apenas pelas mulheres da tribo e que faz parte da cultura local. Para transformar os modelos em joia, Tereza disse que só consegue customizar os balaios que forem feitos em excesso pelas índias. “A tribo não produz essas bolsas para comercializar. Então, eu só consigo comprar o que eles fazem a mais do que precisam”, disse.
No entanto, fazer este trabalho manual indígena não é uma tarefa nada simples. Como contou Tereza Xavier, alguns modelos chegam a levar mais tempo que joias em ouro e diamante, por exemplo. Na prática, a joalheira revelou que algumas bolsas demoram cerca de 200 horas para que passem por todos os processos até poderem brilhar nas prateleiras da grife. “É um trabalho ancestral dessa tribo indígena que, às vezes, demora uma semana até que ganhe esta forma. Depois que as mulheres Xavantes colhem as folhas de buriti, ainda precisa secar antes que comece a trançar”, explicou a joalheira que, depois que recebe o modelo cru, começa a customizar. “O Rio de Janeiro é o lugar onde eu centralizo toda a produção. Mas, além de receber a bolsa da tribo, todos os outros elementos são feitos artesanalmente pelo Brasil. No total, são sete mulheres trabalhando em pontos diferentes para que a bolsa fique pronta”, revelou.
Com tudo o que precisa para criar a sua joia, Tereza Xavier destacou a preocupação na hora de customizar os modelos. Segundo a joalheira, o objetivo principal é que o balaio não perca a essência indígena e que mantenha a ancestralidade presente na forma. “Eu vejo a bolsa dos Xavantes como um livro de colorir pronto para receber a minha criatividade. Então, eu me autorizo a pintar com as cores que eu quiser, mas sempre mantendo a identidade da tribo. No meu trabalho, eu me preocupo muito em manter a autoria artesanal indígena, apesar de interferir e acrescentar seda, pedras preciosas e até diamante”, disse Tereza que já está 106ª unidade da bolsa que já é sucesso em sua grife.
Mas, quem vê o modelo brilhando, literalmente, nas prateleiras da joalheira nem imagina que tudo começou com a solidariedade de Tereza Xavier. Como nos contou, o primeiro contato com os Xavantes foi há dois anos durante os Jogos Mundiais dos Povos Indígenas, em Tocantins. Lá, a joalheira acompanhou a pluralidade cultural de 47 etnias, inclusive algumas que ela nunca tinha ouvido falar. Durante a experiência, um índio Xavante pediu ajuda à carioca para arrecadar brinquedos para o Natal da tribo.
Atenciosa, como sempre, Tereza mergulhou na causa e conseguiu doar cerca de uma tonelada de presentes para os índios Xavantes. “Eu voltei para o Rio com a meta de conseguir ajudar aquela tribo. Com ajuda das redes sociais, juntei centenas de brinquedos, levei para Goiânia de avião e depois viajei por dois dias até a aldeia”, lembrou Tereza que, como agradecimento, recebeu uma das bolsas como presente. “Era algo do dia-a-dia deles, que as mulheres da tribo carregam para todos os lados. Depois que eu ganhei, fiquei por dois meses namorando a bolsa até que comecei a trabalhar em cima”, contou. Hoje, o modelo é mais um dos sucessos da carreira de Tereza Xavier e já é visto e comentado por diferentes idiomas. “Está ganhando o mundo”, comemorou. Parabéns, querida!
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