O cenário é o seguinte: duas louraças, uma editora de moda bacanérrima, e vários outros jornalistas moderninhos baixando em peso nos arredores da Cidade do Samba, na Gamboa. As pessoas que bebiam nos bares da rua do grupamento de barracões se impressionavam ao vê-los passar, no estilo “o que esse gringo está fazendo aí?”. E os gringos, ao chegarem aos barracões, já foram logo subindo nos carros alegóricos e enlouquecendo com as fantasias. Uma delas perguntava: “como eu faço para desfilar em um carro destes?”, já outros perguntavam: “quem custeia tudo isso?”. E assim se estabeleceu uma bela relação entre o Brasil e jornalistas internacionais. Uma imagem bem melhor do que aquela que anda aparecendo nos noticiários ultimamente, com José Dirceu e sua patota sendo isentados do crime de formação de quadrilha. Digno, o carnaval tem o seu mérito!
Trata-se de um grupo de oito jornalistas internacionais de veículos como Elle e Le Monde (França), Hint Mag (Estados Unidos), L’Officiel (México), Pashion Magazine (Oriente Médio) e Fashion TV, que está no Rio de Janeiro, em pleno carnaval, mergulhando no universo criativo das escolas de samba cariocas, na cultura nacional e conhecendo estilistas e marcas brasileiras. O resultado foi uma maratona pelos dotes criativos do país do carnaval. E uma imersão nas peculiaridades da cidade que rendeu a bela observação do editor de fotografia da Fashion TV, o sueco Sean Kafashian : “As pessoas estão o tempo todo sorrindo e em festa, principalmente nos bairros mais pobres, isso é uma coisa difícil de entender”. Okay, é carnaval, mas você tem toda razão, Sean, e acontece assim o ano todo.
O convite foi feito pelo TexBrasil (Programa de Internacionalização da Indústria da Moda Brasileira) e faz parte do Projeto Carnaval, idealizado e executado pela Apex-Brasil (Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos). A ideia é gerar matérias especiais que misturem moda e cultura brasileira. “Temos planejadas diversas atividades e, além de ver os desfiles na avenida, os jornalistas visitam o barracão para entender todo o processo criativo e a confecção das fantasias e alegorias. E mais: ainda conversam com estilistas que desenvolvem roupas e fantasias nesta época do ano, percebendo que o carnaval é parte importante do imaginário na moda nacional”, detalha Lilian Kaddissi, gerente executiva do programa.
A turma se esbaldou visitando as grifes brasileiras Blue Man, Andrea Marques e Alessa, e ainda foram recebidas nas casas dos estilistas Victor Dzenk e Lenny Niemeyer. Depois, seguiram para a Cidade do Samba, onde se impressionaram com o cenário. O jornalista do diário francês Le Monde, Julien Neuville, perguntou de onde vinha o financiamento de toda essa estrutura, o gringo não imaginava a coisa tão grandiosa e organizada e, além disso, achou curioso uma cidade inteira estar totalmente voltada para o tema. Os anfitriões foram educados e não quiseram polemizar, respondendo que o custeio vinha do valor das fantasias e eventos da escola e basicamente de apoio da iniciativa privada. Ponto. Para que entrar em detalhes, falando dos bicheiros? O jornalista da L’Officiel México, Marco Corral, também questionou o fato: “É bem luxuoso para uma coisa feita pela comunidade, não?”.
E lindo de ser ver foi o desfrute das louraças beuzebu, representantes da Fashion TV, todas serelepes, a ponto de tirar fotos dando pinta de bonitas nos carros alegóricos, fotografando rapazes que estavam lá, recém chegados dos blocos de rua fantasiados de mulher maravilha, que dançaram funk para elas. Uma delas, a apresentadora de canal de moda, socialite e modelo israelense Hofit Golan, ficou impressionada com o trabalho dos carnavalescos e a riqueza de detalhes nas alegorias e fantasias, chegando até a sugerir que no próximo ano os anfitriões convidem estilistas brasileiros a desenvolver fantasias exclusivas, tipo Victor Dzenk, para fazer peças para a imprensa internacional, colocando todos na avenida. Bom, gringo quando se deslumbra, quer mesmo é subir no queijo e segurar o Santo Antonio no topo do carro alegórico. Perguntamos à gatíssima se ela usaria uma dessas peças mínimas que as beldades brasileiras usam. “Claro que sim, tenho que estar vestida no espírito da celebração. Mesmo não tendo tantas curvas, vou dar o melhor que posso!”, contou a moça afinadíssima na folia.
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