A qualidade, criatividade e sofisticação inconfundíveis das joias, semijoias e bijuterias brasileiras foram a tônica da maior feira do setor da América Latina. Semana passada, foi realizada em São Paulo, no Centro de Convenções Frei Caneca, a Bijoias, promovida pela B8 Eventos, que tem como diretora executiva, Vera Masi, e cujo tema desta edição para o outono-inverno 2017 foi Noir Pop. Por lá, cerca de oito mil compradores, público alvo do evento, percorreram os corredores e lounges do local para conferir as belíssimas criações de mais de 150 expositores. Os números grandiosos apontam e justificam o sucesso da feira que já está em sua 76ª edição e, a cada evento, se supera e faz, de fato, a roda da economia brasileira girar – e com muito estilo.
Prova disso, foram os corredores lotados da Bijoias. Apesar da crise que ainda assombra a economia nacional, compradores do Brasil inteiro e do mundo apostaram na feira como centro de moda, estilo e muita arte. A ideia do evento é que lojistas de todo o Brasil escolham, negociem e já levem todas as peças no próprio dia. Aliás, foi justamente esse movimento incrível e otimista do evento que a diretora da Bijoias, Vera Masi, destacou como símbolo da importância feira para o setor. “Eu acho que nesse momento de crise, o fato de o público aparecer em peso é um grande diferencial. Isso por que a Bijoias é uma feira que prima pelos lançamentos. Nós queremos que o expositor venha para cá com novidades, senão o mercado não compra”, ressaltou Vera.
E por falar nas belíssimas coleções, a criatividade dos brasileiros mais uma vez ganhou destaque na Bijoias. Com apostas inovadoras e que muitas vezes eram soluções para atravessar o obstáculo da crise financeira, os designers que expuseram suas peças na feira tinham a qualidade e a sofisticação como elementos em comum e unânimes. “O Brasil tem um grande diferencial, no nosso setor e em outros, em que a criatividade dos artistas, até para sair da crise, é enorme. Nós posuímos fauna e flora muito diversificadas e que, a cada olhar que temos em nosso país, é uma inspiração diferente. Eu sinto que o nosso design transita muito bem em diferentes aspectos e situações”, apontou Vera Mais.
Preocupados em reunir os melhores artistas de cada estilo do setor, Vera Masi destacou a importância de uma curadoria atenta e cuidadosa para o sucesso da feira. “Essa é uma preocupação nossa muito importante, porque garante que tenhamos um mix de produtos para o comprador”, disse a diretora do evento que também carrega a missão de ser a plataforma propulsionadora de novas grifes do setor de joias e bijuterias do Brasil. “A Bijoias é uma grande plataforma. Então, nós colocamos novas marcas em um evento que reúne mais de oito mil pessoas do Brasil todo. Isso faz com que nós sejamos uma incubadora importante para o setor”, afirmou.
Sejam nas marcas novas ou tradicionais do mercado, a riqueza e pluralidade foram conceitos destacados nas coleções de Outono-Inverno que vimos por lá. Na Bijoias, as grifes expositoras apostaram por reunir diferentes tendências e elementos do mercado da moda sob o conceito artsy, que passeia por diferentes expressões artísticas. Ao HT, Francisco Orjales, produtor da Bijoias e diretor no Brasil da Fira Barcelona, destacou que arte e moda são ideias que desde sempre caminharam lado a lado. “O designer de joias ou de bijuterias nada mais é que um escultor em uma outra proporção, em uma escala menor. Portanto, se esse artista trabalha com desenho e sabe da história da arte, esse assunto sempre estará presente na carreira deste designer. Por isso, nós convidamos expositores, grafiteiros, fotógrafos e desenhistas para fazerem parte da feira e inserirem ainda mais a arte dentro do setor de fabricação de bijuterias e joias no Brasil”, explicou Francisco sobre o conceito desta 76ª edição.
Na prática, diferentes ideias foram observadas nas coleções. Entre os 150 expositores, algumas tendências eram traduzidas de forma similar. No entanto, a diversidade foi a grande estrela. “Eu acho que as coleções de um tempo para cá estão muito plurais. É claro que existem tendências e aspectos de mercado. No entanto, eu vejo que também há uma criatividade solta no ar. Hoje, nós podemos misturar diferentes tipos de acessórios, com tamanhos variados, dourado e prateado. A moda está muito bacana”, avaliou Vera Masi que apontou alguns elementos em comum. De acordo com a diretora da Bijoias, os búzios, o conceito de fundo do mar, acrílico, resina, peças multi coloridas e brincos desiguais foram algumas das tendências para o outono-inverno percebidas na feira. Mas Vera foi além: “Eu acho que também há um conceito fun de artigos divertidos que está muito forte também. São bolsas e acessórios engraçadinhos que completam os looks de uma forma bacana e criativa”. Nós adoramos tudo!
Por falar nos expositores, foram eles que fizeram da 76ª edição da Bijoias mais um sucesso de público e de vendas. Entre as 150 grifes que levaram seus trabalhos de diferentes lugares do mundo para a feira que é referência no setor, estavam a Lavish by Trícia Milaneze, case de sucesso, que atraiu compradores de Londres, Portugal, entre outros países, e do Brasil de Norte a Sul.
Percorremos diversos lounges, como os das grifes Camila Seidl, Cecilia Neves, Divina Luz, Espaço Articulado, Herreira, Hope Joias, Koiza’s Chic, Lazara, Mallorca e Miracolo. Em um universo tão plural, como o apontado por Vera Masi, esta edição da Bijoias reuniu diferentes expressões fashionistas. Entre as grifes, tinham marcas que se destacavam pelo trabalho minimalista e mais delicado, enquanto outras apostavam em joias e bijuterias grandiosas. Por um lado, marcas traziam elementos geométricos como identidade fashion e outras se arriscavam em pompons e elementos inovadores. O fato é que, entre cristais e matérias primas menos tradicionais, as joias e bijuterias lançadas na Bijoias atendiam a gostos e bolsos de diferentes compradores.
Em paralelo a esse universo grandioso da Bijoias, a maior feira do setor da América Latina também apresentou sua veia sustentável. Preocupada e antenada das questões ambientais que a cada dia estão mais insider no nosso cotidiano, a feira destacou mais uma vez o seu espaço Eco + Design. Nesta edição, o evento trouxe seis designers que beberam brilhantemente do conceito upcycling. Para as grifes, Aline Jewerly, Amazônia & Cia, Espaço Articulado, Julieta Sandoval e Utrópica Joias materiais que antes poderiam ser lixos tornam-se lindíssimas peças. Com muita criatividade e talento, resíduos e produtos descartáveis ganham espaço no mercado da moda em joias e bijuterias com enorme valor agregado. Para Vera Masi, a preocupação sustentável da Bijoias neste momento de engajamento mundial nas questões ambientais é mais uma das razões que fazem da feira a maior e mais importante da América Latina. “A plataforma Eco + Design, em que nós abrimos espaço para os produtos sustentáveis, faz parte de uma grande tendência dos dias de hoje. E isso acaba se tornando mais um ponto interessante e fundamental para o conceito da feira”, disse.
O fato é que a Bijoias é um sucesso inquestionável. Embora as grandes estrelas desta feira sejam as apaixonantes coleções apresentadas, dois públicos precisam estar presentes para fazer a feira acontecer. Em relação aos compradores e expositores que movimentam o evento em todas as edições, que ocorrem quatro vezes por ano, o produtor da Bijoias, Francisco Orjales, destacou o cuidado e a atenção da feira com essas pessoas. “Nós nos preocupamos muito com dois pontos para o sucesso da feira: o nosso expositor, para que ele possa vender o máximo possível e, para isso, nós temos um investimento muito grande para que os principais compradores do Brasil estejam aqui, e os interessados, que são os empresários. Em relação a eles, nós temos toda uma estrutura para que eles participem e, dentro da feira, todas as informações de tendências, compras e negócios para que saibam de todos os detalhes do setor”, contou Francisco.
Desta forma, a Bijoias passa a ser o destino certo e preferido de quem quer achar os melhores designers de joias e bijuterias do Brasil. Conhecido por todo o mercado por sua excelência, o evento vem se consolidando ainda mais a cada edição e, hoje, já é o mais antigo e relevante quando o assunto são os negócios deste setor. Mesmo com a crise, Francisco Orjales contou que as transações econômicas do evento continuam movimentando e feira. Por dentro dos principais números da Bijoias, o produtor apontou que as compras mudaram, porém, não deixaram que acontecer. “Os números, por incrível que pareça, são bons. Ainda que estejamos vivendo um momento ruim e complicado, estamos criando formas para que as empresas consigam ultrapassar os obstáculos. No entanto, hoje, os compradores estão sendo mais categóricos na hora de negociar. As transações estão sendo feitas de forma mais inteligente”, relatou Francisco que acredita que este momento conturbado seja apenas mais uma etapa que em breve será superada.
No entanto, embora as transações sejam frequentes e super dinâmicas nos corredores da Bijoias, o talento e a experiência da diretora do evento apontam uma questão essencial no relacionamento entre comprador e expositor. Segundo Vera Masi, os designers estão investindo e apostando no mercado internacional antes mesmo de ter uma estrutura e uma gestão à altura dos clientes brasileiros. “O que eu acho que falta para as empresas, principalmente para as que ainda estão engatinhando, é a gestão de negócios. Quando o panorama é o mercado internacional, eu acredito que muitas marcas não se colocam de forma adequada, porque a situação interna não está muito bem resolvida e esclarecida. Então, eu acho que diversos órgãos e institutos deveriam trabalhar mais a questão da gestão de negócios”, analisou Vera Masi.
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