SPFWTRANSN42 #day 5: da elegância da Escócia à vibe underground do moletom, SPFW tem mais um dia de desfiles plurais pela cidade. Vem conferir!


Nesta quinta-feira, o dia começou com Glória Coelho e sua declaração de amor ao país do Reino Unido. Depois, foi a vez da Vix apresentar sua nova coleção na loja do shopping Iguatemi e da Just Kids mostrar os moletons conceituais na Cartel 011. De volta ao Parque do Ibirapuera, o dia seguiu com Samuel Cirnansck, Helô Rocha e Ratier

*Com Julia Pimentel e Marcos Eduardo Altoé

O quinto dia de desfiles da SPFWTRANSN42 seguiu com a característica plural dos anteriores. Começou com Gloria Coelho apresentando o seu amor pela Escócia através de belíssimas peças que foram vistas por uma plateia lotada na FAAP. Depois, seguimos para o shopping Iguatemi, onde conhecemos a coleção de verão da Vix nas araras da loja. Continuando a programação, em um clima total underground, a Just Kids estreou na semana de moda com suas peças de moletom na loja Cartel011. De volta ao Parque do Ibirapuera, acompanhamos as criações de Samuel Cirnansck, que teve a Miss Raíssa Santana no casting, Helô Rocha e sua boa energia e, por fim, a batida eletrizante da Ratier que fechou o dia com chave de ouro. Chega mais!

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Gloria Coelho

De forma brilhante e conceitual, Gloria Coelho nos levou para a Escócia ontem de manhã. Na coleção pré-fall apresentada no quinto dia de desfiles da SPFWTRANSN42 que ocorreu na Fundação Armando Alvares Penteado (FAAP), a estilista mineira propôs uma leitura fashionista das diferentes épocas do país europeu. “Eu me inspirei muito na antiga Escócia por causa da elegância deles. Outro ponto, é a street do país, que está muito presente na coleção, assim como o tartan de diferentes maneiras. Eu acho que a coleção, em uma visção geral, é meio dramática, assim como eles são. Então, a roupa é muito pertodo corpo, apenas com chales que protegem as produções”, contou Glória que também contou que também buscou referência em um dos pontos turísticos da ilha. “O Lago Ness vem representado por essas bolinhas vazadas das peças, assim como as cores. Enquanto o azul marinho simboliza a própria água, o vermelho é em função da lenda que cerca o lago. Ou seja, de forma resumida e direta, se alguém cair lá, já era”, completou.

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Que o encantamento de Gloria Coelho pela Escócia é evidente, isso não temos dúvidas. Mas, no backstage, a estilista contou que essa é uma paixão antiga, que a acompanha desde sempre. “Eu gosto de lugares que são ilhas porque tem vento forte e frio. Eu odeio calor. Eu tenho uma teoria aqui em são Paulo que eu nasci na Escandinávia e um disco voador me trouxe para a Bahia”, brincou a estilista que viajou para a Escócia nos últimos tempos para completar as referências que nortearam a coleção. “Esse país é uma maravilha. Além, das questões naturais e a construção de lá, as pessoas ainda são extremamente gentis e possuem uma estética sensacional”, avaliou.

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Para traduzir esse amor inspiracional pelo país que compõe o Reino Unido, Gloria Coelho apostou em um variado composto de materiais. Entre eles, está o tecido tecnológico desenvolvido e usado exclusivamente pela grife da estilista que é o queridinho das clientes da marca. “Nas produções, eu tenho muita lã, couro, neoprene, malha fit, viscose, o TK, que eu desenvolvi e que ajuda a diminuir a concentração de celulites, e pele de carneiro escovada. Eu acho que, hoje em dia, o uso de materiais naturais como esse é uma forma de contribuir para o meio ambiente. Afinal, as pessoas comem as carnes desses animais e jogam a pele fora”, contou.

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Já quando o assunto são as modelagens, a estilista explicou que dividiu sua coleção pré-fall em três mulheres. Desta forma, Gloria acredita setorizar sua criação em os três tipos de figuras femininas que acompanham o seu trabalho. “A primeira mulher é a refinada. Ela, que representa 20% dos looks que eu criei para essa temporada, é uma pessoa muito inteligente e maravilhosa, mas está um pouco acima do peso. A outra é a mulher irreal, que são as minhas clientes de 15 anos e também representam 20% das peças. Para elas, eu uso comprimentos mais curtos e justos e me permito explorar mais a roupa e o corpo. Por último e detentora dos 60% da coleção, a mulher refinada é a cliente mais tradicional das roupas Glória Coelho. Ela é um pouco mais velha, amante da arte e casada. Então, as roupas possuem um comprimento midi e usam manga para os maridos não ficarem com vergonha dela ser piriguete”, brincou a estilista.

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Em relação ao conceito do “see now buy now”, que foi uma das propostas desta edição da SPFWTRANSN42, Gloria Coelho disse que terão peças em breve nas lojas. No entanto, a estilista reconheceu a dificuldade deste imediatismo. “O ‘see now buy now’ ninguém sabe como fazer. Mas, se você for biliardário, você consegue se adaptar, porque é necessário entregar uma produção para o desfile e fazer outra para a venda de uma coleção que ainda não está nem pronta”, opinou a estilista que, em alguns dias, já irá disponibilizar os sapatos, as bolsas e os acessórios que foram desfilados na passarela.

Desfile de Glória Coelho na SPFWTRANSN42 (Foto: Agência Fotosite)

Desfile de Glória Coelho na SPFWTRANSN42 (Foto: Agência Fotosite)

E não são só as clientes refinadas de Gloria Coelho que são amante da moda e da arte. Assim como elas, a estilista transcende suas belíssimas criações para o universo planejado. Em um casamento perfeito com a Dell Anno, marca que acredita que a moda e a arquitetura são conceitos que andam lado a lado, Glória desenvolveu uma superfície especial, a “Quantum”, que transmite apenas boas vibrações para a casa das pessoas. “A superfície é uma releitura de madeira escandinava trabalhada com inspiração nos códigos binários. Dessa forma, os móveis transmitem para a casa do cliente uma mensagem de paz, energia e bem-estar, trazendo sempre boas vibrações para aquele ambiente”, esclareceu.

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Desfile de Glória Coelho na SPFWTRANSN42 (Foto: Agência Fotosite)

Desfile de Glória Coelho na SPFWTRANSN42 (Foto: Agência Fotosite)

Como nos explicou, a estilista disse que essa superfície possui números binários em tamanhos reduzidos para transmitir essas boas vibrações. “Na hora da concepção, eu pensei muito em como eu podia divulgar essa ideia. Então, como eu gosto de física quântica, fiz uma superfície que, realmente, tem um valor de proteger, curar, dar luz e amor. Nela, foi escrito: “Essa placa cura, dá amor, protege, ilumina e dá criatividade”. Tudo em números binários e, depois, diminuímos totalmente para que ficassem disfarçadas nos veios da madeira. Não dá para perceber que são números binários, só chegando muito perto”, detalhou a estilista que recorreu a um site da internet para traduzir essas palavras para os algarismos 0 e 1.

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Na Passarela

Gloria Coelho fez uma viagem para as High Lands escocesas para apresentar um Pre Fall 2017 em cima dos signos da cultura celta, como tartans, kilts, brasões, espadas e escudos, e a bandeira da Escócia. Em sua própria versão de Coração Valente, filme de Mel Gibson sucesso nos anos 1990, a estilista introjetou sua assinatura forte, sinônimo de modelagem e tecidos tecnológicos, em meio à estética forte do país europeu. A cartela de cores privilegiou os tons nativos locais, como verde, vermelho escarlate, marinho, marrom âmbar, e preto. Uma segunda pele em malha prata fez referência às malhas de metal das armaduras. Além do xadrez tartan, listras e recortes imprimiram um perfume geométrico à coleção. Vestidos longos de corte impecável inspiraram as clássicas donzelas no aguardo de um resgate, porém, em tempos de empoderamento feminino, desta vez elas usavam botas e tênis e carregavam um semblante seguro e independente.

Beleza

A beleza do desfile de Glória Coelho ficou por conta da maquiadora sênior da M.A.C, Fabiana Gomes. De acordo com a profissional, o alter ego da estilista foi inspiração para sua criação. “A pele está linda, com a beleza intocadas a ideia é que seja a melhor versão delas,  mas que não pareça que o marcador está ali. A pele é iluminada no centro e nas laterais e apostamos em silhos curvados. E o batom é bem de leve, como se ela tivessae usado ele a noite inteira e tivesse saído no final da noite”, comentou ela. O make é etéreo e com pouca interferência. O toque provocativo fica por conta dos lábios aveludados.

Beleza assinada por Fabiana Gomes (Foto: AgNews)

Beleza assinada por Fabiana Gomes (Foto: AgNews)

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Vix

Bossa, leveza e sofisticação são as três palavras chave da coleção de Alto Verão 2017 da Vix. Sem desfile, mas com uma coleção de tirar o fôlego, com cores vibrantes, estampas contratantes e tecidos especiais, como a mistura do linho com a viscose, a grife capixaba traz para a estação mais quente do ano detalhes surpreendentes e o charme da transparência ideias para quem gosta de frequentar praias ou piscinas. Na palheta de cores, o amarelo queimado, o verde azulado e o magenta colorem biquínis texturizados ou em saídas de praia que deixam o bronzeado ainda mais à mostra. Foi durante um re-see na loja da marca no Shopping Iguatemi que a porta-voz Luciana Schein falou com o HT sobre as novas tendências.

(Foto: Leonardo Rocha)

(Foto: Leonardo Rocha)

“A Vix sempre se inspira na Ásia, então essa coisa de trabalho manual e os tecidos indianos com fibras naturais e com texturas trazem uma elegância e um despojamento. Afinal, é uma moda praia, mas que não perde o glamour. O nosso objetivo é manter o glamour mesmo dentro do balneário” disse ela.

(Foto: Leonardo Rocha)

(Foto: Leonardo Rocha)

Nessa coleção, a Vix, que tem assinatura da estilista Paula Hermanny,  misturou as tradicionais listras, acompanhado ao juta para dar uma bossa, com modelagens bem femininas com cores bem acesas e solares. O amarelo com magenta e verde com magenta são as misturas que a grife aposta para a próxima estação no quesito saída de praia. “A moda praia da Vix também vem apostando na tendência do loundwear, com saídas de praia e peças volumosas que que também podem servir para a mulher se sentir confortável mesmo em trajes de banho”, disse.

(Foto: Leonardo Rocha)

(Foto: Leonardo Rocha)

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Just Kids

E no meio de tantas grifes consolidadas, a dupla de estilistas Juliana Jabour e Karen Fuke estreiam seu projeto JUST KIDS com uma apresentação na Cartel 011, em São Paulo. A dupla se libertou das amarras comerciais para criar uma coleção cápsula que flerta com a subversão e o underground. Uma espécie de brincadeira, segundo as próprias estilistas. Daí o nome, que remete à inocência infantil. Neste momento, são 10 peças, todas compostas por moletons amplos e trabalhados com estampas statement. “Na verdade nos juntamos como uma brincadeira, e não sabemos ainda onde isso vai parar. Pensamos em um conceito street, algo que nós curtimos bastante”, comentou Ju Jabour, que mantêm sem trabalho homônimo.

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Abrindo mão das tendências da indústria, o foco da marca está na síntese da criação de roupas para serem usadas na vida real – para quem aposta em uma pegada um pouco mais agressiva. Embalada pelo conceito Urban Freedom, movimento natural que rege a vida de jovens urbanos, as estilistas apostam nessa geração que está preocupada em reocupar os espaços públicos. “A gente começou sem nenhum compromisso, apenas para fazer algo que nos desse prazer. Como uma verdadeira brincadeira de criança. Tanto que não tem um formato de coleção. É uma capsulo. Nós não temos formas, modelagens e tecidos. São moletons que a gente gostaria de usar”, disse Karen Fuke, que desde de maio deixou o comando criativo da Triton.

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Longe das grandes marcas, a dupla apostou em um desfile simples, underground e com um casting de modelos cheio de atitude, que acompanhava o mood das peças. Á tona, surgiram peças unisseex em formato de blusões, jaquetas, camisetões, calças e os irresistíveis moletons, que custam entre R$ 600 e R$ 800. ” As modelagens são bem simples, mas a riqueza está nos benefícios. Tem peças, por exemplo, que têm cinco intervenções. Hoje, nos buscamos uma coisa mais gráfica, com a cartela clássica de preto, cinza mescla e off-white”, disse Juliana, que apesar de manter sua marca homônima, tem se divertido com o novo projeto. “A gente não sabe onde isso vai dar e não temos o menor comprometimento com o calendário. A gente só quer fazer aquilo o que quer: que é brincar com as peças. A moda está muito chata, e posso falar isso porque fiquei 16 anos a frente de uma marca. Eu acho que tá tudo muito igual. O comercial tomou conta de tanta coisa que a parte criativa estão se perdendo”, avaliou Karen.

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Beleza

Em um clima punk rock, o desfile contou beleza de Amanda Schün. E, como a marca carrega em seu DNA a vibe do streetwear, a subjetividade ficou demarcada no rosto e nos cabelos dos modelos. Para o espetáculo, a maquiadora apostou em intervenções caligráficas e geométricas que se destacavam em um rosto quase intocável. “para o desfile nós apostamos em clima mais natural. O rosto não tem quase nada de correção. Muito pelo contrário, nós até demos destaques para rosácea, olheiras e espinhas. Mostrando rostos que nós vemos no dia a dia. E ainda combinei com a minha equipe de fazermos intervenções artísticas no rosto dos modelos, nos moldes do que vemos nas ruas. A gente pode usar glitter, gloss, cor, mas tudo dentro do contato da expressão deles. O intuito é impactar”, revelou.

Beleza assinada por Amanda Scün (Foto: AgNews)

Beleza assinada por Amanda Scün (Foto: AgNews)

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Samuel Cirnansck

Samuel Cirnansck segue a tendência de mudança do SPFWtransN42 e apresenta sua verve comercial com a SCK, linha desenvolvida para apresentar novidades que vão desde vestidos casuais a um jeanswear masculino e feminino, e até mesmo o beachwear. Sem abrir mão dos bordados que o fizeram o queridinho da moda habillé, o estilista estampou filigranas em todo o mix, simulando a técnica manual. Um prêt-à-porter democrático, de fácil assimilação. A assinatura forte permaneceu, e o desfile foi encerrado com looks festa super trabalhados e os também com os vestidos de noiva.

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Helô Rocha

A boa energia e a paz tomaram conta da sala de desfiles do SPFWTRANSN42 armada em uma tenda no Parque do Ibirapuera na noite de ontem. O motivo: Helô Rocha levou sua marca homônima para a passarela uma coleção clara, leve e até um pouco mística que encantou e arrancou suspiros do público. Mas também, depois que nos contou sobre suas referências para essas criações, tudo ficou mais esclarecido. “A minha inspiração foi provocada a partir de um sentimento de amor, liberdade, paz, boas energias e axé.  O tema da coleção, que é mais um conceito, foi uma tradução de toda essa vibe”, explicou sobre a coleção que representou um momento de respiro em meio a um conturbado e agitado panorama contemporâneo. “Eu acho que o mundo está precisando desta paz de espirito. E, através da moda, eu tento fazer a minha parte e colaborar para um universo mais harmônico. Cada um com as suas dimensões”, completou.

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Na prática, a estilista levou produções alegres, claras e com uma vibe um pouco cigana para o desfile que teve o mago e fantástico Dudu Bertholini como stylist. Como nos contou, as cores e os tecidos representara ferramentas condutoras dessa energia conceitual e formas de a estilista reforçar o seu DNA no cenário da moda. “Em relação aos materiais, nesta coleção eu usei chifon, devorê, tecidos fluidos, transparências e macramê. Nas cores, eu só usei tons claros em peças muito esvoaçantes com pedras que simbolizam as melhores energias. Eu acho que tudo conta um pouco para essa atmosfera um tanto quanto mística que eu quis proporcionar”, explicou.

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Outro elemento que potencializou o clima de paz na sala de desfiles foi a trilha sonora da apresentação. Além da música que ecoava nas caixas de som do espaço, Helô Rocha ainda apresentou um percursionista munido de chocalhos e pandeiro. “Eu sempre gosto de ouvir músicos e artistas que tocam ao vivo etc. E ele é músico da banda da Elza Soares que está ensaiando aqui em São Paulo. Então, eu quis trazer o percursionista para animar e espalhar esse meu sentimento. Eu acho que desfiles de moda têm a missão de tocar o coração de quem está assistindo”, argumentou Helô. Que linda!

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Por fim, a estilista contou que para esta coleção irá aderir ao mercado imediatista da moda de forma diferente. Segundo a estilista, apesar de boa a ideia, a execução no é tão simples. “Eu vou fazer com a minha marca homônima um ‘see now buy daqui a pouquinho’. Mas é bem breve mesmo. Como a minha roupa é uma criação mais elaborada e demanda de um cuidado maior e de mais tempo, eu tenho um número limitado de peças para produzir. Então, nos próximos dias, eu vou tirar as medidas das minhas clientes e iniciar a produção para entregar até o final do ano”, disse.

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Na Passarela

Helô Rocha busca na espiritualidade a sua inspiração para criar um Resort Couture 2017 pautado por energia e liberdade. Um romantismo hippie, que contou com o styling afiado de Dudu Bertholini, deu o tom das peças etéreas, todas em branco, criadas em tecidos esvoaçantes. Na estamparia, o floral ícone da Liberty Fabrics marcou presença em peças repletas de uma bossa new age. Destaque para o macacão full print desfilado, o mesmo que a estilista usava ao entrar na passarela para receber os cumprimentos. O mood artesanal se completou nos detalhes em macramê e patchwork. Puro romance Flower Power, digno se um Woodstock contemporâneo.

Beleza

Inspirado em uma menina contemporânea, Celso Kamura tomou conta dos cabelos das modelos do desfile de Helô Rocha. O mago das tesouras, queridinho das famosas, reseitou a textura do cabelo de cada modelo, finalizando com produto para dar um aspecto natural e saudável. “O cabelo é respeitar a naturalidade do cabelo e finalizar com um produto adequado para deixar mais polido. Algumas tem um cabelo preso, repartido no meio com uma joia na cabeça. Cada cabelo é um produto: mas hoje abusamos das pomadas para os cabelos mais secos”, revelou.

Beleza de Helô Rocha assinada por Fabiana Gomes e Celso Kamura (Foto: Divulgação)

Beleza de Helô Rocha assinada por Fabiana Gomes e Celso Kamura (Foto: Divulgação)

Já a beleza, assinada também por Fabiana Gamos, cria um mix de pigmento e glitter minuciosamente salpicado do canto interno dos olhos em direção a sobrancelha e do externo a lateral do rosto, o visual é arrematado por um pouco de gloss no meio da pálpebra superior e uma pitada de máscara de cílios só nas pestanas centrais. A razão? Ela explica:  “Queria que ele parecesse meio desgastado, como se ela tivesse dançado a noite inteira. Já transpirou, a máscara está só no meio. É uma pessoa muito comprometida com a diversão para gastar muito tempo na maquiagem”, conta a maquiadora sênior da M.A.C com seu humor estético afiado e sempre bem-vindo.

Ratier

Em um dos desfiles de maior destaque do dia, a Ratier cruzou a passarela da SPFWTRANSN42 em uma batida que contagiou o público presente. Por lá, o que vimos foi muita energia, estilo e contemporaneidade na coleção da grife de Renato Ratier. Em entrevista no backstage da tenda do Parque do Ibirapuera, onde rolou a apresentação, Kakô Ferraz, que divide a missão do estilo com Vivi Ravaben, contou que a inspiração para essa coleção de alto-verão foi uma combinação de diferentes conceitos. E o casamento deu super certo. “A gente buscou inspiração no esporte dos anos 1980, com um pouco de Grace Jones, praia e motocross”, explicou.

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Nesta passagem da grife pela semana de moda mais importante da América Latina, que começou na temporada de inverno 2016, no ano passado, a Ratier apostou em mudanças. Exemplos disso, são as cores, shapes e materiais adotados para esta estação. “O diferencial dessa coleção é que a gente trabalhou com tecidos esportivos em modelagens de alfaiataria e vice-versa. Então, isso deu uma quebrada tanto em um quanto no outro. Outro ponto foi a inovada que demos na cartela de cores. Antes, nós tínhamos muitos tons mais fortes e vibrantes. Para esta coleção, nós trouxemos cores mais suaves, como rosa, azul e verde bebê, compondo com os metalizados e o preto e branco”, contou Kakô que usou crepe, seda, nylon, couro, linho na produção das peças.

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Quando o assunto é o comprimento da coleção, a estilista da Ratier contou que a marca seguiu seu DNA alongado mas ampliou os tamanhos das peças para todos os gostos. “Os nossos comprimentos sempre são bem alongados, mas para esta coleção, também temos peças midi algumas micro. Em relação aos alongados, nós apostamos em bombers mais compridas, sem excluir os tamanhos tradicionais”, afirmou.

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Depois dos aplausos de uma sala de desfile lotada, a Ratier fez jus ao conceito do “see now buy now”. Como? No próprio backstage da SPFWTRANSN42, a grife comercializou as peças que tinham acabado de cruzar a passarela. Esta, que foi a primeira experiência da marca com esse consumo imediato, representa, para Kakô Ferraz, uma adaptação da moda ao comportamento contemporâneo. “Eu acho que super funciona porque desfile é desejo. Então, a pessoa que assiste já quer consumir e, antigamente, ela tinha que esperar quase que seis meses para ter aquela peça. Hoje em dia, com a rapidez da informação, as pessoas querem imediatismo e poder comprar naquele momento”, avaliou.

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Porém, para essa inserção ao conceito do “see now buy now”, a estilista da grife confessou que precisou mudar o processo de criação e produção. Segundo Kakô, a rapidez exige mais controle na hora de desenvolver a peça. “Para nos encaixarmos nesse conceito, precisamos fazer peças menos elaboradas e com um mix de comercial e conceito. Afinal, a passarela é o lugar onde a gente mostra o lado criativo e a essência da marca. Então, lá, não é só venda e ritmo comercial e, sim, fortalecer o DNA e a identidade de estilo da Ratier”, argumentou a estilista que também acredita nas mudanças provocadas pela situação desfavorável e instável da economia brasileira. “Eu acho que esse é o momento para sermos criativos e reaproveitarmos tudo. Um exemplo disso é que agora todo mundo resolveu customizar as peças para reciclar uma roupa que estava encostada no armário”, justificou.

Na passarela

Renato Ratier mantém sua marca homônima com um DNA pautado em diversão, sofisticação e liberdade, e para o Alto Verão 2017, see-now-buy-now, buscou inspiração na estética esportiva dos anos 1980, especialmente o boxe. Materiais como moleton, plush, nylon e couro ganharam usos inusitados, misturando o mood sporty-chic a uma modelagem de alfaiataria interessante. Como resultado, peças onde conforte e beleza convivem em plena harmonia. Os tradicionais preto, branco e bege desta vez abriram espaço para os metálicos prata e ouro, além dos pastel verde, rosa e azul. Ícone da época, a cantora Grace Jones inspirou algumas produções. Destaque para as jaquetas bomber masculinas, que fazem jus ao poder da terceira peça.

Beleza

Já os cuidados dos modelos de Ratier ficou por conta de Lau Neves. Para o último desfile do dia, o maquiador apostou na inspiração de Grace Jones para o Brasil, com traços muitos marcantes nos olhos e desenhos geométricos no rosto. “Na verdade a maquiagem passa por dois momentos. A gente quis trazer um pouco de brilho para esse look, com um choque te textura do molhado e do seco. Tanto no cabelo quanto no rosto. A pele tem um brilho e é iluminada. A ideia é trazer uma percepção de uma pessoa que está saindo da balada, meio suada. Para compôr o styling, que tem vários desenhos gráficos na coleção, nos trouxemos desenhos gráficos nos olhos e luz metálica. A gente quis usar esse momento forte do olho para pontuar esse traço prateado na pele negra, tudo meio inspirado na Grace Jones, sem ser muito literal”, pontuou ele.

Beleza assinada por Lau Neves (Foto: Leonardo Rocha)

Beleza assinada por Lau Neves (Foto: Leonardo Rocha)