Do desfile dark e intenso de Fernanda Yamamoto à apresentação leve, poética e singela de Lilly Sarti, o terceiro dia de SPFWTRANSN42 agradou a todos. Em mais uma maratona de desfiles por diferentes espaços da capital paulistana, as propostas e identidades chamaram a atenção. Para começar, Fernanda Yamamoto ocupou a Estação Pinacoteca com uma coleção forte de alfaiataria desconstruída. Depois, a grife Lolitta apresentou suas concepções de moda praia de um jeito retrô e contemporâneo na Livraria Cultura do Shopping Iguatemi. Em outro canto da cidade, no Teatro Oficina, o Experimento Nohda reafirmou que é possível juntar três grandes nomes do cenário fashion brasileiro para a criação de uma coleção rica e com um DNA forte nas costuras. De volta à tenda montada no Parque do Ibirapuera, a A.Brand de Ana Claudia Zander, nos levou para curtir uns dias de frente para o mar com toda a tranquilidade que essa experiência proporciona. Por último, Lilly Sarti apresentou uma belíssima coleção frisando a necessidade de conectarmos com o nosso interior, ainda mais em tempos de cólera. Chega mais que a gente conta tudo!
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Fernanda Yamamoto
Dramática e autêntica, Fernanda Yamamoto desfilou sua nova coleção nesta manhã na Estação Pinacoteca. Na apresentação que abriu o terceiro dia de desfiles da SPFWTRANSN42, a estilista mostrou uma desconstrução da alfaiataria clássica. Em uma paleta dark com um toque de intensidade, Fernanda apostou em produções estruturadas e contemporâneas. “A nossa proposta foi desconstruir a imagem da alfaiataria clássica. Para isso, a gente usou técnicas tradicionais desta modelagem para conseguirmos criar os volumes. Não seria possível estruturar as peças da forma que fizemos se não partíssemos do formato original”, explicou sobre as peças que tiveram um trabalho manual na produção. “Foi uma coleção que foi quase toda feita à mão e seguiu a proposta da risca de giz e da linha sinuosa que forma os babados e proporciona essa ideia de movimento”, completou.
E a proposta de modelos estruturados e volumosos não se restringe ao conceito criativo da coleção. Como Fernanda nos contou, desde o começo ela já sabia que faria o desfile na Estação Pinacoteca. Por isso, a estilista conciliou a inspiração ao espaço e elaborou peças que preenchessem o local. “Desde o começo, eu já sabia que queria fazer esta apresentação na Estação Pinacoteca em meio a uma exposição de arte contemporânea. Então, nós pensamos em roupas que tivessem mais estruturas para preencher esse espaço”, contou a estilista que usou crinol para conseguir dar o efeito nas roupas.
Como forma de completar e potencializar a inspiração criativa, Fernanda Yamamoto elegeu os tons escuros como cartela de cores. Para ela, mais que elegância, a paleta dark é uma forma de buscar um pouco da tradição que fora desconstruída na coleção. “Eu acho que o preto e os tons mais escuros fazem parte dessa proposta da alfaiaria tradicional. Quando a gente pensa em um terninho básico, logo associamos ao modelo preto de Dior com a sainha reta, por exemplo”, argumentou.
Indo na contramão da proposta do “see now buy now” que movimenta os desfiles e os bastidores das coleções apresentadas nesta SPFWTRANSN42, Fernanda Yamamoto contou que não consegue se adaptar nesta tendência imediatista do mercado da moda. Como explicou, suas criações demandam mais tempo e dedicação para serem produzidas, ainda mais em larga escala e de forma sequencial. “Eu descobri que está edição da SPFW teria essa proposta depois que já tinha começado a desenvolver as criações. Eu não consigo, não tem como. Eu preciso de mais tempo para amadurecer uma coleção. E o desfile é o ápice desta fase de criação”, explicou a estilista que acredita que esse over trabalho também represente um diferencial em tempos de crise econômica. “Eu acho que hoje em dia está tudo muito padronizado e pasteurizado. Então, para mim, quanto mais autoral for um trabalho artístico, mais valor e diferencial ele terá”, declarou a estilista Fernanda Yamamoto.
Na passarela
Na contramão do “see now, buy now”, Fernanda Yamamoto apresentou uma coleção pautada no slow fashion. O consumo responsável, focado em qualidade e trabalho inventivo, foi o norte eleito pela estilista. Para tanto, o número de looks apresentados foi menor que o de costume; apenas 20, ou seja, poucos e bons. O trabalho de modelagem primoroso assinado por Fernando Jeon traduziu bem esse desejo, em um verdadeiro show de desconstrução em alfaiataria, resultando em peças que mais pareciam obras de arte sofisticadas e repletas de drama e teatralidade. O upcycling, técnica que consiste no aproveitamento de tecidos para a criação de novas roupas, inspirou Fernanda a ir mais além para contar sua história de conceito forte. A aplicação de complementos em algumas peças completou o show, digno de aplausos dos presentes.
Lolitta
Dando continuidade aos desfiles do terceiro dia de SPFWTRANSn42, a Lolitta mostrou que vem amadurecendo junto com suas clientes. A marca que completa este ano oito anos de existência levou para a Livraria Cultura do Shopping Iguatemi uma linha de tricô de luxo, mostrando uma nova fase da grife criada pela jovem estilista Lolita Hannud. Apesar de não ter deixado de lado o DNA superfeminino, a marca experimentou novos shapes e diferentes texturas. “A nossa coleção tem como marca peças atemporais, que flertam muito com o pop dos anos 90 – cheio de cores e muito tricô. A ideia central é oferecer opções de looks versáteis e capazes de transitar por diversos ambientes. Então, ela está bem minimalista, monocromática e com muito tricô”, revelou.
A conhecida silhueta alongada e ajustada dos vestidos da grife foram acrescentados modelos não tão próximos ao corpo, caso do longo branco de babados do início do desfile e da saia godê floral na canela, usada com top justinho de caramelo. No mood cinquentinha – novidade da marca -, o vestido de laise verde no fundo preto com recortes de vivos encerra a série verde da coleção, que inclui conjunto de saia e blusa com mix de estampas florais e outro vestido. Outro diferencial deste lançamento foi a linha Sand, focada no beachwear. “Pensamos nessa linha também com faixas de tricô, modelando em uma proposta de bodys e buquines. Temos uma brincadeira com a logomarca e muito bordado em cima do tricô, que faz essa parte mais sofisticada, mas ao mesmo tempo contrasta com os tons brancos e pretos. Acima de tudo, a gente preserva o conforto dessa cliente”, contou Lolita.
No entanto, essa é a primeira vez que a grife paulistana investe em desfiles voltados para o sistema see now, buy now. Para a estilista, o momento é de transformação. “Essa é uma coleção construída em cima desse conceito. É a primeira vez que a gente desfila pensando diretamente na cliente Lolitta. Antes, fazíamos desfiles de inspiração, prevendo o que as mulheres, que acabaram de entrar no inverno, iria querer. Agora, com esse sistema, a gente propôs para a cliente o que ela deve vestir já nesse alto verão”, ponderou ela, acreditando que assim como o mundo, a moda também passa por um período de adequação. “Como já fizemos um desfile de verão, esse agora serviu de teste para a gente ver como seria essa nova proposta e brincar com isso. Eu acho que no fundo vai ser bem favorável, porque precisamos mimar essa cliente e mostrar as propostas que a gente coloca para ela vestir, além de ser uma delícia você comprar de imediato aquilo que acabou de ver na passarela. Hoje, com a comunicação não existe mais tanto tempo de você segurar o desejo por seis meses”, completou ela.
Na Passarela
O desejo comercial da marca se tornou realidade com a apresentação deste terceiro dia de SPFWTRANSN42. Fundamentalmente em tricô tecnológico, as peças arrojadas flertaram intensamente com o universo esportivo-chic, e até mesmo com um “quê” de beachwear – vide a presença de peças de linha SAND da marca, voltada para a moda praia. Uma cartela de cores neutras recebeu pinceladas de tons ultra vibrantes, dignos das canetinhas Lumicolor, como rosa pink, laranja e amarelo neon. A modelagem justa usou e abusou de velhos conhecidos da mulher brasileira, como as bandagens, aqui na Lolitta usadas como um recurso de mídia, pois carregavam o nome da marca estampado. Ponto para os chinelões slide desenvolvidas especialmente pela Manolita para ilustrar a coleção.
Beleza
Com beleza assinada por Silvio Giorgio, a Lolitta levou para a passarela da Livraria Cultura uma mulher jovem, praiana e com olhos bem marcados. De acordo com o maquiador, o delineador e o iluminador são os grandes destaques da beleza das modelos. “É uma beleza super minimalista tanto no cabelo quanto na maquiagem. É um cabelo que remete a um cabelo molhado, mas claro que está escovado e chapeado, mas o grande truque é o spray, que vai dar esse efeito nas meninas. No rosto das meninas, eu me inspirei na beleza dos anos 60, mas trazendo para a era atual. Uma forte inspiração também veio através da Twiggy, com aquele concavo bem reto e desenhado, mas trouxe para uma performance atual que remete a quase um óculos de natação. Pele hidratada, e um iluminados, mas ainda discreto. O grande destaque do dia foram os olhos”, completou.
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Experimento Nohda
Se um deles já era uma maravilha, imaginem os três juntos? Em uma união plural e rica, Patrícia Bonaldi, Lucas Magalhães e Luiz Claudio uniram seus talentos e inspiração para a criação do Experimento Nohda. A coleção, que tem como objetivo um pensar coletivo bem marcado pela identidade fashion de cada um, foi apresentada ontem no Teatro Oficina, como parte da SPFWTRANSN42. Como contou o mineiro Lucas Magalhães, a coleção do trio segue um mesmo conceito criativo. “O Nohda é a união de três marcar que têm identidades super diferentes mas que se encontram em algum ponto. E a criação do Experimento Nohda veio a partir da vontade de fazer isso virar imagem”, explicou.
Mesmo a passarela sendo palco para a coleção de três estilistas sem nenhum tipo de identificação de qual modelo é de quem, os traços de cada um eram claramente identificados. O tricô de Lucas Magalhães, ao lado da alfaiataria minimalista de Luiz Claudio em contraponto com as criações maximalistas de Patrícia Bonaldi mostravam que a harmonia plural é possível. “A gente traduziu o que é o conceito do nó, cada um em seu DNA, em uma coleção bem rica. A minha parte eu segui bastante o meu DNA. Então, a coleção tem muita renda, tule, bordado e uma alfaiataria mais leve, o que caracteriza a PatBo”, contou Patrícia que definiu a experiência como criativo e interessante. “No começo, estávamos mais soltos, cada um no seu mundo. Mas depois, um foi interferindo um pouquinho no trabalho do outro para que tivéssemos um resultado mais harmônico. No geral, foi tudo muito orgânico e natural”, disse.
O pensar coletivo também bateu o martelo em mais um ponto em comum: a liberdade criativa sem se desesperar com a preocupação comercial. Para Lucas Magalhães, que há duas semanas apresentou sua coleção de mercado no Minas Trend, essa liberdade proporcionou um mergulho maior no universo criativo da moda. “Nesse momento, a nossa maior preocupação não é o comercial. Por isso, eu acho que foi um momento de liberdade e transgressão da minha arte na moda. Eu, por exemplo, que costumo fazer tricôs estruturados, passei a criar modelos ou ainda mais marcados ou totalmente leve. São possibilidades proporcionadas por essa liberdade que, na hora de pensar no mercado comercial, não seria possível. Foi um momento de respiro”, revelou.
Sobre o conceito see now, buy now, Luiz Claudio, acredita que o país ainda não está preparado para atender a essa demanda, mas na verdade, a moda brasileira passa por um período de adaptação e transformação, como sugere o nome do evento. “Eu realmente não sei se a gente tem essa condição no Brasil. Eu não sei se a gente tem uma indústria preparada para investir nesse tipo de alinhamento. Claro, que o período de seis meses para as peças chegarem nas lojas é algo absurdo, mas see now, buy now é algo bem complicado. A minha roupa, pelo menos, é muito complicada fazer. Você teria que começar e desenhar e começar a produzir, mas ainda é um movimento que precisamos observar se vai dar certo. A gente acabou de terminar a coleção comercial, já estamos a tendendo os clientes e queríamos respirar um pouco mais livres, experimentar algumas coisas”, revelou.
Na passarela
O projeto, desenvolvido a seis mãos para as marcas que compõem o Grupo Nohda, reuniu, pois, Patricia Bonaldi, Luiz Claudio e Lucas Magalhães para traduzir habilidade, forma e função. A coleção foi buscar os bordados da PatBo, a alfaiataria do Apartamento 03 e o tricô de Lucas para esculpir um trabalho de fundo extremamente dramático e perfume oriental. Volumes exagerados faziam o contraste perfeito com uma silhueta marcada, em um elogiado exercício de modelagem. Peças com shapes assimétricos em preto e branco, que lembravam os kimonos japoneses, receberam tons da cartela primária de cores, como vermelho, azul e amarelo. Gueixas vitorianas deslizaram pela passarela improvisada no Teatro Oficina, berço da cultura brasileira, para arrancar suspiros e elevar a coleção ao status de mais desejada do dia.
Beleza
Inspirado no minimalismo dos anos 90, Celso Kamura e sua equipe apostaram em uma pele saudável, com corretivo, iluminação e acabamentos nos cabelos que repeitassem a textura de cada modelo. “A inspiração na beleza é dessa mulher minimalista que a gente está começando a viver. Tem uma inspiração nos anos 90, mas aqui para a Patrícia, é aquele minimalismo que eu acredito que na maquiagem é uma construção de correção. A gente brincou com luz e sombra e as palhetas de corretivos da MAC. Conseguimos aprofundar o olhar, fazer a maçã do rosto ficar mais saudável. Já o cabelo a gente está respeitando a textura de cada fio, mas dando uma limpada com cera para ele ficar mais polido. Hoje vivemos um minimalismo tecnológico, que eu acredito, do que um minimalismo dos anos 90, onde elas não faziam nada. Hoje, elas querem fazer tudo, mas que não apareça nada”, ponderou, aos risos.
A.Brand
Dizem que carioca da gema tem a praia, o bronzeado e a boa energia no sangue em qualquer estação do ano. Prova disso é a nova coleção da grife A.Brand, “Sol de Outono”, assinada pela carioquíssima Ana Claudia Zander. Inspirada na experiência praiana mais reservada que busca fugir da loucura e turbulenta vida nos centros urbanos para relaxar e aproveitar o contato com a natureza, a estilista desenvolveu a coleção inverno 2017 que foi apresentada nesta tarde de SPFWTRANSN42. “A inspiração partiu muito desse desejo de escapar da cidade e do caos que existe nos centros urbanos e ir para uma praia deserta e ficar à beira do mar. Então, a ideia é de mostrar como seriam uns dias em uma casa na praia com o Uísque, que é o cachorrinho e mascote da nossa coleção”, afirmou.
Para isso, Ana Claudia adotou uma paleta de cores neutra, mas sem deixar uma das principais identidades da grife: as cores vibrantes. “A A.Brand é uma marca que tem uma essência bastante colorida. Para essa coleção, que é de outono, eu optei por cores neutras como marinho e caqui, mas sempre buscando tons mais vibrantes. Então, a coleção é pontuada com amarelo e laranja para destacar o espírito solar da marca”, contou a estilista que também traduziu o conceito criativo nos tecidos escolhidos. “Eu escolhi usar o nylon, que é um material tecnológico, em referência aos ventos fortes que sopram no litoral nesta época do ano. Já o algodão, eu escolhi pela questão do conforto e da tranquilidade desta experiência. O tricô exerce a função de nos remeter ao aspecto atoalhado, enquanto as ráfias sugerem a questão da decoração praiana”, detalhou.
Com uma coleção plural e bem trabalhada, Ana Claudia Zander contou que não aderiu ao conceito de “see now buy now”. Para ela, neste momento, a produção instantânea não faz parte dos planos da grife carioca. “Nesse momento não é uma estratégia da A.Brand trabalhar com esse conceito imediatista. No futuro talvez a gente venha a pensar”, resumiu a estilista que não quis se aprofundar quando o assunto foi o adiamento da segunda edição do Rio Moda Rio, que ocorreria no próximo vez na urbe. “Nesse momento, o foco é São Paulo. É uma pena que o Rio de Janeiro não continue inserido no calendário da moda brasileira”, destacou.
Na passarela
Irmã moderninha da gigante Animale, a A.Brand investiu pesado em uma alfaiataria de silhueta folgada e ultra confortável, sem contudo deixar a feminilidade de lado. A marca propõe um belo trabalho de estamparia, resgatando o xadrez, rei dos prints, em versões maxi. A peça-chave, sem dúvida, é a parka, apresentada em materiais sintéticos e tecnológicos, como o nylon, em cores acesas e comprimentos oversized, cartilha esta perfeita para quem vive bem a nova moda esportiva, feita para usar no dia-a-dia. A marca pensou em um guarda-roupa Glocal, ou seja, global e local, apresentando uma coleção com perfume internacional para uma consumidora bem brasileira. Os maxi tricôs com motivos fofos (vide o cão basset Uísque como “late motif” de roupas e acessórios) casaram perfeitamente com as calças de algodão, em uma reinterpretação aconchegante do tradicional pijama de alfaiataria.
Beleza
Na sala de maquiagem do desfile da A.Brand, ficou comprovado que o óleo de coco é o novo queridinho dos profissionais de beleza. Além de fazer sucesso entre atrizes e blogueiras, o produto natural vem como substituto dos cremes hidratantes e do primer na hora da make. Tanto que para o desfile, a maquiadora Amanda Schön confessou que o destaque para o desfile ficou para a hidratação da pele e um aspecto “queimado de sol”. “A inspiração da coleção é uma temática bem outono, que se por sinal se chama “Sois de Outono”. A maquiagem segue esse mood também, como se a mulher estivesse lá curtindo o final do verão em uma praia. Tudo muito natural, leve e tranquilo. A gente pensou em uma pele hidratada, só com esse rubor de sol mesmo e o cabelo vem bem nesse estilo. Como se ela tivesse tomado banho e tivesse deixado o cabelo secar no vendo. Então esse estilo meio desgrenhado, que também é lindo. A gente parte do partido das texturas”, revelou.
Já para o verão 2017, Amanda sugeriu o conceito “menos é mais” na hora de produzir um visual. “A pele é muito mais natural e com quase nada de contorno e correção. O blush é bem leve, no máximo um rosado na maçã do rosto. Os olhos tendem a ser neutros e com glitter para servir como ponto de iluminação do rosto. Na boca, o batom com efeito matte fica de fora. Para os dias de calor, a aposta é nos lábios com efeito gloss. Batom nude com partículas de luz ou perolados prometem ser os hits da estação”, antecipou.
Lilly Sarti
A cada aniversário que passa, existe aquele momento de concentração e reflexão sobre as experiências dos últimos meses. Com a grife Lilly Sarti, marca homônima de sua criadora, o período de análise não foi diferente. Nesta edição da SPFW, que está celebrando a transformação, transição e transgressão e comemorando os dez anos da marca, Lilly Sarti nos contou que decidiu conectar as novas propostas da grife com a sua identidade primária. “Depois da marca completar dez anos, eu acho que estamos passando por um momento de mudanças. É um ciclo que se fecha e um novo que começa, e isso nos dá a oportunidade de nos conectarmos com nós mesmo e descobrir quem somos de fato. O desfile é isso. É mais do que a parte da moda, é o despertar do ser humano. Quando nós estamos conectados com nós mesmos e depois com o coletivo em harmonia, aí podermos nos sentir presentes de verdade. Essa é a mensagem que o desfile deixa”, explicou a estilista.
Nesse processo de reflexão, Lilly Sarti destacou que mudanças são naturais. Depois de observar o histórico da grife e projetar os próximos anos, a estilista ainda ressaltou que, acima de tudo, só existe uma única essência que acompanha a marca desde o seu primeiro dia. “Talvez a gente limpe algumas características de dez anos atrás e reconstrua uma nova história em cima dessa mesma essência. A identidade de uma marca é a alma da pessoa. Isso não muda nunca”, argumentou a estilista que afirmou fazer moda para os seus clientes e visando os anseios deles.
Na passarela, Lilly Sarti apresentou sua coleção com muita leveza e sutileza. Porém, a designer acredita que, acima de qualquer fantástica criação, o conjunto do espetáculo de um desfile comtribui para a impressão final. “Eu acho que a roupa pela roupa não é nada. Para ter efeito, é a combinação da produção com os acessórios, o trabalho do stylist, a maquiagem, o cabelo, a cenografia… É um todo, a vida é um conjunto. De nada adianta você ser bela e não ser boa. Eu acho que é justamente essa ideia”, destacou.
Ou seja, na prática, Lilly apresentou peças claras e frescas. Além de vestir e encantar, os modelos que foram feitos, em sua maioria, com seda, tules e crepe ainda possuem um conceito mais forte e importante por trás. “A Lilly Sarti como moda, neste momento, quer passar uma mensagem: se conecte com você. Se você quiser ver um mundo melhor, aproxime-se e interiorize-se do seu eu-interior. Isso é muito importante, já que só conseguimos transformar o futuro com a nossa atuação no presente. O outro não conseguimos mudar”, destacou.
Super insider na tendência do “see now buy now”, Lilly Sarti, que já disponibilizou a nova coleção para a venda online desde ontem, contou que esse desejo urgente faz parte da vida contemporânea. Para ela, essa agilidade não fica restrita só à moda. “Eu acho que o mundo inteiro está assim. Esse discurso cai mais sobre as criações fashionistas por causa da relação com a beleza, até que de forma superficial. A moda é como qualquer outro setor. Comparando, o mercado financeiro é bem pior, né?”, questionou Lilly que acredita no sucesso do conceito de mercado para todas as marcas. “As pessoas ficam enlouquecidas ao verem algo que amam e já com chances reais já comprar. Eu sou assim, pelo menos”, justificou.
Por último, a estilista comentou com o HT sobre as preocupações no cenário da moda com a atual crise econômica. Aos risos, Lilly Sarti contou que o espirito controlador quando o assunto é dinheiro tem muitas explicações. “Olha a minha cara de turca. Eu sempre me preocupei com a questão econômica na hora de desenvolver uma coleção. Mas, em momento de crise, nós acabamos tendo que reavaliar a cadeia produtiva como um todo”, contou a designer que acredita no poder da criatividade e da tranquilidade para este momento. “É um momento de crescimento para aqueles que conseguem se manter calmos e reflexivos. Afinal, o desespero não leva a lugar nenhum”, analisou.
Na passarela
A marca das irmãs Lilly e Renata Sarti recebe de braços abertos uma maturidade fashion, na qual a leveza e espiritualidade são as palavras de ordem. Vestidos assimétricos, dignos de fadas por conta da leveza dos materiais, crepes e chiffons de seda, carregaram uma cartela de cores neutra (leia beges e nudes), voltada para este novo equilibro interior. Ora cosmopolita, ora gypsetter, a mulher vestida pela marca agora pode alçar voos maiores, sem medo de ser feliz e de mostrar a que veio. Uma coleção que funciona perfeitamente com o sistema desfilou-comprou, adotada nesta temporada pela marca.
Beleza
Para compor todo esse universo sereno e filosófico proposto por Lilly Sarti, a beleza atuou como mais um elemento desta atmosfera. Assinada por Fabiana Gomes, a beauty combinava conceitos lúdicos, discretos e freshes. “Eu me inspirei no universo da Sarah Moon para fazer essa maquiagem que tem uma fusão de cores nas sombras: coral, rosa e um pouco de dourado. O tom rosado no canto externo do olho tem a função de se espalhar pela maçã do rosto e formar um blush, de forma suave e sem muitas fronteiras demarcadas. O topo da maçã é bem iluminada e possui apenas um pequeno ponto de luz no canto interno do olho feito com pigmento dourado”, detalhou a profissional da M.A.C. sobre a maquiagem que seguia o objetivo de crua e limpa. “A ideia é fazer com que tudo respire e seja difuso nesse visual”, completou.
Seguindo os mesmos conceitos que inspiraram Lilly Sarty na coleção desfilada, Fabiana também prezou pelo minimalismo na beleza. A maquiadora acredita que o trabalho da tarde de ontem conversava, justificava e potencializava toda a questão defendida pela estilista. “Eu quis passar essa ideia de que está tudo virando uma fumaça e uma bruma, de tão unido, singelo e suave que é a maquiagem, assim como a coleção. Parece um mundo de algodão doce”, comparou.
Quando o assunto são os cabelos… A missão de Celso Kamura e sua equipe neste desfile da SPFWRANSN42 era propor um visual leve e despojado ao mesmo tempo. Para isso, o hairstylist recorreu ao coque como melhor solução. E o resultado ficou incrível. “O cabelo é preso de forma leve e sem muito volume, que será pontuado apenas na lateral de forma mais fofa e menos esticada. Para o movimento de passarela, alguns fios ficarão soltos para dar graça ao catwalk”, explicou Celso que acredita que o penteado seja uma tendência clássica. “Eu acho que esse é o cabelo que sempre dá certo. Quando a situação estiver mais complicada, é só colocar tudo preso, passar um batom vermelho e arrasar. É um bom cabelo para quem não tem tempo e que se sentir bonita”, concluiu
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