SPFW N41 #Day1: do passeio pelo sertão místico de Lilly Sarti ao libelo à liberdade de Ronaldo Fraga com forte perfume tribal


No primeiro dia ainda desfilou a UMA de Raquel Davidowicz, que comemorou os 20 anos de sua marca na passarela da #SPFWn41 inspirando-se em nada mais do que no próprio DNA da grife, que é muito conhecida por entregar um esporte chic – no qual Raquel utiliza bastante da alfaiataria esportiva, sempre preservando pelo conforto

Lilly Sarti

Natureza. Lilly Sarti anda preocupada com isso. E a mulher que ela veste também. E isso se reflete na moda em que desfilam casualmente por aí. Mas, como sempre tem um mas, não é qualquer natureza. Lilly trouxe o sertão para a urbe paulistana em meio a São Paulo Fashion Week, E, mais uma vez, não é qualquer sertão. Tem um perfume místico, com serpentes, seres fantásticos, e lendas nordestinas – bem à moda das xilogravuras do artista pernambucano Gilvan Samico, de quem a estilista bebeu da fonte. Nesse sertão líquido – como a coleção é batizada -, a fluidez é exagerada, quase desabando – e o efeito é ótimo, quase que como uma onda a cada entrada de modelo. Esse shape liquido reflete em conforto e casualidade e a mesmo tempo é chic, já que o jogo de texturas passeou pela renda, crepe, tule, seda, linho, algodão e por aí foi. A transparência e o seios à mostra – o conceito de passarela permite a ousadia sem atrelar a vulgaridade -, conferiram sensualidade e os recortes deram uma força a mais na proposta longilínea. Ponto extra para as serpentes presentes nas estampas, em cintos e echarpes delicadas. Vale a pena, sim, passear por esse sertão mezzo místico.

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Uma Raquel Davidowicz

Raquel Davidowicz comemorou os 20 anos de sua marca na passarela da #SPFWn41 inspirando-se em nada mais do que no próprio DNA da grife, que é muito conhecida por entregar um esporte chic – no qual Raquel utiliza bastante da alfaiataria esportiva, sempre preservando pelo conforto. A coleção desfilada veio com um toque minimalista e moderno, com modelos vestindo calças pantalonas, bermudões, macacões, jaquetas – tudo com bastante fluidez dos tecidos, como, pasmem, fibras naturais, seda, algodão e linho – deixando a coleção ainda mais sofisticada. Sobreposições inusitadas foram vistas na passarela, como os maxi bolsos, mas sem perder a referencia sportswear. Notava-se a ausência, para variar, de estampas, com a predominância de looks monocromáticos. O jeanswear também esteve presente em uma mistura de lavagens com barras desfiadas – um acerto dos bons. A coleção veio com uma cartela de cores clean, como tons de cerâmica, tonalidades de bege e um realce no amarelo – outro ponto extra. Nos calçados, sandálias plataformas, chinelos e tênis imprimiram conforto. Tudo para preservar o minimalismo. Porque nada com reinventar a própria roda. (com Isabella Passamani)

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Amabilis

Ondas projetadas e uma mini orquestra (cantando Heitor Villa Lobos) localizada a centro da catwalk já adiantavam o conceito artístico que seria refletido nos looks desfilados pela Amabilis, grife capixaba que ganhou a chance de alcançar notoriedade nacional através de um projeto batizado de TOP 5. Luiz Carlos Guidoni e Robson Santos, os diretores criativos, levaram para a passarela uma coleção inspirada nas travessias em alto mar, na qual se traduziu elegância e sensualidade com fendas e decotes. A grife usou e abusou de cordas e redes, refletindo em fluidez e corroborando com a proposta. O metálico – proporcionando um perfume setentinha – também foi bem visto na passarela, acompanhado de muito neon – que gritou na década seguinte. Daí foi uma profusão de informações: os estilistas utilizaram Amni, tecido tecnológico e o primeiro fio nylon biodegradável do mundo; e apostaram no comprimento midi, em diversos tamanhos e tecidos, somados a muita transparência e estampas. E não só: cristais também estavam presentes nas roupas, de uma forma suave, localizados nas barras das saias, por exemplo. Isso sem contar com pulseiras prateadas – em tamanho maxi – até o antebraço. E é nessa miscelânea toda que mora o perigo. Talvez porque dizem que menos é mais. (com Isabella Passamani)

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Ronaldo Fraga

Ronaldo Fraga emocionou uma plateia lotada com uma coleção bem-amarrada sobre a liberdade – uma espécie de libelo à temática, e aos refugiados do continente-mãe. Sob o tema “Re-existência”, o estilista mineiro trouxe para o primeiro dia de São Paulo Fashion Week uma reunião de cores, texturas e proporções. Modelos masculinos e femininos celebravam a estética afro com tranças e adereços com forte perfume tribal, ao som de dois nomes fortes da cena cultural africana – o moçambicano Mia Couto e o angolano Valter Hugo Maê. “Na viagem dessa coleção, me guiei pela literatura renitente deles. Moda e arte são instrumentos que conseguem lançar luz sob poesia insuspeita em terreno árido”, disse Fraga. A estética cuidadosa dele, aliás, ultrapassa as barreiras da arte, traduzindo polêmica em savoir-faire com muita identidade. Entre os tecidos eleitos, a ráfia e o tule chamaram a atenção. Flores azuladas e correntes prateadas foram aplicadas aos tecidos, em um contraponto cheio de significados. Liberté, evoé! (com Marcos Eduardo Altoé)

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