SPFW Day #1: interpretações do Brasil regional, surf e piscinas art déco pegam onda no minimalismo ninities!


No Parque Candido Portinari, Animale, João Pimenta e Tufi Duek apresentam o verão 2015 com ênfase no duo forma & textura

Mais uma vez, a Animale deu início à temporada de desfiles, abrindo a edição de verão 2015 da SPFW. Mas, desta vez, ao invés de enfatizar temática que, de alguma forma, tenha a ver com a leitura urbano-contemporânea que tanto lhe é cara, a grife resolveu olhar para o interior do Brasil, sem perder o viés de sua trajetória. De Pernambuco, vieram as rendas renascença. A poesia de cordel e as formas contemporâneas da artista Maria Bonomi se traduzem em xilogravuras que se misturam com as rendas no couro e seda. E, como a modernidade exala pelos poros da marca, bordados regionais se contrapõem a fios de látex. E mais: os prints surgem no trabalho da ráfia de tricô trançada com palha de seda. Luxo orgânico. Para sublinhar isso, um cenário cool, já que nesta grife não cabem regionalices, na pegada que tanto seduz designers como Ronaldo Fraga. 60 tubos de led controlados por maquinaria robótica desenvolvida pelo coletivo catalão Emotique compõem o cenário, com efeito amplicado ao extremo pelo light design poderoso de Maneco Quinderé. No geral, a cenografia concebida por Batman Zavareze ficou ma beleza.

A coleção, extremamente feminina, ganha expressão máxima nas tramas vazadas e rústicas e nos grafismos abstratos, que intensificam a valorização de texturas pretendida sobre as formas minimalistas. Os vestidos secos e os shorts mais soltinhos ganham destaque, e o contraste das cores com as estampas de figura e fundo com motivo de vegetação são belo arremate para o conjunto, que tem bela cartela de cores de terracota, azul céu, açaí, tangerina e menta em contraponto com neutros.

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Fotos: Divulgação/Agência Fotosite

Em seguida, João Pimenta desfilou sua coleção. Com olhar menos voltado para a reinterpretação do passado, ele continua afinado com a pesquisa de novas formas em alfaiataria, seu ponto forte. Entretanto, no ensejo de percorrer um caminho mais contemporâneo, ele talvez tenha se afastado um pouco de sua identidade quando mistura demais materiais e, em alguns momentos, lembra o trabalho de outro estilista que está ausente da semana de moda há um bom tempo: Mario Queiroz. O amálgama entre surfwear e alfaiataria não é novo, mas ainda não tinha sido apresentado por João. O problema é que, como ele optou por trabalhar principalmente com azuis clarinhos, cinzas e pratas, acabou – nos recortes – evocando mais um futurismo science fiction do que uma abordagem do estilo praiano em uma moda urbana. E mais: o uso de pedraria em golas e palas ficou carregado. Ainda assim, funcionou muito bem o exercício de estilo sobre o terno cinza em desdobramentos que imprimiram novo fôlego a este clássico. João é bacana e, mesmo quando ele não está em sua melhor forma, ainda se encontra anos luz adiante.

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Fotos: Divulgação/Agência Fotosite

Eduardo Pombal trouxe para Tufi Duek um tema que tem sido recorrente nos últimos tempos: o art déco. Mas as referências para ele são se traduzem em aplicações literais, e tanto a arquitetura desse movimento quanto a inspiração em piscinas e vestimentas de banho das décadas de 1950 e 1960 são ponto de partida para uma coleção contemporânea, com aquele frescor que ele curte. Tudo muito leve, com predominância de cores clarinhas como branco, prata, off white e rosa – além de vermelho, azul e preto. Como sempre, a grife valoriza a pesquisa de materiais e texturas em resultado refinado. E, se Isabeli Fontana, Daiane Conterato e Renata Kuerten sobressaíram na passarela, Giovanna Ewbank e Anderson di Rizzi atraíram os holofotes daos paparazzi.

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Fotos: Divulgação/Agência Fotosite

Fechando a noite, a Cavalera transportou o Festival de Woodstock para Bali e arrasou. Esse desfile pode ser conferido na seção Gente & Badalo.