As coleções para o Verão 24 já estão chegando às lojas e o consumidor está cada vez mais atento às marcas que respeitam a pluralidade de corpos e que dialogam com a diversidade. Foi a partir da observação de algumas vitrines em um shopping do Rio de Janeiro neste final de semana que me lembrei da live que deu start ao evento do SENAI CETIQT batizado Talks de Gestão e Moda. Tinha ficado em minha mente uma análise muito boa de Patrícia Dinis, coordenadora de Serviços de Consultoria em Confecção do SENAI CETIQT, justamente sobre o impacto que uma roupa em um manequim de loja pode proporcionar assim como uma modelagem que atenda ao nosso biotipo. Ela pontuou: “A construção de modelagem é muito importante e estratégica para uma marca porque, a partir do momento em que o consumidor vê uma roupa e ela agrada visualmente – o primeiro impacto é na vitrine, seja física, seja virtual –, e decide fazer a prova daquela peça, o seu desejo é que ela vista bem tal como visualizou na vitrine. A marca que consegue trabalhar a vontade de concretizar esse desejo, ganha um cliente fiel. Se aliar estética com uma boa modelagem, o cliente vai permanecer na marca a vida toda”.
O Brasil é destaque no mundo por abrigar a cadeia produtiva completa das atividades relacionadas à indústria da moda. A atuação do SENAI CETIQT é desenvolver projetos voltados para a cadeia produtiva química e têxtil, aumentando a competitividade da indústria brasileira e a sua inserção no mercado global. E também atua na formação dos profissionais. Durante a live com profissionais que compartilharam práticas, saberes e conhecimento, também foi ressaltada a importância de um projeto do SENAI CETIQT desenvolvido em prol da cadeia produtiva têxtil e de confecção e, consequentemente, do varejo de moda: o mapeamento da diversidade dos corpos da população brasileira: Pesquisa de Caracterização Antropométrica Brasileira (SIZEBR).
A pesquisa de campo abrangeu todo o Brasil, mensurando em torno de 10 mil pessoas, entre 18 e 65 anos, nas cinco regiões do país, percorrendo 16 estados e 27 cidades. Para a realização das medições foi necessário organizar um intenso e estruturado programa de treinamento para a equipe, e montar uma delicada logística para que o 3D Body Scanner pudesse viajar pelo país. No caso das mulheres, os biotipos são retângulo, ampulheta, colher, triângulo e triângulo invertido. A pesquisa traz ainda dados sobre a predominância dos tipos físicos na amostra tomada. De acordo com o estudo, 76% são do tipo retângulo, 8% são triângulo, 6% são ampulheta, 5% são colher e 5% são triângulo invertido. A partir daí pode-se tomar padrões de medidas para busto, cintura, quadril e quadril alto.
Fui rever detalhadamente a live e conto para você, leitor, alguns pontos abordados como modelagem para o Planejamento Estratégico de Produtos; Definição do Corpo – Adequação antropométrica; Padronização de tabelas de medidas e bases de modelagem e a formação de novos profissionais para a realidade do mercado de trabalho.
PAINEL 1 –
A coordenadora de Serviços de Consultoria em Confecção do SENAI CETIQT, Patrícia Dinis, que tem no currículo a participação do Estudo Antropométrico Brasileiro SIZEBR e tem papel fundamental na iniciativa de interação com o mercado nos proporcionou uma elucidativa palestra e o professor do SENAI CETIQT Anderson Feitosa logo pontuou: “A proposta deste evento é justamente divulgar o trabalho de alguns profissionais que já estão no mercado e aproveitar essa parceria com a instituição, que está aqui para servir às empresas, aos profissionais que já estão há algum tempo no mercado e àqueles que estão entrando agora”.
Inicialmente, o bate-papo contou com a CEO da Draft Manequins Industriais, Elaine Radicetti. “O corpo da mulher brasileira, possui curvas e medidas distintas das de outros países, por esse motivo é que a Draft se preocupou com a combinação das medidas fundamentais à modelagem e a conformação do corpo do manequim para o biotipo brasileiro”, frisou. A empresa tem 19 anos e produz manequins para corte, costura e moulage que atendam as medidas dos consumidores brasileiros.
Cursei arquitetura e, depois, estilismo, fui da segunda turma do SENAI CETIQT, e me encantei pelo lado técnico. Comecei a me dedicar mais à modelagem. Senti uma necessidade no mercado, que era um ‘corpo’ para trabalhar, pois não aguentava mais ter que experimentar as modelagens em mim. Meu trabalho não rendia, eu precisava de um corpo técnico. Procurei em vários lugares e não encontrei, porque eram muito diferentes das brasileiras – Elaine Radicetti
Elaine estudou e começou a olhar o corpo das pessoas, a proporção de braço, perna, tronco, cabeça, tudo que havia aprendido na área de desenho. Mas precisava de um corpo que representasse a realidade dos nosso corpos plurais para trabalhar. “Nesse decorrer do tempo, fiz modelagem de tudo quanto é tipo. Eu modelava feminino, masculino, infantil, linha praia. Sempre tive esse perfil: ‘Ah, Elaine, você sabe fazer isso?’ ‘Sei!’ É claro que não sabia, mas estudava para fazer aquele trabalho que caiu na minha mão. E conseguia. Cada vez que acertava, eu corria mais atrás e mais coisas apareciam. Com isso, consegui chegar a essa história toda da Draft”.
Ela conta que as pessoas a “descobriam” e, quando não conseguiam solucionar as questões com as equipes que tinham em suas empresas, a chamavam. “Eu brincava que era ‘bombeiro da modelagem’, porque eu ia para resolver questões técnicas que eram mais difíceis”. A anatomia do corpo já estava entre as principais preocupações da CEO da Draft. Além de estudar anatomia, Elaine saía medindo todo mundo. Para isso, andava com um fita métrica na bolsa. Quando fez o mestrado, focou na padronização do biotipo do brasileiro para a indústria do vestuário. Ainda não havia a tabela da ABNT. “Meu sonho era ter um body scanner para medir. Na época era algo absurdamente caro e não tinha nem na faculdade, era preciso fazer um investimento para se ter um”, explica.
Com o levantamento das medidas, ela conseguiu fazer o manequim industrial. Foram meses, anos fazendo escultura, inclusive para o que Elaine chama de “limpar a forma”: “Para a roupa ter um bom caimento não adianta colocar a musculatura. Eu tenho que chegar numa limpeza da forma”. Para chegar lá, Elaine comprou diversos livros de modelagem, inclusive o do célebre modelista Gil Brandão, e estudou no Fashion Institute of Technology, em Nova York: “O meu estudo, a minha experiência no FIT, que foi onde me apaixonei pela modelagem tridimensional, foi mais um empurrão para eu fazer o manequim. Não adianta aprender a modelagem tridimensional se você não tem um corpo técnico para fazer a roupa, executar esse tipo de modelagem”.
Depois de experiências vitoriosas em indústrias, Elaine passou a se dedicar mais à Draft Manequins Industriais. Havia empresas grandes nas quais ela se impressionava com o tamanho dos manequins: “Eu dizia: ‘vocês estão trabalhando com um corpinho dos anos 50. Criança naquela época jogava bola, não ficava na frente da televisão. Essa roupa não vai vestir nas crianças” ressalta Elaine Radicetti. “É por isso que as crianças têm seis anos e vestem roupa de 10 anos. Está mal dimensionada. Não é porque ‘meu filho é grande’. Importa ter conforto ergonômico. Reparei que a roupa de criança parece roupa de boneca, não tem caimento de ombro, a manga é reta, quase não tem cava. Hoje, felizmente já se vê mudança, uma preocupação que é superimportante”.
Elaine apresenta e analisa dois levantamentos que indicaram tendências de mercado em junho e julho, meses recentes nos quais a Draft fez pesquisas sobre os mais comprados.
PERFIL DO MERCADO
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JUNHO 2023
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MODELO TAM %
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MANEQUIM FEM 38 A 44 29,73%
PLUS SIZE FEM 46 A 54 24,32%
INFANTIL 2 A 12 21,62%
MASCULINO 42 13,51%
SOB MEDIDA M/G 10,81%
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JULHO 2023
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MODELO TAM %
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MANEQUIM FEM 38 A 44 62,77%
PLUS SIZE FEM 46 A 54 14,60%
INFANTIL 2 A 12 17,52%
MASCULINO 42 2,59%
SOB MEDIDA M/G 2,92%
“Em junho, temos quase 30% de manequim feminino do 38 ao 44. O plus size chega a 24% e sob medida 10%. No masculino é menos, porque é muita camiseta e muita malha, que já têm uma modelagem padrão e não muda muita coisa. Mas, no feminino é demais. Em julho aumentou muito a percentagem de manequim feminino. Antes da pandemia, por exemplo, o tamanho 38 era o carro-chefe de vendas. Depois voltou para o 40, ficava entre 38 e 40. Depois da pandemia foi para 42 e 44. É impressionante”, observou.
Elaine conta que fica muito feliz com o retorno que recebe de marcas conhecidas, pequenas, médias, ateliês de noivas sobre como a modelagem delas mudou, como acertaram mais com o corpo do cliente, como os produtos estão vendendo mais: “Não é só fazer um trabalho bacana. Dormir com esse retorno é maravilhoso. Precisamos estar sempre pensando nos clientes”, aponta.
O manequim, porém, não deixa de ser um 3D, porque, quem trabalha a modelagem tem que percorrer os 360 graus ao redor para ver, observar. “A gente orienta as empresas que já estão trabalhando com softwares para colocar um manequim com a peça, com o corte do tecido que está projetando para ter uma ideia real para trabalhar o virtual. São proporções diferentes: é preciso trabalhar o olhar no tridimensional real, em tamanho real, para depois ir para a realidade virtual. É percepção, observação o tempo todo”, pontua Elaine que lançou, em 2021, o livro técnico “Modelagem Tridimensional“. A autora não abriu mão de ter uma diagramação “didática”: “Quem já sabe a modelagem tridimensional, já conhece alguma coisa, é só passar e ver as fotos e o título do passo a passo. Quem não sabe nada vai ler o passo a passo e vai conseguir fazer”.
Patrícia Dinis, então, propicia aos espectadores da live um passo a passo para a construção de uma modelagem de forma correta.
. Conhecer, medir o corpo humano e identificar biotipo;
. Elaborar moldes a partir de geometria e uso de instrumentos;
. Identificar tecidos, aviamentos (propriedades e aplicações);
. Identificar maquinário e aparelhos para montagem;
. Preencher fichas técnicas e operacionais;
. Orientar o processo de construção de protótipos / peças-piloto;
. Identificar e reparar defeitos em protótipos;
. Elaborar a gradação (ampliação e redução) de moldes;
Acompanhar o desempenho dos produtos modelados na produção
“Conhecer e medir o corpo humano é fundamental para o meu trabalho. É como a Elaine falou, carregar a fita métrica de um lado para o outro para medir pessoas. No nosso setor, a cada hora tem uma prova das roupas que estamos executando. Nós temos todos os tipos físicos aqui dentro e podemos provar numa pessoa e no manequim, também. Sempre provar no manequim estático na hora em que estamos construindo a modelagem para ver os defeitos, fazer as correções e, depois, provar num manequim móvel, é estratégico para a marca”, opina Patrícia.
Patrícia Dinis comenta que há três pontos fundamentais para se trabalhar a modelagem estrategicamente nas empresas.
1- Definição do corpo – Adequação antropométrica
Tem homem, mulher, criança, grávida, idoso. Você vai definir o corpo que quer atender. No Brasil, 76% das mulheres têm o biotipo retângulo: quando as circunferências do tórax e do quadril são aproximadamente iguais, com uma linha de cintura pouco marcada. “A empresa deve localizar o seu público alvo dentro desse universo de amostras e adequar a sua modelagem a esse público. Várias empresas podem trabalhar com corpos diferentes em situações diferentes. Posso trabalhar com plus size, posso trabalhar só com grávidas, posso trabalhar com um público jovem, posso trabalhar com um público maduro. E aí eu vou me localizar em relação à tabela e adequar a minha modelagem”.
2- Padronização de tabelas de medidas e bases de modelagem
“É necessário construir uma padronização para a marca. E se o empresário trabalha com vários fornecedores que se especializam em algum tipo de produto, por exemplo só camisaria, jeans, brim, vestidos de viscose, cada um desses fornecedores têm que adaptar a modelagem à tabela. É básico fazer esse trabalho de padronização junto aos fornecedores. Se o empresário não conseguir padronizar sua marca vai obrigar o cliente a comprar uma roupa de tamanho diferente a cada hora para conseguir se vestir. Nisso, a empresa vai perdendo a fidelização do cliente. Ele tem que ir para a cabine e provar, porque não vai ter a mesma confiança que tem em uma grife que trabalha com padronização”, reitera Patrícia Dinis.
Exemplifica com alguns projetos desenvolvidos para a Renner, por exemplo, que atualizou a tabela de medidas para o corpo real do brasileiro. “A gente fez um trabalho para a Cantão, no Rio de Janeiro, que, justamente, fez a conexão com seus fornecedores. Atualmente, estamos atuando com a Marisa, fazendo um trabalho de adequação antropométrica”, revela Patrícia. “É possível fazer a adequação dos padrões, treinar a equipe da empresa que trabalha com esses padrões, fazer workshops com as equipes de trabalho, desenvolver novas bases, aprovar e validar. Esse trabalho estruturante dura um bom tempo depois que se investe para ser feito. E essa adequação pode ser feita para cada tipo físico ou você pode determinar uma forma de construção que atenda a vários”.
3-Aprovação e ajustes
Por fim, as aprovações e os ajustes. Dependendo de cada empresa – algumas empresas têm mais de um modelista e eles trabalham de maneiras diferentes – é importante criar uma padronização também na forma de conduzir as provas e os ajustes. “O case de uma marca que nós atendemos é interessante. Era uma confecção que estava construindo peças para aprovação online de um magazine. Ela tinha a modelo de prova dentro da empresa, mas sempre dava problema na cava e na manga da peça. Por quê? Porque a estrutura física da modelo de prova da confecção era diferente da estrutura da modelo que provava as peças no magazine. Mas podemos criar um check list: o que é necessário observar numa prova e ajuste? Temos que adotar um manequim tridimensional para fazer parte da prova (e que ele seja um fio condutor para corrigir problemas e defeitos da peça) e ter uma pessoa para fazer a prova de movimento daquela roupa. Pode ter pessoas com caimentos de corpo diferentes, mas a sua visão tem que estar preparada para esses dois mundos nos ajustes. E o modelista e o designer têm que tomar uma decisão juntos, uma palavra não deve ser mais pesada que a outra, têm que chegar a um fator comum. A visão dos dois é importante no desenvolvimento, por isso o processo de análise tem que ser padronizado. Tem que padronizar também a linha de condução da análise dos ajustes de vestibilidade”.
Existe ainda um terceiro movimento, que é fazer também o teste virtual, se você tiver a oportunidade. Fazer os testes e a prototipagem virtuais antes de, efetivamente, cortar um tecido e montar a peça final vai depender da evolução da empresa e do profissional que trabalha ali. As ferramentas vão evoluindo e a gente vai usando todas, até chegar ao ponto de nem precisar provar a roupa: as provas podem ser feitas através de espelhos virtuais – e pode-se obter um bom resultado nesse processo.
PAINEL 2 –
O segundo painel reuniu a diretora de Gente e Gestão da Dress To, Vanessa Sarmento, o instrutor da Faculdade SENAI CETIQT Marcelo Banja e o professor Anderson Feitosa para falar basicamente sobre a formação de novos profissionais e o mercado. A diretora da Dress To abriu os trabalhos contando um pouco de sua trajetória.
“Estou na Dress há 12 anos, há cinco na diretoria. No início de 2023 fui para uma especialização em gestão estratégica em São Paulo e comecei com um novo projeto. Levei a ideia para os CEOs da marca, Thatiana Amorim e Rodrigo Braga. Hoje, além de ser diretora na Dress, também tenho a minha empresa, a Vanessa Sarmento, e trabalho com mentorias de pequenas e médias empresas”.
Vanessa conta que a Dress To “tem um modelo de gestão humanizada, conversa com as práticas ESG. Conseguimos fazer um trabalho que une resultados e práticas humanas. É uma marca que construiu uma ótima reputação, não só com seus produtos, mas também como empregadora. Temos um turn over muito baixo, de 7%, quando a média é de 12% no nosso segmento”.
Acrescenta que “é um trabalho de gestão muito encorpado, muito robusto, e que pensa muito na longevidade desses talentos, na retenção deles. Precisamos maturar o DNA da marca nos profissionais. Numa época em que recebemos jovens tão ansiosos, que não querem esperar essa maturação, é muito importante esperar onde as pessoas queiram, de fato, ficar e fazer história junto conosco”.
O professor Anderson Feitosa observa que as empresas formam bons profissionais e que o mercado os deseja: “O mercado quer encontrá-los prontos, não quer investir o tempo necessário para tê-los. É bom saber que estratégias a empresa tem que ter para manter esses profissionais”. O instrutor da Faculdade SENAI CETIQT, Marcelo Banja, pondera: “Ex-alunos do SENAI já têm uma formação que vêm de uma demanda da indústria. O mercado quer um profissional que esteja em constante renovação. É muito rápido”. A diretora da Dress To complementa: “O que você aprendeu um ano atrás precisa revisitar o tempo todo”.
Banja acrescenta: “E a gente vê o desafio de profissões que estão sendo extintas por causa da tecnologia e novas profissões surgindo. Isso em todas as áreas”. Por isso é importante para esses profissionais pensar em alguma aplicação para o que aprendem nos cursos. É preciso fazer um estágio o mais rapidamente possível, aplicar, experimentar, ter alguma experiência. É preciso ter em mente que dentro do mundo que é uma empresa de moda há muito mais que a loja. Além da loja e da fábrica, há diversos departamentos: gestão, financeiro, contabilidade etc. O universo da moda oferece muitas possibilidades”.
O papel que o SENAI desempenha é fundamental, porque às vezes a empresa está muito envolvida em seu dia a dia. Empresas que promovem treinamento e fazem parcerias com entidades como o SENAI são beneficiadas muito antes das outras – Anderson Feitosa
Vanessa reitera: “Eu tenho uma equipe criativa grande e falo isso o tempo todo: criatividade é a capacidade que se tem de linkar referências. Tudo que você estuda é referência. Isso tudo cria repertório para o profissional. É importante saber que os novos profissionais vão chegar em uma empresa e vão trabalhar em soluções o tempo todo. É uma geração que está muito ansiosa, que acha que está pronta quando não está, que se estressa com facilidade, que fica entediada com facilidade. E a gente sabe quanto tempo leva para construir uma carreira, para construir uma trajetória”.
Além do aspecto técnico, é muito importante trabalhar a questão emocional deles entrando no mercado de trabalho. O que eles vão encarar numa empresa. Muitos deles às vezes almejam cargos de liderança e, quando chegam lá, veem o tamanho da responsabilidade. E eu pergunto se achavam que o cargo de liderança ia trazer só o salário. “Não, você vai ter muito mais responsabilidade, muito mais pressão. A quantidade de mentores vai diminuindo, você vai assinando mais por você mesmo – Vanessa Sarmento
Banja fala sobre a importância do estágio o mais breve possível: “Só a experiência de entrar na empresa, começar a ver como é o cotidiano, ver como é o ritmo, vai motivar, incentivar a procurar mais sobre a área, principalmente na área do mercado. E ele é muito diferente, ainda mais quando se trabalha com indústria, trabalha com grandes volumes. Se você faz uma modelagem errada não é uma peça que vai sair errada. É muita coisa. A indústria não trabalha com unidade, trabalha na casa de milhões. Um erro não é um ponto, não é uma unidade; um erro é distribuir em cadeia o erro”.
Os dois profissionais concordam que cada vez mais a geração que cresceu com grande acesso à internet precisa aprender a se relacionar na vida real. “Nós somos todos uma soma das nossas experiências, é claro que isso vai impactar na nossa formação, na forma como a gente pensa. Eu costumo dizer para a minha equipe que nós somos todos um grande portfólio de experiências, é natural que isso atravesse e impacte a vida de um profissional”.
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