O ano foi de grandes e vanguardistas projetos com a chancela do SENAI CETIQT, membro ativo no ecossistema de inovação nacional e internacional. E ganharam o mundo as iniciativas do maior centro latino-americano de produção de conhecimento aplicado à cadeia produtiva têxtil, de confecção e química, e referência em tecnologia, consultoria e formação de profissionais qualificados para a Quarta Revolução Industrial. No mês passado, representantes de 197 países se reuniram em Glasgow, na Escócia, para a 26ª Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas, a COP 26. E, no Pavilhão Brasil, foi realizado o Dia da Indústria com painéis sobre as ações da indústria brasileira na agenda de mudanças climáticas, incluindo temas como energia limpa, mercado de carbono e economia circular. O megaevento contou com a palestra do diretor-executivo do SENAI CETIQT, Sergio Motta, comentando sobre a realização de projetos com tecnologia de ponta em prol do meio ambiente e o case do Núcleo de Sustentabilidade e Economia Circular (NuSEC), criado com o intuito de desenvolver soluções que promovam a sustentabilidade e a economia circular como parte integrante das estratégias de negócios e operações da indústria têxtil e de confecção. Participaram do Dia da Indústria, o ministro do Meio Ambiente, Joaquim Leite; o presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Robson Braga de Andrade, o superintendente de Inovação e Tecnologia do SENAI, Jefferson de Oliveira; o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco; o vice-presidente da Câmara, Marcelo Ramos, entre muitos especialistas.
Sergio Motta destacou a importância significativa do Setor Têxtil e de Confecção para a economia brasileira: “Não só pela participação no PIB, mas também na geração de empregos: é o segundo setor que mais emprega no Brasil”, ressaltou. Dados da Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit) apontam que a indústria têxtil e de confecção contribui com 5,7% do PIB industrial do país empregando mais de 1,5 milhão de trabalhadores formais, considerando empregos diretos. “E há uma característica muito interessante: somos a maior cadeia têxtil completa do Ocidente. Temos, em território nacional, toda cadeia de produção e com isso é mais fácil implementar e desenvolver projetos de sustentabilidade e economia circular, porque se pode aproveitar os resíduos de uma etapa de produção em outra etapa”, observou o diretor-executivo do SENAI CETIQT.
Graças a esse protagonismo do setor, a CNI (que trabalha para aumentar a competitividade da indústria brasileira no Brasil e no exterior), por meio de seu braço técnico, o SENAI, investiu no Instituto SENAI de Inovação em Biossintéticos e Fibras (ISI), que desenvolve soluções sustentáveis por meio da química e da biotecnologia industrial para atender às demandas das empresas nacionais e internacionais. Localizado no Rio de Janeiro, tem mais de três mil metros quadrados de laboratórios (biotecnologia, engenharia de processos, transformação química e fibras) e um investimento em equipamentos de última geração e únicos na América Latina. “Hoje temos cerca de 100 funcionários, entre pós-doutores, doutores e mestres, todos pesquisadores envolvidos nos projetos que são desenvolvidos. Criamos, há um ano, o Núcleo de Sustentabilidade e Economia Circular (NuSEC) em parceria com a Associação Brasileira da Indústria Têxtil (Abit)”, contou o diretor-executivo do SENAI CETIQT, acrescentando: “É um centro de inteligência competitiva que desenvolve indicadores e mapeia dados do setor, além de oferecer serviços como cursos, estudos analíticos customizados e assessoria na avaliação do ciclo de vida de produtos”.
O NuSEC é estruturado como núcleo catalisador e integrador de soluções para a promoção da sustentabilidade e economia circular como parte integrante das estratégias de negócios e operações da indústria da moda. É um verdadeiro centro de referência para apoiar a indústria têxtil e de confecção no Brasil. E colocará o país no mapa da modernidade em termos de práticas ecologicamente responsáveis, que lhe permitam abrir novos mercados, especialmente os mais regulados.
Quando foi criado há um ano, o diretor-executivo do SENAI CETIQT havia ressaltado a relevância do Núcleo de Sustentabilidade e Economia Circular para o trabalho do SENAI CETIQT em suporte à indústria têxtil e de confecção nacional: “O tema é extremamente importante. Consideramos estratégico para o setor têxtil e de confecção. Como fruto do nosso planejamento, nós temos sustentabilidade e economia circular como uma visão real para o setor. Este assunto traz oportunidades fantásticas para empresas do setor têxtil e de confecção. Por exemplo: redução de custos, desenvolvimento de novos produtos, reaproveitamento de materiais no ciclo produtivo, abertura de novos mercados e fortalecimento de marcas. Os benefícios são incontáveis”.
O NuSEC também está voltado ao desenvolvimento e monitoramento de indicadores para apoiar os processos de tomada de decisão, tanto nos âmbitos públicos, como nos privados. Por meio dessas atuações, busca apoiar e promover ações em prol da competitividade e da sustentabilidade do setor identificando e alavancando a oportunidade de negócio.
Sergio Motta ressaltou que todo o portfólio do Núcleo de Sustentabilidade e Economia Circular dá suporte aos novos projetos e citou alguns já em desenvolvimento pelo ISI, começando pela área química: “Elaboramos um roadmap (plano de ação que detalha cada etapa do desenvolvimento de um produto) para identificação de oportunidades de resíduos na Amazônia, resíduos da indústria de alimentos. Já conseguimos notar oportunidades para a indústria de cosméticos, setor têxtil e toda a parte de otimização do processo de produção, no sentido de redução do uso de água e geração de resíduos. Na área de biotecnologia, há um projeto para conversão CO2 em combustíveis renováveis por meio de um processo biológico. Mas existe outro processo, via eletrólise, que pode gerar hidrocarbonetos que seriam, basicamente, um ‘diesel verde’. Esse projeto está sendo tocado em parceria com diversas empresas e tem sido um sucesso”. Assim, no processo industrial de fabricação dos combustíveis, é possível evitar a emissão de carbono.
Sucesso que o NuSEC também pode colher em projetos relacionados a fibras, apesar do imenso desafio proposto pela transformação de resíduos têxteis em novos fios, processo complexo que exige tecnologia de última geração: “Uma empresa nos procurou, porque tinha um grande volume de pelos de animais, proveniente de pet shop, e queria reaproveitar e criar produtos. Nós conseguimos fazer a fiação desses pelos. Hoje, a empresa já faz alguns produtos, como bolsas. Outro bom exemplo são os corantes naturais que desenvolvemos. O Brasil tem uma biodiversidade fantástica de castanhas, frutas etc que podem ser usadas como corantes naturais. Fizemos uma pesquisa com baru, a famosa castanha do Centro-Oeste, e descobrimos que ela conferiu proteção UV ao tecido com fator acima de 50”.
Outro projeto que exige tecnologia avançada é a recuperação de tecidos sintéticos. Para produzir novos fios será necessário recorrer a técnicas como melt spinning (fiação por fusão, um processo usado na produção de fibras sintéticas), a reciclagem mecânica (conversão de materiais descartados em granulados que podem ser reutilizados na criação de novos produtos) e a moldagem por injeção. “Também queremos usar resíduos fibrosos para fabricação de novas fibras, como banana, pupunha, açaí e cana-de-çúcar na fabricação de novas fibras”.
Atualmente, o ISI pode ser considerado um hub de inovação, onde pesquisadores e empresas de todos os portes podem trabalhar oportunidades de negócios. Foi criado para trabalhar na identificação e no desenvolvimento de novos produtos e processos químicos, bioquímicos e têxteis, a partir de recursos renováveis e não renováveis, atuando de forma transversal em áreas e temas identificados como portadores de futuro para as cadeias industriais química e têxtil. O Instituto apoia as empresas no desenho da sua estratégia de P&D, no desenvolvimento de produtos e processos nos laboratórios de forma a viabilizar a inovação.
PARCERIAS EM PROL DA INOVAÇÃO
Todos os projetos citados por Sergio Motta são frutos de parcerias nacionais e internacionais. Um belo exemplo de colaboração internacional é o acordo firmado com a empresa holandesa Kelp Blue, que cultiva e gerencia imensas florestas subaquáticas de algas gigantes, capazes de sequestrar CO2 e mantê-lo eternamente “aprisionado” no fundo do mar. As florestas de algas também ajudam a sustentar ecossistemas marinhos saudáveis, fornecendo alimento e abrigo para inúmeras espécies. Para restaurar nosso planeta ao equilíbrio, ou mesmo à abundância, precisamos nos unir para encontrar soluções econômicas, de longo prazo e ambientalmente sustentáveis.
Fundada em fevereiro do ano passado, a Kelp Blue vai construir uma biorefinaria para produzir aditivos para as indústrias de alimentos e cosméticos. “O Instituto de Inovação em Biossintéticos e Fibras do Cetiqt é responsável pela parte de viabilidade técnica e econômica, além dos ensaios químicos que estamos desenvolvendo para a empresa na Holanda”, revelou Sergio Motta.
Outro projeto interessante é a criação do grafeno verde em parceria com a sueca RI.SE, Rede de Institutos da Suécia (Research Institutes of Sweden). Esse grafeno pode ser obtido da lignina, um resíduo da indústria da celulose (a Klabin participa desse projeto, por sinal): “Utilizamos a lignina para fabricar grafeno que, atualmente, tem diversas aplicabilidades, inclusive na área têxtil”, pontou o diretor-executivo do SENAI CETIQT.
A ligação com o Instituto Fraunhofer, maior instituição científica da Europa fundada na Alemanha em 1949, tem um objetivo de converter CO2 em combustíveis renováveis. Já a parceria recentemente fechada com a Fibrenamics – Instituto de Inovação em Materiais Fibrosos e Compósitos, plataforma multidisciplinar ligada à Universidade do Minho, em Portugal, visa o desenvolvimento de fibras sustentáveis, que têm aplicações transversais na construção civil, na indústria automotiva e no mercado de compósitos.
“Esses projetos ajudam o Setor Têxtil e de Confecção a enfrentar grandes desafios. Podemos resumir em desafios de meio ambiente, sociais e econômicos. A configuração no país é favorável à implantação deles pois, graças ao conhecimento da tecnologia, podemos dar suporte a esses planos. O Brasil tem uma biodiversidade riquíssima que abre portas para novas oportunidades”, pontou Sergio Motta, acrescentando: “Já identificamos diversas fontes de financiamentos e queremos ampliar nossa carteira de parceiros. O SENAI e a CNI querem fazer a diferença e encontrar parceiros que também queiram transformar o mundo”.
TODOS OS HOLOFOTES VOLTADOS PARA PROJETOS EM AÇÃO 2021
Como já publicamos aqui no site para você, leitor, entre outros projetos desenvolvidos pelo Instituto SENAI de Inovação em Biossintéticos e Fibras destacam-se: modificação genética de microorganismos para aplicação industrial na produção de novas moléculas; intensificação de processos de hidrogenação e esterificação para minimização de custos e aumento dos rendimentos da reação e uso de nanocelulose em curativos para queimaduras; sequenciamento genético do coral sol; otimização de processo e purificação de um novo solvente; desenvolvimento de testes sorológicos rápidos; têxteis nanofuncionalizados, novas fibras celulósicas, fibras de alta performance, smart textiles e nanocompósitos poliméricos. Mais? Vimos o desenvolvimento de aplicação de novas fibras, de têxteis técnicos, produção e aplicação de materiais não-tecidos e os têxteis inteligentes. E durante a pandemia da Covid-19, os cases de desenvolvimento de tecido anti-viral para EPIs e produção de álcool em gel 70% com novas formulações derivadas da nanocelulose e/ou de outros produtos naturais.
Desde o segundo semestre de 2020, o SENAI CETIQT incluiu a criação do Portal de Bioeconomia no seu pacto de gestão. A plataforma foi lançada no mês passado e tem como propósitos ser o ponto de encontro dos stakeholders e disseminar conhecimento e identificação de oportunidades, sempre com vista à geração de novos negócios dentro da Bioeconomia. A plataforma digital sem fins lucrativos e de abrangência nacional foi desenvolvida com o intuito dar visibilidade e conectar os diferentes atores da bioeconomia no Brasil, públicos ou privados. O portal é um espaço colaborativo para empresas, startups, grupos de pesquisa de universidades, institutos de pesquisa, associações, aceleradoras/incubadoras, entidades do governo, órgãos de fomento, investidores, entidades de certificação, cooperativas/comunidades tradicionais e outros atores envolvidos com esse tema. Como pontuou o diretor-executivo do SENAI CETIQT, Sergio Motta, durante a importante live Portal Bioeconomia: Conhecimento em Rede e Desenvolvimento de Mercado, realizada com especialistas de destaque no país, “a plataforma disseminará o conhecimento e reunirá grupos científico-tecnológicas altamente qualificados para desenvolver novos mercados. A proposta visa conectar, facilitar o intercâmbio de ideias, fomentar negócios e parcerias entre os diversos atores do cenário tecnológico”.
As soluções inovadoras da Bioeconomia, em especial aquelas provenientes do uso da biotecnologia industrial, fornecem uma contribuição vital na transição das atuais práticas econômicas não-sustentáveis, para sistemas industriais renováveis – a economia circular e de base biológica –, aliando inovação e sustentabilidade para a solução dos principais desafios globais. E têm tudo a ver com os pilares básicos do SENAI CETIQT, segundo o diretor-executivo, Sergio Motta: “Como Centro de Tecnologia e Inovação, temos três áreas estruturantes: Educação, Tecnologia e Inovação. A Bioeconomia já permeia essas áreas. No Brasil, é uma realidade que começou no ciclo da cana-de-açúcar e permanece viva até hoje, com as florestas energéticas para a siderurgia”.
O SENAI CETIQT também promoveu, no mês passado, a Chamada Startup.Tech – Alimentos Saudáveis, que tem o objetivo de conectar soluções disruptivas de startups ou empresas de base tecnológica às demandas de indústrias de médio e grande porte, com oferta de infraestrutura e corpo técnico qualificado do Instituto SENAI de Inovação em Biossintéticos e Fibras (ISI) para este desenvolvimento. É um marco fundamental para o avanço da bioinovação nessa área.
Artigos relacionados