Máquinas que conseguem agir por conta própria não são novidade nos filmes de ficção científica, mas se tornaram uma realidade com a chegada da Quarta Revolução Industrial. A Indústria 4.0 e suas fábricas inteligentes, com sistemas ciber-físicos capazes de se comunicar entre si a partir do comando de um ser humano, propiciam o aumento da produtividade, com processos mais eficientes e sustentáveis. Para discutir os desafios da incorporação de novas tecnologias na área de ensino, o Ministério da Educação (MEC), por meio da Secretaria de Educação Profissional e Tecnológica, promoveu nesta terça-feira (dia 14) a webinar “Experiências nacionais em educação no mundo 4.0”, tendo como um dos palestrantes o gerente de Educação Profissional da Faculdade SENAI CETIQT, Robson Wanka, que trabalhou na implantação da primeira Planta de Indústria 4.0 das Américas no Setor de Confecção e é o mentor e criador do Master Business Innovation – MBI: Indústria Avançada – Confecção 4.0 do SENAI CETIQT. O MBI entrou para a história como o marco oficial do start da Quarta Revolução Industrial do Setor Têxtil e Confecção no Brasil e o sucesso foi tão imediato que, em pouquíssimo tempo, foi realizado o 1° Simpósio Brasileiro de Indústria 4.0 para o Setor Têxtil e Confecção. “O nosso desafio é procurar novos modelos de negócios, novas abordagens e novas colaborações. O conhecimento é um universo vastíssimo”, diz Robson Wanka.
Segundo Robson Wanka, foi justamente com o objetivo de sempre inovar e acompanhar os passos na direção da mudança de mindset necessária para o futuro que a Faculdade SENAI CETIQT, maior centro latino-americano de produção de conhecimento aplicado à cadeia produtiva têxtil de confecção e química e referência em tecnologia, consultoria e formação de profissionais qualificados, lançou, em 2018, com o apoio da Abit – Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção, o Master in Business Innovation (MBI) em Indústria Avançada: Confecção 4.0. “Realizamos uma pós-graduação que reuniu representantes de grandes empresas, como Canatiba, Grupo Guararapes, Grupo Soma, DeMillus e DelRio, Renner, Cedro, Riachuelo e Karsten, entre outras, e criamos um grande movimento nacional em prol da implantação da Indústria 4.0 no Brasil”, conta ele. “Preparamos CEOs, diretores e gerentes para elaborarem projetos reais de Indústria 4.0. Criando esses projetos em apenas seis meses, em processo de imersão, a gente pôde perceber o quanto o grau de colaboração entre eles gerou ideias inovadoras para o setor. E o melhor: depois do curso, elas foram implantadas”, lembra. O que vimos foi muito mais do que uma lição. Foi um movimento do setor têxtil e de confecção para mergulharem na nova Revolução, trocando ideias e se conectando.
Durante todo esse processo que estamos vivenciando de implantação da Indústria 4.0, o gerente de Educação Profissional da Faculdade SENAI CETIQT sempre pontuou que a troca de experiências é fundamental. “A sociedade está caminhando na direção do compartilhamento de vídeos rápidos, da colaboração, de seguidores e de redes sobre temáticas comuns”, observa. Robson Wanka acrescenta que é imprescindível fortalecer os laços entre as pessoas e o networking. “A gente precisa, dentro do contexto 4.0, preparar os nossos jovens ou as nossas indústrias para essa mudança de mindset relacionada à colaboração. No Brasil, tudo é muito recente. Temos apenas 13 startups avaliadas acima de um milhão. A gente precisa provocar as pessoas a pensar em nichos, negócios e aplicações diferentes”, frisa.
Só para você, leitor, saber, a Planta de Confecção 4.0 viajou o Brasil e os consultores do SENAI CETIQT apresentaram a tecnologia. A roupa é cortada, costurada e preparada para o envio após ter sido comprada pelo consumidor. “A gente criou uma Planta que tem o objetivo de demostrar os conceitos e tecnologias de uma indústria 4.0, do futuro. O grande diferencial de uma empresa com esta tecnologia para as outras do mercado é a conectividade e integração. Esse comportamento parte do consumidor que, agora, é um agente ativo do desenvolvimento do produto que ele vai usar. Ele interfere no processo produtivo, o que hoje não existe. Ou seja, ele cria a sua peça e aciona a manufatura. Isso faz com que só haja produção se a venda estiver confirmada”, explicou à época Robson Wanka.
Embora, atualmente, as tecnologias estejam sendo desenvolvidas em uma velocidade inimaginável há algum tempo, Robson Wanka afirma que, através da educação, toda a cadeia do setor têxtil e de confecção no Brasil poderá contar com o apoio de profissionais para ser parte integrante desta Quarta Revolução Industrial. “Buscamos uma educação diferenciada, que possa gerar novos frutos, colaborar e criar novas oportunidades que até então não foram aplicadas”, afirma. “Dentro desse contexto, para o setor industrial o primeiro passo é ter a perspectiva de vislumbrar um futuro inovador. Todo precisam estar convencidos da importância da aplicação das tecnologias da Indústria 4.0 para ser competitiva. A direção de uma empresa vai conduzir toda uma equipe de novos profissionais”, completa.
Quando contei aqui no site que participei, em outubro de 2018, da cerimônia histórica do SENAI CETIQT de conclusão do curso da primeira turma de Master in Business Innovation (MBI) em Indústria Avançada: Confecção 4.0, tinha a plena consciência de que aquele momento era considerado um marco para o setor, uma vez que tais projetos foram as primeiras sementes para o início da Quarta Revolução Industrial no setor têxtil e de confecção brasileiro. Ali, 48 empresários e executivos de 32 empresas do setor têxtil e de confecção compartilharam ideias, conhecimentos, informações e, hoje, são capazes de elaborar projetos de implantação da Confecção 4.0, gerando processos industriais mais eficientes, produtivos e sustentáveis. E foi durante aquele encontro que nasceu a ideia do do 1º Simpósio Brasileiro em Indústria Avançada: Têxtil e de Confecção 4.0, em Fortaleza (CE), realizado em abril de 2019, em Fortaleza e no qual foram discutidos temas como ‘Cenários e Perspectivas 4.0‘; ‘Máquinas e Equipamentos para a Indústria 4.0‘; ‘Cases de sucesso da Indústria 4.0 no Brasil’; ‘Profissional 4.0‘; e ‘Ecossistemas de Inovação’.
A SINERGIA DURANTE A WEBINAR EDUCAÇÃO 4.0 – A EVOLUÇÃO NECESSÁRIA
O engenheiro Alexandre Fernandes Barbosa, gerente do Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação, outro dos palestrantes da webinar “Experiências nacionais em educação no mundo 4.0”, pondera que a incorporação dessas novas tecnologias digitais no cotidiano tem causado impactos significativos em todos os segmentos da sociedade, em especial na educação. “Isso representa muitos desafios para o setor na incorporação dessas realidade tecnológica no sistema educacional e também integração dessas tecnologias no currículo, novas metodologias e espaços educacionais”, comenta, acrescentando: “A indústria brasileira já começa a adotar essas novas tecnologias, como big data e inteligência artificial, mas ainda temos uma proporção pequena de indústrias que implementam essas tecnologias nos seus processos e na sua cadeia de produção”.
Para o palestrante Rodrigo Varejão Andreão, que é professor do Instituto Federal do Espírito Santo, inovações na estrutura curricular contribui para ajudar o país a entrar na vanguarda. “Os alunos podem seguir vários programas possíveis, com ações extracurriculares que buscam capacitá-los para novas tecnologias e soluções de problemas reais. Dessa forma, também trabalham gestão de projetos, empreendedorismo e inovação”, descreve.
Já Arthur João Catto, professor da Unicamp, que também participou da webinar, opina que é importante ter capacidade de atrair, reter e capacitar os melhores estudantes; desenvolver competências técnicas e habilidades comportamentais; e personalizar o aprendizado, com foco específico. Ele disse que é vital o constante aprofundamento em conhecimento por toda a vida permeada por um profissional.
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