SENAI CETIQT reúne especialistas para discutir sobre as perspectivas e tecnologias da Bioeconomia no Brasil


As soluções inovadoras da Bioeconomia, em especial aquelas provenientes do uso da biotecnologia industrial, fornecem uma contribuição vital na transição das atuais práticas econômicas não-sustentáveis, para sistemas industriais renováveis – a economia circular e de base biológica –, aliando inovação e sustentabilidade para a solução dos principais desafios globais

O SENAI CETIQT promoveu o evento 1º Bioeconomia em Rede, reunindo grandes nomes do setor para discutir a respeito de expectativas e desafios acerca do desenvolvimento do ecossistema de inovação em Bioeconomia. Durante a apresentação, foi realizada uma mesa-redonda com profissionais do ramo, com diferentes olhares sobre o assunto, como: Paulo Coutinho, Gerente do Instituto SENAI de Inovação em Biossintéticos (SENAI CETIQT) e Carlos Amaral, Gerente de P&D Corporativo da Klabin, recebendo Luciana Vilanova, Executiva e Consultora em Inovação, Sustentabilidade e Bioeconomia; Rafaela Vendruscolo, Coordenadora de Sustentabilidade da Solubio Tecnologias Agrícolas; e Thiago Rodrigues, Chief of Staff and Senior Manager da Sinochem Brasil, para discutir sobre as ‘Perspectivas da Bioeconomia para o Brasil’.

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Para Rafaela Vendruscolo, Coordenadora de sustentabilidade da Solubio ecnologias Agrícolas, o Brasil possui uma boa visibilidade no ramo, devido ao avanço em pesquisas na área de bioinsumos: “Ainda que as questões regulatórias no país dificultem alguns processos de regulamentação, se formos olhar para a questão da área de bioinsumos, o Brasil é pioneiro sendo reconhecido, inclusive, em países estrangeiros, onde não é bem desenvolvido esse tipo de material. Então, temos bastante otimismo quanto a esse assunto, incluindo a agricultura regenerativa, investindo na nossa capacidade de inovação. Estamos muito focados nisso,” explica.

De acordo com os especialistas, o Brasil é um país que possui os maiores e mais diversos biomas do mundo, sendo capaz de investir em grandes setores de Bioeconomia. Porém, a burocracia e a falta de regulamentação dificultam o acesso da empresa e até mesmo da população a esses recursos. Outro fator que dificulta a inserção da Bioeconomia no Brasil é o ramo de pesquisa, pois é necessário um estudo minucioso e prático por parte da ciência biológica, humanas e exatas, para que ocorra uma melhor representação sobre a compreensão e distribuição do tema a fim de mobilizar os recursos, atraindo investimento internacional e até mesmo causando um grande impacto social na geração de empregos.

“Eu atuo na área de celulose desde 1980 e, graças a isso, vi muitas mudanças nesse ramo, como por exemplo, a utilização da lignina para a geração de energia para as fábricas de celulose, além de outras potenciais aplicações que vêm sendo estudadas ao redor do mundo. Esse componente tem um grande potencial para estudos em diversas empresas e isso contribui na utilização de elementos bio florestais, seguindo o exemplo de países como a Finlândia, que investe na criação de produtos de base florestal na Bioeconomia e biotecnologia”, conta Carlos Amaral, Gerente de P&D Corporativo da Klabin.

Durante a mesa redonda, além de serem abordadas as questões que envolvem o desenvolvimento da Bioeconomia no Brasil, o Chief of Staff and Senior Manager da Sinochem Brasil, Thiago Rodrigues, explicou sobre a visão internacional a respeito do tema: “Quando falamos de regulamentação, nós temos uma realidade um pouco diferente, pois temos uma regulação positiva por parte da ANP, que obriga as empresas do ramo de petróleo e gás a investirem em projetos de pesquisa biológica. Foi através disso que buscamos investir e aumentar o valor da empresa, gerando uma diminuição dos custos e gerando impacto positivo na cadeia ambiental. No Brasil, nós enxergamos isso como uma maneira de suprir uma demanda crescente do mundo em termos de ‘mandats’. Vemos hoje que o Brasil tem uma projeção de aumento contínuo da mistura de etanol com combustível e isso é um fator que está inspirando a China, Índia e diversos países a fazerem o mesmo. Então, conseguimos ver essa demanda subindo e tentando trazer, por meio dos nossos investimentos, a construção de tecnologias proprietárias para que possamos alavancar essas demandas internas e externas”, analisa.

De acordo com Luciana Vilanova, Executiva e Consultora em Inovação, Sustentabilidade e Bioeconomia, em termos de competência, infraestrutura e compartilhamentos no Brasil, é fundamental que haja um maior investimento na educação e da aplicação de políticas públicas de estado para que o tema seja executado de maneira precisa: “Quando existe uma boa estrutura de investimentos em educação e tecnologia, uma coisa puxa a outra. É preciso aproveitar essa onda de Bioeconomia para não cometermos o mesmo erro dos anos 70, quando países estrangeiros investiam em tecnologia e inovação e nós não. Nosso país tem competência para pesquisas desse porte e conexões excelentes com o setor privado, o próprio SENAI CETIQT é exemplo disso, mas, infelizmente, não aplicamos e isso e acaba virando uma política governamental e não estatal. Esse tipo de oscilação e cortes nos investimentos de ciência e educação compromete os estudos e avanços de longo prazo, tendo em vista que tecnologia é um fator que só vemos resultados explícitos no futuro. Precisamos ser esse país de alto nível de competição porque até 2050 teremos que descarbonizar o mundo e o responsável por essa resposta é justamente a biotecnologia e seus adjacentes. Temos competência? Temos! Existem cientistas incríveis no Brasil e nós acabamos perdendo-os para o exterior por falta de investimento”, finaliza.

O que é a Bioeconomia

De acordo com o Portal da Indústria, Bioeconomia é a ciência que estuda os sistemas biológicos e recursos naturais aliados à utilização de novas tecnologias com propósitos de criar produtos e serviços mais sustentáveis. A Bioeconomia está presente na produção de vacinas, enzimas industriais, novas variedades vegetais, biocombustíveis, cosméticos entre outros. Ela emprega novas tecnologias a fim de originar uma ampla diversidade de produtos. Engloba as indústrias de processamento e serviços e relaciona-se ao desenvolvimento e à produção de fármacos, vacinas, enzimas industriais, novas variedades vegetais e animais, bioplásticos e materiais compósitos, biocombustíveis, produtos químicos de base biológica, cosméticos, alimentos e fibras.