SENAI CETIQT: Simpósio de Iniciação Científica apresenta resultados de projetos de pesquisa desenvolvidos por alunos


Em formato virtual, a primeira edição do simpósio foi aberta por Robson Wanka, Gerente de Educação da instituição, que frisou a importância do compartilhamento de informações: “Vocês precisam conhecer os projetos dos colegas e as indústrias precisam saber o que SENAI está desenvolvendo” E eles dá dá um ‘spoiler’ do que vem por aí: “Acreditamos no sucesso dessa iniciativa e vamos replicá-la nos próximos anos”. O analista da ABNT Anderson Soares falou sobre as normas técnicas na elaboração de artigos científicos e trabalhos acadêmicos: “Elas servem para fazer a gestão do conhecimento. A norma técnica é importante justamente por isso, para organizar o trabalho para leitura da banca, dos pares enfim e dos futuros pesquisadores. A comunidade científica agradece, porque as normas de trabalhos acadêmicos facilitam a comunicação”

 

O SENAI CETIQT realizou o Simpósio de Iniciação Científica, primeira edição de um evento pensado especialmente para apresentar os resultados dos trabalhos de pesquisa desenvolvidos por alunos visando também a colaboração para a empregabilidade. Em formato totalmente virtual, o simpósio foi aberto por Robson Wanka, Gerente de Educação da instituição, maior centro latino-americano de produção de conhecimento aplicado à cadeia têxtil e de confecção e área química. “Agradeço a todos os parceiros ABNT, Radix, Instituto SENAI de Inovação em Biossintéticos e Fibras (ISI), Instituto Senai Têxtil e de Confecção (IST) e SENAI SP. São 23 projetos desenvolvidos por 39 alunos que trouxeram muitas contribuições e aprendizado. A educação científica é importante para a carreira. É aquele momento em que nasce o sentimento pela pesquisa e nos desenvolvemos através da busca por conhecimento. Trata-se do início de uma jornada que vai somar pontos na carreira de todos. Quando você pensar em fazer um mestrado ou um doutorado, já terá o feeling de como se organiza uma pesquisa usando metodologias eficientes”, afirmou. “Este evento é uma forma de compartilhamento de informações. Vocês precisam conhecer os projetos dos colegas e as indústrias precisam saber o que SENAI está desenvolvendo. Acreditamos no sucesso dessa iniciativa e vamos replicá-la nos próximos anos trazendo mais projetos, conhecimento e contribuição para a sociedade”.

Participaram desta empreitada Flávio Junior, da Radix; o engenheiro de Processos do ISI em Biossintéticos João Bruno Valentim, a coordenadora do curso de Engenharia Química, Márcia Castoldi; Daniela Nunes, do SENAC SP; Christina Rangel, do Instituto SENAI de Tecnologia; e Ana Cláudia Lopes, coordenadora do curso de Design de Moda.

A primeira etapa foi a palestra “A Importância das Normas ABNT na Elaboração de Artigos Científicos e Trabalhos Acadêmicos”, apresentada pelo analista técnico da Associação Brasileira de Normas Técnicas Anderson Soares. Conhecer as Normas ABNT é imprescindível para a produção acadêmica e científica. E Anderson proporcionou aos participantes um mergulho no mundo da normalização, em especial, a importância das normas técnicas no contexto acadêmico e a relevância para a comunicação científica. Segundo ele, a normalização possibilita à comunidade acadêmica dispor da melhor solução técnica encontrada para facilitar essa comunicação. Muitas instituições não aceitam trabalhos cuja apresentação não siga as Normas ABNT. “Essas regras acompanham os pesquisadores ao longo de toda a sua jornada”, observa Anderson Soares.

A ABNT foi fundada em 1940 sem fins lucrativos. “Diferentemente do que a maioria das pessoas supõe, não é pública, mas privada. Também é o único foro nacional de normalização; ou seja, nós temos o direito de elaborar normas em todo o país. A ABNT representa oficialmente algumas organizações internacionais como a ISO, que é a Organização Internacional de Normalizações, da qual é uma das fundadoras; a IEC, Comissão Internacional de Eletrotécnica; a Copant, Comissão Pan-Americana de Normas Técnicas; e a AMN, Associação Mercosul de Normalização”, explica Soares, acrescentando que, além da elaboração das normas brasileiras, é responsável pela gestão do processo de normalização brasileira, adoção de normas internacionais (ISO e IEC) e promoção e difusão da normalização na sociedade.

Sobre esse processo de normalização, como chegamos até aqui? A normalização é um processo voluntário, tanto para uso como para participação, baseado num consenso que busca a melhor solução técnica dentro de um resultado imparcial. Dentro desse contexto existem alguns princípios, que são atualização, simplificação, transparência, voluntariedade, variedade, e representatividade, tendo o consenso como pilar. Um projeto normativo só é levado adiante quando a comissão de especialistas está de acordo e, a cada cinco anos, é revisada para verificar se ainda atende à necessidade da sociedade, ao estado da arte das tecnologias.

Convenção padrão globalmente aceita é um “documento estabelecido por consenso e aprovado por um organismo reconhecido que, no nosso caso, é a ABNT, que fornece para uso comum e repetitivo regras, diretrizes, ou características para atividades ou seus resultados visando à obtenção de um grau ótimo de ordenação em um dado contexto”. Essa é a definição mais aceita sobre norma técnica”, pontou Anderson Soares.

“Nós temos mais de oito mil normas técnicas. Você busca as que são do seu interesse. Se você quer design de moda, por exemplo, saiba que existe um comitê específico que trata de vestuário, tecidos etc. Tem um comitê totalmente desenvolvido para tratar da área de química. Tem comitês diversos de interesse da área de engenharia de produção, na área da qualidade, por exemplo. A norma técnica é para ser usada, é desenvolvida pela sociedade e para a sociedade”.

As normas são estabelecidas por comissões de estudo. No caso dos trabalhos acadêmicos e dos artigos científicos, a norma é a 14.724, que teve sua última edição em 2011. É onde ficam os princípios gerais para a elaboração de trabalhos acadêmicos, sejam teses, dissertações ou outros documentos. Essa norma é aplicada na graduação, no mestrado e no doutorado. “É preciso ter sempre em mente que padronização não é para deixar o trabalho bonitinho. É para que seja fácil de ler e ser compreendido. E também para que seja rapidamente reconhecido como trabalho acadêmico”, observa Soares.

“Normas para apresentação desses trabalhos servem para fazer a gestão do conhecimento. Tudo aquilo que você aprendeu com as referências, tudo que ainda está tácito, você vai explicitar de maneira padronizada no seu trabalho. A norma técnica é importante justamente por isso, para organizar o seu trabalho para leitura da banca, dos pares enfim e dos futuros pesquisadores. A comunidade científica agradece, porque as normas de trabalhos acadêmicos facilitam a comunicação. Eles já têm conhecimento da norma então já sabem mais ou menos onde está o quê, como é a referência. E é uma via de mão dupla: você aprende e transmite conhecimento”.

A estrutura do trabalho acadêmico é dividida nas partes externa (capa, obrigatória; e lombada, opcional) e interna. A interna inclui elementos pré-textuais, que vão da folha de rosto ao sumário, e ainda não são o objeto da pesquisa. Os elementos textuais incluem a pesquisa em si, com introdução, desenvolvimento e conclusão, enquanto os pós-textuais vão das referências ao apêndice e o anexo. “Mas as instituições podem criar suas próprias regras e agrupá-las em um manual. Dependendo do manual, alguns elementos adicionais são obrigatórios. A fonte, por exemplo, está determinada no manual da sua instituição. A ABNT tem um requisito que trata do tamanho da fonte, do espaçamento, de como fazer referência etc”, conta o analista técnico, destacando a importância das normas de referência: “Durante a vida, nem sempre caminhamos sozinhos, precisamos buscar referências em outros autores. Devemos atentar para as normas que darão credibilidade ao nosso trabalho. Não é preciso enchê-lo de referências para fazer volume. Basta dizer quais foram os documentos que serviram de parâmetro para desenvolver o trabalho e citá-los corretamente. Isso traz segurança para nós e para o leitor”.

À primeira vista, as referências podem parecer um sinal de gentileza ou boa educação. Não. São muito mais que isso. E bem mais importantes: “Representam uma possibilidade de validar seus pares. Quando alguém ler seus documentos, saberá em que autores se baseou. Além de valorizar os pares, as referências dão continuidade à pesquisa. Quando alguém cria um documento, não cria só para si, mas para que outras pessoas leiam. Pois um dia alguém vai ler o trabalho e vai querer saber quais são as fontes, onde foi buscar informação. Para dar continuidade à pesquisa é importante referenciar-se adequadamente. E continuidade gera inovação”, observa Anderson.

Por falar em inovação, vale lembrar que já existem softwares para referenciar que ajudam bastante. “Fazer trabalho acadêmico, organizar tudo e padronizar é um exercício importante. As plataformas ajudam muito na hora de fazer as referências ou formatar. No entanto, conhecer as regras, as normas, facilita a elaboração do documento”, ressalta Anderson Soares. “Temos oito mil normas. Ninguém tem obrigação de memorizar tudo isso, mas é bom rever sempre. Destaco, também, a necessidade de se conhecer os manuais das instituições. Normalmente, bibliotecas e instituições de ensino desenvolvem algum manual próprio. A área de Medicina, por exemplo, usa a Norma de Vancouver para referenciar, mas há um acordo com a Norma ABNT até determinado ponto. Ao submeter um artigo para periódico internacional, vale dar uma olhada em quais são as normas usadas. De qualquer forma, o conhecimento das Normas ABNT vai ajudar, pois quase tudo está alinhado”.

Anderson Soares faz questão de frisar a atualidade das regras de normalização brasileiras: “Normas técnicas são a base para o desenvolvimento de tecnologias e estão em eterno movimento, pois são atualizadas constantemente. As Normas ABNT são baseadas na ISO 690 e estão alinhadas ao que há de mais atual internacionalmente. A entidade se preocupa muito com esse alinhamento ao mundo. Além disso, a cada cinco anos as normas são revisadas para se verificar se ainda atendem às necessidades da sociedade e ao estado da arte das tecnologias”.

O processo de normalização – ou seja, a criação das regras – é fascinante. “Toda norma surge da demanda para resolver um problema da sociedade. A ABNT recebe a demanda que é distribuída entre comissões de estudos formadas por especialistas de diferentes entidades. Eles tratam do problema e submetem o documento produzido com a solução a uma consulta nacional aberta a toda a sociedade. Pessoas de diferentes áreas podem participar dessa consulta. O documento volta para a comissão de estudo verificar se há alguma divergência. Se não houver, vai direto para publicação. Se precisar ser melhorado, a comissão volta ao trabalho até que haja um consenso para seguir adiante”.

“E quem participa dessa festa?”, pergunta, brincando, o palestrante, para em seguida esclarecer: “Universidades, consumidores, governos, laboratórios, produtores e demais setores da sociedade. É um processo transparente e aberto. Todos podem participar voluntariamente. Aqui eu quero chamar atenção para o ‘ABNT Catálogo’ (abntcatalogo.com.br/). Quem quiser buscar informações e novas normas tem à disposição um site para pesquisar normas do seu setor especificamente. E qualquer um pode participar do ‘ABNT Consulta Nacional’ (abntonline.com.br/consultanacional/). É gratuito. Sempre que um projeto de norma for submetido ao Conselho Nacional, você recebe um alerta por e-mail informando que estará disponível durante alguns dias para análise e comentários. Seu comentário será levado em consideração e você será convidado a defender seu ponto de vista”.

Que recado nosso palestrante daria a quem está se iniciando no universo acadêmico-científico? “Acredite: a norma é sua amiga. E estará ligada a você durante toda a sua carreira, toda a sua jornada, desde a graduação”.

Após a palestra, foi realizado um debate sobre a escolha dos melhores projetos de pesquisa de 2020 e, encerrando a programação, os participantes puderam ver a exposição dos banners com os resultados dos projetos. A exposição fica em cartaz até 31 de março.