Em tempos de pandemia, o ideal, além de lavar bem as mãos com água e sabão ou higienizá-las com álcool em gel 70%, é ficar em casa e não correr risco de se expor ao coronavírus. Mas, para as pessoas que precisam ir à rua, as máscaras de proteção individual se tornaram acessório indispensável como barreira física contra gotículas expelidas pelo nariz ou pela boca e sinônimo de solidariedade ao próximo. Quem não trabalha na área de saúde pode optar pelos modelos caseiros e individuais, desde que as peças sigam especificações. Nesta segunda-feira, o SENAI CETIQT convidou a designer de moda, stylist e ex-aluna Vanessa Teixeira, formada em Design de Moda pela Faculdade SENAI CETIQT, para uma webconferência na qual ela mostrou o passo a passo para confeccionar máscaras, seguindo os manuais técnicos elaborados pelo instituto. Neste momento, com o avanço do contágio, faz-se necessário direcionar todos os materiais regulamentados e disponíveis em mercado para o uso dos profissionais de saúde e, ao mesmo tempo, disponibilizar uma versão de uso comunitário para todas as pessoas, como medida de prevenção.
“A ideia foi realizar uma ação de cunho social: além de ensinar a confeccionar as máscaras caseiras, queremos doar essa produção para quem precisa usar”, pontua Raquel Gomes, da coordenação de empregabilidade discente da Faculdade SENAI CETIQT. Ela explica que a webconferência também teve o objetivo de auxiliar pessoas a ocuparem o posto de mão de obra qualificada para fazer as máscaras e levantar doação de material para ser utilizado na confecção do equipamento. “É um movimento social importantíssimo e a Faculdade SENAI CETIQT abraçou essa iniciativa”, ressalta.
Segundo Vanessa Teixeira, o projeto “Quarentena produtiva” nasceu do desejo de ajudar a sociedade durante a pandemia. “Queremos unir pessoas das mais diversas profissões que possam confeccionar as peças; estudantes de moda que às vezes têm retalhos em casa e uma máquina de costura parada. Estamos em isolamento social, dá para fazer as máscaras e ajudar centenas de pessoas e instituições que recebem doações desse equipamento”, diz a designer de moda. “O trabalho surgiu com a adesão de mais duas amigas que também são da área de moda (Luísa Ferrari e Ana Carolina Leôncio Soares). Nos unimos e começamos a divulgar a ação nas redes sociais”, lembra ela.
Atualmente, 27 participantes integram um grupo de WhatsApp e se dividem para produzir e distribuir as peças. Na Zona Norte, há pontos para receber doações em 14 bairros (Méier, Cachambi, Maria da Graça, Piedade, Pilares, Bonsucesso, Olaria, Penha, Benfica, Ilha do Governador, Engenho de Dentro, Tijuca, Engenho Novo e Irajá). Na Zona Oeste, são cinco localidades (Vila Valqueire, Recreio, Barra da Tijuca, Itanhangá e Campo Grande). Na Zona Sul, apenas em Ipanema. Fora do Rio de Janeiro, o projeto está presente em Niterói, Itaboraí, Duque de Caxias, Jardim Sumaré, Belford Roxo, Teresópolis e até em Curitiba. “Unimos pessoas para fazer o bem”, frisa Vanessa.
Vanessa comenta que, para produzir as máscaras, pode ser utilizado um tecido de algodão, por exemplo, além de materiais mistos com algodão como possibilidade, pois, mesmo tendo uma mistura de fibra sintética em sua composição, favorece a troca de respiração devido à baixa gramatura e densidade, elástico cortado em duas partes de 30cm. “É importante usar o não tecido (TNT) por dentro da máscara (caracterizado por uma estrutura plana, flexível e porosa, constituída de véu ou mantas de fibras ou filamentos orientados direcionalmente ou ao acaso. Além disso, feito com vários materiais e tecnologias, como o poliéster, a viscose, o náilon e, sobretudo, o polipropileno – um termoplástico amplamente reciclável, que não perde suas propriedades mecânicas, mesmo após alguns ciclos de processamento), porque a trama é irregular e faz com que as gotículas não passem com tanta facilidade”, ensina a designer de moda. Outros materiais necessários para o trabalho são: tesoura, alfinete, lápis para marcar o tecido e um grampo de cabelo.
De acordo com Vanessa, para fazer cada máscara é preciso separar quatro partes de tecido de algodão e duas partes de não tecido. A metragem dos moldes está disponível no manual técnico elaborado pelo SENAI CETIQT. “São modelagens diferentes: o não tecido é o forro, enquanto o tecido é a parte de fora”, descreve ela. Com base na modelagem, pode-se riscar o formato da peça no tecido, seguindo com a tesoura a marcação a lápis, ou cortar direto, usando o molde como guia”, comenta.
Em seguida, junte frente com frente do tecido e prenda com um alfinete para fazer a costura. Com o outro par de tecido, junte frente com frente e coloque uma camada de TNT para cada lado. “Uma é suficiente para proteger, mas quem quiser pode colocar duas camadas de TNT”, aconselha Vanessa.
Na hora de ir para a máquina, a primeira costura, de 1cm, é na parte arredondada, que ficará no nariz. Importante: não esqueça do retrocesso no início e no final, a fim de arrematar a costura. Depois, pegue as duas partes e una costura com costura, deixando uma costura para cada lado, prendendo em cima e embaixo. Vire a máscara e use o pesponto de 0,5cm a 1cm para dar o formato. “Na hora de costurar, é importante puxar o tecido para não embolar embaixo”, recomenda Vanessa.
Para o acabamento, faça uma espécie de bainha, deixando as beiradas livres para passar o elástico. Use o grampo para furar a ponta do elástico e colocá-lo no lugar. Por fim, dê um nó no elástico e coloque para dentro. Sua máscara estará pronta.
O que diz a legislação
A Lei nº 13.969, de 06 de fevereiro de 2020 e a Portaria nº 327, de 24 de março de 2020, que estabelecem medidas de prevenção, cautela e redução de riscos de transmissão para o enfrentamento da COVID-19, fixam a utilização de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs). O Ministério da Saúde tem realizado ações para adquirir esses produtos de diversos fornecedores, tanto nacionais quanto internacionais, bem como ações no sentido de descentralizar os recursos para apoiar os estados, municípios e Distrito Federal na compra desses EPIs conforme suas necessidades.
Diante do cenário da pandemia pelo COVID-19, há escassez de EPIs em diversos países, em especial das máscaras cirúrgicas e N95/PFF2, para o uso de profissionais nos serviços de saúde (Resolução de Diretoria Colegiada – RDC nº 356, de 23 de março de 2020). O Ministério da Saúde recomenda que máscaras cirúrgicas e N95/PFF2 sejam priorizadas para os profissionais para garantir a manutenção dos serviços de saúde.
O uso de máscaras caseiras passa a ser um fenômeno internacional no enfrentamento do COVID-19 visando minimizar o aumento de casos. As pesquisas têm apontado que a sua utilização impede a disseminação de gotículas expelidas do nariz ou da boca do usuário no ambiente, garantindo uma barreira física que vem auxiliando na mudança de comportamento da população e diminuição de casos. Nesse sentido, sugere-se que a população possa produzir as suas próprias máscaras caseiras em tecido de algodão, tricoline, TNT, ou outros tecidos, que podem assegurar uma boa efetividade se forem bem desenhadas e higienizadas corretamente. O importante é que a máscara seja feita nas medidas corretas cobrindo totalmente a boca e nariz e que esteja bem ajustada ao rosto, sem deixar espaços nas laterais.
Antes de utilizar a máscara, lavar com sabão neutro e/ou deixar de molho com água sanitária. Após secar, passar a ferro (temperatura aproximada de 150° a 180° para estelirização. Para reutilizar a máscara, proceder da mesma forma.
A seguir, as recomendações do Ministério da Saúde, em portaria de 02/04/2020:
1. O uso da máscara caseira é individual, não devendo ser compartilhada entre
familiares, amigos e outros.
2. Coloque a máscara com cuidado para cobrir a boca e nariz e amarre com segurança para minimizar os espaços entre o rosto e a máscara.
3. Enquanto estiver utilizando a máscara, evite tocá-la na rua, não fique ajustando a máscara na rua.
4. Ao chegar em casa, lave as mãos com água e sabão, secando-as bem, antes de retirar a máscara.
5. Remova a máscara pegando pelo laço ou nó da parte traseira, evitando de tocar na parte da frente.
6. Faça a imersão da máscara em recipiente com água potável e água sanitária (2,0 a 2,5%) por 30 minutos. A proporção de diluição a ser utilizada é de 1 parte de água sanitária para 50 partes de água (Por exemplo: 10 ml de água sanitária para 500ml de água potável).
7. Após o tempo de imersão, realizar o enxágue em água corrente e lavar com água e sabão.
8. Após lavar a máscara, a pessoa deve higienizar as mãos com água e sabão.
9. A máscara deve estar seca para sua reutilização.
10. Após secagem da máscara utilize o com ferro quente e acondicionar em saco plástico.
11. Trocar a máscara sempre que apresentar sujidades ou umidade.
12. Descartar a máscara sempre que apresentar sinais de deterioração ou
funcionalidade comprometida.
13. Ao sinais de desgaste da máscara deve ser inutilizada e nova máscara deve ser feita.
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