De um dia para o outro a realidade global mudou. De repente, todos nos deparamos com a pandemia do novo coronavírus. No Brasil, desde março, indústrias, empresas e sociedade tiveram que “virar” dias e noites para se adaptar e inovar nesses novos tempos que estamos vivendo. E o Ciclo de Encontros com a Indústria, promovido pelo SENAI CETIQT, reuniu em ambiente virtual players das indústrias têxteis e de confecção, automotiva, além de representantes de uma pluralidade de empresas do país para uma imersão sobre a tecnologia e inovação que permearam as ações e respostas vigorosas ao contexto. “A infraestrutura no estado da arte e uma equipe altamente especializada do SENAI CETIQT permitiram a resposta imediata às novas demandas que apareceram no combate à infecção pelo novo coronavírus”, observou o diretor executivo do SENAI CETIQT, Sergio Motta, destacando o desenvolvimento de materiais têxteis funcionalizados com ação antiviral, a modelagem, prototipagem e usabilidade de máscaras de proteção, capotes, face shields – materiais doados aos profissionais de saúde que estão na linha de frente dos hospitais -, a tecnologia de não-tecidos anti-covid para uso em EPIs hospitalares e ainda o desenvolvimento de um espessante para álcool em gel utilizando nanocelulose como base.
Para falar sobre o tema “Inovação na Cadeia Têxtil”, o SENAI CETIQT promoveu a live dividida em três etapas: uma mesa de abertura com o diretor executivo do SENAI CETIQT, Sergio Motta; o presidente da da Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit), Fernando Pimentel; e o presidente da Associação Comercial e Empresarial de Minas Gerais, Aguinaldo Diniz Filho. Em seguida, o painel “A Indústria Têxtil contra a Pandemia de Covid-19” contou com participação de Igor Nogueira Calvet, presidente da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI); Guilherme Rosman, CEO da DeMillus; e Fernando Pimentel, presidente da Abit. A moderação ficou a cargo da coordenadora de Inteligência Competitiva do SENAI CETIQT, Mariana Doria. Em linhas gerais, o painel tratou das soluções inovadoras e criativas com que as empresas – em momento de emergência nacional e crise global – fizeram e fazem a diferença.
O segundo painel tratou dos “Têxteis do Futuro” e foi moderado pelo coordenador de Inovação em Fibras do SENAI CETIQT, Adriano Passos. Para falar do que há de mais vanguardista e incrível no setor foram convidados o CMO do Grupo Mazzaferro, Fabricio Saad; o P&D do mesmo grupo, Julio Tsukada; a engenheira de materiais Sheila Santana, da Ford; o também engenheiro de materiais Gilberto Tadashi, da Embraer; e o diretor executivo da Santanense, Rogério Nogueira.
Assessor da diretoria executiva do SENAI CETIQT para Projetos Especiais e Relações Institucionais, o antropólogo Marcelo Ramos abriu o Ciclo de Encontros comentando que a pandemia trouxe um sério impacto para a indústria mundial e para a Indústria Têxtil e de Confecção Brasileira, mas permitiu uma reação imediata diante do contexto adverso. “Como em toda situação que gera inovação, o contexto adverso produz novas ideias. As instituições que estiveram preparadas para enfrentar esse momento com infraestrutura no estado da arte e com profissionais técnicos capacitados conseguiram responder. A gente viu isso acontecer na Indústria Têxtil e de Confecção Nacional e no SENAI CETIQT”, pontuou.
Diretor executivo do SENAI CETIQT, Sergio Motta apontou que existe “uma grande demanda na implementação da Indústria 4.0 no Brasil e por profissionais com novos perfis, com conhecimento na área de tecnologia da informação e comunicação, digitalização, automação industrial, impressão 3D, sustentabilidade e economia circular. Ou seja, um novo mundo no qual a indústria tem o SENAI CETIQT como parceiro para dar esse novo passo. Não posso deixar de mencionar a transversalidade do setor têxtil por meio dessa inovação dos materiais. Como exemplo, na agricultura temos têxteis para adubação controlada e geotêxteis para barragens subterrâneas. Na área de mobilidade, a incorporação de fibras condutoras para comunicação com dispositivos eletrônicos. Na área da saúde, têxteis antivirais, têxteis com liberação controlada de fármacos. Na construção civil, têxteis para isolamento térmico e acústico e tecidos fotovoltaicos. Tudo isso já em pleno desenvolvimento”. Acrescentou que para tantos projetos já realidades, o SENAI CETIQT tem uma sistemática na realização de seu planejamento estratégico para internalizar esses conceitos e repassá-los para a indústria. “Nós fizemos a inclusão desses temas emergentes nos currículos de todos os cursos do SENAI CETIQT, a implantação de um Fashion Lab, que é um ambiente para as empresas trabalharem a criação e a prototipagem, e a criação de uma fábrica-modelo de confecção para se trabalhar temas como produção enxuta, ágil e sustentável”, pontuou Sergio Motta.
As Forças Armadas têm demandado pesquisas ao SENAI CETIQT para desenvolvimento de novos materiais e funcionalidade dos tecidos. “Essa é uma área que tem crescido bastante e vejo como um presente e futuro para a atuação do SENAI CETIQT. E, em parceria com a Abit, nós implantamos recentemente um Núcleo de Sustentabilidade e Economia Circular”, comentou Sérgio Motta, ressaltando ainda que, nesse momento de pandemia, foi extremamente rápida a capacidade de resposta do SENAI CETIQT frente às demandas que apareceram. “A infraestrutura no estado da arte e uma equipe altamente especializada do SENAI CETIQT permitiram a resposta imediata às novas demandas que apareceram no combate à infecção pelo novo coronavírus”, disse, destacando o desenvolvimento de materiais têxteis funcionalizados com ação antiviral, a modelagem, prototipagem e usabilidade de máscaras, capotes e face shields para profissionais na linha de frente dos hospitais; a tecnologia de não-tecidos anti-covid para uso em EPIs hospitalares e máscaras N-95, além do desenvolvimento de um espessante para álcool em gel utilizando nanocelulose como base.
Sergio Motta destacou o incentivo constante de Aguinaldo Diniz Filho que, como presidente do Conselho Técnico-Consultivo, influenciou fortemente a visão estratégica de futuro do CETIQT como indutor da tecnologia e inovação para a indústria têxtil e de confecção, além cumprimentar todos os presentes no encontro virtual. Aguinaldo Diniz Filho, que foi aluno do SENAI CETIQT, ressaltou que fez uma trajetória profissional com os conhecimentos adquiridos nas aulas da instituição. “Como o SENAI CETIQT é o principal pilar para conseguir, de uma forma longeva, trabalhar para gerar empregos para milhares de pessoas? São dois pontos: urgência e inovação. Eu falo que a grande variável são pessoas. A empresa pode ser grande, média ou pequena, mas a inovação em toda a sua transversalidade, em todo o seu caminho, em toda a sua esfera é o caminho, a grande transformação. Inovação e pessoas. E para nós enfrentarmos esse mundo volátil, incerto, complexo e ambíguo, a nova realidade exige fazer mais; fazer melhor; fazer mais rápido e fazer por menos. Esse é o caminho que temos que percorrer. Quais são as bases para fazermos isso? Investindo em pessoas e inovação. Vejam hoje os setores da Aeronáutica e Automotivo conosco. O CETIQT é essencial”.
PRIMEIRO PAINEL: A INDÚSTRIA TÊXTIL CONTRA A PANDEMIA DE COVID-19
Coordenadora de inteligência competitiva do Instituto SENAI em Biossintéticos e Fibras, Mariana Doria apontou que o objetivo do painel foi mostrar a importância de termos uma indústria estruturada, presente no país que, em momentos de emergência nacional e crise global, fez e faz toda a diferença. “Se a gente não tivesse essa cadeia industrial aqui não teríamos como ter atendido a sociedade na urgência e na velocidade que foram necessárias”, afirmou Mariana.
Presidente da ABDI, Igor Nogueira Calvet comentou que com a pandemia foram aceleradas mudanças estruturais na indústria. Uma das missões da ABDI é produzir aumento de maturidades digital, auxiliando o setor produtivo brasileiro na sua transformação digital. “O que imaginávamos que ocorreria ao longo dos próximos cinco anos sofreu uma aceleração forte. Muitos resquícios desse momento ficarão, não só do ponto de vista do padrão de consumo e produção, mas também do padrão de trabalho de cada um de nós”, observou.
No setor têxtil, segundo ele, está ocorrendo uma mudança não só de hábitos de consumo como de produção, com métodos mais ágeis, mais robotizados, com uso de inteligência artificial, de aprendizagem de máquina, com grandes contingentes de dados para produção que auxiliam o consumo. E o consumidor também tem mudado. Então são duas vertentes: uma mudança de hábitos de consumo e uma mudança necessária na produção. E ainda a mudança nos canais de compras, como a omnicanalidade.
Outro movimento que Igor tem acompanhado é a integração cada vez mais forte das cadeias produtivas. Fornecedores conversando entre si e o produto chegando ao consumidor final de maneira integrada. “No fundo, é o conhecimento dos hábitos do consumidor que vem guiando isso, mas agora de uma maneira muito mais integrada, usando a tecnologia”, disse.
Neste momento de pandemia, na visão de Igor e dos integrantes da ABDI, o mindset e a cultura organizacional das empresas precisam se transformar para um ambiente de novos padrões de produção, com a inclusão maciça de tecnologia nos processos de produção e consumo. Ele frisou que o setor têxtil pode ser um foco importante na retomada da economia brasileira via inovação. E lembrou o rápido desenvolvimento de fibras condutoras, os têxteis antivirais, os tecidos fotovoltaicos e a adesão imediata do consumidor. “O setor têxtil emprega muito e tem muita tecnologia impactada. E tem um potencial de crescimento na área de inovação. E é um setor democrático, porque, além de estar em todos os setores da economia, consegue estar em todas as regiões do país com seus produtos, gerando empregos e embarcando muita tecnologia”, comentou.
Ele ressaltou as ações da ABDI de investimentos em projetos de desenvolvimento de tecidos antivirais e inteligentes e de criação de plataformas que potencializaram e facilitaram processos de compra e venda de equipamentos durante a pandemia. “Criamos algoritmos para mapear a oferta de leitos e UTI, além de uma plataforma, o EPI Match. Nós conseguimos juntar rapidamente fabricantes de EPIs e demandantes sobretudo em se tratando de máscaras, vestimentas hospitalares, óculos de proteção, gorros, aventais produzidos em materiais inovadores do setor têxtil”, contou.
Para o presidente da Abit, Fernando Pimentel, o Brasil tem tudo para ser uma potência bioeconômica na área de têxteis e confecção. “Não é à toa que foi criado o NUSEC/SENAI CETIQT, o Núcleo de Sustentabilidade e Economia Circular, que visa trabalhar toda essa agenda que já estava em evidência e que se acelerou, assim como outras, durante esse período da pandemia. É um point of no return”, afirmou, lembrando ainda que o investimento em tecnologia digital cresceu em seis meses o que era para crescer em seis anos. “Essa é uma oportunidade de mostrar a grande integração que temos na indústria têxtil e de confecção do acordar ao dormir, passando por uma série de áreas das quais a sociedade não tem o conhecimento de que está utilizando artigos feitos com produtos têxteis”, analisa.
Fernando Pimentel lembrou que “no setor agro, nós temos uma série de têxteis. Na parte de construção pesada, têxteis. E aquilo que é consumido de fibras no mundo, da ordem de cem milhões de toneladas, se destina ao vestuário, que é o consumo mais expressivo para vestir sete bilhões e 200 milhões de pessoas, caminhando para nove bilhões nos próximos anos”.
E como o setor têxtil agiu ao se deparar com uma situação emergencial com a pandemia do novo coronavírus? “Se não tivéssemos uma indústria organizada e estruturada, não teríamos a capacidade de responder. O que fizemos na Abit? Antes de mais nada, tentamos linkar as pontas: quem precisa e quem pode oferecer. De todas as formas: fossem as proteções sociais, principalmente máscaras de produção caseira ou de produção industrial para atender às necessidades médico-hospitalares. Acompanhamos empresas tradicionais têxteis que investiram para produzir equipamentos médico-hospitalares que pudessem ser certificados à frente. O país, que naquele momento inicial importava de 85% a 90% das suas necessidades – eu vou me fixar em máscaras, aventais etc – deu um salto espetacular e hoje somos superavitários e exportadores. O nosso papel, naquela fase do “Velho Oeste”, quando não havia ainda o EPI Match funcionando, era na mão, montando planilhas e construindo o mapa de suprimentos que pudesse orientar a todos – naquela ocasião a nossa interface muito forte foi com o Ministério da Economia para montar esse mapeamento do que seria necessário e de como poderíamos fazer chegar aos hospitais e profissionais de saúde”.
No flashback, Pimentel lembrou ainda que, em determinados períodos nesses primeiros seis meses da pandemia no Brasil, cargas foram confiscadas, respiradouros não chegaram aos locais onde estavam previstos para chegar. “Se nós, com a dimensão que temos, não tivéssemos essa indústria, teríamos passado por momentos mais dramáticos que aqueles por que passamos. Nós ficamos muito satisfeitos com a equipe da Abit por construir, junto com a indústria brasileira, com o SENAI CETIQT e com as agências governamentais esse mapeamento e resposta que, hoje, está muito mais estruturada. A vida é o patrimônio maior de uma nação”, afirmou.
Fernando Pimentel pontou ainda que uma crise tem três elementos fundamentais: a duração, a solução e as lições. As lições estão aí, visíveis. Com a palavra, o presidente da Abit: “Nós da indústria têxtil e de confecção do Brasil temos o dobro da participação da indústria manufatureira como um todo no cenário internacional. Essa relevância, a capilaridade, a inovação embutida, seja aquela que importamos advinda de outros setores, seja aquela que geramos a partir das nossas concepções, idealizações e execuções mostram que esse setor que, mundialmente, movimenta mais de dois trilhões, será um vetor fundamental nessa retomada. A Global Fashion Agenda, que pode ser traduzida como Global Textile Agenda, tem os pilares da Indústria 4.0, da economia circular, tem a composição sustentável dos materiais, nós temos a promoção de melhoria das condições de trabalho, o combate às mudanças climáticas, a rastreabilidade, o uso eficiente dos insumos com que trabalhamos. E essa rede de conhecimento de produção e oferta de produtos de qualidade sustentáveis vai fazer toda a diferença no nosso futuro. As lições são claras: vamos fortalecer nosso parque produtivo industrial sem artificialismos e, dentro dele, a indústria têxtil e de confecção, que se mostrou capaz, competente e ágil para atender necessidades fundamentais da saúde e cuidar da sociedade brasileira”.
O CEO da DeMillus, Guilherme Rosman, disse que a empresa tem mais de 70 anos, atualmente conta com cinco mil e 500 funcionários, e a produção de moda íntima é conhecida como a “lingerie que veste melhor no Brasil”. “No início de março, a empresa criou um comitê multidisciplinar preocupado com os recursos humanos e em como minimizar o que viria pela frente. No início de abril vimos uma corrida pelos EPIs. Junto a isso, as vendas da De Millus para lojistas foram a zero e o outro canal, que é a venda direta, de porta em porta, caiu 40%, 45%. A gente tinha uma situação de queda drástica de receita, de crise com relação a minimizar o risco dos funcionários, e um apelo da sociedade e da área médica para apoiar nesse momento. A DeMillus, junto com a Fitesa e a sua engenharia interna, modificou equipamentos e conseguiu se adaptar para produzir máscaras descartáveis de alta qualidade e aventais. Produzimos cerca de cinco milhões. Além disso, a DeMillus doou quase 300 mil máscaras para instituições, para associação de comunidades, para hospitais carentes, para universidades federais, para a Fiocruz. Doou mais de 65 mil aventais para hospitais franciscanos e hospitais carentes, buscando, dessa maneira, atender a demanda da sociedade”. Recentemente, a DeMillus lançou a máscara antiviral, que estará em breve no catálogo de vendas.
O que aconteceu depois de maio/abril? “O canal de lojistas continuou sofrendo, mas o canal porta em porta voltou e veio vigoroso com as revendedoras vendendo e entregando para os consumidores finais. De maio para hoje, a DeMillus aumentou o seu quadro de funcionários e começou a voltar a atender lojistas”.
E o que veremos daqui para frente mesmo convivendo ainda com o novo coronavírus? Fernando Pimentel explica: “Nessa questão do nearshoring, que é uma discussão internacional, estamos desenvolvendo um trabalho com a cadeia produtiva da área médico-hospitalar e defesa para termos uma política industrial inteligente que seja diferente de política de subsídios. Uma política de inovação consistente. Entendemos que o mundo não vai parar, a globalização está aí, mas algumas áreas estratégicas precisam de uma atenção diferente. E, de novo, reiterar que nós sairemos dessa crise mais fortalecidos. Nós mostramos capacidade de ação, reação e execução. E é isso que, somado a uma linha estratégica de trabalho que tem no SENAI CETIQT grandes pilares, através do nosso Têxtil 2030 e todo o trabalho que a gente vem fazendo com vocês em várias áreas, nós temos norte, temos caminho, temos o que apresentar. E apresentemo-nos com a força que temos, com a humildade necessária para reconhecer aquilo em que não temos de força, mas sabendo que há estratégias, propostas e proposições. E que um setor integrado como o nosso, que é a maior cadeia produtiva do Ocidente com essas características, será um dos pilares fundamentais da retomada do nosso país. Essa união, esse ecossistema academia, indústria, associações, poucos países têm. E nós temos que valorizar isso e melhorar esse ambiente”.
SEGUNDO PAINEL: TÊXTEIS DO FUTURO
Coordenador de Inovação em Fibras do Instituto de Inovação de Biossintéticos e Fibras do SENAI CETIQT, Adriano Alves Passos disse que ideia do painel foi estimular o olhar para possibilidades de demandas de mercado, identificar oportunidades de negócios e novos mercados para o setor têxtil, expandindo suas aplicações através de ações inovadoras, de forma a agregar competitividade.
E qual é a importância da inovação para as empresas?
Engenheira de materiais da Ford, Sheila Santana disse que todos os produtos que são desenvolvidos para a América do Sul passam pelo Centro de Desenvolvimento de Produtos, em Camaçari, na Bahia, e que ela tem percebido uma mudança muito grande no comportamento do consumidor, que vem exigindo materiais com maior conforto térmico, facilidade de limpeza dos materiais ou mesmo materiais que não sujem e, agora, com proteção antiviral por conta da pandemia do novo coronavírus. “Já havia materiais com algumas proteções, mas os antivirais vieram com muita força nesse momento. Até por conta do uso de carros compartilhados”, revelou.
Fabrício Saad Duarte, do Grupo Mazzaferro – originalmente italiano e há 70 anos no Brasil – disse que a holding conta com a Mazzaferro de produtos de pesca e a MZF-4, que fabrica desde linha de costura para os cintos de segurança e bancos dos carros até 90% das cerdas dentárias que se consomem na América Latina. “Onde tiver fio, a gente brinca que tem Mazzaferro e realmente é assim. E a Mazzaferro se converteu na primeira empresa certificada ISO Inovação da América Latina. E foi a terceira certificada da ISO 56.002 no mundo, atrás de uma empresa inglesa e uma chinesa. Hoje, a MZF-4, em matéria de medical que atua no setor de suturas não-absorvíveis como o nylon, é considerada uma referência global. Eu diria que a base de tudo passa por gestão, processo, mas também muita tendência, inovação. A gente tem algumas frentes, com o SENAI CETIQT, de novos materiais, outra frente de 3D, no segmento têxtil e outra mais ligada à tecnologia”.
Engenheiro de Materiais da Embraer, Gilberto Tadashi frisou que a inovação é um dos valores da fabricante de aviões e está presente não só nos produtos, mas também nos processos e na área de gestão. “A gente revelou um novo conceito de veículo voador elétrico chamado eVTOL. A Embraer tem projeto para aumentar a eletrificação das aeronaves, que é um desafio da indústria aeronáutica mundial, para o desenvolvimento de uma nova geração de sistemas de propulsão. Quando se fala em inovação na área de processos, temos toda uma frente de Indústria 4.0. E, para fechar, a Embraer entrou na lista das mais inovadoras na área de gestão de pessoas com o programa de mentoria técnica”, contou.
E as tendências e potenciais, outros usos ou funcionalidades de fibras e materiais têxteis em aeronaves? “Há uma tendência grande com relação aos materiais antimicrobianos por conta da pandemia de covid-19 nos interiores das aeronaves. Tecidos antimicrobianos para proteção em regiões com alto índice de fluxo e contato entre os passageiros. Outra tendência na área têxtil que a gente percebe dentro dos aviões são os tecidos inteligentes, que regulam a temperatura do assento, mudam de cor e outras funcionalidades. A sustentabilidade é uma preocupação constante na Embraer. A gente tem o grupo de Desenvolvimento Integrado do Produto Ambientalmente Sustentável, que tenta endereçar a questão ambiental para o produto desde a sua fase de desenvolvimento”, comentou.
Rogério Nogueira Gonçalves, diretor executivo da Cia de Tecidos Santanense, afirmou que inovação tem que estar no DNA da empresa. “Somos uma empresa com vários focos, mas o maior deles é a de uniformes. Nós somos hoje a maior empresa do Brasil e da América Latina na parte de tecidos para uniformização. A inovação está na parte da uniformização em quatro pilares. Um é a questão da imagem, ou do image wear, como as pessoas chamam; a questão da sustentabilidade; e ainda proteção e conforto. E contou que a empresa atua de forma totalmente sustentável na produção de tecidos e uniformes retardantes de chamas, repelentes, anti microbianos, com proteção UV, easy care e soil release e anti estático. “No começo da pandemia é óbvio que tivemos uma diminuição da produção, pelos cuidados que tínhamos que ter com os colaboradores. Mas, logo restabelecidas as condições, nós vimos que nos tornaríamos indispensáveis. A demanda por uniformes na área de saúde explodiu. Quem comprava mil queria comprar cem mil. E nós conseguimos, com velocidade na inovação, responder ao mercado, atender o setor hospitalar e continuar produzindo. Inovação ajuda na crise. A crise sempre nos torna mais fortes. E tem que ter velocidade. E mais: wearable é o futuro. Eu vejo o wearable integrado ao uniforme”.
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