Com mediação de Rodrigo Kurek, gerente de Relações com o Mercado do SENAI CETIQT, Thaís Britto, analista de mercado de moda, também do SENAI CETIQT, e Erasmo Fernandes, consultor do Instituto SENAI de Tecnologia (IST), a live “Ações efetivas na pandemia: setor têxtil e de confecção” analisou uma série de projetos que foram desenvolvidos em tempo recorde em prol de ajudar a salvar vidas, além de indústrias e empresas que se reinventaram durante a pandemia para atender a uma nova demanda de produção e seus efeitos socioeconômicos. O conhecimento técnico permitiu migrar processos e colocar as máquinas a serviço da frente de combate ao Covid-19, suprindo a necessidade de manutenção de respiradores, testagem de novos equipamentos, produção de máscaras cirúrgicas, protetores faciais (face shields), luvas, toucas e vestimentas para os profissionais da saúde, além de máscaras caseiras para toda a população.
Gerente de Inovação e Tecnologia do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI), Vanessa Canhete abriu a palestra abordando os processos decorrentes de iniciativas a partir do Edital de Inovação – Missão Covid-19, que tem como objetivo fomentar projetos inovadores de empresas industriais, desde que sejam de rápida implementação, com um prazo de até 40 dias para a primeira entrega, além de alta escala regional ou nacional.
Segundo a gerente, o edital é um dos instrumentos mais perenes de inovação que temos atualmente no Brasil. “Já foram investidos R$ 29 milhões em 34 projetos relacionados à prevenção da Covid-19. Desses projetos, um é de iniciativa de manutenção de respiradores, seis de respiradores, nove são sobre iniciativas e produção de testes de diagnóstico rápido e 18 sobre prevenção e tudo que está relacionado a equipamentos de proteção individual e coletiva ao combate à pandemia”, explica.
Vanessa ainda ressalta que, além do Edital de Inovação – Missão Covid-19, o SENAI apoiou as ações de suas unidades regionais e Instituto SENAI de Tecnologia (IST), Instituto de Inovação em Biossintéticos e Fibras (ISI). Foram identificados em todo o país 40 pontos de manutenção de respiradores, houve o engajamento nas ações de 700 profissionais e mais 20 empresas nacionais, resultando em 3.771 respiradores recebidos e, desse total, 1.672 já consertados. Foram fomentadas ainda ações de produção de testes rápidos sorológicos em parceria com empresas, como a HiLab, uma startup, com potencial de produzir 450 mil testes em 90 dias, e criada a Rede SENAI de Biologia Molecular, que tem o objetivo de aumentar a produção de testes por meio de nove laboratórios com uma grande estrutura que contou com consultoria médica muito atuante.
Foram elogiadas pela gerente de Inovação e Tecnologia do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial as iniciativas dentro do projeto +Prevenção realizadas em tempo recorde, em prol dos profissionais que estão na linha de frente do combate ao Covid-19 e para toda a população do nosso país, pelo Centro de Tecnologia da Indústria Química e Têxtil – SENAI CETIQT – formado pela Faculdade SENAI CETIQT, Instituto SENAI de Inovação em Biossintéticos e Fibras e Instituto SENAI de Tecnologia Têxtil e de Confecção, um dos maiores centros de geração de conhecimento da cadeia produtiva química, têxtil e de confecção. Estamos falando sobre produção de EPIs, incluindo máscaras e viseiras de proteção, ensaios laboratoriais têxteis e para produção do álcool em gel 70% com novas formulações derivadas da nanocelulose e/ou outros produtos naturais, auxiliando empresa para a produção em escala industrial, impressão 3D, grafeno que inibe 98.7% do crescimento bacteriano em vestimentas e testes rápidos para detecção de Covid-19, entre outros projetos.
Vanessa Canhete afirma ainda que a solidariedade entre as unidades do SENAI em todos os estados em colaborar com empresas dentro do Projeto +Prevenção resultou na produção e disponibilização nacional de mais de 50 milhões de EPIs – máscaras cirúrgicas, protetores faciais (face shields), vestimentas, toucas, protetores de calçados e luvas -, mais de 560 mil litros de álcool antisséptico (70% líquido, gel 70% e glicerinado 80%) e mais de 1 mil participantes de treinamentos de EPIs para a produção industrial e 600 empresas apoiadas pelo projeto Conexão SENAI. “Foram investidos pelo SENAI NACIONAL mais de R$ 423 milhões na produção de EPI’s (Equipamentos de Proteção Individual) e disponibilizados para toda a população. Como consequência, o SENAI foi destaque na edição de junho de 2020 da revista Forbes ao conquistar o oitavo lugar entre as 100 maiores empresas do Brasil de apoio à indústria”, comenta.
Consultorias online também fazem parte das ações. A Conexão SENAI é uma delas. Totalmente gratuita, ela apoia empresas para iniciarem, ampliarem ou adequarem sua linha de produção para a fabricação de equipamentos individuais de proteção. “As confecções que antes produziam roupas, por exemplo, passam agora a criar máscaras com consultoria e suporte no SENAI para ampliar ou adaptar sua linha de produção. Na primeira chamada, foram 250 vagas preenchidas. A segunda chamada do projeto, que vai contemplar mais 350 projetos, encontra-se com inscrição aberta até o dia 17 de julho pelo site do Edital Conexão SENAI EPIs (editaldeinovacao.com.br)”, conta Vanessa Canhete.
O próximo tópico abordado na live foi a atualização de conteúdos técnicos para equipamentos de proteção. O Instituto SENAI de Tecnologia em Têxtil e Confecção do SENAI CETIQT desenvolveu normas técnicas para a fabricação de máscaras, aventais e capotes para que empresas possam fabricar esses materiais vitais em tempo recorde. Disponibilizou ainda um conjunto de informações sobre a confecção de máscara de proteção alternativa para a população, produto simplificado e adaptado para a confecção em maquinário industrial ou semiindustrial. Consultora técnica do SENAI CETIQT, Patrícia Dinis conta que, desde que foram detectados os primeiros casos de pessoas que testaram positivo para Covid-19, o IST desenvolveu material técnico com especificações para fabricação de três modelos de máscaras. Isso envolve desde o design até diferentes combinações de materiais usados na confecção.
“Todas essas especificações são atualizadas quando necessário”, pontua Patrícia. O uso de máscaras caseiras passou a ser um fenômeno internacional no enfrentamento do COVID-19 visando minimizar o aumento de casos da doença. As pesquisas têm apontado que a sua utilização impede a disseminação de gotículas expelidas do nariz ou da boca do usuário no ambiente, garantindo uma barreira física que vem auxiliando na mudança de comportamento da população e diminuição de casos. Nesse sentido, sugere-se que empresas de todos os portes e população possam produzir as máscaras em tecido de algodão, tricoline, TNT, ou outros tecidos, que podem assegurar uma boa efetividade se forem bem desenhadas e higienizadas corretamente. O importante é que a máscara seja feita nas medidas corretas cobrindo totalmente a boca e nariz e que esteja bem ajustada ao rosto, sem deixar espaços nas laterais.
A consultora técnica do SENAI CETIQT aborda também o recente lançamento de vídeo aulas com parceria entre FIRJAN, SENAI CETIQT e apoio da empresa Piong G, que já trabalha há alguns anos na área de equipamentos odonto-médico-hospitalar. “Com a colaboração do SENAI CETIQT foi elaborada uma série de aulas para dar apoio à empresas que estão investindo nesse momento na produção de máscaras cirúrgicas, as semi-cirúrgicas, touca, propé, avental, macacão, pijamas cirúrgicos descartáveis. O principal ponto dos vídeos é mostrar o passo a passo para montar um ambiente ideal para a produção desse tipo de produto voltado para a saúde, pois é preciso um grande e constante controle de higiene”, frisa Patrícia.
Segundo ela, o SENAI CETIQT trabalhou ainda na execução de um protocolo para o retorno às atividades na indústria têxtil e de confecção e já está em plena sinergia com a primeira edição do projeto Conexão SENAI dando consultoria às empresas que estão adaptando seus processos de produção à fabricação de EPIs.
Consultor do Instituto SENAI de Tecnologia (IST), Erasmo Fernandes conversou com Amanda Soares, diretora de marketing da label Blue Confortaria, uma das integrantes da primeira chamada do projeto Conexão SENAI que recebeu mentoria dos consultores no Rio. “A empresa produz produtos têxteis, acessórios de conforto para viagem, além de personalizar almofadas e necessaires, por exemplo, e com um DNA permeado pela sustentabilidade e sinergia total com o consumidor. Com a chegada da pandemia, o isolamento social e o fechamento do comércio tivemos de pensar em uma alternativa para nossos equipamentos de produção. Foi aí que começamos a produzir máscaras de proteção, alavancando novamente os lucros do empreendimento”, conta a diretora.
“Quando surgiu esse suporte para colocarmos as máscaras no mercado, quisemos ajudar às pessoas no combate à Covid-19 e também impulsionar as vendas da nossa empresa. Ao buscar a mentoria do Conexão SENAI, já tínhamos como objetivo adequar e aperfeiçoar os nossos processos de produção para a máscara de uso comum e também fabricar outros artigos ligados ao mesmo contexto. O edital nos ajudou a verificar novas formas de crédito e a estreitar laços com o SENAI CETIQT, que é muito importante para o desenvolvimento da nossa empresa”, pontua Amanda Soares.
As mudanças de todo o cenário do mundo também fizeram Christina Rangel, responsável pelo desenvolvimento de conteúdo da plataforma IMD (Inova Moda Digital) do SENAI CETIQT, monitorar constantemente os temas que preocupam a indústria da moda nesses tempos difíceis. “Tivemos o lançamento do nosso Relatório de Inverno, em abril, no auge da quarentena. Ele aborda soluções, antídotos para sair dessa loucura que estamos vivendo de forma compulsória. Passamos a publicar matérias relacionadas ao assunto, que consideramos ser uma consultoria muito pertinente. Sempre, junto com a matéria, tentamos adicionar alguma ferramenta que ajude na análise do consumidor neste cenário”, relata.
Consultora do Instituto SENAI de Tecnologia Têxtil e de Confecção (IST), Angelica Coelho lembrou durante a live que consciente com a necessidade de partir para um modelo de negócio mais justo e sustentável, o SENAI CETIQT se uniu à Laudes Foundation para lançar o Projeto Moda Circular, o início de um novo ciclo para a indústria da moda.
“O projeto vai começar na plataforma Inova Moda Digital e a ideia é que, mais para a frente, aconteça de forma presencial. Vamos oferecer conteúdos que dão uma visão geral sobre a economia e a moda circular, mas também traremos cases e boas práticas, a fim de mostrar o que está sendo feito nessa transição para uma indústria mais saudável, sustentável e justa”, diz ela. “Em um segundo momento, na etapa presencial, daremos estímulo para que essa transformação também ocorra nos negócios no Brasil”, acrescenta.
Na live, Angélica Coelho ressalta que o atual sistema de produção está chegando ao limite, pois a aceleração do consumo é um modelo no qual a obsolescência programada é um dos pilares. “A gente sempre tem uma renovação muito rápida, um fluxo de produção grande”. No entanto, o novo consumidor já está tendo consciência sobre o valor e todo o trabalho e materiais empregados nessa cadeia produtiva e como ela impacta no meio ambiente.
O caminho é o seguinte: na plataforma Inova Moda Digital, do SENAI CETIQT, foi criada a seção Novas Economias, que refletem visões sobre práticas econômicas alternativas mais inclusivas e sustentáveis. Dividido em três partes, o conteúdo se inicia no Ponto de Partida, difundindo uma visão geral da economia circular, da moda circular, glossário de terminologias sustentáveis e uma avaliação de negócios focada na circularidade para apresentar um índice geral de práticas circulares. Seguido da página Inspire-se, destinado ao compartilhamento de boas práticas, iniciativas e soluções de cases de negócios do Brasil e do mundo. Por último, um convite para colocar a mão na massa, a seção Gire a Moda composta por metodologias e ferramentas identificadas ou desenvolvidas pela equipe do SENAI CETIQT, com base em pesquisas de práticas junto às Redes Circulares. “Há um cadastro para as redes circulares, cuja ideia é formar uma grande comunidade de aprendizado aberta a todos que fazem parte da indústria da moda, com o propósito de gerar ações sistêmicas que engajem cada elo da cadeia, aumentando a competitividade e otimizando e inovando os processos”, diz Angélica.
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