SENAI CETIQT: Jornada Sustentabilidade na Rhodia tem como uma das metas a aceleração para economia circular


A Rhodia, empresa do Grupo Solvay, tem mais de 100 anos de atividades no Brasil e segue engajada no propósito de fazer da química sustentável e dos materiais avançados as soluções inovadoras. O grupo, em sinergia com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas, lançou seu programa de sustentabilidade com 10 metas a serem cumpridas até 2030, baseadas em três pilares: impactar positivamente o clima, preservar os recursos à disposição da sociedade e ajudar a construir uma vida melhor. ‘O programa Solvay One Planet tem direcionado todas as nossas ações. Pretendemos resolver os principais desafios ambientais e sociais por meio da Ciência e da Inovação’, pontua a gerente de Sustentabilidade e Segurança de Produtos da empresa, Márcia Menegon Nossig

O SENAI CETIQT está profundamente empenhado em incentivar os empresários do setor têxtil e de confecção a implementar a Economia Circular em suas indústrias. E o Projeto Moda Circular: O Início de Um Novo Ciclo para a Indústria da Moda, fruto de uma parceria entre a entidade e a Laudes Foundation, promove ações para apoiar a transição do atual modelo de produção linear (no qual a matéria-prima é transformada em produto, que é posto à venda, comprado e consumido e, ao fim de sua vida útil, descartado) para o padrão circular focado na manutenção do valor de produtos e materiais durante o maior período de tempo possível no ciclo econômico (com minimização da extração de recursos, maximização da reutilização, aumento da vida útil dos materiais de base biológica como fonte de regeneração constante do ecossistema). A consultora do Instituto SENAI de Tecnologia Têxtil de Confecção do SENAI CETIQT Angélica Coelho recebeu durante uma live a gerente de Sustentabilidade e Segurança de Produtos da Rhodia, Márcia Menegon Nossig, para compartilhar conosco princípios e práticas preconizados pela política de sustentabilidade do grupo, a aplicação de seus conceitos na busca de desenvolvimento e soluções para o mercado têxtil e como a circularidade é aplicada e medida no negócio.

Márcia Nossig trabalha na Rhodia há 32 anos e passou pelas áreas de Pesquisa e Desenvolvimento, Pesquisa e Desenvolvimento de Polímeros e Engenharia antes de se tornar responsável pela gerência de Sustentabilidade. Desde 2011, a Rhodia – que está presente no Brasil desde 1919 fortalecendo o setor químico/têxtil e da indústria do país em geral, com o desenvolvimento de tecnologias, processos e produtos para diversos mercados – é uma empresa do Grupo Solvay, líder global em Materiais, Produtos Químicos e Soluções, fundado em 1863 e que hoje atua em 64 países e tem 110 unidades espalhadas pelo mundo. Foi criado no século 19 pelo cientista Ernest Solvay, que acreditava que “da ciência derivará o progresso da humanidade”. Ao longo dos anos, consolidou-se como uma referência de indústria química inovadora, engajada na promoção do desenvolvimento sustentável. “Com o programa de sustentabilidade Solvay One Planet, o Grupo Solvay está definindo objetivos mais ousados para resolver os principais desafios ambientais e sociais por meio da Ciência e da Inovação. A ideia é criar, junto com nossos clientes, um valor compartilhado sustentável para todos”, pontua.

Mas o que é exatamente o Solvay One Planet? Trata-se de um projeto de sustentabilidade em sinergia com os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas. As metas visam a impulsionar o progresso baseadas em três pilares: impactar positivamente o clima, preservar os recursos à disposição da sociedade e ajudar a construir uma vida melhor. A intenção é atingir esses objetivos até 2030. “O programa de sustentabilidade tem direcionado todas as nossas ações”, afirma Márcia. O plano reúne dez metas e, para atingir esses objetivos, o Grupo Solvay compromete-se a realocar investimentos para promover a sustentabilidade em seu portfólio de produtos, operações e locais de trabalho.

E vamos direto a alguns exemplos de inovações de têxteis sustentáveis  desenvolvidas pela empresa e que nos proporcionam melhor qualidade de vida: O Amni Virus Bac Off com agente antiviral e antibacteriano – que inibe a ação de vírus e bactérias – incorporado em sua matriz polimérica, pode ser usado na construção de malhas, tecidos, em diversas aplicações, tais como roupas casuais, esportivas, uniformes escolares, roupas profissionais, meias, calçados e acessórios, máscaras de uso social e até vestimentas e enxovais hospitalares. Inovação genuinamente brasileira, o produto foi desenvolvido em tempo recorde nos centros de pesquisas da empresa em Paulínia (SP) e Santo André (SP). A Rhodia destaca que esta tecnologia é uma barreira adicional no combate à contaminação cruzada de vírus e bactérias.

O Amni UV Protection é um produto que passa por uma adjetivação no processo de polimerização para trazer proteção UV. Quem praticar esporte e precisar ficar muito tempo em exposição ao sol tem uma barreira física e o consequente benefício para a saúde. E mais: o fio Emana, que tem cristais que são adicionados durante o processo de polimerização; ou seja, ele está dentro da matriz polimérica. Através do infravermelho do comprimento de onda, ele proporciona uma melhor microcirculação sanguínea na área que está em contato com o corpo e melhora a termorregulação, a produção de energia, retarda a fadiga muscular além de melhorar a elasticidade da pele. Qual é o benefício desses produtos? Mesmo lavando várias vezes esses aditivos não se perdem e a propriedade permanece durante todo o tempo de uso.

De acordo com a gerente de Sustentabilidade e Segurança de Produtos da Rhodia, a sustentabilidade tem três dimensões: a Ambiental, em que se acredita que, com o meio ambiente degradado, o ser humano vai abreviar seu tempo de vida na Terra; a Econômica, que afirma que, se a economia não se desenvolver, as condições de vida das populações vão se deteriorar; e a Social, que prega a necessidade de se respeitar o ser humano para que ele respeite a natureza. “A combinação das três dimensões é o que chamamos de sustentabilidade – e é daí que vem o nosso plano”, explica Márcia.

“Temos metas para clima, recursos e vida melhor. São dez objetivos ao todo. No caso do clima, um dos objetivos é reduzir as emissões de gases de efeito estufa. Outro é a eliminação gradual do carvão. Nossas plantas de Santo André e Paulínia já não usam carvão; ou seja, já atingimos 100% desse objetivo. Se falamos de recursos, a meta é aumentar o faturamento em soluções sustentáveis”, esclarece Márcia, acrescentando: “Para chegarmos ao modelo de economia circular, vamos reduzir os resíduos industriais não recuperáveis. Temos projetos nessa direção e também para diminuir consideravelmente o consumo de água. Hoje, a fábrica de Santo André tem circuito fechado e não consome mais água”.

A empresa, aliás, tem uma propostas originais no âmbito da economia circular. Márcia Nossig cita dois exemplos práticos aparentemente simples, mas interessantíssimos, que mostram que não é necessário fazer grandes malabarismos para se obter resultados significativos e sustentáveis: “Todos os produtos têxteis que enviamos para clientes vão em caixas sem logo. Se forem abertas adequadamente, o cliente pode reaproveitá-las para empacotar seus próprios produtos. Pronto, o desperdício é zero. Também temos uma ação na qual pedimos aos clientes mais próximos que nos devolvam as caixas, o saco plástico que embrulha o produto e as placas divisórias para reutilizarmos”.

O Grupo Solvay está presente em nove países da América Latina com centros industriais e de pesquisa. E a unidade global de negócios (GBU) Coatis é líder na produção de fenol e derivados, solventes sustentáveis à base de fontes renováveis e solventes oxigenados, bem como de intermediários de poliamida, servindo indústrias dos setores de construção civil, automotivo, adesivos, tintas e outros mercados industriais. A Coatis tem como base o Brasil com escritórios em diversas regiões, dois sites industriais, dois centros de pesquisas, um em cada site industrial. “O primeiro site é o de Santo André, onde produzimos nossos polímeros de poliamida e os fios têxteis. E temos o Centro de Pesquisa e Inovação de Paulínia, instalado em uma fazenda com diversos animais e uma casa do século 19, da qual ocupamos apenas 10% com a parte industrial. O restante é área de preservação”, conta Márcia.

A gerente revela ainda que “uma das 10 metas do programa de sustentabilidade do Grupo Solvay é acelerar a Economia Circular. Queremos reduzir os resíduos industriais não recuperáveis. Temos projetos andando nessa direção e também para baixar o consumo de água. Assim como as metas de uma Vida Melhor. Aqui temos três parâmetros. O primeiro é Segurança, sempre extremamente importante dentro da Solvay. O objetivo é chegarmos a zero acidente com nossos funcionários; meta específica de Inclusão e Diversidade e o prolongar o tempo da licença maternidade e paternidade. Esse ano foi lançado um programa que inclui o pai na licença paternidade: pelo menos durante quatro meses, atendendo às legislações”.

E como é feita a análise de sustentabilidade do negócio? “Nós usamos uma ferramenta desenvolvida dentro da Solvay, a SPM. Fazemos dois tipos de análise. A primeira é a qualitativa, em que analisamos o ciclo de vida do produto. Aqui não olhamos só a pegada de carbono, de que normalmente se fala muito no mercado, das emissões de CO2 equivalentes. Nós olhamos cerca de 20 parâmetros. Prestamos atenção em consumo de água, em quanto nossos processos estão consumindo de energia (e que tipo de energia consomem), observamos o uso da terra, extração. Diversos parâmetros são avaliados para identificar o impacto ambiental dos nossos produtos. Essa é uma análise qualitativa”.

A segunda etapa é a análise de alinhamento de mercado. Essa análise é mais qualitativa. E vamos olhar o produto na aplicação do cliente. “Por exemplo: a gente busca entender se o nosso produto aumenta a qualidade de vida, melhora a saúde das pessoas, aumenta a disponibilidade de alimento, aumenta o tempo de vida de um produto físico através de coberturas que protegem o equipamento, se reduz o consumo de água por parte do cliente. São muitas perguntas que respondemos para identificar se levamos benefício ao cliente com nossos produtos ou se levamos preocupação”. Essas informações são colocadas em um mapa. Hoje, nenhum desenvolvimento de projeto de inovação pode prosseguir sem análise profundíssimas.

ECONOMIA CIRCULAR

Acelerar a economia circular é premissa do Grupo Solvay, que alavanca sua parceria com a Ellen MacArthur Foundation para mais que dobrar as vendas de produtos baseados em recursos renováveis ​​ou reciclados. A gerente de Sustentabilidade e Segurança de Produtos da Rhodia Brasil reforça a importância da economia circular. “Oito materiais são responsáveis por 20% da emissão dos gases de efeito estufa, 95% do uso de água e 85% do uso da terra. Estamos falando de aço, alumínio, plástico, cimento, vidro, madeira etc. Se implementarmos uma economia circular, vamos controlar os gases do efeito estufa, reduzir o consumo de água dos rios, reduzir o consumo de materiais e, também, reduzir o uso da terra. Pensar em soluções de economia circular traz benefícios em várias áreas. Estamos falando de reduzir consumo e proteger o planeta Terra”.

O Circulytics, ferramenta criada pela Fundação Ellen MacArthur tem o objetivo de mensurar o nível de circularidade das empresas e acelerar a transição do modelo de produção global baseado em uma economia linear para uma economia circular. Isso significa substituir cadeias produtivas que seguem uma única direção – extração e transformação de recursos naturais, consumo e descarte – por fluxos de produção e consumo marcados pelos conceitos de reutilização, restauração e renovação. Desde 2018, a Solvay e a Fundação mantêm parceria visando transformar soluções baseadas na economia circular em um impulsionador dos negócios do Grupo.

O objetivo do Circulytics é apoiar a transição da Solvay da economia linear para a circular e é dividido em dois projetos. Um é o Enablers, qualitativo, e tem cinco indicadores. Um deles é Estratégia e Planejamento, usado para entender o quanto a estratégia e o planejamento da empresa estão focados em Economia Circular. Outro é o Engajamento Externo, ou seja, como é a relação da Solvay com os fornecedores, com os clientes, com os parceiros e até com o governo em relação à questão da Economia Circular e como pode apoiar o desenvolvimento dos fornecedores e dos clientes.

“A gente também faz uma avaliação da equipe de Inovação para entender se realmente as soluções de Economia Circular fazem parte dos projetos de novos produtos e melhoria de processo. Avaliamos também Pessoas e Habilidades, como está o treinamento e o conhecimento da equipe sobre Economia Circular. E também avaliamos todos os nossos Sistemas, Processos e Infraestruturas, principalmente o fim de vida dos nossos materiais e equipamentos”.

E tem o que Ellen MacArthur chama de Outputs com sete indicadores nesse grupo. Aqui se trata de uma avaliação qualitativa. “Nós olhamos os Inputs, que são todas as entradas que temos em nossa fábrica. Estamos falando de matéria-prima, se vem de fonte renovável ou reciclável; qual é o tipo de energia que usamos, se é renovável ou não e quanto consumimos. Também analisamos as nossas saídas. Nós mapeamos todas as saídas: produtos, resíduos, equipamentos em que não temos mais interesse. Olhamos absolutamente tudo que sai da fábrica. Vemos se os produtos são projetados conforme a Economia Circular, se temos trabalhos para aumentar o uso Inicial e a intensidade do uso dos produtos, o quanto recirculamos os produtos dentro do nosso próprio processo: produtos que fazem parte de um looping”.

E há o plano de fim de vida dos ativos físicos. “Vou dar alguns exemplos de produtos que atendem essa questão da economia circular. O primeiro exemplo é o Amni Soul Eco, um fio de poliamida 6.6 que tem, dentro da matriz polimérica, um aditivo que permite que a poliamida se decomponha mais rápido que a poliamida tradicional. Nós sabemos que quando a roupa não nos interessa mais nós doamos ou vendemos para que outras pessoas usem. Mas o fim de vida da roupa acaba sendo o aterro sanitário. A poliamida demora muito para se decompor, mas, aditivada, se decompõe em três anos no aterro sanitário, um grande benefício para o meio ambiente”.

Outra ação de Economia Circular é o Polímero Reciclado. Há uma unidade de polimerização somente para Polímero Reciclado. “Todos os resíduos dos processos de polimerização, fiação e texturização são recolhidos, separados e categorizados. Em seguida, eles vão para o processo de polimerização para criar novos polímeros que podem ser usados na produção de fibras e fios têxteis. A empresa tem novos fios têxteis sustentáveis, como, por exemplo, o Amni Soul Cycle, única poliamida têxtil biodegradável e reciclada do mercado. Trata-se de uma poliamida reciclada a partir de resíduo têxtil industrial (pré-consumo), regenerada e transformada novamente em fio têxtil. O desenvolvimento desse produto tem o objetivo de incrementar e promover a economia circular no setor têxtil.

“Quando falamos de têxtil, estamos trabalhando em blockchain; ou seja, estamos buscando rastrear nosso produto dentro de toda a cadeia industrial. O fio sai da fábrica e será tecido, vai para o tingimento, é usado para produzir roupas e, só depois, chega ao consumidor final. Estamos trabalhando no processo de blockchain para tentar recuperar essa roupa acabada que não tem mais interesse e evitar que vá para um aterro sanitário”, revela Márcia.

E ela acrescenta ainda que há um estudo de separação das matérias-primas. “Ao mesmo tempo que estamos estudando em blockchain, estamos analisando a separação das matérias-primas para voltarmos com a poliamida na nossa polimerização e transformar em fio ou em polímero para usar em plástico de engenharia. Queremos criar valor para esse material e usar o recurso que já existe”.