Quando o SENAI CETIQT promoveu, em janeiro, a live “Oportunidades para a Economia Circular no Brasil”, dentro do Projeto Moda Circular: O Início de um Novo Ciclo para a Indústria da Moda – realizado em parceria com a Laudes Foundation visando apoiar a transição da moda brasileira para o novo modelo de produção e consumo – contou com a participação de José Guilherme Teixeira, fundador e gestor da Plataforma Circular Cotton Move, que abordou temas importantíssimos, como a reciclagem pré e pós-consumo, o ecossistema de inovação, a transparência na cadeia de fornecimento e as estratégias para o desenvolvimento de produtos circulares e ambientalmente responsáveis a partir de fibras recicladas. José Guilherme Teixeira ressaltava o objetivo de levar ao consumidor a ideia de tornar os próximos anos melhores para nós, com soluções mais limpas. “O descarte pré e pós-consumo no país é gigantesco, pois temos uma cadeia produtiva de ponta a ponta. É diferente de muitos países da Europa, que compram produtos prontos, por exemplo”, frisa. A Plataforma conecta atores ao longo do setor brasileiro de Moda & Têxtil a fim de reduzir o desperdício têxtil, ampliar a reciclagem e o desenvolvimento de produtos com atributos de circularidade. E o SENAI CETIQT, um dos maiores centros de geração de conhecimento da cadeia produtiva química, têxtil e de confecção, setores que juntos geram cerca de 11,9 milhões de empregos no país, com toda a sua expertise em inovação firmou parceria com a Plataforma como um laboratório que oferece conhecimento. O objetivo é criar um braço de pesquisa em sustentabilidade de fibras, com o apoio dos laboratórios e novas instalações que o CETIQT traz, além de fortalecer a parte de geração de conteúdos na plataforma.
A indústria da moda é considerada uma das mais poluentes, ficando somente atrás de indústrias como constrição e aviação. De acordo com levantamento feito pela Global Fashion Agenda, organização sem fins lucrativos, mais de 92 milhões de toneladas de resíduos têxteis foram descartados em anos recentes. A projeção é de um aumento de 60% ou mais de 140 milhões de toneladas nos próximos oito anos. No Brasil, para se ter uma ideia, anualmente são geradas no país mais de 170.000 toneladas de descarte têxtil, somente na etapa produtiva , segundo estimativa da Associação Brasileira da Indústria Têxtil (Abit). O Brasil representa hoje a quinta maior indústria têxtil do mundo, o segundo maior produtor de denim e o terceiro na produção de malhas.
Hoje, o Instituto SENAI de Inovação em Biossintéticos e Fibras (ISI) é o único do Brasil que conta com toda infraestrutura e participa de ponta a ponta da cadeia, desde a formação do fio até a linha de desfibragem mecânica e acabamento. “Nós temos condições de tentar criar um produto têxtil utilizando esse resíduo pré e pós-consumo, e o transformamos novamente em material fibroso”, comenta Rafael Rocha, da Coordenação de Relações com o Mercado do SENAI CETIQT. Ele ainda fala sobre a importância da parceria para a preservação do planeta: “Com essa união, o consumidor e o meio ambiente serão os maiores beneficiados, porque desenvolveremos soluções para novos produtos e processos, visando diminuir o impacto na natureza. Além de sermos um instituto de inovação, nossa origem vem da educação. Imaginamos que, com a Cotton Move, criaremos, por meio dos nossos cursos, novas maneiras, hábitos e formas para conscientizar a nossa indústria e oferecer opções mais sustentáveis para elas. A gente precisa de produtos que tenham ciclos maiores e esse é um dos nossos objetivos”, diz.
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O fundador da empresa têxtil de soluções circulares Cotton Move, idealizador da Plataforma, José Guilherme Teixeira, reforça que “é excelente termos o apoio e reconhecimento de uma entidade tão representativa nas áreas de pesquisa, tecnologia e serviços para a indústria têxtil como o CETIQT. Com a parceria, ampliaremos as possibilidades de inovação para um maior reuso de materiais descartados, reduzindo o consumo de matérias-primas e descartes no ambiente”. A plataforma conecta atores no sistema produtivo de moda, possibilitando que peças de roupa em final de ciclo de uso sejam encaminhadas para a reciclagem, em um processo que valoriza a matriz do algodão.
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