Estamos acompanhando os avanços em alta potência da Inteligência Artificial e a relação com presente e futuro da indústria da moda. Inteligência Artificial – a nova fronteira da ciência brasileira já foi tema de encontros no SENAI CETIQT, maior centro latino-americano de produção de conhecimento aplicado à cadeia produtiva têxtil de confecção e química e permeado pela tríade tecnologia, inovação e educação para o hoje e o futuro. Recentemente, o debate esteve no centro da roda durante o Minas Trend – maior Salão de Negócios da América Latina, durante palestra na qual constatamos que de experiências como desenho das coleções feito por máquinas, corte de roupas otimizados por computador ou experiências de compras baseadas em recomendações personalizadas, muito do mundo da moda está sendo tomado pela IA. Hoje já é possível provar roupas de uma loja sem sair de casa. Já estão disponíveis tecnologias de teste virtual que usam visão computacional para oferecer aos clientes uma representação 3D precisa de seus corpos. Essas e outras tecnologias de Inteligência Artificial estão invadindo o mercado da moda e parecem ter chegado para ficar.
Na semana passada, durante o Salão Internacional e do Couro e do Calçado (SICC), realizado no Centro de Eventos do Serra Park, em Gramado, na Serra Gaúcha, players das indústrias, representantes do varejo nacional e importadores de cerca de 30 países, de quatro continentes, acompanharam palestras com temas muito relevantes, trazendo o que há de inovação para ganhos de produtividade, otimização de processos em um tempo no qual ações disruptivas são sinônimo de mudar irreversivelmente os rumos da indústria. Recebi o artigo de Thierry Coutinho, Doutor em Comunicação e Analista dos cursos de Design da Faculdade SENAI CETIQT e Victoria Bastos, Mestre em Design e Coordenadora do curso de Design do SENAI CETIQT com uma análise de extrema relevância que deixo abaixo com você, leitor, na íntegra:
“O medo de mudanças ocasionadas por máquinas não é recente, mas já estava presente nas primeiras revoluções industriais que marcaram o surgimento do design moderno. Um dos temores era justificado pela possibilidade de que essas máquinas, quando integradas aos processos produtivos, pudessem suplantar o trabalho humano, sobretudo em setores como a indústria têxtil. Passados mais de dois séculos, o assunto retorna, desta vez relacionado aos avanços das inteligências artificiais (IAs), atualmente já empregada em diversas áreas do conhecimento.
A Midjourney é uma plataforma de IA que transforma descrições de texto em imagens. Há pouco tempo, o seu uso foi amplamente discutido quando circulou pela Internet imagens criadas pelo designer Pablo Xavier, na qual o Papa Francisco aparece vestindo uma jaqueta puffer branca, uma tendência de moda no momento. Diante disso, qual seria a relação entre as IAs e as áreas da indústria criativa, como o Design de Moda?
As IAs podem ajudar os designers a criar e personalizar novos designs, fornecendo informações com base nas preferências do consumidor e nas tendências do mercado. Os algoritmos de IA podem analisar dados como mídias sociais, pesquisas on-line e padrões de vendas para prever as últimas tendências da moda. Outro benefício diz respeito à otimização do processo produtivo, prevendo a demanda por diferentes produtos, gerenciando o estoque e reduzindo o desperdício. Robôs operados via IA podem ser usados para automatizar tarefas, como corte, costura e embalagem, economizando tempo e reduzindo os custos de produção.
Além de criar e produzir, as IAs são capazes de auxiliar a comunicação e a comercialização de produtos e ideias de design, ajudando empresas a criar campanhas de marketing mais personalizadas e analisando dados do consumidor, como histórico de compras, comportamento de navegação e atividade de mídia social. As empresas podem usar essas informações para atingir públicos específicos com mensagens e produtos relevantes. Quanto às vendas, os chatbots com IA têm a capacidade de fornecer atendimento e suporte ao cliente, respondendo a perguntas e fornecendo recomendações aos clientes. Isso pode ajudar a melhorar a satisfação do cliente e aumentar as vendas.
No entanto, é importante que haja um balanço entre a velocidade com a qual as IAs produzem informações e o volume de produção e consumo, em um momento em que a sustentabilidade e o consumo consciente se tornam pautas e ações cada vez mais prioritárias. É fundamental que as empresas considerem as implicações éticas de seu uso de IA e trabalhem para mitigar quaisquer impactos negativos, estejam eles relacionados aos danos ambientais ou a exploração da mão de obra empregada na práxis do design de moda.
No geral, a IA tem o potencial de transformar a indústria da moda de várias maneiras. Ao alavancar as tecnologias que fazem uso desse tipo de inteligência, as empresas de moda podem criar produtos e serviços mais eficientes, sustentáveis e personalizados”.
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