A revolução da Confecção 4.0 do SENAI CETIQT aterrissa no Minas Trend, maior semana da moda criativa do país


“Esse é um dos maiores eventos de moda do Brasil, um evento de negócios, tínhamos a obrigação de trazer um grande negócio. Aqui se visa venda, então quisemos trazer inovação e tecnologia para essas empresas”, disse Jorge Peixoto, diretor do SENAI Modatec

Senai Cetiqt - Minas Trend (Foto: Henrique Fonseca)

*Por Karina Kuperman

Que o Minas Trend se consolidou como maior Salão de Negócios do Brasil e abre espaço para diversas tendências é comprovação. Agora, porém, o evento dá mais um passo à frente. Nos corredores do Expominas, fashionistas puderam conferir em primeira mão toda a inovação da máquina de confecção 4.0 do SENAI CETIQT através de um “Espelho Virtual”, um equipamento em que o cliente consegue se ver dentro de uma roupa que deseja adquirir e tem a possibilidade de personalizá-la com diversos tipos de estampas e cores.

A 4.0 marca presença no Minas Trend (Foto: Henrique Fonseca)

A história é fruto de uma parceria bem-sucedida entre o SENAI-MG, o SENAI CETIQT e o SENAI Modatec, que colocaram a roupa do futuro à disposição do grande público entre os dias 17 e 20 de abril, em plena semana de moda mineira. “Trouxemos para o Minas Trend apenas o Espelho Virtual, que é o início do processo, mas na unidade do SENAI CETIQT no Rio está o restante do equipamento inovador. Quisemos vir aqui para que as empresas mineiras comecem a ter a oportunidade de compartilhar essas informações. Esse é um dos maiores eventos de moda do Brasil, um evento de negócios, tínhamos a obrigação de trazer um grande negócio. Aqui se visa venda, então quisemos mostrar inovação e tecnologia para essas empresas”, explicou Jorge Peixoto, diretor do SENAI Modatec.

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“Nós vimos que a tecnologia é fundamental dentro do setor de confecção, então por que não trazer para o setor de moda? É ideal para que ele cresça e seja mais competitivo. A moda usa pouca tecnologia e estamos justamente mostrando para as confecções a importância de ter um equipamento que se comunica. A indústria 4.0 não é só equipamento, mas a comunicação entre eles. Tudo começa com o espelho virtual, em que o cliente tira medidas, escolhe produto, estampas, cores, e, a partir daí, imediatamente começa o processo produtivo. Do momento que começa a operação, em 20 minutos você recebe a peça pronta”, disse Jorge.

O processo de produção da 4.0 começa no Espelho Virtual (Foto: Henrique Fonseca)

De fato, a máquina marca a integração entre os espaços virtuais e físicos, ligando consumidor, produtos, softwares, sistemas produtivos, suprimentos e distribuição. Nesse sistema, o cliente é o próprio designer. “É o consumidor participando mais ativamente da produção. Apesar disso, a confecção não fica de lado porque ainda precisa de costura, corte. As pessoas acham que, com essa inovação, a confecção acabou, mas é muito pelo contrário. Quando o cliente escolhe as cores, o fornecedor já começa a enviar esses produtos. A 4.0 é sem estoque, temos que diminuir estoques dentro das confecções. A partir do momento que o estoque é mínimo, começa a ter mais lucratividade”, disse Jorge. “Não há dúvidas de que o modelo de indústria 4.0 será o futuro da manufatura, com a participação cada vez maior do consumidor no processo de produção, tendo a conectividade como diferencial. Será uma nova etapa para a indústria e para o consumidor, de customização e democratização da moda, dentro de um modelo de confecção e consumo bem diferente do que existe hoje”, acrescentou.

A revolução da 4.0 (Foto: Henrique Fonseca)

Na interação com a 4.0, que possui um sistema conectado a uma câmera para realizar o sensoriamento de medidas, o consumidor escolhe o tipo de produto desejado. Pode ser calça corsário, capri, legging ou bermuda, produzida com um tecido com funcionalidade anti-bacteriana composto de 80% poliéster e 20% elastano. O modelo também ajuda pessoas com dificuldades para encontrar roupas adequadas ao biotipo. Se necessário, o cliente pode ajustar manualmente o tamanho do produto. Pensa que acabou? Pois o cliente ainda pode inserir o nome ou assinatura no cós da calça. Pura exclusividade.

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Assim que essa parte do processo acaba, uma etiqueta em formato QR Code é impressa e, nela, informações sobre as especificações técnicas do produto, como o tamanho, tipo de fibras, fornecedor, instruções de lavagem e informações do cliente. Finalizando a compra, o processo de fabricação se inicia automaticamente. “É uma nova revolução industrial chegando. Já tínhamos máquinas de corte, costura, estampa… precisávamos que elas conversassem entre si. A 4.0 é isso”, sintetizou Jorge. De fato, espera-se que, no futuro, não haja estoque de insumos e produtos acabados e a produção seja somente o que for vendido. Vale destacar que o sistema não tem pré ou pós tratamento, ou seja: não utiliza água no processo.

No entanto, mesmo com este domínio da tecnologia, a figura humana continua indispensável em qualquer processo. Para Fernando Pimentel, presidente da Abit (Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecções), mais do que na etapa da costura, o conhecimento é fundamental para a produção das peças. Afinal, com as múltiplas possibilidades de escolha do consumidor, a experiência do designer é a garantia de uma peça única, porém atenta às tendências da temporada. “O que está mudando é que os profissionais estão desenvolvendo novas habilidades e precisando se transformar no mercado de trabalho. Mas, nisso tudo, o designer continua sendo fundamental para a criação de uma roupa e outras pessoas para diferentes etapas da produção”, ressaltou.