Se Dior conseguiu fazer moda em plena Segunda Guerra Mundial, por que nós brasileiros não conseguiríamos em meio a essa crise? Este foi o pensamento que conduziu os preparativos da 26ª edição do SICC (Salão Internacional do Couro e do Calçado) que ocorre até amanhã, 24, em Gramado. Na coletiva de imprensa que rolou ontem e reuniu jornalista de todo o país, o diretor da Merkator Feiras e Eventos, empresa promotora do SICC, Frederico Pletsch, contou do sentimento de resistência que costurou e ainda se destaca nesta edição do evento. Apesar do panorama inconstante e desanimador da política e da economia brasileira, o SICC se manteve vivo e, mais que isso, cresceu seus números na temporada Verão 2018.
Por lá, são mais de 1.600 marcas expositoras e 18 mil pessoas circulando, sendo 200 delas estrangeiras interessadas em levar os produtos tupiniquim para diversas partes do mundo. Este ano, Frederico Pletsch contou que o crescimento da feira de verão foi de 8%. Embora o resultado seja impressionante e animador para o setor calçadista, o diretor da Merkator Feiras e Eventos acredita que, se o panorama estivesse mais favorável, o superávit ficaria entre 30 e 40%. Para garantir o resultado positivo, Frederico Pletsch destacou o trabalho engajado da empresa promotora nos meses que antecederam o evento. “A gente foi pesquisar novas marcas, pegamos no braço e trouxemos mais gente para esta edição. Foi um processo muito trabalhoso, mas hoje, vemos o quanto gratificante e importante foi esse empenho. O sucesso desta edição também prova que o evento continua forte e que o formato feira continua sendo o grande encontro entre o fazedor, o comprador e o produtor de moda”, disse.
No entanto, apesar do resultado animador, o caminho foi e continua sendo árduo para os compradores e produtores de moda. Falando do setor calçadista, público-alvo do SICC, o cenário de crise econômica e política no Brasil impactou diretamente na produção dos trabalhadores. Para o sucesso, Frederico Pletsch destacou o empenho ainda maior de quem quer ver a economia nacional voltando a girar. “Para nós, a crise impactou porque vimos que precisávamos trabalhar sempre mais e falar cada vez menos. Agora, para mim, particularmente, só provou que eles, os políticos, não pensam mesmo em nós”, analisou.
Se para muitos o SICC é uma cama-elástica incentivadora para os negócios de Verão, para todos, o evento promovido pela Merkator é símbolo de ordem no setor calçadista. Como parte do calendário da moda brasileira de norte a sul do país, o Salão Internacional do Couro e do Calçados há 26 edições valoriza e estimula a produção nacional do setor. Como apontou o diretor da Merkator Feiras e Eventos, Frederico Pletsch, antes, o Brasil apenas importava os calçados. E hoje, já se tornou um país exportador do setor que a cada ano supera os números anteriores. “O setor coureiro e calçadista brasileiro estava completamente fora de data. Nós não tínhamos conceito de moda e nem nada parecido. E, para quem testemunhava este panorama, era muito fácil saber o porquê: nós não vendíamos sapatos. Os modelos do Brasil eram comprados via exportação e, apenas o que faltava era feito no mercado interno. Com o advento da China tomando conta na nossa exportação, os brasileiros tiveram que começar a vender sapato. Inclusive, para o mundo”, explicou.
Assim, o setor calçadista passou a fazer parte dos produtos que o Brasil exporta para diversos países. No ano passado, por exemplo, as transações registraram um aumento de 4% no negócio externo e, para 2017, a expectativa é aumentar ainda mais. Só no primeiro trimestre deste ano, o país já registrou um aumento de mais de 10%. Atentos a esse crescimento, o SICC mais uma vez reforça sua importância nos negócios brasileiros. Para esta edição do evento, cerca de 200 estrangeiros foram convidados, com passagem e hospedagem paga pela Merkator, para conhecer e negociar os produtos das marcas expositoras do Salão. Assim, a empresa promotora garante compradores importantes de países da América Latina, da Ásia e grandes potências, como França e Estados Unidos. Mais que isso. Além de garantir a experiência de estrangeiros, a Merkator ainda se responsabiliza pela viagem de empresários brasileiros para o SICC.
Porém, além de reconhecer a importância deste incentivo para as negociações na feira de Gramado, Frederico Pletsch também atribui à criatividade dos expositores o sucesso e o crescimento do evento. Para ele, o SICC é um grande encontro de designer de pequeno, médio e grande porte que se apropriam das tendências mundiais e as traduzem de diferentes formas. “Acabou aquela hipocrisia de que uma marca só faz coleção de Primavera-Verão, por exemplo. Hoje, a nossa feira vive de tudo. Mas, a característica principal é a exploração do designer de cada tendência. Já sabemos quais cores vão estar em alta na estação e qual será o tipo de salto, mas como cada marca vai traduzir isso é o diferencial”, disse.
Por fim, para garantir uma experiência completa aos frequentadores do SICC, principalmente aos lojistas, o evento ainda está investindo em mais um ponto importante: a informação. A cada edição, a feira reforça sua preocupação de garantir conhecimento aos produtores do setor e, assim, promove encontros, palestras e convida grandes nomes do cenário da moda para promover debates e compartilhar ideias com os convidados do SICC. Nesta edição, por exemplo, foi a vez de Ronaldo Fraga dividir seu conhecimento em Gramado. No domingo, o estilista símbolo de inovação protagonizou o Papo Legal, bate-papo que abordou a temática “Autenticidade e Moda”. “O lojista precisa muito deste apanhado de informação e nós estamos querendo suprir isso mostrando a ele de onde vem a moda. E o resultado está sendo ótimo. As pessoas já estão querendo saber a data da próxima edição”, comemorou o diretor da Merkator Feiras e Eventos, Frederico Pletsch.
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