*Com Brunna Condini
Dia das Mães 2021. Sabemos que a saúde é um dos maiores bens a ser comemorado nesses tempos difíceis de pandemia, mas também temos que enfatizar a total sinergia com o empoderamento e respeito pela diversidade de gerações de mulheres que, na Era da Empatia, têm se reinventado para manter, mesmo à distância, o acolhimento e os laços de amor com seus filhos. O feedback? Gratidão e memórias afetivas eternas. E é esse amor que alinhava todas as propostas de vida e profissional da designer e empreendedora catarinense Renata Vavolizza à frente da label infantil PePeLeta, um case de sucesso na questão da sustentabilidade da cadeia produtiva e do empreendedorismo coletivo em prol de um mundo melhor para seus filhos.
“A PePeLeta nasce do amor. É uma marca infantil que conta com todo o potencial de mães empreendedoras. O resultado de cada peça, seja ela exclusiva ou parte integrante das mais diversas coleções, pode ser definido, em unanimidade, por uma palavra: afeto. Aquele que não cabe no peito de tão grande. O design de cada uma das peças, a estampa, o tecido escolhido… tudo é repleto de identidade e conexão com cada uma dessas crianças. É lindo, porque é único”, pontua Renata.
Em plena pandemia, em maio passado, Renata quebrou paradigmas e com muita garra inaugurou a PePeLeta unindo forças a um novo momento que se desenha na indústria têxtil e de confecção no Brasil. E vamos ao diferencial da marca autoral? Ela é pautada pela implantação de práticas como sustentabilidade, economia circular, utilização de processos de fabricação e matérias-primas que regeneram a natureza, uso consciente de recursos, conta com a colaboração de mães empreendedoras e conseguiu zerar os resíduos derivados da produção das peças…. E, claro, tendo a consumidora final como a grande protagonista.
E o Dia das Mães terá gostinho triplo de prazer para Renata. O aconchego em casa, com Violeta, sua filha e que inspirou toda essa potência de empreendedorismo; o primeiro ano de sucesso da PePeLeta; e o lançamento da Coleção Borboleta – que representa a metamorfose feminina constante e muito impulsionada pela maternidade -, para atender demandas de tantas mulheres que também querem essa moda com mais liberdade e inclusão.
“É uma resposta para as mães que são fãs da marca e também uma oportunidade para que outras a conheçam. Uma possibilidade de carinho, conexão. Além disso, é preciso lembrar que moda é comportamento, tanto que seguimos a identidade da produção das peças para as crianças. Nas coleções da marca, fazemos questão de classificar por faixas etárias, portanto as fases da criança”, revela Renata. Ela cita como exemplo a Coleção Sapeca, para crianças de 1 a 3 anos e a Coleção Espoleta , que atende as de 4 a 10 anos. “O objetivo é propor looks a partir dos estudos de anatomia e desenvolvimento focado. Agora, para as mães também seguiremos essa linha”, conta a designer.
“São peças com a mesma lógica de raciocínio: pensadas para a anatomia dos corpos livres e as mil possibilidades de utilização. Pensei em um lifestyle praiano, totalmente adaptável para o pós-praia, dia a dia, noite… liberdade total, estilo leve e confortável. A ideia não é vestir mãe e filha iguais, mas preservar a identidade nos elementos criativos das peças. A maternidade nos muda, de muitas formas, inclusive fisicamente, claro. O que fazemos é propor a cada uma dessas mulheres a reflexão: “Mãe, você é linda em qualquer momento da vida”.
Um ideal possível
Além da nova coleção, a empresária também vê nascer para o público, no próximo 13 de maio, o livro que deu origem à PePeLeTa : ‘Design sustentável para a moda: uma abordagem sistêmica para a indústria têxtil e de confecção’. O lançamento será via Instagram da marca, às 20h.“O livro aborda a sustentabilidade no universo da moda com embasamento científico e aplicação prática, comprovada com o surgimento da minha marca”, explica. “Ofereço um panorama sobre sustentabilidade na moda, a forma como a indústria tem realizado ações e apresenta possibilidades concretas, a aplicação prática, de forma otimista, de uma ponta a outra da cadeia produtiva”, comenta Renata, acrescentando que é possível projetar produtos e serviços através dessa área de conhecimento. É possível projetar o produto desde o seu nascimento até a sua desmaterialização de forma sustentável, circular. Não é um sonho ou ideal distante. Realidade pura. Muitas indústrias ainda trabalham seguindo os preceitos até mesmo da primeira Revolução Industrial. Ainda trabalham como uma visão linear, repetitiva e sem questionar se poderia ser feito diferente”.
Com a Quarta Revolução Industrial batendo à porta, compreender o papel das máquinas, assim como o das inovações que elas promovem, é essencial para entender as novas tendências e formas de comportamento. Mais do que qualquer outro fator, o profissional da moda precisa buscar conhecimento e saber reconhecer as transformações que a sociedade vem sofrendo. Renata Vavolizza tem trabalhado em seus projetos com sistemas de nutrientes e metabolismos em que o desperdício não existe. Ela apostou na ideia do berço a berço, porque essa circularidade já está acontecendo. Mas, para isso, você projeta os resíduos para se transformarem em outro produto. Aquilo que é o waste, o resíduo, ele vai ser reaproveitado.
E quando a maternidade faz gerar, além de filhos, sonhos?
Foi o que aconteceu com Renata, 40 anos. Há dois, ela tornou-se mãe da pequena Violeta, e mesmo já trabalhando há 20 anos na área de design industrial, com 16 de experiência em moda, sentiu necessidade de compartilhar seus estudos sobre sustentabilidade. Daí para a construção do livro foi um pulo. “Já a marca, foi desenvolvida em 2019 e lançada no Dia das Mães de 2020. “Foi um processo difícil, porque ficamos na dúvida em abrir um negócio no meio da pandemia. A realidade de mercado não era favorável. Tivemos também o ‘apagão têxtil’ no meio do caminho, então muitos fornecedores não puderam nos atender, muitos quebraram. Os valores subiram muito. Tivemos que, além de nos reinventar, também reinventar nosso plano de negócios”, conta.
Uma das mudanças é que estava programado para que as mães empreendedoras levassem as peças para outras mães, consumidoras, que tivessem dificuldades em sair de casa, com a rotina. Mas como fazer isso em um cenário de total desconhecimento da força do coronavírus? “Não dava. E seria uma das principais formas de comercialização, além das lojistas mulheres”, frisa. Passados os meses, Renata adaptou a força das mães empreendedoras trabalharem em diferentes funções na cadeia de produção e comercialização. “Já são 20 e, empreender neste panorama, é entender o cenário dia a dia: pensando, planejando e construindo a semana seguinte. A gestão precisa ser ágil para se manter”, revela.
Sobre a capacidade de adaptação dentro do cenário de pandemia da Covid-19, Renata completa: “Hoje nossa estrutura conta com um showroom para aqueles que desejam conhecer o produto e para as reuniões. Também temos a parte de desenvolvimento criativo e das peças piloto de linhas, onde são desenvolvidas também as exclusivas, com desenhos personalizados, que chamamos de ‘pepeletice’. Além do fundamental ‘espaço de brincar’, gerido por outra mãe empreendedora, em uma casa anexa, em que ficam a minha filha com outras crianças, filhas e filhos de mães empreendedoras. Não é uma escola. É um espaço seguro, não convencional, com quase todas as atividades ao ar livre. A ideia é criar esse ecossistema, em que um negócio nutra o outro, para sobreviver e se desenvolver, dando suporte às mães. A marca trabalha a união do feminino. Na indústria têxtil de confecção, grande parte da mão de obra é de mulheres. Então, trazemos um pouco dessa possibilidade delas se desenvolverem profissionalmente, mas também de poderem protagonizar sua história profissional”.
Amor só faz conta de multiplicação
Renata sabe que sua história pode inspirar outras mulheres a trilharem sua própria trajetória. E isso também a encorajou a compartilhar sua iniciativa. “Antes de criar a marca, coordenava duas graduações e atendia em meu escritório. Gostava do que fazia, mas sonhava em empreender. Quando pausei a vida para dar à luz minha filha, busquei possibilidades e surgiu a ideia de realizar dentro do que eu conhecia, mas que pudesse também trabalhar essa relação da maternidade, que foi algo que impactou muito a minha vida”, lembra a designer. “Também percebi que podia criar beachwear para crianças totalmente inovadora. Sem estereótipos e que respeitassem as crianças como elas são. A Violeta trouxe a inspiração e a coragem para ir além, realizar meus sonhos”.
A designer revela ainda que a escolha pela reinvenção através da marca também levou em consideração a qualidade da convivência com a filha. “As pessoas agora na pandemia têm sentido a necessidade de valorizar mais as relações. Dei um tempo no ritmo de trabalho para engravidar, o que não foi fácil, já que antes da nossa filha, eu e meu marido entramos na fila de adoção e também perdemos uma filha. Então, valorizo muito esses momentos em família. Queria participar da primeira infância da Violeta. E foi a partir de desenhos que coloquei na decoração do quarto dela que vieram as inspirações. Na época já tínhamos nos mudado para Florianópolis, Santa Catarina, cidade linda, com praia, aí veio o estalo: ia fazer uma marca de moda praia infantil para que as meninas fossem livres, se sentissem bem com elas mesmas. E que pudesse também dar oportunidade para mães que quisessem empreender ou retornar ao mercado de trabalho”, revela.
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