Relação varejo físico e virtual: em live, Felipe Leal e Rafael Weber falam como empresas buscam melhores decisões


Associação Brasileira de Empresas de Componentes para Couro, Calçados e Artefatos (Assintecal) – que promove o Inspiramais – Único Salão de Design e Inovação de Materiais da América Latina com apoio de vários parceiros -, e Sebrae realizaram webconferência com o tema “Novo varejo: o poder do físico e do digital juntos”. Os convidados Felipe Leal, head da empresa StartSe na China, e Rafael Weber, CEO da W/África, fundador da África Seguros e business partner da StartSe, explicam a necessidade de se reinventar em momentos de crise e mostram cases de sucesso

 

Em tempos de pandemia de coronavírus, a Assintecal – Associação Brasileira de Empresas de Componentes para Couro, Calçados e Artefatos, junto com o Sebrae, estão unidos para buscar soluções para toda a cadeia coureiro-calçadista e demais setores ligados à indústria produtiva do varejo e da moda. Antes de mais nada, eu preciso transcrever aqui o áudio que Ilse Guimarães, superintendente da Assintecal, gravou recentemente mostrando o sentimento que tem nos permeado agora e para sempre e que está lá no Instagram do InspiramaisÚnico Salão de Design e Inovação de Materiais da América Latina, promovido pela Associação Brasileira de Empresas de Componentes para Couro, Calçados e Artefatos (Assintecal),  Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit), Centro das Indústrias de Curtumes do Brasil (CICB), Associação Brasileira das Indústrias do Mobiliário (Abimóvel), Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil) e Programa de Internacionalização da Indústria Têxtil e de Moda Brasileira (Texbrasil), Brazilian LeatherBy Brasil ComponentsMachinery and Chemicals e apoio de algumas das principais entidades setoriais do país. A edição 2021_II será realizada nos dias 5 e 6 de agosto, no Centro de Eventos Pró-Magno, em São Paulo, permeada pelo tema Free SpiritHoje: “Hoje vamos falar de uma palavra que no meio das mil atribulações e a crise que estamos passando, fica um pouco escondida, que é a palavra ‘afago’. Somos um grupo que acredita na força da indústria e na geração de riqueza feita pelo trabalho criativo e colaborativo de todo. Luta por isso todos os dias. Estamos cientes do cenário atual e do trabalho que teremos pela frente. Sendo criativos, nossa responsabilidade é inspirar e provocar o melhor nas pessoas. Faremos isso através do que estamos chamando de ‘afago’, gerando assim um sentimento coletivo de esperança e renovação da energia para construir um novo pensamento. Especialistas em comportamento alertam para as possibilidades  de novos recomeços, após esse período de incertezas que estamos vivendo. Vamos ter um novo modelo que estaria mais pautado na ressignificação do mundo. Sabemos das dificuldades, mas estamos dispostos e confiantes para fazer esse movimento, pois esse aprendizado conjunto fortalecerá nossa escolha qualitativa, buscando desenvolver um mercado que vibra por sua essência e originalidade. O ser humano é o ponto fundamental e estamos sendo impactados pelo poder de ajuda ao outro, pelo apoio na situação difícil, na troca de informações e, principalmente, na força do coletivo e da colaboração (…)”

Assintecal de Sebrae promoveram uma webconferência para tratar da relação entre varejo físico e virtual, com o tema “Novo varejo: o poder do físico e do digital juntos”. Como convidados, Felipe Leal, head da empresa StartSe na China, e Rafael Weber, CEO da W/África, fundador da África Seguros e business partner da StartSe. “A gente, que tanto fala em reinvenção, teve que se reinventar também. O que essa crise nos trouxe é dizer que não dá mais para fazer previsões. Ou aceleramos essa transformação digital e cultural agora ou as operações tendem a ficar ineficientes”, alerta Rafael.

O coronavírus teve impacto direto na vida de Felipe Leal: ele estava prestes a se mudar para a China junto com a família, para tocar seu trabalho na StartSe, mas teve que adiar os planos. A empresa, voltada para a educação executiva com entrega majoritariamente offline, também viu quase toda a operação parar, praticamente do dia para a noite. “Sobraram os cursos online, uma fatia mínima da nossa operação. Tivemos que acelerar nossa migração para o mundo online. Daqui para a frente, é como se fosse uma refundação da StartSe. Nosso propósito é provocar novos começos, tanto nas pessoas quanto nas empresas”, conta Felipe.

O futuro do varejo é baseado em dados, segundo Felipe Leal (Imagem de mohamed Hassan por Pixabay)

E a China é a base quando o assunto é o novo varejo, que integra online e offline. Felipe cita como exemplo o Alibaba e seu supermercado, chamado de Hema ou Fresh Hippo, que tem uma logística forte e usa dados de consumo para oferecer uma experiência personalizada ao cliente. É possível, por exemplo, escanear o QR Code de um produto com o celular e receber informações que vão desde a procedência até sugestões de receitas que podem ser preparadas com aquele ingrediente. “O futuro do varejo é baseado em dados, com o cliente como cerne, e integração da loja física com o e-commerce“, garante o head da StartSe.

Os supermercados da rede Fresh Hippo usam dados de consumo para oferecer uma experiência personalizada ao cliente (Foto: Reprodução YouTube)

Outra experiência chinesa interessante, segundo Felipe, é a da empresa de cosméticos Lin Qingxuan, que tem 300 lojas e mais de dois mil colaboradores. Por conta da Covid-19, as lojas de Wuhan interromperam as atividades – ao todo, foram fechados 90% dos estabelecimentos da marca na China. “Depois de tentar, sem sucesso, vender seus produtos sozinho em plataformas de live streaming, o CEO da Lin Qingxuan mandou uma carta aos colaboradores, pedindo ideias para sair desse momento. A sugestão dada foi montar um exército de influenciadores. Mais de cem representantes da marca começaram a fazer lives para demonstrar e vender os produtos. Como resultado, eles aumentaram as vendas em 45% na comparação com o mesmo período do ano anterior”, diz o head da StartSe.

Entre os cases brasileiros alinhados com o modelo tecnológico que se encaixa no novo varejo estão o da Zaitt, um mercado totalmente autônomo, onde o cliente entra, faz as compras e sai, sem interagir com pessoas; a Amaro, que se intitula uma marca digital de moda; e a Yuool, uma empresa nascida na era digital, que fabrica tênis. “Na Zaitt, como o checkout é automático, dá uma sensação estranha, porque o valor das compras é debitado direto, sem a necessidade de passar no caixa”, confessa Felipe. “O conceito da Amaro é muito mais de conveniência para o consumidor: você pode comprar online e retirar na loja ou pode comprar na loja e receber em casa. Eles nasceram online e estão indo para algumas experiências offline de forma muito integrada, assim como a Yuool, que montou uma pop-up store em um shopping de São Paulo”, explica Felipe Leal.

Rafael Weber ressalta, entretanto, que muitas empresas no Brasil ainda insistem no erro de fazer planejamento em função do produto. “A gente tem que começar a entender os hábitos do consumidor e colocar o cliente no centro da estratégia”, observa. Para chegar a esse objetivo, investir na análise de dados é fundamental. “As empresas podem usar os dados a seu favor e antecipar necessidades dos consumidores”, acrescenta Rafael.

A Amaro nasceu online e partiu para algumas experiências offline, tudo de maneira integrada (Foto: Divulgação)

Para Felipe, a Magalu é o principal case de transformação digital de varejo do Brasil. A estratégia é totalmente inspirada no conceito do novo varejo, adotando o mesmo método do Alibaba. “A tática segue a lógica do ponto, linha e plano: ponto é uma empresa que fabrica um produto que precisa estar atrelado a outro para ter função, como cadarços de tênis; linha é a que faz o processo completo, como um sapato inteiro; e a plano é a que tem o conceito de plataforma, ser o organizador de um ecossistema com várias empresas do tipo ponto e linha”, descreve ele.

Ainda falando de companhias nacionais, Felipe aponta a Alpargatas como uma das que está caminhando cada vez mais na direção do novo varejo, com personalização de oferta e tecnologia aplicada para viabilizar isso, bem como integração do online e offline. “Foi inaugurada a Havaianas Lab, que tem o conceito do Shopper Mission Lab. É como se fosse um laboratório para experimentar todas as tecnologias, que vão de telas interativas ao longo da loja a espelhos inteligentes, passando pelo checkout móvel, que permite pagar em qualquer ponto, sem precisar passar no caixa”, pontua. “Você também pode comprar online e retirar em lockers dentro da loja, além de contar com a vitrine infinita, que reduz o estoque e permite ao consumidor efetuar a compra no local e receber o produto em casa”, completa.