Em papo com HT, Pollyana Torres, da Polly T, fala do processo criativo que conquistou a poderosa Franca Sozzani, Vogue Itália


Ponte Roma-Rio: suas criações traduzem em estilo o amálgama entre o colorido féerico da Cidade Maravilha e o design limpo da Cidade Eterna!

Há alguns meses atrás, HT contou para os leitores tudo sobre a grife de acessórios da ex-modelo brasileira Pollyana TorresPolly T. –, que hoje mora em Roma e de lá desenha clutches e braceletes poderosos que já ganharam as páginas de publicações como Glamour, Cosmopolitan e Vogue Italia, caindo nas graças da poderosa editrix Franca Sozzani. Agora, a grife acaba de lançar catálogo com fotos que são publicadas aqui em primeira mão. HT aproveita para um rápido pingue-pongue com a designer, no qual disseca um pouco o seu processo criativo. Confira!

HT: Pollyana, você mora em Roma, cidade que exala certo aroma pelo exagero e capital de um país onde ser superlativo muitas vezes é tudo, e suas criações são minimalistas, em caminho que conversa intimamente com o essencial. É como você estivesse em um baile funk ouvindo o minimalismo de Philip Glass. Como você vê essa questão?

PT: Bom, meu marido é colecionador de arte moderna, e essa paixão pelo contemporâneo me conquistou, entrei nessa viagem com ele, no amor que ele tem por esse tipo de arte.

HT: Como assim? Ele é marchand ou algo no gênero?

PT: Não, colecionador mesmo. Ele é jornalista, italiano e, se alguém pode ser carioca da gema, ele é romano al pesto, apesar de muito discreto, rs. E é apaixonado por arte moderna, uma coisa louca!

HT: E como vocês se conheceram?

PT: Frequentávamos o mesmo grupo de budismo! É curioso, mas ambos abraçamos essa religião, coisas que são possíveis em um país tão formidável como a Itália. Viver em um pais como esse é um grande aprendizado e aqui pode ser berço de muitas coisas importantes, mas o Brasil também tem uma grande influência na minha estética.

HT: Por falar em estética, como é seu processo criativo e o que te influencia?

PT: Bom, Sigo as tendências porque é importante saber o que está rolando, mas no final conta mesmo o que ando vendo e sentindo, no momento que decido qual estrada pegar. É isso que acaba definindo como será minha coleção.

HT: Então o feeling é o principal combustível do seu processo criativo?     

PT: Sem dúvida, e um pouco disso veio da percepção, da iluminação que o budismo é capaz de trazer.

HT: Você está dizendo que seu design se alimenta desse nirvana espiritual, digamos assim?

PT: Fato, rs. Parece louco, não? Mas, claro, o fato de ter começado a fazer desenho de produto a partir de meu aprendizado em fotografia, e não vindo de uma escola de moda, também determina o resultado de minha criação.

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Fotos: Divulgação

HT: Bem, tecnicamente falando, a fotografia  à parte de todo o seu potencial lúdico  parte do princípio de questões físicas como a ótica, e isso é bem objetivo, tipo preto no branco, assim como sua criação repleta de áreas de cor bem definidas e formas claras, como é possível conferir nesta nova campanha. É a isso que você se refere?

PT: Pegou o espírito da coisa! Quando cheguei na Itália em 2002, comecei a desenvolver a paixão fotográfica e o uso das imagens capturadas pela lente como veículo para exercitar o styling. Quase ao mesmo tempo veio o apreço pela arte contemporânea. Portanto, tudo praticamente no mesmo pacote, com a arte minimalista e conceitual, tanto  americana quanto europeia, se tornando natural fonte de inspiração para as coleções que carregam a marca Polly T.

HT: E onde está o Brasil nessa fornada de peças?

PT: A mistura de cores vibrantes – mesmo quando gamas mais suaves – é uma coisa muito carioca mesmo, não tenho como negar. Sempre penso em explosão de cores, que é uma coisa que, mesmo brasileira, as italianas amam. Se não amassem, não existiria Cavalli e Versace.

HT: Quando você percebeu que o Brasil fazia todo sentido em sua produção criativa, mesmo tendo a arte abstrata como influência maior e o minimalismo apontando esse caminho?

PT: Engraçado, não é? A Polly T foi fundada em 2011 com a produção de acessórios, principalmente pulseiras de couro com tachas e PVC. Esse percurso continuou direcionando seu DNA, mas a alma “brasileira” acabou tomando seu espaço nesta explosão de cores, da qual não quero fugir. Pelo menos por enquanto.

HT: Para fechar, defina Polly T por Pollyana Torres!

PT: Olha, as minhas bolsas são como passaporte para uma liberdade redefinida na moda, porque não se trata somente de uma simples questão estética e prática, mas de um estilo cujo resultado é simbólico e evocativo. Veja bem: elas são femininas e sensuais nas suas formas, minimalistas por um lado, mas se apresentam com detalhes dourados; têm formas rigorosas e geométricas, mas não possuem a aspereza das arestas, pois se configuram delicadas no tato. As bolsas Polly T querem ser companheiras de viagem da mulher em muitos sentidos, não somente quando o destino é um lugar físico, mas dentro do objetivo pleno de colaborar na criação da identidade dessa cliente. Concorda que essa seria a maior de todas as jornadas?