Os corpos que o mestre pediu! Direto do Angola Fashion Week, Lino Villaventura traduz a essência do único que ele persegue em suas criações


Conexão África! Jackson Araújo conta com exclusividade como os brilhos, a sensualidade e o gosto por cores do estilista dialogam intimamente com o corpo africano e a valorização da beleza

*Por Jackson Araújo

Quando surgiu a possibilidade de convidarmos um estilista brasileiro especialista em moda noite para apresentar sua coleção na passarela do Angola Fashion Week, de imediato, eu e Reginaldo Fonseca, da Cia Paulista de Moda (empresa brasileira que colabora na direção do evento em Luanda), pensamos no nome de Lino Villaventura, exatamente por ser o mestre da exuberância.

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Seus brilhos, sensualidade e gosto por cores dialogam intimamente com o corpo africano e a valorização do extravagante. Além disso, Lino resgatou para sua coleção de verão 2016 – a mesma desfilada no Museu Afrobrasileiro durante a SPFW – traços e grafismos que são a sua tradução autoral do fazer africano: manufaturas, tecelagens, artes plásticas, jóias de miçangas, pinturas corporais e estamparias.

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Foi deliciosamente impactante ver essa mesma coleção desfilada em Angola, naqueles corpos maravilhosos de ébano, homens e mulheres, absolutamente à vontade nos decotes, transparências e nas habituais sobreposições de cores e peças que compõem o guarda-roupa masculino do estilista. Ali, tendo como estandartes um casting de modelos naturalmente sexy, com peles que emitem luz única e brilho nacarado, o desfile coordenado por Regis Vieira – seu assistente direto – mostrou a essência criativa do mestre, sem excessos, focando na roupa que – sim! – sempre é desenhada para personalidades fortes que não se intimidam dentro de plissados, recortes, transparências, dobraduras e nervuras.

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A entrada triunfal de Maria Borges abrindo o desfile foi como a visão de uma pérola negra brotando de seu vestido concha, anunciando o cortejo de um magnífico séquito de príncipes e princesas que viriam a seguir. Ninfas com os corpos cobertos por leques e pele tatuada em riscos tribais se misturavam a guerreiros urbanos, propondo um encontro entre o etéreo e o material, entre o fogo e a terra, entre o mar e a savana. Eram como imbondeiros – os baobás, árvore-símbolo do país e tema desta edição do Angola Fashion Week, maior evento de moda d’África – longilíneos, potentes, vigorosos e únicos. Cada look, uma personalidade. Exatamente como são as criações de Lino Villaventura. Foi simples e inesquecível, enchendo de desejo a rica clientela na platéia e as compradoras da principal butique de luxo de Luanda.

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*Jackson Araújo é jornalista de formação, atua como Consultor de Moda e Analista de Tendências.