* Com João Ker
Gisele Bündchen, enfim, pisou na passarela para se despedir das semanas de moda. A über model é a estrela – pela última vez – do fashion show da Colcci, nesta edição da SPFW, e a gente acompanhou toda a movimentação no camarim, onde o frenesi caótico era mais sufocante do que o habitual para os desfiles da über. Uma grade gigantesca, envolvendo o espaço de quatro camarins, havia sido montada por volta das 18h, onde fotógrafos, repórteres, modelos, bookers e fãs se aglomeravam insanamente, ávidos por chegar um passo mais próximo de Gisele. Na entrada da grade, um time de seguranças, produtores e assessoras de imprensa barra toda e qualquer pessoa que se aproxima e não tem determinada pulseira.
Por ali, também espremidos e tímidos em um canto, um grupo de 11 jovens fica observando tudo com olhos arregalados, todos usando camisas com a foto de Gisele Bündchen. Eles se conheceram ainda na época do Orkut, através da comunidade “Gisele Bündchen – Oficial”, e vieram de várias regiões do país a convite de Patrícia Bündchen, a irmã gêmea da top. “Eu já conheci a Gi algumas vezes e a vi desfilar bastante também: pela C&A, pela Pantene, pela Colcci e pela linha Intimus“, conta Leonardo Lahr (22), conterrâneo da top que agora mora em São Paulo.
Gisele chegou por volta das 19 horas debaixo de uma chuva torrencial e foi direto para o camarim especial montado para ela – separado de todas as outras mortais – onde um roupão com seu nome a esperava, e via-se uma mesa de comidinhas orgânicas, suco verde e água de coco. Muita água de coco. Item que ela faz questão de manter em sua dieta faça chuva ou faça sol. O frenesi, que já estava alto, chegou a níveis estratosféricos. A comoção era grande até entre as modelos.
Quando HT chegou para falar com Daiane Conterato, por exemplo, a top logo disparou: “É sobre a Gisele? Se for, eu não falo”. Quem a conhece, sabe que a declaração não passava de brincadeira. “Olha, aqui está muito mais cheio que o normal e eu tive dificuldade para chegar, mas fora isso é um desfile normal. O que muda é que minha mãe vai me ver na Globo!”, ri a modelo, cercada de câmeras por todos os lados. Aline Weber, que também participou do desfile, é categórica: “Está uma muvuca isso aqui”, antes de completar “a Gisele tem uma coisa única, mas acho que o catwalk dela é incírvel. Aquela paradinha que ela faz é algo dela, de ninguém mais”, elogia. A colega Carol Ribeiro, que mais tarde foi abraçada por Gisele Bündchen na passarela, enquanto vestia uma das camisas com o rosto da über, comenta: “Faz muito tempo que eu não trabalho com ela, a última vez foi para a Vogue americana, há muitos anos. E também não há vejo desde uma vez em um karaokê, há bastante tempo. Mas participar dessa despedida está sendo um prazer imenso”.
Um pouco antes do começo do desfile, Gisele, já pronta com seu primeiro look – um vestido de renda branco e uma sandália gladiadora -, saiu do seu esconderijo se posicionou em frente ao backdrop da marca para um batalhão de fotógrafos. Depois dos cliques – com direito ao paz e amor de sempre – ela ficou por ali se confraternizando com as amigas tops que começaram na mesma época que Gisele. Quem eram elas? Carol Ribeiro, Carol Bittencourt, Luciana Curtis, Fernanda Tavares e Ana Claudia Michels, que foram convidadas pela própria para estar ao lado dela nesta despedida. Na segunda entrada, Gisele chorou e emocionou todo mundo.
Na primeira fila, Tom Brady, o marido de Gisele que chegou de surpresa sem que a mulher soubesse, os pais, irmãs e algumas amigas de Horizontina, sua terra natal. Tom, em sua rede social, se declarou para a amada: “Parabéns, amor da minha vida. Você me inspira todos os dias a ser uma pessoa melhor. Estou muito orgulhoso de você e de tudo o que você conquistou na passarela. Nunca conheci alguém com mais vontade de vencer e com mais determinação para superar qualquer obstáculo no caminho. Você nunca para de me surpreender. Ninguém ama a vida mais do que você e a sua beleza é muito mais profunda do que os olhos podem ver. Mal posso esperar para ver o que vem em seguida. Eu te amo”. No fim, todos os modelos se posicionaram com uma camiseta em homenagem à rainha da moda e ela caminhou entre eles até a ponta da passarela para a foto final.
No camarim, ainda sem conseguir falar muito, com a voz embargada e tentando enxugar as lágrimas, Gisele decretou: “Me senti muito amada, muito querida”.
Depois de se recompor, trocar de roupa e receber os mais íntimos em seu camarim pessoal, era hora de algumas estrelas da televisão brasileira darem um beijo e desejar sorte a Gisele na próxima etapa de sua carreira. Eliana, Paula Fernandes, Bela Gil e Glória Maria, por exemplo, eram das mais animadas.
O prazer foi mundial. Não houve evento, desfile ou pessoa maior do que Gisele Bündchen nesta quarta-feira: dos amigos e admiradores no Instagram, passando pelos jornais televisivos, a mídia online e o tititi dos corredores, só se falava em sua aposentadoria das passarelas. Em meio à SPFW, quem não conseguiu um convite para assistir ao desfile in loco, se amontoou com outros fãs da maior modelo que o país já teve, fosse pelo lounge, fosse pela sala de imprensa. Quando ela apareceu para seu último catwalk, visivelmente emocionada, o público, em uníssono, soltou um “awnnn” e se emocionou junto, gritando, aplaudindo e elogiando em voz alta. Porque para o Brasil, Gisele Bündchen é tesouro nacional como o futebol. É coisa nossa, que dá orgulho de ver. Até a próxima, Gisele, e que ela não demore muito.
Depois de tanta emoção, Gisele só queria uma coisa: cair na pista de dança ao lado do marido e dos amigos mais próximos no after party armado pela Colcci no Club A, em São Paulo. E foi o que ela fez. A moça só queria dançar, dançar e dançar. A gente tem o registro que fala mais do que mil palavras.
Artigos relacionados