O Rio dos que ficam: famosos soltam o verbo sobre a situação econômica e social da cidade na festa de comemoração aos 10 anos do Fasano


O badalo contou com a parceria da revista Vogue Brasil e da marca Dolce Gabbana. “Não interessa a situação financeira em que o país se encontra. Acredito que a arte e a moda têm que existir para nos distrairmos e pensarmos que o dia de amanhã será melhor do que hoje. A marca está aqui porque acredita no Brasil”, afirmou o embaixador da D&G, Guilherme Siqueira

Mariana Weickert, Tais Araujo, Carol Trentini e Anitta na festa do fasano (Foto: Bruno Ryfer e Renato Wrobel)

“Eu digo que fico”, afirmou Maxime Perelmuter. O estilista garantiu que, mesmo com todos as dificuldades econômicas e sociais existentes no Rio de Janeiro, ele continuará morando na cidade e batalhando pela melhora da qualidade de vida. A declaração aconteceu na noite desta quinta-feira em uma festa de celebração dos dez anos do hotel Fasano. A celebração foi realizada em parceria com a grife Dolce & Gabanna e a revista Vogue Brasil que mostram que continuam apostando na Cidade Maravilhosa apesar de todos os percalços. “Não interessa a situação financeira em que o país se encontra. A marca possui uma grande admiração e paixão pelo Brasil e o Domenico Dolce e o Stefano Gabbana possuem esta emoção que todo o estrangeiro tem pelo Rio. Ano passado, por exemplo, fizemos uma festa em São Paulo na época do impeachment. Acredito que a arte e a moda têm que existir para nos distrairmos e pensarmos que o dia de amanhã será melhor do que hoje. A nossa função é esta. A marca está aqui porque acredita no Brasil e queremos celebrar”, afirmou o embaixador da Dolce & Gabbana, Guilherme Siqueira.

O cantor John Mayer também estava no evento. Ele irá se apresentar hoje no Rio (Foto: Bruno Ryfer e Renato Wrobel)

A festa contou com a participação de grandes nomes do mundo da moda, empresários e artistas. O público falou sobre a importância que grandes festas e eventos culturais têm já que são responsáveis por movimentar a cidade. “Festas como esta são necessárias, porque precisamos nos unir para tentar melhorar o nosso Rio de Janeiro. Amo este lugar, mas dá muita pena desta situação. Estamos capengando agora, está muito sério. A questão da política, da polícia e do dinheiro precisa ser organizada, porque existem coisas primordiais que precisam ser colocados como prioridade como a existência de boas escolas”, afirmou a apresentadora Luciana Gimenez.  Ao seu lado, Taís Araujo  ambém parabenizou as empresas responsáveis pela organização de eventos culturais como na noite de ontem. “É muito legal ver que as pessoas estão movimentando a cidade. Nós dependemos muito do comprometimento político, mas nós, como sociedade civil, podemos fazer algo e acho que é isto que a arte está tentando fazer. Temos que resistir e continuar produzindo a arte”, estimulou Taís.

No evento, os famosos garantiram que continuam apostando no Brasil. A revista Vogue, por exemplo, faz há vinte e oito anos uma homenagem à cidade, na sua edição de novembro, que este ano conta com a top sul-africana Candice Swanepoel na capa. “Estamos passando por uma crise brava na economia e na segurança pública, mas não podemos desistir. Fico muito feliz quando vejo mega eventos como este que falam de arte e moda. Este apoio é fundamental para nos reerguermos. Como uma carioca patriota, acredito que vamos superar tudo pelo o que estamos passando. Na minha opinião, o Rio é a cidade mais linda do mundo e não quero trocar por nenhuma outra. Espero não precisar”, concordou a modelo Daniella Sarahyba.

O dono da rede de hotéis e restaurante Fasano, Rogério Fasano, grande homenageado da noite – junto do Rio – relembrou que está fazendo a sua parte. O empresário não apenas se preocupa em organizar eventos, como também gerencia o Fasano, o hotel mais badalado do Rio.  “Eu movimento mais de mil empregos no Rio”, garantiu. O empresário, ainda, destacou o carinho que tem pela cidade nestes dez anos de investimentos: “Eu fui tão bem acolhido e a generosidade carioca me transformou. Eu, realmente, a partir da abertura do meu primeiro restaurante no Rio, passei a ter duas residências e me sinto até hoje em casa nas duas”.

Eventos como o desta noite de quinta-feira, foram organizados unicamente por empresas privadas. O cantor e ator Paulo Ricardo acredita que a população não pode depender de instituições públicas e a união é a força necessária para reerguer a economia. Por isso, seguindo ele, a conscientização e a mobilização popular são a chave do sucesso. “O Rio de Janeiro é um patrimônio da humanidade e qualquer pessoa que vive aqui sente a necessidade de proteger este pedaço privilegiado do planeta terra. As pequenas associações, como as de moradores, tendem a se multiplicar e crescer de uma forma natural para cuidar do espaço. Somente as iniciativas privadas vão resolver. Não sei o que acontece aqui, mas nunca vi uma cidade tão atacada pela voracidade dos predadores da rede pública”, explicou Paulo Ricardo. A atriz e comediante Samantha Schmütz completou o cantor: “Temos que trazer pessoas para cá que queiram cuidar da nossa cidade. Vamos conseguir”.

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Enquanto isso, a atriz Monica Martelli afirmou que o primeiro passo desta união entre os cidadãos é olhar para o lado e conversar com quem possui uma posição inferior. “Temos que ajudar quem está do lado, porque existe uma desigualdade social que vive junto com a gente e que é o maior problema do nosso Brasil. O dia-a-dia está difícil aqui, a sensação do medo faz parte da vida da gente. Andar por Ipanema é se esconder, sendo assim qual Rio queremos e vivemos hoje?”, questionou a atriz.

As celebridades relembraram que, além da dificuldade econômica e social, o Rio de Janeiro está vivendo uma calamidade no sistema de segurança pública. A atriz da novela das 7, Camila Queiroz, destacou ainda que não está reconhecendo o Rio de Janeiro. Apesar de não ser carioca de nascença, a musa garantiu que esta não é a Cidade Maravilhosa que via pela telinha quando era pequena. “O Rio é uma cidade linda e deveria ser muito mais linda do que violenta. Ultimamente, este lugar está abandonado. Eu, como nova cidadã de uma cidade que me abrigou com tanto amor, me sinto muito triste de estar vivendo neste Rio que não foi aquele que conheci quando criança pela TV que mostrava tanta beleza. Fico muito triste que os políticos tenham abandonado esta Cidade Maravilhosa deste jeito e torço muito para que isto mude. Quero que os políticos olhem para os cidadãos como pessoas, seres humanos, e não apenas como cifras no fim do mês. Torço para que o Rio volte a ser apenas lindo”, lamentou Camila.

Apesar de todas as dificuldades que o Rio de Janeiro está passando, o Oskar Metsavaht relembrou que nunca podemos desistir da cidade. “O Rio precisa continuar sendo amado pelos cidadãos. Sempre”, afirmou. Não devemos julgá-la pela violência e maus tratos que o lugar vem sofrendo nos últimos anos devido a falta de dinheiro nos cofres públicos em razão da corrupção. “Extorquiram este estado que é um dos lugares mais lindos do mundo e que mesmo sofrendo diariamente consegue sobreviver. Isto apenas mostra o quão espetacular e maravilhosa esta cidade é”, pontuou Monica Martelli.

A dificuldade econômica também afetou o mercado artístico que precisa se reerguer e continuar sobrevivendo junto com a cidade. O estilista Maxime Perelmuter acredita que marcas voltadas para o monoproduto, como a sua atual linha de camisetas, são o futuro, porque o produtor consegue colocar a sua energia em apenas um lugar o que fica mais fácil para o consumidor compreender a marca. Para ele, é necessário se reinventar junto com a crise para voltar da mesma ainda mais forte. “Existe uma luta enorme para se manter no mercado. As empresas antigas, umas conseguem evoluir e outras acabam cortando a raiz da marca. As coisas têm que continuar, nem tudo é para sempre. Um rapaz que trabalha comigo sempre diz que teremos que ver qual o mercado vai nos restar depois deste tufão. Acredito que será muito bom”, explicou Perelmuter sobre o cenário da moda atual. O estilista pontuou ainda que a Cidade Maravilhosa continua sendo inspiração para ele e para o mundo. E a gente concorda.