Dia 14 de abril de 2016. Essa data marcou a moda brasileira por reunir, depois de dois anos de hiato do Fashion Rio, grande parte dos representantes da moda carioca. Nomes fortes de patrocinadores, curadores, estilistas, mídia, empreendedores, indústria e varejo do meio estiveram no Museu de Arte do Rio de Janeiro (MAR) para prestigiar a coletiva de lançamento do Rio Moda Rio, a nova plataforma de moda brasileira. Os empresários Luiz Calainho, da L21, e Duda Magalhães, da Dream Factory, e o curador do evento, Carlos Tufvesson, apresentaram a programação que tem patrocínio da Firjan, Natura e outras marcas, e falaram sobre a importância de se adaptar às novas necessidades do mercado. “Não se provoca uma grande mudança apenas com um evento. É preciso um movimento. Queremos que o assunto seja tratado ao longo dos 365 dias do ano”, ressaltou Calainho, que falou, ainda, da importância de um cronograma com diversos eventos. “Construímos um processo revolucionário. Essa plataforma busca trazer o assunto ‘criação’ lá para cima, porque moda é uma forma de arte e é criação. Os estilistas são nossos artistas. Queremos valorizar o consumidor, aproximar. Não queremos fazer um evento localizado em determinado ambiente, mas trazer pessoas para perto e elevar o assunto”, disse.
O pontapé inicial será uma semana de desfiles entre os dias 14 e 18 de junho. Depois, o Rio Moda Rio segue com uma programação multidisciplinar ao longo do ano, com direito até a edital de novos estilistas. Três deles serão premiados com a participação na segunda edição do evento. Ciclos de palestras temáticas em faculdades, exposições culturais e um prêmio dedicado aos melhores do segmento, uma cerimônia pós-semana de moda no novo Teatro Riachuelo, onde funcionou o Cine Palácio, na Cinelândia, também estão na agenda. “Começamos a trabalhar em criar esse novo formato com algumas diferenças, lembrando dos momentos que uma semana de moda tem, voltada para as pessoas que amam a moda e para nós, que fazemos a moda. Tivemos brainstorms e construímos essa plataforma que é um resultado incrível. Fico emocionado de ver, hoje, duas pessoas que vem do ramo de entretenimento entrando no nosso mercado. Fico curioso para ver o que vai dar dessa sinergia”, disse Tufvesson, que comemorou: “Nascemos. O que estamos apresentando aqui é algo que não me lembro de ter visto em 20 anos na moda brasileira”, disse.
Os organizadores destacaram também a possibilidade geração de empregos do setor e o objetivo maior do evento: democratizar a moda. “A moda é um dos grandes empregadores do estado do Rio, o segundo maior. E temos que tratá-la a altura, do jeito que ela merece de verdade”, afirmou Calainho. “Está nascendo algo para que a gente possa trabalhar junto e mudar esse panorama. As pessoas têm que poder empregar mais e vender mais. Eu acho que o início é hoje. Estou muito feliz como profissional. Nasceu, viva”, comemorou Tufvesson, curador do evento que já conta com marcas como Lenny Niemeyer, Patrícia Viera, Isabela Capeto, Osklen, Alessa, Blue Man, Paradise por Thomaz Azulay, Martu por Marta Macedo e Guto Carvalho Neto. Além deles, mais três marcas desfilarão durante os quatro dias da semana de moda no Pier Mauá.
Além de todas as novidades, o Rio Moda Rio aboliu as nomenclaturas de estações do ano e, antes mesmo de sua estreia, se tornou a primeira semana “see now, buy now” do mundo. Ou seja: as datas de apresentações das coleções serão alinhadas aos lançamentos do varejo. “Seremos a primeira semana brasileira a quebrar a sazonalidade e adotar o formato em que o consumidor, logo em seguida ao desfile, poderá adquirir em loja a roupa da passarela”, explicou Tufvesson. De fato: o Rio Moda Rio terá pop-up stores montadas dentro da estrutura do evento com produtos exclusivos e peças da passarela.
O evento promete respirar o lifestyle carioca. Para marcar a abertura, haverá um desfile-homenagem a marcas icônicas como Company, George Henri, Maria Bonita e Yes, Brazil, marcas históricas reverenciadas pela influência no estilo de vestir brasileiro. Gringo Cardia é quem assina a direção artística do espaço de desfiles, criando o espaço da performance em parceria com os estilistas. As salas multiuso ajudam e estimulam a quebra do formato convencional de passarela. Além disso, shows de nomes como Alice Caymmi, Johnny Hooker e Jesuton animarão ainda mais o público presente após os desfiles de cada dia. “Nesse momento, com tudo que está acontecendo no país, muita gente me disse que investir em uma nova plataforma é um risco, mas eu queria dizer que eu acredito muito no país da gente. A gente está vivendo um imenso desafio, mas se tem alguém que tem que acreditar, somos nós, brasileiros. O país é grande, poderoso, e nós, brasileiros também somos. Estou investindo e muito nesse país porque acredito nele. Não tenho dúvidas que daqui a um ou dois anos sairemos desse momento e voltaremos para a rota de crescimento”, disse Calainho.
A nova fashion week carioca terá venda de ingressos e, portanto, será aberta ao público. “É muito importante democratizar o acesso à moda”, analisou Tufvesson, endossado por Duda Magalhães: “Não é um evento, é um movimento em prol da moda que se utiliza de outros ingredientes da economia criativa para alavancar a moda. Dessa forma, temos um formato que vai no coração do consumidor. Trazer o consumidor para o centro da nossa estratégia faz a gente pensar na indústria, varejo, tendências, patrocinadores, imprensa e mobilizar todo o ecossistema. Essa é a primeira grande mensagem que resume tudo”, disse. Tufvesson contou que o começo foi perceber que um formato havia se extinguido. “No final do ano passado eu comecei a entender que um ciclo tinha se encerrado na moda brasileira e havia uma necessidade de novos formatos para uma semana de moda. O mundo mudou e a gente precisava apresentar novas visões. Comecei a conversar com empresários, dentre eles meu amigo Calainho, falando da necessidade de trazer novas visões. Ele me ligou e me apresentou um formato novo que no início até me assustou, que é a questão da plataforma, que hoje estamos apresentando aqui. É um formato que ele faz na ArtRio e ele propôs que aplicássemos isso para a moda”, explicou.
Aliás, como não poderia deixar de ser, o ArtRio também terá sua parte dentro do Rio Moda Rio, com exposições de galerias contemporâneas selecionadas. Além disso, uma área de alimentação com o melhor da gastronomia carioca será instalada dentro da estrutura do evento. Lounges serão espaços de convivência e entretenimento. “O Rio Moda Rio será o lugar para se estar”, disse Duda Magalhães. Não temos dúvidas.
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