*Por Marcia Disitzer
Não dá para não usar filtro solar. A dúvida é como escolher o produto adequado diante das inúmeras opções existentes no mercado. Segundo Mônica Azulay, o melhor é buscar a orientação de um dermatologista, que saberá indicar o filtro ideal, de acordo com o fototipo, estilo de vida e eventuais problemas de pele de cada um. Em sua coluna no site HT, Mônica compartilha algumas dicas que ajudam a decifrar os protetores solares e ressalta a importância da fotoproteção.
MD: Mônica, qual é a origem dos filtros solares?
MA: Já na era A.C., durante os Jogos Olímpicos, os atletas usavam areia misturada a óleos para proteger a pele do sol. Na Segunda Guerra Mundial (1939/1945), o protetor solar passou a ser bastante utilizado pelos soldados, mas era ainda pouco eficiente. No Brasil, o primeiro filtro industrializado foi lançado em 1984. Entretanto, filtros solares prescritos por dermatologistas para serem manipulados em farmácias específicas já existiam desde os anos 1970. No início da minha carreira, já orientava os pacientes em relação ao uso de filtros solares, mas os jovens tinham total resistência. Hoje, é um tema sempre lembrado nas consultas pelos próprios pacientes, que querem orientação sobre um bom filtro solar.
MD: Qual é a diferença entre o filtro físico e o químico?
MA: Um filtro solar é composto de vários filtros. O filtro físico ou inorgânico atua refletindo a radiação solar enquanto o químico atua absorvendo radiação solar e a transformando em energia. Por isso, crianças de seis meses a 4 anos devem usar somente filtros físicos, que não são absorvidos pela pele. O filtro físico é bem indicado para mulheres grávidas, mais suscetíveis durante a gestação ao desenvolvimento de melasma (manchas acastanhadas que surgem na face e relativamente frequentes no nosso país). Entre os principais ativos inorgânicos estão o óxido de zinco e o dióxido de titânio, que fazem uma barreira física. Os filtros físicos opacos de tom esbranquiçado são os melhores e os mais recomendados para surfistas e esportistas que ficam muito tempo sob o sol. Mas não são cosmeticamente aceitáveis no dia a dia. Por isso, colocou-se na fórmula destes produtos óxido de ferro vermelho, que proporciona tonalidade de base, bastante interessante para as mulheres. Deve-se ressaltar, entretanto, que a utilização de maquiagem com tonalidade de base por si só não atua como filtro solar. Ao usar um produto como base, é preciso observar se ele vem associado a filtros solares em sua composição.
MD: O que é um filtro de amplo espectro?
MA: Aquele que protege tanto contra a radiação UVA quanto UVB. Muitos filtros solares utilizam apenas proteção contra UVB, que é interessante para evitar queimaduras, vermelhidão e ardor, mas não contemplam a proteção contra a radiação UVA, responsável, como mencionado na entrevista da semana passada, pelo envelhecimento da pele, melasma, desencadeamento de certas dermatoses e também pelo câncer de pele, numa proporção menor que o UVB.
MD: Os BB e CC creams podem substituir o filtro solar no dia a dia?
MA: Os BB e CC creams são produtos que têm ativos interessantes no tratamento do fotoenvelhecimento de forma suave e que vêm associados a filtros solares. Para uso diário, é válido.
MD: Qual é a importância do FPS? Quanto mais alto melhor?
MA: O FPS está relacionado à radiação UVB. Se um filtro solar tem um FPS 30, isso significa que, se aquele indivíduo, sem a proteção do filtro, leva cinco minutos para ficar com a pele vermelha, ao utilizar um filtro solar com FPS 30, ele levará 30 vezes cinco minutos para ficar vermelho. Entretanto, essa medida é obtida laboratorialmente, onde se coloca uma camada de dois miligramas de filtro solar por centímetro quadrado e, na sequência, expõe essa pele à radiação UVB. Essa camada utilizada no laboratório é espessa e ninguém usa, verdadeiramente, esta espessura de filtro solar no corpo no dia a dia. Usa-se uma camada diluída. Por isso, em uma exposição intencional, é importante utilizar um filtro de fator mais alto. Um filtro com FPS 60 não tem o dobro de proteção de um com FPS 30. Há cerca de 1% a mais de fotoproteção. O mínimo recomendado para ser usado durante a exposição prolongada, dependendo do fototipo, é o fator 30. Um indivíduo de pele muito clara, em uma exposição intencional, deve usar um filtro com fator mais elevado.
MD: Que outros cuidados devem ser tomados durante a exposição intencional, seja na praia, na piscina ou em atividades ao ar livre?
MA: Barracas de praia devem ser de lona e não de tecidos sintéticos, lembrar que há reflexão da areia debaixo da barraca e também usar óculos de boas marcas e que tenham proteção UV para evitar catarata. Roupas feitas para a proteção UV também são muito bem-vindas. É importante proteger os lábios com batons fotoprotetores e não se esquecer de ingerir bastante líquido para hidratar o organismo.
Mônica Azulay é considerada uma profissional completa. Ela se formou na UFRJ, seu mestrado foi sobre sarcoma de Kaposi em pacientes com Aids, doença que estuda desde a década de 80, e na tese de doutorado, em 2003, ela se debruçou sobre um assunto pouco abordado naquela época: a atuação da vitamina C tópica no fotoenvelhecimento. Com anos dedicados à dermatologia, Mônica é uma referência na área e atende em sua clínica na Barra da Tijuca e em seu consultório do Leblon.
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