Moda consciente: Angèle Fróes reabre seu ateliê no Horto com peças feitas a partir de material reutilizado


A estilista produz suas roupas a partir da técnica do upcycling que visa reaproveitar panos e tecidos que seriam jogados foras

Ateliê de Angèle Fróes reúne arquitetura e moda em um só lugar (Foto: Divulgação)

Em tempos onde se debate a importância de salva o planeta, ideias que ajudem a consumir de forma consciente são cada vez mais bem vistas e elogiadas. Seguindo esta ideologia, Angèle Fróes já se preocupa com o meio-ambiente há algum tempo e resolveu unir sua paixão com a reciclagem. Desde os anos 90, ela se dedica exclusivamente a criar roupas a partir de tecidos abandonados por outras pessoas como forro de sofá, cortinas, toalhas, rendas, e muito mais. “Tenho um acervo muito grande porque vou acumulando, dentro da minha casa, os tecidos que encontro enquanto estou caminhando pela rua ou visitando algum local como, por exemplo, um papel de seda que ganhei ou saco plástico de supermercado. São tecidos, bordados, rendas e apliques que transformo em algo novo. Como recupero muitos panos antigos, existem muitas manchas ou coisas que ficaram danificadas devido o tempo. Tenho uma funcionária que me ajuda a reformá-las. Vou juntando todas as coisas que encontro pela vida e, a partir deles, crio o meu trabalho. Geralmente, reúno uma grande quantidade de séries de roupas e as lanço no mercado”, explicou a estilista. A ideia é reaproveitar todo o material, construindo a partir deles saias, blusas, casacos, bolsas e outros artigos de moda o que é conhecido como upcycling.

Angèle utiliza tecidos antigos em suas composições (Foto: Divulgação)

No mês de setembro, ela reabriu o seu ateliê para exibir suas peças novas que criou durante os dois anos e meio que morou fora do Brasil. “O ateliê já existia, mas morei fora e acabei alugando o espaço. Agora que voltei, a pessoa me devolveu e resolvi voltar com o estúdio. O ateliê é lindo. É uma daquelas casas bonitas do Horto reformadas, muito bacana. É um espaço aberto com uma arquitetura linda”, contou a artista. A estilista viveu durante este período em Bruxelas, na Bélgica. “Me mudei junt do meu marido e filha porque queria que ela estudasse o francês e o inglês. Resolvemos dar uma oportunidade para nós três. Voltamos há cerca de um ano”,  relembrou. Apesar de não ter ido a trabalho, ela manteve a sua profissão lá participando de feiras de artesanato e moda. Este estimulo a ajudou a continuar a produzir para agora lançar o que preparou nestes anos pelo exterior.

A próxima oficina será nos dias 21 e 22 de outubro (Foto: Divulgação)

Desde a inauguração, ela promoveu algumas oficinas onde pode expor seu trabalho e os de seus companheiros de equipe. “Já fiz várias oficinas. A mais recente ensinava os clientes a fazerem flores de papel e detalhes nas roupas”, contou. Angèle trabalha junto com as sócias Anna Dantes, Marine Levesque, Luiza Marcier e Mariana Prates, da marca Paul and Mary.

A foma de produção da estilista é um verdadeiro quebra-cabeça (Foto: Divulgação)

As parcerias não vieram de agora, algumas delas já existem há algum tempo e isto só foi possível devido aos muitos anos de dedicação à profissão. “Tudo começou quando eu trabalhava como diretora de arte na Globo. Na época que eu trabalhava nesta emissora, precisava ir a muitos brechós e antiquários para descobrir novas roupas para os personagens. Na década de 80, não existia o arsenal que eles possuem com roupagem de época. Percebi o quanto eu gostava de procurar e garimpar. Em paralelo àquilo, comecei a criar o meu próprio acervo. A partir deste ponto, produzi muitos figurinos para videoclipes, cinema, show e publicidade. A quantidade de roupa que tinha aumentou ainda mais”, relembrou. Foi somente depois que sua filha nasceu que Angèle passou a se dedicar exclusivamente a esta moda mais consciente, criando roupas a partir de seu acervo.

Angèle reabriu seu estúdio no Horto (Foto: Divulgação)

A profissional está acostumada a produzir uma série de roupas que fazem parte de uma mesma coleção. Apesar de gostar de trabalhar com este sistema, garantiu que não existe um tema por trás de cada linha de produção. Nunca haverá várias peças inspiradas no mar, por exemplo. “Não tenho um local ou inspiração específica para cada coleção, na verdade, vem do ar que eu respiro. O palpite vem quando olho para um tecido e imagino o que pode surgir a partir dele. Reaproveito tudo. Às vezes existe um pequeno pedaço de pano que só consigo fazer um detalhe na frente e mesmo assim resolvo incorporar. A partir do que tenho, vou transformando aquele pano no que é possível fazer com ele. Um trabalho nunca será igual ao outro, não repito nem mesmo quando as pessoas gostam. Algumas vezes as pessoas gostam de uma peça, mas não cabe nelas, não adianta não consigo fazer outra. É uma sorte e uma frustração”, lamentou.

A artista morou dois anos e meio na Bélgica (Foto: Divulgação)

“Precisamos reciclar mesmo. Existem muitas pessoas fazendo coisas bacanas, reaproveitando tudo, como garrafas e tecidos que não queremos mais. É um novo olhar sobre tudo. O mundo não precisa mais de tanto consumo”, afirmou. A estilista já está fazendo a sua parte. Além de se dedicar a este trabalho que está ligado à ecologia, ela reutiliza todo o lixo da sua casa, até mesmo o orgânico que vira adubo para suas plantas.

(Foto: Divulgação)

Serviço:

Endereço: Rua Alberto Ribeiro 17

Horário: 11 às 19h

Próxima Oficina:  21 e 22 de outubro