Miss Brasil BeEmotion 2018: Empoderamento feminino e igualdade de gênero marcaram o concurso que leva a amazonense Mayra Dias ao exterior


A Miss Amazonas foi a grande vencedora do concurso e irá representar as brasileiras no Miss Universo. O evento contou com uma brincadeira envolvendo o roubo da coroa e uma homenagem à Martha Vasconcellos, que venceu o título global em 1968. Além disso, Monalysa Alcântara fez um discurso de despedida emocionante: “Ser mulher é ser guerreira para lutar contra o machismo, contra o assédio, e contra a violência que nós sofremos diariamente. Ser mulher é querer igualdade de salário e tratamento perante os homens. A única coisa que diferencia uma mulher de um homem no trabalho é a oportunidade. Ser mulher é ser deusa para espalhar nosso amor e poder. Ser mulher é ser mãe, é ser independente, ser política, ser médica, professora, filósofa e miss. Não somos objetos e nem propriedade de ninguém. Nosso corpo, nossa alma, nossas regras!”

Uma mulher de palavras fortes, gestos seguros e um sorriso empoderado fez o Amazonas brilhar ainda mais neste sábado ao receber o título de Miss Brasil Be Emotion 2018. Mayra Dias foi a grande vencedora do concurso e a primeira amazonense a chegar a final depois de um jejum de 61 anos do estado. “O que importa é o que nós temos dentro do coração, é a nossa essência. Não devemos ter vergonha, nem medo, de ser quem somos”, afirmou a modelo. Ela foi selecionada por 12 jurados como o apresentador Amaury Jr, o estilista Amir Slama, a modelo Mariana Goldfarb, a Vice-Miss Universo 2007 Natália Guimarães, empresária, apresentadora e eterna Garota de Ipanema Helô Pinheiro, a modelo Gianne Albertoni, a colunista do Veja Rio Daniela Pessoa, o estilista Carlos Tufvesson, a escritora Kênia Maria, o stylist Felipe Veloso, a jornalista Carla Vilhena e, claro, a fundadora do site HT, Heloisa Tolipan. Além de descobrirmos a rainha que irá nos representar no Miss Universo, a noite deste sábado foi marcada por falas feministas, perda da coroa e homenagem à Martha Vasconcellos, de 69, a última brasileira a alcançar o título global em 1968. Neste ano, o público conferiu uma competição menos fútil e óbvia e pode ver no palco diversas bandeiras sendo levantadas pelas candidatas que pediram por respeito e fim do machismo. Vem conferir!

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Um dos pontos mais emocionantes da noite foi o discurso de despedida da, agora, ex-Miss Brasil, Monalysa Alcântara. A modelo chorou e agradeceu pela oportunidade de representar todas as mulheres brasileiras em um ano repleto de protagonismo e contribuição para causas sociais. “Agora eu quero falar em nome de todas as misses e todas as mulheres do Brasil, principalmente às mulheres negras como eu. Essa coroa me transformou na primeira piauiense a conquistar o Miss Brasil. Ela me conectou com uma vida nova e ampliou meus horizontes. Também me ajudou a superar muitas barreiras. Barreiras que nós, mulheres, enfrentamos todos os dias. O que é ser mulher? Nós precisamos transformar o conceito, ou o preconceito que cai sobre nós. Ser mulher é ser guerreira para lutar contra o machismo, contra o assédio, e contra a violência que nós sofremos diariamente. Ser mulher é querer igualdade de salário e tratamento perante os homens. A única coisa que diferencia uma mulher de um homem no trabalho é a oportunidade. Ser mulher é ser deusa para espalhar nosso amor e poder. Ser mulher é ser mãe, é ser independente, ser política, ser médica, professora, filósofa e miss. Não somos objetos e nem propriedade de ninguém. Nosso corpo, nossa alma, nossas regras! Ser mulher é ser você mesma e é por isso que eu digo que toda mulher é uma rainha”, afirmou. Ela levou o Brasil ao top 10 na competição internacional.

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As candidatas também levantaram a bandeira de empoderamento feminino. O momento das perguntas é considerado um dos mais complicados da noite já que elas precisam mostrar para o que vieram através de respostas impecáveis e estruturadas para uma questão sorteada. A Miss Santa Catarina, Débora da Silva, por exemplo, defendeu que as mulheres são capazes de ocupar o mesmo lugar social que os homens. A Miss Alagoas, Isabella Burgui, também reforçou a pauta da desigualdade de gênero ao garantir que o gênero feminino precisa batalhar contra isso sempre.

Outro detalhe muito interessante e diferente deste ano foi a ausência de potências estaduais do concurso no grupo de finalistas. As representantes do Rio Grande do Sul, São Paulo, Minas Gerais e Distrito Federal costumam ser figurinhas repetidas nesta competição, mas desta vez nenhuma Miss representante destes locais avançou no concurso. Sendo assim, as candidatas promissoras deste ano foram do Norte e Nordeste do país, além da Miss Santa Catarina. Além disso, a única negra, Miss Bahia, que participou do evento acabou sendo a segunda colocada.

Jurados e apresentadores do Miss Brasil Be Emotion 2018 (Foto: AGNEWS)

A noite deste sábado também foi marcada por uma curta homenagem à baiana Martha Vasconcellos, de 69, que foi a segunda e última brasileira a vencer o Miss Universo em 1968, até o momento. A comemoração contou com a presença na Miss Brasil 2016, Rhaíssa Santana, e a Miss Brasil 2007, Nathália Guimarães. “Que o meu legado continue inspirando muitas mulheres lindas, fortes e inteligentes”, afirmou Martha. A personalidade é ativista, feminista e, atualmente, faz trabalhos que atuam na defesa de vítimas de violência doméstica.

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Outro detalhe curioso e descontraído foi a perda da coroa. O roteiro do programa deste ano contou com uma brincadeira que simulou o roubo do objeto mais desejado pelas candidatas do local. O apresentador Cássio Reis fingiu estar assustado e ainda pediu para as pessoas comentarem nas redes sociais o que poderia ter acontecido. Obviamente, o teatro se tratava apenas de uma parceria da produção do Miss Brasil com a divulgação do filme ‘Oito Mulheres e Um Segredo’.

Cássio Reis foi o apresentador do programa (Foto: AGNEWS)

Os desfiles foram desde roupas formais até trajes de banho feitas pelo time de estilista que contavam com Ivanildo Nunes e Wagner Kallieno, que participaram do DFB Festival 2018. Dentre muitas peças, um dos grandes destaques foram os sapatos de luxo da grife Jorge Bischoff. Uma sandália slim foi o modelo clássico das misses. Em um design clean, com salto alto e fino, o produto recebeu um toque de metalizado. Enquanto isso, o scarpin em verniz preto veio em uma versão atualizada deixando pé mais à mostra e ainda com uma ankle strap que dá mais segurança ao caminhar das modelos. Todos os calçados foram criados e personalizados especialmente para este momento.

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O evento exaltou a brasilidade de todas as formas possíveis e isto ficou bem claro em uma line-up que contava com o shows ao vivo de Fernanda Abreu e o Dream Team do Passinho, que fez até algumas candidatas dançarem no início. O concurso foi promovido pela emissora Band e a Polishop que, inclusive, fez uma referência no título à nova linha de cosméticos da marca. Além de nos representar no exterior, Mayra ganhou um carro, uma coroa de prata com brilhantes e esmeraldas idealizada pela designer Gabriela Tannus avaliada em torno de R$ 40 mil, um cruzeiro e um contrato de R$ 100 mil com a Polishop.

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Miss Ceará, que foi a terceira colocada. ao lado da Miss Amazonas e a Miss Bahia (Foto: AGNEWS)

Mayra Dias é uma veterana em concursos do gênero.  Já havia tentando o Miss Amazonas Universo em 2011 e 2012, mas ganhou somente neste ano. Além disso, ela representou o estado no Miss Mundo Brasil 2015 aonde chegou ao top 20. A modelo também foi para o exterior em 2016 e participou de um tradicional concurso latino, o Reina Hispanoamericana, na Bolívia, aonde ficou em terceiro lugar. Ao longo de seu atual reinado, ela pretende defender o seu gênero e ainda quer levantar a bandeira verde ao lutar pela preservação da floresta Amazônica. Que venha o Miss Universo!