Afirmando o compromisso em construir novos cenários para a moda brasileira, a 25ª edição do Minas Trend, semana de moda e maior Salão de Negócios da América Latina, realizados pela Federação das Indústrias de Minas Gerais (Fiemg), no Expominas, até o dia 25, está alinhavando reflexões sobre a inovação, a democratização, a responsabilidade e a diversidade em toda a cadeia produtiva da moda. O pavilhão sedia uma verdadeira “academia” de estudos de novas narrativas e, que grandes nomes do mercado e da indústria estão compartilhando experiências com o público provocando debates sobre questões importantíssimas como sustentabilidade, marketing e novas formas de consumo.
Na terça-feira, o site Heloisa Tolipan conferiu um talk sobre ‘Estamparia digital sustentável’. A sala de desfiles se transformou num mega auditório com o painel ‘O Futuro dos Negócios de Moda- Inovação e Sustentabilidade‘, com Yamê Reis e Gianni Cinti. Em seguida, tivemos o Sebrae Talks com Jonas Bovolento falando sobre ‘Marketing digital na moda: saiba como utilizar as ferramentas digitais de maneira estratégica no seu negócio‘. E o designer e stylist Dudu Bertholini trouxe ‘A Diversidade no Mundo da Moda‘, como palestra magna do Minas Trend. E, por fim, tivemos uma ‘Oficina Interativa de Customização’, com a dupla Denise Frade e Gabriela Marcondes.
O foyer do Salão de Negócios se tornou em um grande ateliê, afinal, Pedro Julião, da Dream Estamparia – Ecodream falou sobre processos de estamparia digital sustentável. Atualmente, o Brasil é um dos maiores exportadores de estampas e os estúdios de criação crescem de vento em popa. O mercado de design de estampa agrega profissionais empreendedores e também exclusivos de marcas. Com previsão de crescimento de 34% em 2019 (dados do InfoTrends), o mercado global de impressão digital têxtil é um dos destaques nas pesquisas do setor. Tenho acompanhado o sucesso dos mais criativos estúdios de Norte a Sul do país e eles nos representam no exterior com seus resultados e materiais inovadores. O mercado de estamparia só cresce e é repleto de brasilidade e inspiração.
Já na sala de desfiles, a carioca Yamê Reis e o italiano Gianni Cinti, é designer de moda e consultor, formado pelo Istituto Superiore per le Industrie Artistiche (I.S.I.A) em Urbino, Itália, e já trabalhou em projetos para alguns dos melhores designers de moda italianos e internacionais, com Alberta Ferretti, Ferré, Marithè + Francois Girbaud e professor no IED Moda Lab de Milão, falavam sobre ‘O Futuro dos Negócios de Moda – Inovação e Sustentabilidade’. A estilista e criadora da empresa de consultoria Moda Verde abriu os trabalho enfatizando. “Sair das caixas e abandonar as metodologias que já existem é uma forma de romper com os modelos tradicionais. As novas gerações estão buscando outras maneiras de mudar a indústria da moda que está entre as cinco mais poluentes do mundo”.
Uma grande mudança no mercado da moda está a caminho. Novas tecnologias serão adotadas, revolucionando os processos produtivos e o relacionamento com o consumidor. Tudo em prol do desenvolvimento sustentável. Neste painel, os palestrantes abordaram os novos conceitos e meios de produzir com menos impacto, custos menores e maior aprovação do mercado e da sociedade.
Os conhecidos modelos de negócios começam a ruir, por isso o mercado está repensando as formas de consumo, sejam de produtos, serviços e até informação e uma saída é a economia circular. Citando Ellen MacArthur Foundation, pioneira em pesquisas de modelos sustentáveis, a economia verde ou modelo circular constrói capital econômico, natural e social e se baseia em três princípios: eliminar resíduos e poluição por princípio; manter produtos e materiais em ciclos de uso; e regenerar sistemas naturais. Gianni corrobora com Yamê dizendo que “empresas criativas e sustentáveis não geram lixos, elas geram resíduos que futuramente serão reintegrados da produção valorizando o upcycle e firmando o conceito de economia circular. Precisamos repensar os caminhos e os processos da moda”.
O designer e consultor de moda Dudu Bertholini trouxe ‘A diversidade do mundo da moda’ para a conversa. Um dos temas mais debatidos nos cenários nacional e internacional ganha o olhar peculiar e a reflexão sobre como a diversidade está revolucionando a maneira de criar e consumir moda. O multicriativo profissional frisa que “a valorização e o respeito às diferenças é um dos pontos primordiais. Precisamos entender essa pluralidade e democratizar cada vez mais o mercado e a indústria da moda”.
Dudu cita ainda alguns exemplos sobre mudanças positivas. A prática construtiva na moda é evidenciada também no respeito à identidade de gêneros. É o caso do trabalho desenvolvido por Vicente Perrota, que mostrou na Casa de Criadores a coleção “Travesti no Poder”, evidenciando modelos trans representadas no mercado de trabalho, na universidade e outros lugares da sociedade onde desempenham papeis variados. O estilista cria roupas a partir da ressignificação de peças antigas.
Dudu Bertholini enfatiza que estamos na ‘era da empatia’ e que temos uma urgência representativa de pessoas e empresas, criando oportunidades. A história, dos anos 1900 ao século XXI, serviu de fio condutor para a citação de paradigmas, conceitos de beleza e padrões corporais que foram se alterando e se consolidando ao longo dos anos. “A moda é um espelho do nosso tempo, reflexo da humanidade, podendo ser libertadora e quebrar paradigmas, sendo também capaz de reforçar padrões preconceituosos”, afirma Dudu Berholini, alertando para a importância da representatividade, que cria oportunidades e faz a diferença.
* O projeto “Os Clássicos estão na moda” é realizado com recursos da Lei Federal de Incentivo à Cultura, por intermédio do patrocínio da CEMIG.
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