Minas Trend: Os caminhos das inserções tecnológicas da moda no Metaverso e a análise do pesquisador Marcelo Vianna


Grandes marcas têm investido na indústria dos games com o vestuário para avatares, bonecos e outros tipos de representações de humanoides ou criado ambientes virtuais para experiências imersivas. Durante palestra no Minas Trend, maior São de Negócios da América Latina, promovido pela Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (FIEMG), o pesquisador Tendere para Design Estratégico e Cenários Futuros na Universidade Vale dos Sinos pontua: “É preciso o básico antes de entrar no metaverso (aquilo que qualquer marca precisa fazer de tempos em tempos ou, ao menos, em planejamentos anuais). A empresa deve analisar: ‘isso faz sentido pro meu negócio?’ ‘E para os meus consumidores?’

Minas Trend: Maior Salão de Negócios da América Latina comemora 15 anos

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Universo tecnológico imaginando novos mundos e novas estéticas através dos poderes imersivos, resultando em cenários de pura fantasia. E aprimorando cada vez mais os dispositivos digitais, nos aproximamos de uma experiência completa relacional e de interações muito semelhantes às que acontecem no mundo físico. Como já pontuado aqui, a moda do futuro é agora, meus caros. Há uma revolução poderosa no mundo, em nosso país, o tão aguardado momento de convergência e no qual sistemas ciber-físicos são capazes de comunicação entre si e com os seres humanos. E o Minas Trend, o maior Salão de Negócios da América Latina trouxe o tema “Metaversos: os caminhos contemporâneos da moda” na palestra realizada Marcelo Vianna, pesquisador Tendere para Design Estratégico e Cenários Futuros na Universidade Vale dos Sinos (Unisinos). “No universo tecnológico o que há é um processo de hibridização entre formas de existência não em termos materiais, mas de consciência. Neste sentido, o conceito de meta (do grego antigo “depois de, além de tudo” ) é fundamental uma vez que é base para disciplinas da filosofia como a metafísica, que examina a natureza fundamental da realidade, incluindo a relação entre mente e matéria”, esclarece Vianna.

Marcelo Vianna, pesquisador Tendere para Design Estratégico e Cenários Futuros na Universidade Vale dos Sinos (Unisinos) (Foto: Vivi Martinelli)

Marcelo Vianna, pesquisador Tendere para Design Estratégico e Cenários Futuros na Universidade Vale dos Sinos (Unisinos) (Foto: Vivi Martinelli)

“O metaverso trata do mundo virtual imersivo, tridimensional e muito mais absorvente e sensorial, justamente por confundir a relação ente mente matéria, real e imaginado. A ideia é que as interações se desmaterializam em níveis não alcançados pelo modo que interagimos atualmente, sabendo que somos nós aqui físicos digitando, é onde acontece a consciência metaversal. Neste sentido, o metaverso soa com um Eldorado digital, uma promessa – e obviamente, apesar de parecer um oceano azul no universo dos negócios, representa um grande risco PMEs e mais ainda a negócios nascentes. A questão para os negócios é ir devagar, sem grandes pretensões, principalmente se o objetivo é ser rentável nessa quase outra realidade”.

Metaverso: relação de negócios entre o humano e o não humano

Metaverso: relação de negócios entre o humano e o não humano

Discorrendo sobre ‘Metaverso: relação de negócios entre o humano e o não humano’, Marcelo destaca: “É importante em um evento como este, trazer essa discussão sem o floreio e o enfeite que se vê por aí, um quase que de forma afoita ‘preciso estar no metaverso’. Trazer essa reflexão é o mínimo, e certamente isso dará frutos para os negócios e para o Minas Trend manter sua tradição de tratar com seriedade e respeito temas que são caros ao sistema produto-serviço em moda”.

Ele também apontou que com os avanços tecnológicos, a tendência é de que a imaterialidade
faça com que diminua a intervenção humana com o virtual. “Daqui a 50 anos, será possível fazer upload de uma consciência humana. O interesse dessa tecnologia é a evolução da relação do humano com o não humano. Com a veloz evolução, rapidamente existirão subsídios suficientes em termos tecnológicos para que seja possível substituir a realidade tangível para uma realidade não física”.

Marcelo Vianna, pesquisador Tendere para Design Estratégico e Cenários Futuros na Universidade Vale dos Sinos (Unisinos), fala do tema 'Metaverso: relação de negócios entre o humano e o não humano'

Marcelo Vianna, pesquisador Tendere para Design Estratégico e Cenários Futuros na Universidade Vale dos Sinos (Unisinos), fala do tema ‘Metaverso: relação de negócios entre o humano e o não humano’

Seu público-alvo está preparado para uma imersão na realidade virtual?

O especialista diz ainda, que grandes marcas internacionais já têm executado uma intensificação de projetos envolvendo o metaverso com o objetivo de aumentar sua conexão com os consumidores. “Também é uma questão de sustentabilidade, já que o custo de investimento é relativamente baixo para empresas multinacionais”. E acrescenta: “No Brasil, é uma evolução sem retorno. É necessário investimentos para que as marcas acompanhem o meio social. Hoje, o maior investimento é realizado por meio de games, em que é possível um personagem se vestir e usar acessórios da marca, representações digitais que podem ser monetizadas ou não. Ou a criação de ambientes virtuais com o nome da marca, para promover uma interação de experiências que imitam a vida real”.
E hoje, então, como se tornar referência no mundo da moda? “Como em qualquer negócio, investimento de recursos econômicos e sociais. Quer dizer, para se tornar referência é preciso uma inovação disruptiva, algo que não se viu ainda, e para isso – não só no metaverso – é preciso investir em pesquisa e tecnologia de ponta. O metaverso, mesmo daquilo que já está posto, como NFT de coleção, skin em game, por exemplo, custa caro em programação, imagine para se tornar referência. Por isso meu argumento de marcas PME e nascentes irem com calma. Além disso, é preciso o básico antes de sequer pensar em entrar no metaverso. Como por exemplo, questionamentos que qualquer marca precisa fazer periodicamente em seus planejamentos: isso faz sentido para o meu negócio? E para os meus consumidores? Não ir na onda só porque é hype, que essa onda pode ser só espuma em ti”, aconselha.
Marcelo Vianna esclarece o tema 'Metaverso: relação de negócios entre o humano e o não humano

Marcelo Vianna esclarece o tema ‘Metaverso: relação de negócios entre o humano e o não humano

Importância de manter o cliente no centro da estratégia

Segundo Vianna, estar antenado às novidades e ferramentas que se pode lançar mão é fundamental. No entanto, é importante que não se esqueça o antes. É preciso investigar o perfil do seu consumidor, para que possa explorar suas demandas e expectativas. “É fundamental saber quem é a marca, o que ela quer, e quem a consome. Isto é a base para não sair ‘a la loka’ fazendo tudo só por que é novo, é hype (isso é uma visão 1990/2000 de moda que já deveria ter sido abolida). Ter propósito em termos de negócios é encontrar quais verdades são essas de toda a cadeia de valor, de quem produz a quem compra; com ênfase na cadeia de abastecimento, para promover algo que seja propositivo em prol de um contexto socioambiental justo”, diz.

Marcelo comenta também sobre avanços tecnológicos lançados com a aceleração tecnológica a partir da pandemia. “Foram muitos, mas o principal são os 50 anos em 5, em analogia à frase clássica de juvenil: pesquisas de tendência tecnológicas previam a imersividade e adesão de mediações tecnológicas mais complicadas, demorando tempo para se massificar. Com a pandemia, isso se acelerou exponencialmente”. E completa analisando o panorama: “O mais positivo, ao meu ver, é o efeito que a discussão decolonial tem promovido em todos os âmbitos da vida – incluindo a moda. Diferente de épocas em que só olhávamos e comprávamos o que era moda em padrões do Norte, hoje somos nós do Sul produzindo para o Sul e aceitando nossas ancestralidades. Que este seja um caminho sem volta”.