Universo tecnológico imaginando novos mundos e novas estéticas através dos poderes imersivos, resultando em cenários de pura fantasia. E aprimorando cada vez mais os dispositivos digitais, nos aproximamos de uma experiência completa relacional e de interações muito semelhantes às que acontecem no mundo físico. Como já pontuado aqui, a moda do futuro é agora, meus caros. Há uma revolução poderosa no mundo, em nosso país, o tão aguardado momento de convergência e no qual sistemas ciber-físicos são capazes de comunicação entre si e com os seres humanos. E o Minas Trend, o maior Salão de Negócios da América Latina trouxe o tema “Metaversos: os caminhos contemporâneos da moda” na palestra realizada Marcelo Vianna, pesquisador Tendere para Design Estratégico e Cenários Futuros na Universidade Vale dos Sinos (Unisinos). “No universo tecnológico o que há é um processo de hibridização entre formas de existência não em termos materiais, mas de consciência. Neste sentido, o conceito de meta (do grego antigo “depois de, além de tudo” ) é fundamental uma vez que é base para disciplinas da filosofia como a metafísica, que examina a natureza fundamental da realidade, incluindo a relação entre mente e matéria”, esclarece Vianna.
“O metaverso trata do mundo virtual imersivo, tridimensional e muito mais absorvente e sensorial, justamente por confundir a relação ente mente matéria, real e imaginado. A ideia é que as interações se desmaterializam em níveis não alcançados pelo modo que interagimos atualmente, sabendo que somos nós aqui físicos digitando, é onde acontece a consciência metaversal. Neste sentido, o metaverso soa com um Eldorado digital, uma promessa – e obviamente, apesar de parecer um oceano azul no universo dos negócios, representa um grande risco PMEs e mais ainda a negócios nascentes. A questão para os negócios é ir devagar, sem grandes pretensões, principalmente se o objetivo é ser rentável nessa quase outra realidade”.
Discorrendo sobre ‘Metaverso: relação de negócios entre o humano e o não humano’, Marcelo destaca: “É importante em um evento como este, trazer essa discussão sem o floreio e o enfeite que se vê por aí, um quase que de forma afoita ‘preciso estar no metaverso’. Trazer essa reflexão é o mínimo, e certamente isso dará frutos para os negócios e para o Minas Trend manter sua tradição de tratar com seriedade e respeito temas que são caros ao sistema produto-serviço em moda”.
Ele também apontou que com os avanços tecnológicos, a tendência é de que a imaterialidade
faça com que diminua a intervenção humana com o virtual. “Daqui a 50 anos, será possível fazer upload de uma consciência humana. O interesse dessa tecnologia é a evolução da relação do humano com o não humano. Com a veloz evolução, rapidamente existirão subsídios suficientes em termos tecnológicos para que seja possível substituir a realidade tangível para uma realidade não física”.
Seu público-alvo está preparado para uma imersão na realidade virtual?
Importância de manter o cliente no centro da estratégia
Segundo Vianna, estar antenado às novidades e ferramentas que se pode lançar mão é fundamental. No entanto, é importante que não se esqueça o antes. É preciso investigar o perfil do seu consumidor, para que possa explorar suas demandas e expectativas. “É fundamental saber quem é a marca, o que ela quer, e quem a consome. Isto é a base para não sair ‘a la loka’ fazendo tudo só por que é novo, é hype (isso é uma visão 1990/2000 de moda que já deveria ter sido abolida). Ter propósito em termos de negócios é encontrar quais verdades são essas de toda a cadeia de valor, de quem produz a quem compra; com ênfase na cadeia de abastecimento, para promover algo que seja propositivo em prol de um contexto socioambiental justo”, diz.
Marcelo comenta também sobre avanços tecnológicos lançados com a aceleração tecnológica a partir da pandemia. “Foram muitos, mas o principal são os 50 anos em 5, em analogia à frase clássica de juvenil: pesquisas de tendência tecnológicas previam a imersividade e adesão de mediações tecnológicas mais complicadas, demorando tempo para se massificar. Com a pandemia, isso se acelerou exponencialmente”. E completa analisando o panorama: “O mais positivo, ao meu ver, é o efeito que a discussão decolonial tem promovido em todos os âmbitos da vida – incluindo a moda. Diferente de épocas em que só olhávamos e comprávamos o que era moda em padrões do Norte, hoje somos nós do Sul produzindo para o Sul e aceitando nossas ancestralidades. Que este seja um caminho sem volta”.
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