*Por Karina Kuperman
Mais de R$ 7,3 milhões movimentados ao longo de quatro anos – sendo R$ 4,3 milhões de forma direta na moda. Os números do Minas Trend de fato impressionam. Além dos desfiles, o Salão de Negócios do evento é um dos grandes atrativos da semana de moda mineira e é a referência no país. Mais de três mil compradores de todo o Brasil e outros países circulam pelos corredores dos mais de 200 estandes do evento – sendo mais da metade deles de produtores mineiros – para garantir o melhor do segmento de vestuário, bolsas, sapatos, joias, bijuterias e acessórios.
Promovido pela Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais, o Minas Trend conta com o apoio do Governo do Estado de Minas Gerais, que, por meio da Companhia de Desenvolvimento Econômico de Minas Gerais (Codemig), vem direcionando ao setor da moda investimentos crescentes, ajudando a impulsionar a roda da economia criativa mineira. A moda, vale destacar, foi estabelecida como um dos investimentos prioritários da Codemig a partir de um mapeamento de oportunidades de negócios realizado em 2015, que estabeleceu que a cadeia produtiva do meio oferece uma importante contribuição à economia. Os dados provam: em 2013, o setor gerou R$ 3,3 bilhões para o estado. Já em 2014, empregos do setor corresponderam a 15,2% da indústria de transformação e a moda impulsionou a economia de nada menos do que 135 municípios de Minas Gerais.
É com esses dados em mente que a Codemig segue investindo firme no setor. Em 2015, o Minas Trend recebeu recusos de R$ 535 mil e, em 2016, o valor subiu para R$ 987 mil. No ano passado foram mais de 2 milhões de reais. De acordo com a Unidade e Inteligência Empresarial Integrada do Sebrae-MG, cada real colocado no setor movimenta, em média, R$1,69 em setores diversos. Graças à parceria da FIEMG com a Codemig, outros R$ 920 mil já estão garantidos para a realização do evento no primeiro semestre de 2019. Pensa que acabou? O convênio assinado pela Federação em 2017 prevê investimentos totais de R$ 3,6 milhões pela Codemig em quatro edições do evento. Já a Federação investe cerca de R$ 8 milhões em cada MW, entre recursos próprios, provenientes de ações específicas e de parcerias com entidades e empresas. Olavo Machado Junior, presidente do Sistema FIEMG, destacou a importância do evento para a cadeia produtiva da moda em Minas Gerais. “A moda representa 18% dos postos de trabalho da indústria de transformação do estado, o que em números são 130.039 mil postos de trabalho, 10 mil empresas, quase um quarto das empresas em atuação na indústria de transformação do estado, além de, aproximadamente, 5% do PIB mineiro, um valor próximo de R$ 7,29 bilhões”, afirmou. A representatividade do setor é inegável: sua cadeia produtiva é a 2ª maior empregadora do estado.
Fernanda Machado, diretora de economia criativa da Codemig, ressaltou a importância da ação conjunta entre vários parceiros e apoiadores, como a Confederação Nacional da Indústria (CNI), Sebrae Minas, Abit, Apex Brasil, Texbrasil e Governo do Estado, por meio da Codemig. “A ação conjunta de todos esses agentes consolida o evento como um espaço privilegiado de projeção e fomento do setor da moda em Minas Gerais,” disse.
Os investimentos da Codemig no setor da moda criaram e permitiram a manutenção de 4.130 empregos diretos e, de acordo com levantamentos realizados junto aos organizadores e fornecedores do evento, o número de empregos indiretos chegou a 12.389, totalizando 16.519 postos de trabalho. Além disso, a Codemig, como não poderia deixar de ser, investe no comércio exterior por meio do apoio a viabilização da Mostra Moda Minas Gerais Uruguai, realizada pela FIEMG com apoio da Embaixada do Brasil no Uruguai e da Uruguay XXI, agência governamental de comércio exterior. Em março, 25 empresas mineiras estiveram em Montevidéu para exibir suas coleções a importadores, distribuidores e lojistas.
O objetivo, de fato, é gerar negócios e oportunidades para a cadeia produtiva da indústria da moda, já que o evento é a principal vitrine do país e um privilegiado espaço de projeção e consolidação de grifes locais. “É lindo ver a transformação na vida dos empresários. Ateliês de miçanga viraram grandes empresas”. E vai muito além: o Minas Trend também é reconhecido pelo alto nível de seus compradores, que são recepcionados em ambiente pensado para proporcionar uma experiência comercialmente vantajosa para todos os envolvidos. Além dos estandes das marcas, os estandes coletivos da Codemig no Salão de Negócios recebe quatro marcas de vestuário, três produtores de bijuterias e duas marcas de bolsas. A seleção cuidadosa foi feita por uma equipe com curadoria coordenada pela jornalista Natália Dornellas com base em critérios como originalidade e design, qualidade de produção e acabamento, capacidade produtiva, possibilidade de expansão do negócio, adequação ao público albo, apresentação e comunicação da marca. Rebel Heart’s, Renata Coelho, Ca.Mar, Ni.na Morato, Taciana Scalon, Banzo, Pulso, Escalda, Anma Acessórios, Candê, Fernanda Torquett e DIWO compõem esses estandes.
Olavo Machado Junior destacou, ainda, a importância do investimento em inovação e tecnologia e na indústria criativa. O presidente do sistema FIEMG falou de algumas ações no fomento a esses setores como o P7 Criativo – um prédio localizado na Avenida Affonso Penna, construção de Oscar Niemeyer, que contará com uma programação própria e conectará grandes empresas com micro, pequenos e médios empresários. O projeto é uma iniciativa do governo de Minas Gerais por meio da Companhia de Desenvolvimento Econômico de Minas Gerais (Codemig), da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico, Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (Sedectes) e da Fundação João Pinheiro em parceria com a FIEMG e o Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas de Minas Gerais (Sebrae). “É uma instituição que já está instalada de maneira piloto em um edifício e vai ter sua forma de transmitir para o estado a criatividade como oportunidade de negócios”, sintetizou, sobre o local de 25 andares e 18 a 20 mil metros quadrados. “Grandes empresas mineiras estão apoiando o P7 e diversos segmentos terão escritório lá”, adiantou.
Não poderia ser diferente: o projeto é a primeira agência de desenvolvimento da indústria criativa do estado e tem como principal objetivo oferecer aos profissionais um ambiente de colaboração e empreendedorismo. Durante o Minas Trend, o P7 firma o termo de cooperação com as instituições de poder público e da sociedade para instituir a Frente da Moda Mineira, que terá como propósito criar ações para promover os interesses da cadeia produtiva do setor e, assim, consolidar a posição de Minas Gerais como grande criador e produtor de moda de qualidade. Vale destacar que o P7 já recebeu os participantes dos estandes coletivos do Codemig para um encontro de capacitação.
De fato, o Minas Trend descobriu a fórmula de atravessar a crise brasileira e, ao mesmo tempo, valorizar a moda nacional. Qual o segredo disso? “Fazemos tudo baseado em metas. Já começamos o ano tentando superar números. Por exemplo, indo atrás de compradores que tinham efetividade na economia do estado. A Codemig investiu para mostrar o que não é crise”, garantiu Fernanda.
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