Com o término da 13ª edição do Minas Trend, já é possível confirmar algumas tendências que deverão marcar presença na São Paulo Fashion Week, que começa neste final do mês, e no Fashion Rio, programado para o período de 7 a 9 de novembro. Em pauta: looks em preto total, branco ou preto & branco continuam como apostas para driblar a crise econômica, muito jeans e couro intensificam as inspirações nos motoqueiros e atualizam a alfaiataria. O minimalismo dos anos 1990 e os brilhos permanecem, assim como o mix de estampas e as releituras do movimento grunge e dos xadrezes escoceses. Rosas em fundo escuro perfumam o inverno, que tem como bola étnica da vez a Rússia Imperial e certa inspiração no Oriente, seja a China ou o Marrocos. O metal da hora é o prata, devidamente antenado com o revival da década de noventa, mas, como a mulher brasileira curte um dourado, ainda não é o momento de ele sair de cena. Afinal, é preciso vender a qualquer preço, e ouro ainda é mina de ouro. Por falar nisso, se o animal print parece resistir por toda a eternidade, que dessa vez onças e cobras venham para arrasar. Mas, no frigir dos ovos – e independente de Copa do Mundo no Brasil –, o sportswear de luxo deve ser o grito de guerra dos fashionistas.
Para Ana Claudia Adamo, gerente comercial para sul e nordeste da Spezatto, o consumidor continua estranhando a antecipação do calendário de moda. “Mal lançou o verão nas lojas mês passado, o lojista já começa a ver o inverno do ano que vem e tudo fica velho antes da hora”, afirma. Mas há quem, preocupado com os redemoinhos constantes na cabeça dos compradores, também tenha andado em círculos, trazendo novidades, mas revitalizando os best sellers que estão na memória da clientela, dando sequência às mesmas tendências de uma estação para outra. É o caso da Faven, grife mineira que trabalha com um tricô sofisticado. Camila Jardim, do marketing, esclarece que, apesar da aposta em um coordenado de xadrez com rosas vermelhas, desenvolveu novas linhas em cima de temas que já estavam na coleção anterior, como os zigue-zagues étnicos estilo Missoni e os animal prints. A estilista da marca, Luisa Luz, faz coro com Camila e ressalta que as peças em tricô dourado continuam em linha e que a maneira que elas encontraram para introduzir o prata – uma novidade – foi inserindo ele em uma padronagem que também apresenta dourado. E acentua que a grife, com duas lojas próprias em Belo Horizonte, mas que vende essencialmente para multimarcas em todo o Brasil, vendeu bem na feira justamente por conta dessa estratégia de conciliar os novos lançamentos com o produto comercial consagrado. “Levo fé nesse grunge barroco que está vindo forte, mas as vendas são prioridade. O conceito já existe na forma como trabalhamos o material”, comenta Luisa.
Cristine Ban, sediada no Rio de Janeiro, já expõe no evento há várias edições. Para ela, o Minas Trend não é uma feira de circulação de público, mas de compradores seletos, que comparecem ao evento para confirmar as novidades e efetuar compras efetivas. “As vendas são dirigidas”, ressalta, completando que aposta nos florais, no look total da mesma estampa, nos prints de bicho (“não saem mais de moda, tem que ter!”) e nos composês de poás (“uma marca minha”). Quanto às cores, ela acredita na manutenção do bordô, que vendeu bem no último inverno, e na mistura de verde-folha com laranja, “uma combinação outonal”.
O estilista Antonio Diniz – o Toninho, que já trabalhou com Graça Ottoni e na marca de Juiz de Fora Skunk, está expondo pela primeira vez com sua Fleche D’Or, mas comentou que está contente com os resultados obtidos, superiores ao que havia imaginado, ainda que menos do que gostaria. “Estamos abrindo novas frentes”, disse, enfatizando que a marca só tem quatro anos e que o fato de possuir estamparia digital dentro de casa facilita os negócios. A marca trouxe uma coleção de festa impactante, mas menos tradicional, inspirada na exuberância catalã.
Assim como Toninho, Fabiana Dayrell, fabricante carioca de acessórios, também participa do Minas Trend pela primeira vez. Com uma coleção de bijuterias inspiradas no período art déco e com elementos orientais, ela faz parte do grupo CriaRio, patrocinado pelo SEBRAE carioca, que atua em parceria com a Fiemig – Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais. Ela afirma que achou “fraca a circulação de clientes, mas que, como conta com o subsídio do Sebrae, o evento é válido para mostrar a cara e fazer contatos. Já para Toni Barros, proprietário de uma empresa paulista que desenvolve linhas de bijoux de luxo, a Mon Cher, o evento superou a expectativa em 30% a mais de negócios.
Em meio a opinião dos participantes, a assessoria de comunicação do Minas Trend informou que esta 13ª edição do evento reuniu mais de 200 marcas no pavilhão do ExpoMinas, em Belo Horizonte, e reiterou que a feira registra uma alta expectativa por parte dos confeccionistas em relação ao crescimento das vendas para o inverno. Segundo os organizadores, uma pesquisa informal realizada entre os expositores indicou um incremento de vendas em torno de 18% em relação à temporada outono/inverno anterior, consolidando o Minas Trend como um dos três eventos mais importantes do setor de confecções no Brasil, com antecipação de tendências e mix de produtos diversificado, além de alto valor agregado para o design, uso de matérias-primas especiais e o trabalho artesanal. Ainda conforme a direção da feira, expositores como o mineiro Victor Dzenk estimam uma aumento de 10% em relação à temporada anterior, com abertura de novos clientes do interior do Rio de Janeiro e Minas Gerais.
Fotos: Henrique Fonseca
*Por Alexandre Schnabl
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