Minas Trend – Day1: Grafismos, cores vibrantes dos anos 80 e shapes fluidos marcam o primeiro dia de desfiles da 22ª edição da semana de moda mineira


No line-up, Fátima Scofield, Sindijoias, Natália Pessoa, Plural, Lucas Magalhães e Manzan apresentaram suas propostas para a primavera-verão/2019

Minas Trend - Desfile Sindijoias (foto: Henrique Fonseca)

*Por Karina Kuperman

Da academia como cenário social dos anos 80 ao conceito do espaço e o tempo que dão forma à vida, passando pelo naturalismo de Luz del Fuego e Semana de Arte de 22, o primeiro dia de desfiles do Minas Trend teve tendência para agradar a todos os gostos. A apresentação de cinco grifes que também estão no Salão de Negócios da semana de moda mineira dividiram as atenções. Isso porque, além das marcas locais, outro desfile chamou atenção no line-up: a Sindijoias uniu peças de marcas como Caleidoscópio, Camila Klein, Carlos Penna, Endy Mesquita, Hector Albertazzi, Lázara e SD por Sheila Morais em uma apresentação cheia de bossa. Fátima Scofield, Natália Pessoa, Plural, Lucas Magalhães e Manzan completaram os shows do dia. Vem saber tudo!

Fátima Scofield
São 30 anos de atuação com sucesso na confecção de moda, mas Fátima Scofield fez seu début na passarela mineira nessa terça-feira, dia 17, na 22ª edição do Minas Trend. Na passarela, a estilista explorou o conceito do MA, uma abertura entre o espaço e o tempo, que dá forma à vida. “O vazio aqui é possibilidade e expectativa, iminência de acontecimentos entre o corpo e a vestimenta”, explicou. Na passarela, peças cheias de transparência e fluidez e um styling caprichoso de Renata Correa, que trouxe uma atmosfera inspirada em pijamas e lingeries com direito a muitos tecidos esvoaçantes, pijamas de seda, estampas florais e aquarelados criados pelo designer Gabriel Lima. “Todas as peças desse desfile são em seda pura para representar o verão leve e fluido”, ressaltou a estilista. A cartela de cores contou com muito turquesa, coral, cereja verde-esmeralda e amarelo. Nos pés, as modelos usaram sandálias criadas com exclusividade pelo designer Alexandre Dellela. Já os acessórios foram uma parceria com a Isla. Representando a mulher da marca, a top Bárbara Fialho fechou o show.
A beleza, assinada por Ricardo dos Anjos, teve pele natural, iluminada com óleo e bocas laranjas com esfumado vermelho nos cantos. O beauty artist investiu em gloss nas pálpebras e máscara nos cílios superiores. Os cabelos foram presos em rabos baixos bem limpos.

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Sindijoias
O segundo desfile do line-up foi obra de um coletivo de associados do Sindijoias-MG e apresentou acessórios desenvolvidos pelos designers Caleidoscópio, Camila Klein, Carlos Penna, Endy Mesquita, Hector Albertazzi, Lázara e SD por Sheila Morais. Com styling de Davi Leitte, a apresentação celebrou a identidade de cada um dos criadores, propondo uma visão plural sob o setor. “Quis retratar bastante a força do feminino e a beleza do ornamental na passarela”, disse Davi, que ousou ao misturar o dourado dos acessórios criados pelos designers com saias prateadas e biqueiras nos seios das modelos. “A vida toda escutei que não pode misturar dourado com prata e quis quebrar isso”, explicou ele, que teve como grande desafio unir o DNA das sete marcas em um só show. “O raciocínio para ligar essas marcas com história e personalidade diferentes foi o ornamentar. É a mulher estar linda, então eu criei uma família a partir da força do ornamento feminino”.
Fundada em 1998, a Caleidoscópio é um ateliê de joias e acessórios de moda criados pelo olhar de Jeanine, Matilda e Renata Fontan, três arquitetas que misturam materiais e texturas inusitados resultando em peças criativas que exalam brasilidade.
Camila Klein rompeu barreiras em sua busca pelo novo e passeou por décadas, países e realidades distantes para trazer o belo e original. Seu design de luxo mistura esculturas, artesanato e moda com alquimia e sutileza.
Carlos Penna apropriou-se da falta de constância e abusou do espírito de subversão e renovação para criar suas peças, chamadas de “pequenas obras”. A mistura entre o chique e o desconstruído e a sofisticação do minimal e conceitual foi o norte da marca.
Endy Mesquita buscou inovar no conceito, leveza e ergonomia de suas peças, mas sem perder a sua clássica essência regionalista. Inspirada pela famosa trama de bordados alagoanos e cores do verão, sua coleção une a vivacidade de vermelhos e turquesas ao clássico e neutro metal escuro como cobre e grafite.
Hector Albertazzi se inspirou nas formas dos fios, tramas e traçado artesanais em uma coleção que buscou a retomada da valorização do trabalho manual carregado de herança cultural. Anéis, pulseiras, brincos e colares apareceram em formas orgânicas, circulares e trançadas que remeteram a um carretel de linhas infinitas – que representa o aperfeiçoamento do designer ao longo dos anos.
Lázara propôs ao seu público uma viagem interna, para que cada um buscasse conhecer melhor sua essência e trazer seu próprio estilo a tona. Pensando em como a moda contribui na construção de um mundo mais humano, a designer baseou seu trabalho em sete tópicos: sinceridade, felicidade, razão, harmonia, fé, esperança e amor.
A SD, criada e comandada pela designer Sheila Morais, investiu em movimentos fluidos para criar a coleção, batizada de “intuição”. Mistura de materiais como resinas, pedras, minerais e metais em formas que remetem a arquitetura e esculturais chamaram atenção na passarela.

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A beleza do desfile teve sombra metálica dourada com esfumado marrom rímel. Blush bronze e bocas beges úmidas enfeitaram os rostos das tops.

Natália Pessoa
A primavera-verão/2019 de Natália Pessoa enaltece a coragem e vanguarda da atriz, escritora, naturista e feminista Dora Vivacqua. Mais conhecia como Luz Del Fuego, a artista capixaba destacou-se na contribuição na luta pela emancipação das mulheres. Sua obra inspirou a estilista em uma coleção que valoriza o feminino e a autenticidade da mulher brasileira. “Todas as minhas estampas são em cima do tema cobra, já que ela adestrava cobras. Quis trazer uma coleção bem fina, porque ela adorava andar nua”, disse Natália.
Tricôs leves e fluidos deram frescor à coleção resort da marca, fundada em 1996 e conhecida por criar roupas atemporais para mulheres de todas as idades. “Destaco as aplicações de lenço e os acabamentos em ponta nessa coleção. As transparências e calças com bocas enormes – que parecem saias – foram uma novidade da marca”, explicou.
Os sapatos ficaram a cargo de Virginia Barros. Mules baixos, saltos, forrações de cobras e lisas tomaram os pés das tops.

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Plural
Marca queridinha das mineiras, a Plural veio na contramão dos fluidos da estação e apostou em shapes mais estruturados para a coleção primavera-verão/2019. A diretora criativa Glaucia Fróes se inspirou em movimentos artísticos que tem a geometria como característica principal da coleção e misturou – com bossa – formas tridimensionais do construtivismo com cores primárias e a abstração do concretismo. O resultado? Estampas ora figurativas, ora abstratas, formadas por blocos de cores fortes e impactantes. A mulher de atitude livre da marca veste pantalonas, camisas, vestidos e saias com shapes geométricos, comprimento mídia e a identidade Plural – com sua descomplicação e conforto. “A nossa referência, ponto de partida, foi o movimento de artistas russos, o construtivismo, que inspirou as estampas. Baseando nas estampas que começamos a definir shapes”, disse Gláucia. “Sempre vou para os lados da arte mais abstrata, não consigo fazer um floral, por exemplo. Sempre vou para o minimalismo”, ressaltou ela, que apresentou peças de linho encerado, malha tecnológica, viscose plana e seda.
Os acessórios ficaram por conta de Carlos Penna e as sandálias e mules foram feitas pelo Estúdio NHNH.

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Lucas Magalhães
Movido pela busca de uma moda própria com diálogo e conexão, Lucas inspirou-se na Semana de Arte Moderna de 22 e, através de sua coleção, buscou resgatar a afetividade das relações humanas, valorizando a autoestima. Através de estampas tropicais e grafismos, o estilista apresentou uma coleção “mais sentimental” – como ele mesmo ressaltou. “A inspiração na Semana de Arte de 22 não veio só pela arte em si, mas sim pela essência, esse desejo de descobrir algo originalmente brasileiro”, disse. “O que acho legal nessa coleção é que fizemos uns olhos de bichos da fauna brasileira que é como se fosse nossa proteção, uma brincadeira com olho grego”, explicou ele, que, pela primeira vez, usou muitas flores. “Nunca fui tão orgânico como nessa coleção. A rigidez foi quebrada quando comecei a tentar entender a essência brasileira de uma outra forma”, analisou.
A beleza ficou por conta de cabelos de gel até altura da orelha e ondas anos 20 na parte da frente frente. “Da orelha para baixo esse cabelo é seco com textura natural. Já a pele é muito leve, limpa, só com iluminado, sem intervenção de cor, rímel ou batom”, disse Ricardo dos Anjos.

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Manzan
Cores, brilho e alegria típicas dos anos 80 marcaram o desfile de Letícia Manzan, que apropriou-se do cuidado com o corpo, esporte como lifestyle e academia como cenário social típicos da década para uma coleção esporte vintage com direito a muitas cores e tons pasteis de laranja, amarelo claro, verde menta e rosé. Peças clássicas de danceterias e clubs da época ganharam bossa com bordados inusitados que já são DNA da marca – que abusa do handmade e o eleva ao patamar contemporâneo, tules, organza moderna, seda e linho. Jaquetas, parcas, joggings e puffs apareceram em versões cheias de paetês, transparências e metalizados.
A linha jeans – parceria com a Canatiba Denim Industry – promete seguir em destaque no verão, enquanto plumas e novas técnicas de bordado surpreendem pela originalidade. “Me inspirei no universo vintage como um todo. Sou apaixonada pela história da moda como um todo, sou uma estudiosa”, disse ela, que quis surpreender. “A cartela de cores é uma contraposição com o desfile passado, que foi mais sóbrio, sensual, com bastante preto, inspirado no universo do fetichismo. Agora o verão vem alegre, vibrante”, afirmou.

A beleza, assinada por Ricardo dos Anjos, veio com muita cintilância, azul bebê, amarelo palha, salmão, rosa e bege bem leves. “Aquarelados em cima de uma pele com acabamento acetinado e gloss transparente com cabelos molhados complementam as modelos do desfile da Manzan”, disse.

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