A 26ª edição do Minas Trend com o maior Salão de Negócios da América Latina, promovida pela Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais, foi inovadora. No Expominas, em Belo Horizonte, marcas mineiras e de diversos estados saíram na frente do calendário da moda e lançaram coleções outono-inverno 2022, recebendo lojistas, compradores de Norte a Sul do país. No ambiente virtual, foram realizadas lives propondo reflexões sobre a moda e sustentabilidade. E todos ganharam um presente: ampliando as negociações e vendas para as marcas, o sistema Fiemg firmou parceria com a Teceo, startup de tecnologia, que lançou uma plataforma de alta performance e que vai proporcionar a marcas e lojistas que participaram do Salão de Negócios a experiência de um showroom virtual que segue até o dia 28 com possibilidades mil.
O presidente da Fiemg, Flávio Roscoe, pontuou que “a adaptação é sempre a chave do sucesso. Desenvolver-se no meio digital é criar oportunidades de crescimento. A plataforma da Teceo chega ao Minas Trend para agregar e mostrar outros caminhos de negociação. É a moda acompanhando a evolução tecnológica”.
O modelo difere totalmente dos marketplaces que existem atualmente no mercado. Durante a live de lançamento, mediada pelo presidente do Sindijoias MG, Manoel Bernardes, ele apresentou Márcia Croce, consultora em planejamento estratégico e “profunda conhecedora do mercado mineiro”; e Guilherme Scalon, da Teceo, para uma conversa sobre a plataforma digital e de alta performance para os expositores e varejistas. Colaborativa, ela oferece a possibilidade de visualizar catálogos de produtos com imagens, vídeos imersivos e experiências de live shopping. “Vai facilitar a comunicação B to B com os varejistas”, pontuou Manoel Bernardes.
“A comunicação é um dos pilares da construção da marca. Precisamos, antes de tudo, construir o branding, assim como precisamos saber quem é o nosso público, com quem precisamos conversar, quais são os pontos de contato que a marca precisa apresentar para poder profissionalizar. Hoje, consumidor final escolhe a forma como vai se comunicar com a marca. Por sua vez, ela precisa ampliar seu leque de comunicação nos pontos de contato, nos canais digitais e nos canais físicos”, analisou o momento a consultora Márcia Croce.
Guilherme Scalon, CEO da Teceo, revelou que sua família tem uma empresa de confecção no Paraná e que sempre vivenciou muito o setor de atacado. “Tudo ainda é muito analógico. Vimos um grande boom tecnológico do varejo com o omnichannel e tendências novas, mas o atacado ainda é pouco digitalizado. A partir daí, desenhamos um modelo e fizemos as parcerias certas para começar a desenvolver nossa tecnologia. Com o nosso conhecimento de mercado, a prática comercial, o entendimento do que funciona ou não na moda e nossos parceiros de tecnologia – que se tornaram nossos sócios e também têm muita expertise de desenvolvimento e tecnológica – estamos voltando nossa atenção ao mercado”, comentou.
Contou ainda que o maior diferencial da plataforma é a visão colaborativa. “Ela precisa ajudar aquele lojista do interior que nem sempre terá disponibilidade ou condição de ir a um evento presencial ou ao showroom da cidade da marca que ele gosta de comprar. Ajudar também as marcas que têm seu representante e sua consultora de moda que nem sempre poderão estar no presencial e que, quando conseguirem, contarão com a ajuda da plataforma, pois ela proporciona uma experiência rica em termos de conteúdo, de inteligência de dados”.
Segundo ele, a plataforma ajuda o comprador a enxergar o pedido de uma forma transparente. Por exemplo, quantas peças comprou por mercadoria, as médias de preço que para cada banda de preço. Ele entende com mais facilidade, favorecendo a colaboração constante entre o vendedor e o comprador. Manoel Bernardes pontou que “é interessante observar que a plataforma nasceu da necessidade de facilitar o contato com o cliente tanto no ambiente físico como no digital. Teve essa proposta dupla de trabalhar nesses dois conceitos: ajudar quem está atendendo para que o cliente tenha uma noção clara do que está escolhendo, bem como dar uma ideia do custo, da compra e da grade. Ou seja, uma série de facilidades que, muitas vezes, o cliente não tem condição de fazer na hora, mas, como a plataforma é automaticamente atualizada, o cliente pode saber o que está comprando, qual é a grade, o tipo de reposição que está fazendo, imaginar as cores, criar coleções inteiras e parciais para ter uma ideia mais clara dos produtos que está comprando e de que maneira vão interagir com o estoque já existente”.
Outro diferencial que é um ponto-chave, principalmente para o comprador, é que no modelo de negócio como o da Teceo, o comprador consegue, com um único login e senha, lidando com um único tipo de experiência, fazer todas as suas compras. Tudo num só lugar. “Se as marcas que ele compra participam ativamente da plataforma, consegue gerenciar tudo ali. Não terá que lidar com vários logins, várias senhas, várias experiências. Fazer tudo em um só lugar agiliza o dia a dia e facilita o movimento para o digital”, acrescentou Guilherme.
E de que forma deve-se estruturar os primeiros passos para que empresas jovens, competitivas, com ambição de crescer tenham sucesso nessa jornada? Márcia Croce responde: “Ela precisa saber qual é o seu diferencial. A resposta não pode ser “o produto”. Quando faço essa pergunta para as empresas, 90% das vezes a resposta é “o meu produto”. Não é. O produto é consequência, um dos pontos de contato de uma marca. A primeira coisa que preciso entender é qual é o meu diferencial, o que, de fato, eu faço. O diferencial pode estar no processo produtivo, no atendimento, no meu ponto de venda, no canal de WhatsApp, no atendimento, na forma como monto a embalagem, no meu atendimento no estande, a forma como eu faço o approach”.
Manoel Bernardes comenta que “hoje existe uma expectativa que a empresa atenda não apenas ao cliente, mas à comunidade na qual está inserida. Os empresários têm obrigações sociais e ambientais que expandem a ideia. Não basta falar com o cliente, que é o norte: precisamos ter um propósito. O consumidor não perdoa incoerência. É preciso ser coerente na estratégia da marca e não pode estar suscetível às pequenas modificações que a situação econômica impõe”.
Guilherme acrescenta que a Teceo tem dois diferenciais que podem ajudar nesse contexto: “Na plataforma, tentamos fazer de uma maneira que ela dê vida ao conteúdo. Nós lidamos não apenas com imagens, mas também com vídeos de alta resolução, temos uma tela de showroom muito imersível e intuitiva, os catálogos e listas de desejos acabam sendo uma pré-visualização do pedido. A plataforma consegue fazer uma brincadeira e visualizar, antecipadamente, como vai ficar todo esse mix na loja. Atuamos também no comercial. Temos pessoas que têm muito contato com o comercial do atacado de moda e costumamos entrar no dia a dia do cotidiano comercial dessas marcas. Tentamos entender o cenário de cada marca para sugerir parceiros e oferecer nosso feedback para ela possa ir evoluindo. Entendemos que é um processo, uma construção”.
O CEO da Teceo ainda falou sobre ampliar o volume de vendas baseado nas experiências de live commerce. “Acreditamos muito na live commerce ou live shopping como uma forma a mais de a marca apresentar sua coleção e começar a ter experiência com os pedidos. Desenvolvemos integração com alguns aplicativos de terceiros, como o YouTube, que é uma ferramenta bastante utilizada pelas marcas para apresentar suas coleções: trouxemos o YouTube para dentro da plataforma. Em uma única experiência o comprador e o time de vendas da marca conseguem acompanhar a transmissão no YouTube e, logo ao lado, o catálogo de produtos que pode ter sido organizado previamente pela marca na mesma ordem que ela está apresentando a live”.
Com a experiência também de empresário, Manoel Bernardes analisou que “uma das flexibilidades da plataforma é a possibilidade de organizar a apresentação dos produtos de acordo com a intenção do momento. Pode ser a apresentação de uma coleção nova, a valorização de uma cor, pode ser dedicada a um tipo de cliente. É muito oportuna com a questão da live commerce, a pessoa organiza os produtos de acordo com a apresentação que será feita em tempo real. Isso ajuda a acompanhar de perto o programa. Penso também que o live commerce pode ser uma das primeiras tentativas de tornar a plataforma mais amigável para os iniciantes no processo. Os novos clientes da marca fariam suas primeiras experimentações só favoritando. Depois, fariam curadoria, definindo grade e quantidades com mais cuidado. Pode ser uma forma de interação benéfica para que o cliente se sinta mais confortável com a plataforma”.
E Guilherme frisou: “Nossa indústria tem uma certa complexidade. Há muitas regras de negócio dentro de qualquer fábrica, são necessidades das marcas. Nosso desafio foi colocar tudo isso na plataforma para o usuário final, o vendedor da marca ou o comprador da loja de uma forma simples e amigável para que a complexidade não assuste. Construímos de um jeito muito intuitivo para que as pessoas tenham uma primeira experiência positiva e entendam que não é o Bicho de Sete Cabeças”.
“Essa história é importante para nós no Minas Trend, pois a plataforma vai funcionar aqui até 28 de novembro para todos os que participaram do Minas Trend. Nós sabemos que o tempo é precioso e premente, mas, quando as empresas não continuam processos, frustram o cliente”. Márcia apontou que quem vai ao Minas Trend para as compras “é o dono do varejo. Ele tem uma equipe que não participa da feira, mas que está direto com o cliente. A plataforma digital é uma ferramenta fundamental para incluir. Às vezes, o custo para trazer toda a equipe é inviável, ou não há como tirar duas ou três pessoas da equipe para vir à feira. Mas a equipe pode participar virtualmente. Isso é fundamental, porque muitas vezes o comprador não está diretamente com a demanda do consumidor final no ponto-de-venda. Quem está é a vendedora, a gerente. A experiência de compra precisa ser repetida, ter uma sequência. É precisa estar toda hora olhando, criar habilidade”.
“Para o comprador, na nova plataforma é como se ele estivesse fazendo o arrasta e solta numa arara, pegando uma peça num cabide e arrastando para outro canto da arara para combinar os looks que acha interessantes para o público dele. São coisas que já está habituado a fazer no atendimento presencial e que tentamos reproduzir de forma digital da maneira mais simples possível para que também aconteça dentro da plataforma”, afirmou Guilherme.
E Manoel Bernardes finalizou afirmando que a nova plataforma traz possibilidades de gestão muito fortes para as marcas. Caberá a cada uma delas (não só as que produzem, a indústria, mas também as que compram, o varejo) utilizar esses instrumentos para ter agilidade, rapidez de decisão, mais comprometimento com as direções estratégicas e mais proximidade com o consumidor. O consultor varejista compreendeu que não é o dono da verdade: o consumidor é quem define o que é bom e o que não é. O varejista tem que aprender a entender a voz e vontades e os desejos do consumidor final. A plataforma pode ajudar nisso mostrando o que está vendendo, de que forma está vendendo, com que velocidade. Ela é um espaço de escuta, pesquisa e produto”.
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