Alinhavando sempre uma moda atemporal, que enfatiza a fé na originalidade, trabalhando do design mais clássico ao inovador para um público plural, o empresário, designer, arquiteto e cenógrafo Celso Afonso realiza seu trabalho com maestria. A label Celso Afonso Bolsas está há mais de 30 anos no mercado. Para a temporada Primavera-Verão 24, apresentada com exclusividade na 29ª edição do Minas Trend, o maior Salão de Negócios da América Latina, promovido pela Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (FIEMG), e realizado no Minascentro, entre os dias 11 e 13 de abril, Celso lança mão de diversas matérias-primas naturais, mas sempre em sinergia com o couro. “A ráfia vem associada aos couros tradicionais surgindo também em mix inesperado como o pelo zebrado que aparece em algumas peças. Aqui os encontros podem ser mais com as cores neutras, como nude e areia, mas também com as cores vibrantes, como verde jade, turquesa e orquídea. Gostamos de misturas, sejam de materiais e/ou cores em produtos que gerem encantamento e surpresa. Embora sempre conectada em linguagem internacional, as coleções procuram imprimir também uma visão mais autoral”, analisa.
Voltar ao Minas Trend representa uma enorme alegria e orgulho, uma vez que somos precursores dele e participamos de sua consolidação ao longo de toda sua existência: seja como expositor ou como presidente do Sindibolsas. Conseguir realizar mais essa edição, com espaços completamente vendidos, coloca Belo Horizonte definitivamente no protagonismo da moda nacional e internacional” – Celso Afonso
“Sempre apostamos nos detalhes artesanais e, numa outra parte da paleta de cores, acreditamos no retorno de cores clássicas, aquelas que chamávamos de “cores de couro” como caramelo, fumo, fendi, marrom, off white e preto. Ainda sobre cores, o vermelho prometendo fazer seu retorno entre as opções. Desenvolvemos também o COURO SPIKE, que vem a ser uma gravação com o desenho dos famosos adornos metálicos. Uma alusão à onda rock que se aproxima, representada ainda por apliques de maxi ilhoses nas bolsas, pelo uso do jeans, indigo blue e couros metalizados em especial o prata. As mini bolsas continuam em alta, as baguetes se firmam, bem como os modelos de bolsa croissant, tipo meia lua. Temos também sempre alguns modelos slouchy, mais desestruturadas. Os detalhes ficam por conta das correntes e das alças de bambu, junco ou resinas”, detalha Celso Afonso.
O empresário está à frente do Sindicato Intermunicipal da Indústria de Bolsas e Cintos de Minas Gerais (Sindibolsas-MG) há mais de 20 anos e destaca a importância do Minas Trend para o setor que registrou um aumento de até 15% na demanda no final do ano passado na comparação com 2021. “A consolidação do evento em seu novo local trouxe a certeza de que estamos cada vez mais no caminho certo. Voltar ao Minas Trend representa uma enorme alegria e orgulho, uma vez que somos precursores desse grande evento e participamos de sua consolidação ao longo de toda sua existência: seja como expositor ou como presidente do Sindibolsas. Conseguir realizar mais essa edição, com espaços completamente vendidos, coloca Belo Horizonte definitivamente no protagonismo da moda nacional e internacional”, celebra.
Diferencial de olho no público
O olhar apurado de Celso tem feito a diferença no crescimento da marca nas últimas três décadas, se consolidando como referência no segmento. “Nosso propósito é trazer uma solução em bolsas de moda, com qualidade, diferenciação e informação, mas mantendo nosso DNA. Sabemos que a bolsa é um item que fala muito da personalidade de quem usa e queremos encontrar nosso público, oferecendo a ele segurança e bom gosto na sua escolha. Mas sempre preocupados com a praticidade e durabilidade, empoderando e trazendo mais autoestima”, observa o designer.
Posso dizer que a trajetória de empreender no Brasil não é uma coisa simples. Honestamente só mesmo com muita resiliência e coragem – Celso Afonso
Segundo ele, o diferencial está mesmo no design “e no carinho que depositamos nas criações. Procuramos ao máximo usar materiais mais naturais embora ainda não tenhamos conseguido 100%. As pessoas por trás da construção desse trabalho são consideradas parceiras e amigas, o que gera uma relação positiva e inclusiva, que esperamos refletir no resultado”.
E comenta a importância do crescimento também de uma responsabilidade socioambiental na indústria da moda: “Em nosso caso, o universo da marca já aposta no uso de materiais naturais como o couro, que é o carro-chefe. Os fornecedores desses materiais, são aqueles curtumes que já se preocupam também com isso em seu processo de produção não poluente. Evitamos sempre que possível materiais sintéticos, ainda que em pequenas proporções”.
Sobre o tema, Celso completa: “A própria característica da mão de obra do segmento é por natureza inclusiva: são profissionais em sua maioria, de mais idade, com difícil colocação em outros mercados de trabalho. E nos trabalhos mais artesanais, bem como eventuais bordados ou enfeites, utilizamos artesãos e artistas locais”.
Reconhecimento que vem do trabalho duro e da resiliência
O empresário divide conosco uma balanço do seu trajeto até aqui: “Enfrentei todas as dificuldades possíveis e imagináveis. Tendo passado por diferentes momentos políticos e econômicos, variados modelos de governo, e também os mais ruidosos momentos internacionais, posso dizer que a trajetória de empreender no Brasil não é uma coisa simples. E ainda temos que lidar com nossas questões pessoais, nosso sistema de crenças e valores que interferem no trabalho. Honestamente só mesmo com muita resiliência e coragem”. expert na área, ele também analisa o cenário da moda atual. “Vivemos em um mundo over, onde tudo é muito: a oferta, a informação, a necessidade de atenção. O marketing parece estar sendo mais importante que o produto em si. A autoralidade ainda parece ser um bom caminho, embora precise trazer consigo todas as outras ferramentas”, frisa.
E como analisa a moda brasileira? “É muito criativa e competente, extremante adequada ao mercado interno, que é o seu público, com uma boa leitura do internacional. Esse próprio formato já seria o diferencial, mas para ser internacional as questões são mais complexas. Há o famoso custo Brasil, a enorme e crônica dificuldade do país em exportar valor agregado e o pouco conhecimento do que se faz aqui lá fora. Apesar dos inúmeros e novos canais de divulgação, ainda somos distantes, geográfica e historicamente do mercado internacional de manufaturados, embora tenhamos melhorado muito”, afirma.
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