Minas Trend: Celso Afonso, presidente do Sindibolsas, aborda cenário da produção + inspiração + o socioambiental


“Como outras atividades no Brasil, acredito que a indústria de moda cresce, se consolida e amadurece. Apesar das enormes dificuldades em se empreender por aqui, a resiliência do brasileiro se mostra inesgotável”, frisa Celso Afonso, que durante palestra no Minas Trend, maior São de Negócios da América Latina, promovido pela Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (FIEMG) . “Divertida, colorida e vibrante”. Assim, Celso aposta sobre a tendência do mercado que vai apostar em cores quentes em conjuntos, minissaias, body, scarpins, plataformas, bolsas baguetes e de mão para Verão 23/24

Minas Trend: Maior Salão de Negócios da América Latina comemora 15 anos

Presidente do Sindicato Intermunicipal das Indústrias de Bolsas e Cintos de Minas Gerais (Sindibolsas),  Celso Afonso estava muito feliz com a realização da edição comemorativa dos 15 anos do Minas Trend, o maior Salão de Negócios da América Latina, promovido pela Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (FIEMG), propulsor da moda plural, com ênfase no novo fazer e pensar sobre toda a cadeia produtiva de diversos setores. A expectativa era uma projeção de 70% das vendas para a Coleção Outono/Inverno. Depois de estar à frente da palestra “Tendências Verão 2023/2024”, ele comentou, em entrevista exclusiva, que “o cenário é bastante positivo no período pós pandemia. Temos a volta dos eventos, fator de relevância para o setor. O mercado nacional já apontou claramente numa direção: para fazer frente à concorrência dos produtos asiáticos, como também das grandes marcas internacionais, a solução é se utilizar de materiais mais exclusivos e design diferenciado. Obtido através do desenvolvimento de produtos com uma linguagem mais autoral”.

Segundo ele, estamos presenciando um situação em que e as informações circulam com uma velocidade incrível, nunca vista antes. “As tendências de moda, até pouco tempo atrás, surgiam exclusivamente nas Semanas De Moda. Hoje, elas estão nas ruas, voltam às passarelas, são devolvidas às ruas em um looping infinito. Desta forma há um certa continuidade, sem uma ruptura radical com a estação anterior, mas sempre apresentando novidades. Ou mesmo quando, no âmbito internacional, por exemplo, a “novidade”, em alguns casos, se trata de reeditar, na íntegra, modelos de bolsas do acervo das marcas”, observa.

Os bons ventos mostram que as inspirações para p Verão serão “Divertida, colorida e vibrante” refletindo um estado de espírito (Foto: Sebastião Jacinto Júnior)

A responsabilidade socioambiental precisa ser incorporada em definitivo às marcas. Não apenas como uma posicionamento de marketing, mas sim como uma verdade da empresa – Celso Afonso, presidente do Sindibolsas

Frisa ainda que, os custos de desenvolvimento e a escassez de mão de obra têm direcionado as coleções no sentido de otimizar esse processo de lançamento. Tendendo-se assim a  estender ao máximo a vida útil de seus modelos de sucesso. Para não deixarmos de citar algumas mudanças em curso, é importante lembrar o retorno das maxi bolsas. Simultaneamente, o renascimento dos modelos baguette e croissant bem como a contínua exploração dos modelos arredondados e os de inspiração em outras linhas arquitetônicas”.

Celso Afonso, por que bolsas continuam sendo verdadeiros objetos-desejo? “A bolsa é aquele tipo de peça que tem o poder de transformar um look: aquela famosa constatação de que um jeans e camiseta branca configuram um look incrível, desde que você tenha acessórios poderosos, como uma bolsa no melhor exemplo. Além disso, ela fala muito sobre a personalidade de quem usa. Não somente, nem necessariamente, sua condição financeira. Mas também sua visão de moda, nível de informação, bom gosto etc. Ou seja, dá uma definida na tribo a qual se pertença. Falando-se aqui, portanto, em percepção de identidade”.

O barbiecore reinando no street wear e nas passarelas

Como presidente do Sindibolsas, ele analisa o cenário atual do setor: “O nosso setor é mais  voltado para o mercado interno e a intenção é ter uma trajetória internacional consolidada, apesar já de negócios pontuais. O próprio Minas Trend, traz, em seu Projeto Comprador, lojistas de outros países, na expectativa de fomentar as exportações. Além disso, temos diversos programas de capacitação nesse sentido, oferecidos pelo Centro Internacional de Negócios ,da Fiemg. Nesse caso, direcionado para empresas mineiras”.

A indústria 4.0 avança, modificando e modernizando processos. A digitalização atravessou como um trem bala, forçando uma rápida adaptação das empresas – Celso Afonso, presidente do Sindibolsas

A estética Y2K (year 2000 ou, em português, ano 2000) ganha leituras e identidades inovadoras em um universo criativo

“Um conjunto de fatores e ações se fazem necessários para se firmar numa indústria tão competitiva. Para citar inicialmente apenas alguns, a diferenciação, ter propósitos bem definidos, foco no público alvo e uma estrutura comercial bem estruturada são essenciais. Uma presença phygital bem feita deixou de ser uma necessidade e passou a ser uma obrigação. Pensando num futuro próximo e na perenidade das empresas, alguns assuntos terão que ser trazidos cada vez mais á mesa. Ainda que pequenas ou médias, as empresas  terão que se preocupar com temas hoje mais comuns ás grandes corporações, como LGPD, programas de integridade  e ESG por exemplo”.

Estar no maior Salão de Negócios da América Latina é garantir  a oportunidade de fazer negócios com um mix de clientes selecionados. Ao completar 15 anos, o evento reafirma sua maturidade, comprovando sua privilegiada  posição no cenário dos eventos de moda. Garantindo assim sua perenidade e crescimento – Celso Afonso, presidente do Sindibolsas

Quando a questão é a contribuição de uma marca para o socioambiental, ele reforça que “a responsabilidade socioambiental precisa ser incorporada em definitivo às marcas. Não apenas como uma posicionamento de marketing, mas sim como uma verdade da empresa. Tem que estar realmente estabelecida em seu propósito, sob o risco de soar falso. Tanto quanto possível, o upcycling, por exemplo, deve ser explorado e valorizado, em especial por aquelas empresas que têm os jovens como público alvo.  E esses, como formadores de opinião, serão capazes de influenciar outras faixas etárias. A indústria precisa trabalhar o tema da sustentabilidade, optando pela escolha de materiais e fornecedores certificados e processo produtivos mais limpos como os tingimentos, lavagens etc. A indústria têxtil, a exemplo dos curtumes, deverá procurar desenvolver mais opções de matérias primas green a preços melhores, hoje ainda muito caros”.

Reforça ainda que a conexão direta com o novo consumidor que quer saber “quem produziu a sua peça?”, “como ela foi produzida?” é ponto-chave para o novo empreender: “Atualmente se comunicar com o consumidor se tornou mais fácil devido às redes sociais. Transparência é a palavra-chave e as empresas não terão que apenas serem responsáveis por si, mas também terão que demonstrar que lidam com parceiros igualmente responsáveis. O storytelling deixa de ser apenas uma narrativa, cronológica ou de DNA, e passa a ter que incorporar as etapas e os cuidados com o humano e o ambiente. A moda, nesse aspecto, já tem pontos a seu favor. Naturalmente inclusiva, já emprega, direta ou indiretamente um tipo de trabalho que envolve mão de obra mais madura, além de bordadeiras, artesãos, artistas etc. Precisará cada vez mais, contudo, contar isso de forma mais eficaz ao mercado”.

Celso Afonso, presidente do Sindibolsas, aborda cenário da produção + inspiração + o socioambiental

O teletrabalho veio para ficar e os modelos híbridos se fortaleceram. Não tão comuns às manufaturas, onde o presencial ainda é fundamental, à exceção talvez dos departamentos comercias, financeiros etc. – Celso Afonso, presidente do Sindibolsas

“Como outras atividades no Brasil, acredito que a indústria de moda cresce, se consolida e amadurece. Apesar das enormes dificuldades em se empreender por aqui, a resiliência do brasileiro se mostra inesgotável. Na esteira da consolidação dos grandes grupos de moda, outros devem se formar, inclusive e, talvez, pela união de pequenas empresas, devido aos grandes desafios do futuro, como já mencionado aqui. Do ponto de vista das plantas, o setor precisará se profissionalizar ainda mais, em especial na questão da 4.0. A mão de obra, cada vez mais escassa, continuará um problema na maioria dos centros. A exportação continuará sendo um gargalo, refletindo uma histórica dificuldade. Caso se consiga reduzir o chamado custo Brasil, que impede a competitividade do setor internacionalmente, talvez possamos melhorar esse cenário. Acredito que o comércio de rua continuará crescendo, revertendo um tendência aos shoppings, que , devido ao alto custo, deverá ficar cada vez mais restrito às ancoras e grandes redes. Confirmando assim a tendência de se fazer compras perto de casa. No âmbito da criação, a prática das cópias, já em desuso, perde ainda mais impulso, num cenário onde o autoral deve gerar valor”.

INSPIRAÇÕES

“Divertida, colorida e vibrante”. Assim, Celso aposta sobre a tendência do mercado que vai apostar em cores quentes em conjuntos, minissaias, body, scarpins, plataformas, bolsas baguetes e de mão. E mais: a camisa oversized vem om tudo, bem como a estética “praia na cidade” em referência ao vestuário praiano embarcado em regiões urbanas. Para o próximo verão, aposta na linguagem de roupas utilitárias, como a calça cargo, com bolsos em formatos “repaginados, refinados, elegantes e despojados”;  o jeans, a partir de diferentes lavagens, formatos e cortes repaginados. O tecido pode ser utilizado na produção de calças, saias, shorts, bermudas, vestidos e outras peças.

Para os acessórios, ele aponta em adorno com metais, bolsas com plumas, franjas e enfeites, sandálias com saltos delicados e finos e correntes. “A estação invoca as cores, do céu, das águas, da selva, da terra e das flores. Usadas de forma pura ou também misturadas acabam por criar uma atmosfera”, observou.