Minas Trend arranca na frente e abre o rally de inverno com muito preto, texturas e jeito de aristocrata russa


Motoqueiras, looks em preto total, silhuetas art-déco, Russia Imperial, referências esportivas e florais que lembram matrioshkas foram as principais apostas

Está aberta a temporada de inverno 2014. Explica-se: começa hoje a nova edição do Minas Trend, a semana de moda mineira que, agora, traz as novidades de outono-inverno 2014. As coleções apresentadas chegarão às lojas somente em março do ano que vem, depois do carnaval tardio. O evento abriu ontem à noite com um coquetel seguido de desfile-show coletivo que exibiu um pout-pourri das principais tendências de inverno somente para convidados vips. Em destaque, a ambientação do Expominas, o pavilhão que é a sede do evento, decorado pelo arquiteto Pedro Lázaro com composê de guarda-sóis brancos e instalações feitas com rodas de bicicletas, referências à diversidade social étnica e econômica brasileira. Decoração super bonita e o todo bastante significativo, pois, se na passarela predominou o preto, na ambientação o branco dá as cartas, provando mais uma vez que, se é época de crise, então é melhor não arriscar e aderir de vez àquilo que é mais fácil de vender.

O público presente, composto por estilistas, imprensa especializada, fashionistas e compradores de lojas, pode vislumbrar a moda da próxima estação em um belo desfile cuja moldura era uma orquestra ao vivo comandada pelo músico Wagner Tiso que, do seu piano, orquestrava a festa junto com a bateria da Mangueira. Ao som de clássicos da boa e velha MPB – como Eu Sei que Vou Te Amar, Travessia e O Bêbado e a Equilibrista –, a trilha sublinhou o andar firme das modelos e, como tudo no Brasil, a festa terminou em samba, com os músicos, provenientes da Orquestra de Câmara do Sesi Minas, em sintonia fina com os percussionistas da verde-e-rosa, ao som de Aquarela do Brasil, de Ary Barroso. Destaque para todos os arranjos, valorizados um por sax e violinos e remetendo às trilhas que o mestre Ennio Morricone costuma compor para o cinema.

Em sua 13ª edição, o Minas Trend, continua se destacando pelo conjunto de expositores que, em comum, têm o apreço pelas roupas de festa de acabamento requintado, com destaque para o luxo artesanal. O trio de stylists que produziu o desfile – Mariana Sucupira, João Paulo Durão e Davi Leite –, soube introduzir o corolário de referências da moda internacional atual ao capricho das coleções locais. O beauty artist Bruno Candido, responsável pelos 14 desfiles do evento, optou por uma beleza saudável e natural, com uso de blush rosa para destacar maçãs e têmporas das modelos e arrematou tudo com uma boca suave. Os cabelos ficaram soltos, mas alinhados por trás das orelhas ou presos em um coque sujinho.

Com tops como Viviane Orth e Paula Mulazani encabeçando o casting, predominaram os estilos motoqueiro e esportivo-futurista, a alfaiataria precisa, maxi suéteres e pelerines usados com saias longas esvoaçantes, algumas transparências, formas fluidas, godês ou evasês, franjas art déco, peles e plumas de avestruz, calças panta-cour, cortes a laser, puídos grunge, fendas reveladoras, estampas florais de etnia russa e o mix de materiais como renda, tule, neoprene, tweed, gazar, tricôs espessos e couro ecológico. No balanço final, ao que tudo indica o inverno tende a se concentrar na zona de segurança do preto total, enriquecido pelo mix de texturas em montagens que brincam com o espírito sportswear e referências dos anos 1990, mas que evocam o luxo da aristocracia eslava pós-revolução, fixada na Paris dos anos 1930.

Por Alexandre Schnabl