Desenvolver soluções que promovam a sustentabilidade e a economia circular como parte integrante das estratégias de negócios e operações das empresas, promovendo a transição para um modelo circula focado na manutenção do valor de produtos e materiais durante o maior período de tempo possível no ciclo econômico (com minimização da extração de recursos, maximização da reutilização, aumento da vida útil dos materiais de base biológica como fonte de regeneração constante do ecossistema). Em síntese: eliminar o desperdício e aumentar a vida útil dos materiais. E assim é todo voltado o trabalho do Áurea Lúcia Studio Design & Inovação Circular. Empresa B Certificada com portfólio de projetos e soluções sustentáveis e circulares, validadas nos mercados B2B e B2C da moda e têxteis nacionais. “Tendo no design a ferramenta estratégica para a transição linear-circular, fornecemos Consultorias e Design de novos produtos, Redesign e soluções para resíduos têxteis, produtos acabados e materiais em estoque. Empresa membro da Ellen MacArthur Foundation Community e do Circular Economy Club, atuamos em prol dos ODS 4, 9 e 12”, nos conta Áurea Lúcia, nome à frente do projeto.
E foi assim que ela costurou toda a sua palestra com o tema Design circular – cases de sucesso do Studio Design & Inovação Circular com uma trajetória que girou a mudança no modelo e inovação no negócio da empresa. O encontro foi realizado durante a 29ª edição do Minas Trend – Maior Salão de Negócios da América Latina, promovida pela Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (FIEMG), sempre de portas abertas para a inovação, os melhores negócios da moda e propulsor de novos horizontes. O local da palestra foi o P7 Criativo, primeiro hub de inovação e economia criativa do país, que ocupa os 25 andares de um edifício projetado por Oscar Niemeyer (1907-2012) em 1953, na Praça Sete de Setembro, no Centro da capital mineira.
É uma alegria e um prazer participar novamente do Minas Trend, em especial trazendo esta nova moda – regenerativa e restaurativa -, neste evento consolidado no mercado da moda nacional, alinhado às grandes tendências globais, assim como as questões de impacto, inovação e negócios da indústria – Áurea Lúcia
Antes de mergulhar nos cases, pergunte à Áurea sobre a história por trás do seu projeto de vida: “Nossa primeira coleção, “Entre Nós Mesmos”, foi criada em 2005 para o TCC de Design de Moda. Ela é o nosso DNA. Reunindo nossos valores e processos sustentáveis e circulares e está intacta, até hoje ! Produzida por duas mulheres 50 +, nos mostrou desde então que este seria nosso público alvo para o impacto social e assim vem sendo. Formalizamos a empresa em 2014, criando e produzindo coleções cápsula de vestuários e acessórios femininos, sempre em bases de fibras vegetais, com tingimentos e estamparias botânicos”.
Em 2022, fomos selecionados pela Apex Brasil para o Projeto Design Export, apoiando com nosso design às empresas que desejam exportar – Áurea Lúcia
E Áurea acrescenta: “Nossos resíduos têxteis continuaram em uso nas embalagens e no design de superfície em todas as coleções. Neste mesmo ano, fomos selecionados para o Concurso Ready to Go no MTP, onde fomos convidados para a feira Who’sNext em Paris. Desfilamos e ministramos palestra no Fashion Revolution BH e comercializávamos nossas criações em eventos e feiras do setor. O ano de 2017 marcou uma virada na nossa trajetória: conhecemos a Economia Circular e, profundamente identificados com seus princípios, fomos aplicando-os e promovendo melhorias que geraram nosso primeira bolsa circular – produto que trouxe o convite do Circular Economy Club (CEC) – instituição britânica que promove a implementação da E.C. em diversos países – para dirigirmos uma unidade local deles em BH. Em 2019, organizamos e realizamos o 1º. Circular Cities Week em BH, reunindo o ecossistema mineiro de profissionais, acadêmicos, empresários, marcas e startups em palestras, exposições e networking”.
Bolsa Rebag – Primeira bolsa circular é o redesign das peças remanescentes da coleção 2018. Materiais sustentáveis tramados em tear manual, com alças de malha reciclada trabalhada no crochê. Bolsas produzidas por mulheres 50 mais da regional noroeste de BH.
Um segundo modelo de bolsa circular – a Vegana Colours, criada e comercializada em 2020 – nos mostrou um ciclo que estávamos fechando: um mesmo material aplicado em 2009 que ainda tínhamos em casa, foi redesenhado em vários modelos e a bolsa Nature Design fechou este ciclo. Ambas foram validadas e comercializadas nos mercados B2B e B2C. A bolsa Vegana Colours foi produzida com resíduos de fibra vegetal, tingida e estampada com materiais botânicos. Já a Nature Design em trama em tear manual de resíduos de algodão. Alça tiracolo, etiqueta e puxador em mangueira de incêndio redesenhada.
Foi neste mesmo ano, em plena pandemia, que a empresa foi certificada B e foi lançado o e-commerce próprio. Em 2021, optamos em pivotar nosso modelo de negócio: de marca produtora para Studio de Design e Inovação, oferecendo apenas serviços: consultoria, design e redesign circular para o varejo da moda. “Ministramos palestras em eventos de moda, têxtil e inovação, como o Salão Inspiramais, onde expomos nossa mochila circular no espaço Hub Conexão, neste mesmo ano”.
“Seguimos neste novo modelo, acreditando que o design é a ferramenta estratégica para a transição linear-circular. A moda sustentável foi e continua sendo minha escolha primária, por todos os valores tangíveis e intangíveis que ela representa e resgata. Neste sentido, minha trajetória profissional tem sido desafiadora e pioneira: seguindo na contramão da moda tradicional e alinhada com os desafios do meu negócio e as questões globais, a Economia Circular na indústria da moda é um grande desafio, tendo em vista a complexidade desta cadeia de valor, a amplitude de skateholders envolvidos e os impactos negativos gerados nos últimos 15, 20 anos. Seguir pelo caminho da circularidade foi uma transição natural, de amadurecimento e posicionamento do nosso negócio – Áurea Lúcia
CASES DE SUCESSO EM PROL DA MODA CIRCULAR
“Nossos cases de sucesso são as bolsas circulares. As primeiras, criadas em 2017 são resultados de um trabalho primoroso no tear manual, redesenhando os materiais aplicados em peças acabadas da coleção “Sob o seu corpo …” Com os modelos de 2020 e 2021 fechamos o ciclo de um material de base vegetal, e reinserimos materiais sustentáveis na produção, inovando no processo produtivo”, analisa Áurea Lúcia.
Durante a palestra no P7, ela mostrou peças de vestuário e acessórios tingidos com materiais sustentáveis – como hibisco, açafrão e casca de cebola. “Outra coisa que fizemos foi pegar peças que não haviam sido vendidas, como kimonos e echarpes, e transformamos em bolsas em outra coleção”, contou. Também explicou sobre o processo de impressão botânica, feito a partir de folhas, e o uso de retalhos para produzir novas peças. “Uma das grandes dificuldades que enxergo para as médias e grandes empresas é o processo de monitoramento dos processos para que seja garantida a sustentabilidade. É necessário equipe para realizar esse trabalho. Mas, acho que é um esforço necessário para que as empresas consigam se adequar a uma produção mais sustentável”, afirma.
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