Milton Killing, presidente da Assintecal, fala sobre as perspectivas otimistas para o mercado de Componentes para Couro, Calçados e artefatos. “A crise é a oportunidade de reinvenção e superação”


Em entrevista exclusiva ao site HT, durante a edição de Verão 2018 do Inspiramais – Salão de Design e Inovação de Componentes, uma realização da Assintecal e CICB, o presidente ainda falou sobre os aprendizados neste período de recessão econômica, seu encontro com o presidente da República, Michel Temer, inspirações aspirações e otimismo com o futuro

Desde abril de 2016, a Associação Brasileira das Empresas de Componentes para Couro, Calçados e Artefatos (Assintecal) tem um novo presidente. Trata-se do empresário, administrador de empresas e diretor presidente da Killing S/A Tintas e AdesivosMilton José Killing, sucessor de William Marcelo Nicolau, que ocupará a presidência até abril de 2018, quando será realizada nova assembleia. Este, aliás, não é o primeiro mandato de Milton à frente da Assintecal, cargo que ocupou entre os anos de 1996 a 2002.

Milton Killing, presidente da Assintecal, fala sobre as perspectivas otimistas para o mercado de Componentes para Couro, Calçados e artefatos.

Nesta nova temporada, ele vem buscando deixar como legado a união do setor e maior competitividade da indústria coureira calçadista no mercado. “Este será o grande trabalho. O setor esfriou seu desenvolvimento por conta da crise econômica, mas não está parado. Precisamos voltar a criar o desenvolvimento e colocar o produto em alto patamar de competitividade mundial. Vamos pensar no trabalho em grupo, pois só isso é que gera força de um setor. É uma questão de prioridade e foco”, disse Milton.

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Em entrevista exclusiva ao site HT, durante a edição de Verão 2018 do Inspiramais – Salão de Design e Inovação de Componentes, que é uma realização da Associação Brasileira de Empresas de Componentes para Couro, Calçados e Artefatos (Assintecal) e do Centro das Indústrias de Curtumes do Brasil (CICB), que rolou entre os dias 16 e 17 de janeiro em São Paulo, o presidente ainda falou sobre os aprendizados neste período de recessão econômica, seu encontro com o presidente da República, Michel Temer, inspirações, aspirações e otimismo com o futuro.

HT: Você tomou posse há alguns meses como presidente da Assintecal. Quais são as suas prioridades à frente da Associação?

MK: Nos últimos anos, o Setor de Componentes construiu pontes comerciais nos mais diversos países e hoje muitas empresas apostam na exportação como peça chave no planejamento estratégico para seus negócios e não simplesmente como cases de sucesso na indústria dos manufaturados. De dezembro 2014 a dezembro 2015, por exemplo, nosso projeto Footwear Components by Brasil, fruto de parceria entre a Apex-Brasil e a Assintecal, exportou US$ 219 milhões – destes, US$ 25 milhões só em dezembro.
Para os próximos anos, continuamos a apostar no caminho da inovação em qualidade e design para conquistar ainda mais mercados – hoje são 74 países – apostando em formas diferentes de fazer negócios

No mercado interno, pretendemos fortalecer a aproximação com todos os polos calçadistas e de confecções por meio do Fórum de Inspirações como de outras ações que, cada vez mais, nos integrem e que possam desenvolver esses locais como grandes produtores de calçados. Temos como meta também a integração direta com as demais Associações, Institutos, Universidades e todos os Órgãos de Fomento e pela busca de eficiência produtiva, pela melhoria da qualidade de produtos e pelo equilíbrio no mercado externo e no  interno, o que é possível diante de relacionamentos comerciais duradouros.

O próprio Inspiramais atinge patamares de posicionamento de todo o setor, gera negócios diretos e a longo prazo para as empresas, apresenta inovação, sustentabilidade e tecnologia, lança mais de 600 produtos inovadores ao mercado e une diversos elo da cadeia produtiva ao redor do Setor de Componentes – atraindo empresários de todo o país e do exterior. O Inspiramais, por exemplo, já começa a alcançar voos internacionais, com participação em outros países e levando nossas empresas a ampliar e diversificar ainda mais seus mercados.

Estamos prontos para mudanças e temos em mente que teremos que “fazer mais com menos”, simplificar nossas relações e até mesmo não utilizar recursos sobrepostos ou investidos em prioridades.  Temos que buscar entre nós o “fazer melhor” com mais competência e nos manter unidos para conquistar nossas metas e resultados concretos”.

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HT: Um de seus primeiros atos como presidente foi uma reunião com o então presidente interino Michel Temer. Como foi esse encontro? Quais os compromissos assumidos por ele com o setor das indústrias?

MK: No dia  8/6 estive em Brasília com outros 100 líderes empresariais. O encontro foi organizado pela Fiesp e nos permitiu, junto com outras personalidades de diferentes segmentos da indústria brasileira, que levássemos ao presidente interino Michel Temer pautas de interesse para mobilização de retomada do crescimento brasileiro, destacando pontos como redução de juros, crédito, estabilidade no aumento de impostos e destravamento de PPP’s.

Devemos estar atentos e empenhados para que nosso setor retome uma performance positiva e de crescimento em mercados interno e externo, como tínhamos registrado nos últimos anos. Para isso, é essencial que o governo federal acate nossas necessidades.

HT: Como sobreviver à crise? Quais as medidas que as empresas precisam ter em mente para continuar nadando em tempos de mar revolto?

MK: Somos criativos e temos o empreendedorismo latente. Na coletiva de imprensa do Inspiramais,  brinquei com os jornalistas: “Crise, mas qual crise?”. Na realidade esta é a oportunidade que temos em superar nossas dificuldades, oportunidade de nos reinventar para suprir um mercado que está borbulhante. O empresário brasileiro deve abrir a mente para um novo cenário econômico e político, se reinventar, olhar por outros ângulos e explorar novas tendências de mercado.

HT: Qual a principal função da Assintecal no seu ponto de vista?

MK: A Assintecal dá a base e as ferramentas para que todo o Setor de Componentes e Materiais para Calçados reaja e tenha oportunidades comerciais nos mercados interno e externo. Importantes parcerias com o SEBRAE, Apex-Brasil e Sindicatos regionais proporcionam à indústria insights para apostar em novos designs, tecnologias, caminhos sustentáveis, e outros ônus que acarretam em abertura de novos mercados dentro e fora do Brasil.

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HT: O que o inspira diariamente a levantar da cama, colocar o terno e ir para o escritório trabalhar?

MK: A mudança. Sou movido a desafios e sei que 2016 foi um ano repleto deles. Assumir pela segunda vez a presidência da Assintecal torna o desafio ainda maior, pois o cenário econômico é totalmente diferente daquele encontrado em minha primeira gestão e isso me move. Como disse anteriormente, é preciso se reciclar e rever metas, valores. Eu também estive neste processo. A mudança é a minha inspiração.

HT: Qual o principal ensinamento que a gente pode tirar dessa crise?

MK: A crise é a oportunidade de reinvenção e superação.

HT: Na sua expectativa, quando o Brasil volta a crescer?

MK: A minha expectativa é que volte o mais rápido possível, mas, temos alguns temas de casa para fazer. Mas, se medidas sérias e reajustes internos forem tomados, acredito que 2017 seja um ano de crescimento.

HT: A valorização do dólar é importante para a exportação de produtos nacionais. De que forma a Assintecal lida com a variação do dólar no atual momento? Quais as previsões cambiais e quanto de fato isso ajudou o mercado calçadista?

MK: A exportação é uma das medidas que traz impacto mais rápido na balança comercial, mas não pode ser a única.  Para isso temos que ter outras motivações para o ganho, como melhor eficiência produtiva, melhores produtos, e sermos persistentes no mercado.