São mais de 130 anos de história e 110 países na rede da Levi’s pelo mundo. Em diferentes continentes, a grife que é referência de jeans na moda internacional se faz presente e é exemplo de qualidade e estilo. No Brasil este panorama é excelente. Por aqui, a Levi’s possui dezenas de lojas e, agora, também se dedicas às fabricas. Neste segundo semestre de 2017, a grife norte-americana passou a produzir parte das coleções vendidas no Brasil em solo nacional. Até o final do ano, a estimativa é que cerca de meio milhão de produtos sejam fabricados com o selo “made in Brasil”.
A estratégia, que mistura moda, economia e ideologia, ainda está caminhando em ritmo acelerado. De acordo com o diretor comercial da Levi’s no Brasil, Rui Araújo Silva, esta produção saiu do papel em agosto e nos meses de setembro e outubro já estava ganhando as lojas da marca pelo país. Por enquanto, a fabricação local da Levi’s, que está no eixo entre São Paulo e Porto Alegre, ainda corresponde a apenas 20% do que é consumido por aqui. No entanto, para o executivo, já é um bom número para este começo. “No Brasil, estamos produzindo algumas categorias da coleção da Levi’s. Nesse montante de meio milhão de peças, temos alguns fits de jeans, camiseta, polo, sapatos e toda a parte de acessório, como carteira, cueca, boné e meia”, listou.
Para isso, a Levi’s investiu em uma produção inteligente, que se apropria da estrutura já existente e garante o toque de qualidade da marca que vem lá dos Estados Unidos, onde a Levi’s foi fundada em 1873. “Nós não temos fábricas próprias. O que fazemos é contratar empresas já existente, fazemos uma auditoria e analisamos quais têm a melhor capacidade para produzir os produtos com a qualidade que sempre tivemos. Para isso, existe um processo bem delicado e criterioso em que escolhemos esses parceiros para que nada saia fora do nosso padrão”, explicou.
O que ganhará novidades neste processo de produção local é o preço e os detalhes nas peças. Como explicou o diretor comercial da Levi’s no Brasil, a marca não terá designers criando para os consumidores nacionais. No entanto, ao invés de apenas importar e copiar o que é produzido para as temperaturas e necessidades dos países do Hemisfério Norte, a Levi’s passará a adaptar peças para a tropicalidade do Brasil. “O nosso modelo de trabalho não muda muito e, seja aqui ou nos Estados Unidos, o processo é o mesmo. O que teremos de mudança é um conceito de sazonalidade nas coleções. Ou seja, se na grade nós temos uma camiseta apenas em branco, azul marinho e preto e, no Brasil, identificarmos o gosto pelo verde, poderemos ampliar a cartela. Assim como nos tecidos. Nas lavagens, poderemos colocar um pouco de elastano e diminuir a rigidez do denim para alguns fits”, detalhou.
Desta forma, a Levi’s passa a ter uma coleção mais inteligente e personalizada que, além de seguir as tendências do mundo, também ganha toques tropicais para o consumo no Brasil. Outra mudança que chega com a novidade da produção em solo nacional é o preço final das peças. Aliás, esta foi um importante ponto que motivou o acordo de parcerias com as fábricas. “Com esta produção, a gente passa a ter a possibilidade de expandir a marca para mais pessoas. O nosso objetivo não é simplesmente baratear porque acreditamos que a Levi’s seja uma marca premium. Mas, ao mesmo tempo, também achamos possível vender modelos a R$ 189, por exemplo, e assim aumentar nossa gama de clientes. E é isso o que começamos a fazer”, apontou Rui Silva.
Esta proposta também é ilustrada nas novidades geográficas da Levi’s. Com a ideia de atingir cada vez mais gente e com modelos com a mesma qualidade e preços mais acessíveis, a marca passa a ocupar novos espaços nas grandes cidades. Em São Paulo, por exemplo, seguindo o conceito premium das lojas dos importantes shoppings, a Levi’s inaugura seu novo ponto no aeroporto internacional de Guarulhos. “É uma área mais popular e que tem grande tráfego de pessoas. Mas, para a gente estar em um lugar como esse, precisamos justificar com preços que atraiam o público de lá. E calças jeans a R$ 189, graças à produção local, são uma forma de nos comunicarmos com esse público”, contou.
Como feedback, Rui Araújo Silva afirmou que tem recebido bons comentários. Há menos de dois meses desses produtos nas lojas da Levi’s no Brasil, o retorno tem sido positivo e um estímulo para futuros crescimentos. “Nós estamos recebendo uma resposta muito interessante, principalmente nos acessórios. Os bonés e cuecas são produtos que fazem bastante parte do consumo do brasileiro. Com as calças, o retorno dos modelos a R$ 189 também está muito positivo porque está abrindo o leque de clientes que não sabiam que a Levi’s também tinha opções por menos de R$ 200”, analisou o diretor comercial que em breve terá uma resposta certeira da economia brasileira. “Eu estou na expectativa para ver como será o consumo desses produtos na Black Friday e no Natal”, contou o executivo sobre as próximas datas importantes do varejo.
Com este panorama, o futuro da Levi’s no Brasil é ambicioso, como definiu Rui Silva. De acordo com o diretor comercial, o objetivo é continuar crescendo e conquistando novos números. No entanto, Rui acredita que esta expansão não estará relacionada à abrangência geográfica da produção em solo nacional. “Eu acho que iremos crescer mais em nível de produtos. Cada vez mais vamos passar a produzir outras categorias da coleção e, assim, explorar mais do que as fábricas ainda podem nos dar. A gente espera que em breve já estejamos fabricando moletons, camisas, mochilas, bolsas e outros fits de jeans”, disse Rui que, em 2018, espera registrar o dobro da estimativa até dezembro. “Se em alguns meses a expectativa é fazer meio milhão de produtos, no ano que vem queremos atingir um milhão”, afirmou.
Nesta expectativa embalada por grandes números, Rui Araújo Silva apenas responde à ideia que engrenou este processo de produção da Levi’s no Brasil: “por que não?”. “Este sempre foi um país que nos surpreendeu muito em nível de qualidade. As fábricas possuem um know-how técnico incrível e uma capacidade de escala que anima. Então, a nossa ideia foi explorar isso e, desta forma, atender de maneira diferenciada a um país que sempre consumiu bastante a marca no mundo. Afinal, além de o Brasil ter temperaturas altas durante quase o ano inteiro, ao contrário dos Estados Unidos e Europa, aqui as datas ainda são diferentes do calendário internacional”, destacou Rui Silva apontando festividades como Dia das Mães, dos Namorados e dos Pais.
Ah, e se toda essa novidade e investimento no Brasil por parte da Levi’s já não fossem super interessantes, a grife ainda tem outra novidade potente nas mangas – literalmente. Recentemente, a marca divulgou um modelo de jaqueta inteligente desenvolvida em parceria com o Google. Nesta peça, é possível usar tecnologias como GPS e atender e desligar telefone. “Este foi um trabalho conjunto em que fizemos um software no tecido da manda para que fosse usada de maneira inteligente. No entanto, esta ainda é uma tecnologia que só está disponível nos Estados Unidos. Mas o resultado ficou espetacular”, contou Rui Araújo Silva, diretor comercial da Levi’s no Brasil. Já queríamos no Brasil!
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