Cinquenta mil reais. Esse é o prejuízo estimado pelo estilista mineiro Ronaldo Fraga após ter sua loja na Savassi, Região Centro-Sul de Belo Horizonte (MG), assaltada pela terceira vez. O arrombamento, flagrado pelas câmeras de segurança, ocorreu por volta das 4h desta sexta-feira (dia 2), mas Ronaldo só tomou conhecimento três horas depois, quando, em um grupo de Whatsapp formado por empresários e comerciantes da região, a notícia de uma vitrine quebrada se alastrou. “Os criminosos estavam com os rostos cobertos e quebraram uma vidraça. Levaram aproximadamente 45 peças das mais elaboradas, que ficam na primeira arara, a mais próxima e longe do alarme”, contou em entrevista ao HT.
Se dizendo “o último romântico da Savassi”, Ronaldo vê o bairro, de elite, “uma degradação geral, como acontece com Ipanema, no Rio de Janeiro”. “Você vê carro sendo quebrado por um maço de cigarro que tem dentro, assalto à mão armada durante o dia. Esse perfil de crime à luz do dia é de crime de droga. É um grande exército do crack que tomou conta do país “, disparou. Para ele, a questão está nas mãos poder público. “Os governantes não fazem nada. Os responsáveis anunciam diariamente cortes na educação e na cultura. Eles cortam o que é efetivo. A Savassi, por exemplo, não tem vigilância durante o dia”, reclamou, acrescentando: “Eu sou otimista por um fio, mas esse Brasil está fo!@#da”.
Afirmando a todo momento que “a violência está generalizada”, Ronaldo Fraga disse que a situação dos empresários e comerciantes da região é antiga. Só não é elucidada. “Os comerciantes de menor porte me pediram: ‘Fale, porque se não a gente só vira estatística’. Quem paga essa conta? Os micro e pequeno empresários, que já têm que se virar com os impostos. Quando eu recebi o telefonema para avisar do arrombamento, eu tinha acabado de ler uma manchete sobre o Eduardo Cunha (o presidente da Câmara é acusado de ter contas bancárias secretas na Suíça) e a blindagem dele no Congresso. Aquilo, quando li, foi como um piano nas costas. Agora, depois do prejuízo, virou um prédio de dez andares”, comparou.
Otimista nato, mas “só de raiva”, Fraga lamenta não saber até onde vai tanta perseverança. Enquanto não encontra resposta, continua desenvolvendo seus trabalhos sociais com adolescentes. “A gente tem que lembrar o quanto é fundamental o cidadão se envolver nisso, em um momento no qual é cada um por si e Deus por todos, já que esses políticos, por serem incompetentes, cortam onde o cidadão, de imediato, não vai sentir. Eles cortam segurança e saúde. Aí você não precisa do serviço de saúde todo dia e….”, analisou. Passado o triste episódio, Fraga continua se preparando para desfilar na 40ª edição da São Paulo Fashion Week no dia 19 de outubro, às 19h. Ele entregou para HT que ainda não terminou a coleção, mesmo faltando cerca de duas semanas. “Com certeza eu vou colocar meu olhar de sempre: sobre os terrenos áridos e enxergar poesia neles”. Não temos a menor dúvida, Ronaldo!
Em tempo: um boletim de ocorrência foi registrado pela Polícia Militar e a investigação ficará a cargo da delegada Daniele Durães, da 2ª Delegacia Centro. Às 15h, a PM informou que a perícia e investigadores estavam na loja de Ronaldo, mas, até o fechamento desta reportagem, ninguém havia sido preso.
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