A tecnologia mudou a produção e a forma de consumir moda e disso nós já sabemos. Essas evoluções técnicas, inclusive, permitem novos produtos, conceitos e práticas dentro do cenário fashion. Mas, nesta redescoberta, outro fator também tem ganhado força e importância: as redes sociais. Cada vez mais, as marcas têm se dedicado à interação direta com seu público consumidor ou em potencial e estreitado os laços principalmente pelo Instagram. E foi justamente este o assunto do quinto painel do Fashion Talks, o “Por Dentro da Moda”. Na semana passada, o Senai Cetiqt promoveu uma tarde de debates no Rio de Janeiro na qual estudantes de todo o Brasil puderam ampliar os horizontes com grandes nomes da moda, dos negócios e da educação.
No painel que discutiu esta interação virtual, os convidados foram o beauty stylist Lavoisier, que também é embaixador da Eudora, a empresária Tatianna Oliva, da Cross Networking, e a modelo Bárbara Berger. Com mediação de Jackson Araújo e Camila Yahn, o debate destacou o uso das redes sociais hoje em dia, o fenômeno das digital influencers e como transformar a internet em um mercado de negócios. Inclusive, sobre isso Tatianna Oliva é especialista. Na Cross, a empresária trabalha em firmar parcerias produtivas entre marcas e também com personalidades, incluindo as blogueiras. “Hoje a gente encara essas pessoas como marcas. Eu sei que muita gente não concorda com isso, mas, para nós, personalidades também têm valores e conceitos, assim como uma empresa. Por isso, atualmente, existe uma área dentro da Cross em que eu faço parcerias entre essas marcas com perna, que são as personalidades, e as tradicionais pessoas jurídicas”, explicou.
No entanto, no trabalho que já aliou nomes como Lala Rudge à Riachuelo e a marca Maisena à Tok Stok, Tatianna destacou a importância de um comportamento empresarial de ambas as partes. De acordo com ela, a partir do momento em que uma pessoa passa a ser considerada uma marca, ela também precisa agir de tal forma. “Essas pessoas precisam querer se comportar como marca. Eu não sou empresária de ninguém, apenas dou uma direção sobre qual caminho ela deve seguir. Então, depende muito do artista ou influenciador”, comentou Tatianna que afirmou que, na maioria das vezes, esses trabalhos com personalidades visam resgatar uma posição de destaque que foi perdida por essa influenciadora, na maioria das vezes.
E em um cenário em que blogueira ganha status de marca e a repercussão na internet passa a ser a principal estratégia de comunicação de uma empresa, o lazer passa a ser negócio. O que antes era um espaço de troca de ideias e fotos, torna-se um campo de influências e referências. Sobre isso, Babi Berger contou que precisou se adequar à novidade para que seguisse acompanhado o seu mercado de trabalho: o das passarelas. “É impossível a gente ficar longe do digital. Antigamente, as modelos eram contratadas apenas pelos trabalhos e fotos que você apresentava. Agora, já existem as digital influencers que também usam as marcas que nós desfilamos. Eu confesso que demorei um pouco a entrar nesse mundo das redes sociais desta maneira porque eu não usava o Instagram como uma forma de trabalho. Para mim, era apenas pessoal”, afirmou a modelo.
No entanto, quem não acompanha esta instantaneidade contemporânea fica para trás. Em contrapartida, quem também tenta se destacar de maneira falsa não ganha o mesmo prestígio neste mercado. Com a internet assumindo o protagonismo de tantas áreas e as influenciadoras das redes sendo o fenômeno da atualidade, surge um cenário de seguidores falsos, curtidas compradas e visualizações de robôs. Tudo para impressionar com os números. Mas, engana-se quem pensa que isso ainda é o mais importante. “Tinha uma época em que quem tivesse mais seguidores era a mais badalada. Mas agora isso está mudando. Depois desse boom, virou possível comprar seguidores, curtidas, views. Por isso, ficou mais importante analisar as pessoas que te seguem, que interagem com esses perfis e não mais apenas os números”, analisou Babi que, em sua conta, busca seguir um conceito em relação às postagens pagas. “Quando me pedem para postar algum produto ou falar de algo, eu sempre me preocupo em ver se tem a ver comigo. Afinal, as pessoas que me seguem gostam do meu perfil por causa dos meus interesses. Não adianta eu postar sobre uma roupa de yoga sem eu nunca ter praticado e nem falado sobre isso antes”, destacou.
Aliás, quem também está aprendendo a fazer do Instagram um mercado de negócios é Lavoisier. O beauty stylist, que há cinco anos é embaixador da Eudora e tem um trabalho super interessante de pesquisas e desenvolvimento de produtos a longo prazo, contou que agora também precisa se preocupar com as redes – ainda mais depois de um episódio recente. “Eu nunca imaginei que precisava pensar no Instagram. Na minha vida, sempre estive apenas nos bastidores e agora precisei aprender a lidar com essa visibilidade do público que eu trabalho. Quando eu fui a Paris com a Bruna Marquezine, por exemplo, em menos de dez minutos eu ganhei 15 mil seguidores. Isso é impressionante”, disse Lavoisier que mudou sua forma de interação virtual depois disso. “Para manter, eu aprendi que não podia postar só maquiagem. Essas pessoas também se interessam pelo lado humano do profissional. Então, passei a mostrar eu tomando café e em casa. É preciso abrir e permitir que eles entrem um pouco na sua vida”, revelou.
Além da beleza e da moda, a saúde também se destaca neste comportamento virtual moderno. Hoje, o que não faltam são exemplos potentes de influenciadoras fitness ou que pregam uma vida saudável na internet. Uma delas, com curso e conhecimento para falar sobre isso, é Babi Berger. Curiosa, ela também se formou em health coach. “É um curso que trabalha toda a alimentação. Não é só emagrecer melhorando as refeições, existem fatores como espiritualidade, estresse, dinheiro e vontade que também influenciam. Então, eu aprendi a trabalhar para que tudo esteja em harmonia e, assim, a alimentação também melhore e proporcione uma vida melhor”, explicou.
O fato é que, seja sobre moda, beleza, comportamento ou alimentação, este é um caminho sem volta na rotina moderna. A internet e as redes sociais já fazem parte do nosso dia-a-dia e agora, mais do que nunca, a sabedoria de como explorar isso se torna essencial. Para Tatianna Oliva, que tem muito do seu trabalho ligado aos comportamentos virtuais, o planejamento é essencial. Seja para uma marca tradicional ou para as novas marcas, que são as personalidades, é preciso ter um pensamento empresarial sobre as próximas atitudes. “O plano de negócios precisa ser algo muito importante dentro de uma empresa. É claro que a criação é fundamental, mas o business é essencial para guiar para onde você quer ir como empresário”, destacou.
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