Inspiramais: papo com Walter Rodrigues, coordenador do Núcleo de Design da Assintecal. “O mote é pertencimento, essência artesanal, que contém alma”


O estilista falou ainda sobre o atual cenário da indústria e das semanas de moda, a questão da ostentação em tempos de likes na internet e da nova maneira de pensar produtos, munidos da pesquisa. O resultado estará no Salão de Design e Inovação de Materiais

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A minha relação com o estilista Walter Rodrigues vem de longa data. Como profissional conceituadíssimo e como ser humano sensível e ainda adepto ao contato com os amigos frente à frente. Nos meus 30 anos de jornalismo, eu acompanhei a escalada nacional e internacional de Walter e pude estar com ele, na França, em um momento de intimidade antes do desfile, quando fazia a prova de roupa nas modelos, realizada na Embaixada do Brasil em Paris. Fui a primeira jornalista a publicar com exclusividade a notícia da decisão do estilista de se retirar das passarelas à época em que completava 20 anos de carreira e ganhava uma exposição comemorativa, em Brasília. E continuo seguindo os passos de Walter em suas competentes investidas como consultor em projetos de Norte a Sul do país. O estilista está à frente da coordenação do Núcleo de Design da Assintecal e eu o procurei para conversar sobre a grande empreitada que vem pela frente: a realização da 12ª edição do Inspiramais – Salão de Design e Inovação de Materiais, levando as principais inspirações da temporada do Inverno 2016 para a cadeia produtiva da moda brasileira.

Walter Rodrigues, coordenador do Núcleo de Design da Assintecal estará à frente da Palestra Fórum de Inspirações Inverno 2016 do Inspiramais - Salão de Design e Inovação de Materiais

Walter Rodrigues, coordenador do Núcleo de Design da Assintecal estará à frente da Palestra Fórum de Inspirações Inverno 2016 do Inspiramais – Salão de Design e Inovação de Materiais (Foto: Divulgação)

O Inspiramais é realizado pela Associação Brasileira de Empresas de Componentes para Couro, Calçados e Artefatos (Assintecal), pelo Footwear Components by Brasil e pelo Centro das Indústrias de Curtumes do Brasil (CICB). O local escolhido é o Centro de Convenções do Shopping Frei Caneca, nos dias 8 e 9 de julho. Trata-se do momento em que os fabricantes de calçados, bolsas, acessórios, vestuário e móveis têm o primeiro contato com as novidades desenvolvidas pela indústria brasileira de componentes para a próxima estação, incluindo as inovações em tecidos, sintéticos, couros, saltos, enfeites, aviamentos e outros itens que estarão disponíveis no próximo inverno. Uma resultante do Fórum de Inspirações desenvolvido pelo Núcleo de Design da Assintecal, que promove a busca e desenvolvimento de materiais inovadores.

Para o público que não é da área, eu explico: você deve estar se perguntando, mas como? Já Inverno 2016? Sim. Se nós, editores de moda, fashionistas e compradores, acabamos de ver nas passarelas das maiores semanas de moda o Verão 2016, o Núcleo desenvolveu pesquisas de inspirações para que os fabricantes brasileiros dos segmentos de confecção, calçado, acessórios, moveleiro possam dar início à produção Inverno 2016, que será desfilada em outubro. Os estudos estão sendo tão aprofundados para ajudar as indústrias se prepararem para fazer a roda da economia girar que haverá no Salão, o Preview do Couro para o Verão 2017, projeto realizado juntamente com o CICB (Centro das Indústrias de Curtumes do Brasil), antecipando cores e texturas. Voltando ao Fórum, no primeiro semestre de 2015, o Inspirações passou por 29 cidades que se destacam nos segmentos calçadista, confecções, couro, têxtil, artefatos e materiais, levando para as empresas informações para promover o desenvolvimento de produtos inovadores com base na estação abordada. E Walter comanda uma equipe de consultores e pesquisadores que integram a Assintecal e o Núcleo de Design. Eu não falei que ele tem viajado por todo o país? Acaba de chegar de Belém do Pará.

Fiz uma série de perguntas para Walter, que, como vocês poderão conferir, é de uma franqueza ímpar, e um dos pontos que ele abordou quando eu perguntei sobre a frase-chave do Inspiramais Inverno 2016 – “Tudo o que reflete é conteúdo” – foi  a constatação da importância do que chama de “pertencimento”. “Daquilo que aprendemos ao longo da vida e adquirimos através das tradições ancestrais, dos fazeres e ofícios artesanais. É importante entender que o Brasil, ainda, mesmo que com data para acabar, possui uma mão de obra artesanal riquíssima e que foi sempre desprestigiada. Portanto buscamos enfatizar nossas expertises fortalecendo nossa autoestima, e aplicando em tudo o que fizermos a riqueza destas histórias e heranças, refletindo assim em nossos produtos aquilo que temos de mais precioso: o conteúdo de nossas vivências, experiências e esperanças”, comentou. Queridos leitores, é a voz da experiência constatando a questão da importância da artesania de luxo, nosso branding no exterior. Como já escrevi no site, nossa diversidade de tipologias de artesanato de linha é enorme. Muitas delas só são encontradas no Nordeste, e se não estimuladas, correm o risco de desaparecer. Não por que careçam de mão-de-obra para produzi-las, mas pelo gargalo que hoje temos para comercialização destes produtos e pela falta da inclusão de melhores insumos tecnológicos para que esses produtos tenham maior competitividade em mercados que os valorizem. O backbone, a espinha dorsal do item de luxo, está no artesanato de alto valor agregado, na marca de origem. Marca de origem: uma expressão mágica, uma chancela que um país como o Brasil, hoje enxergado de forma tão positiva no inconsciente coletivo mundial, tem toda propriedade para ter. O Brasil deve ser a grande marca guarda-chuva para a moda brasileira. Vamos ao bate-papo:

HT – O que o inspira mais?

WR – Em primeiro lugar, as pessoas. Sempre amei “gente”, gosto de ouvir histórias, de perceber sotaques, de compreender maneirismos pitorescos, sou um voyer e adoro ficar à sombra observando, daí vêm as artes todas, a música que não desligo nunca, os livros e meus colaboradores. E estes, sim, me inspiram muito. Inspirar é para mim uma das palavras mais importantes do vocabulário de moda. No início do meu trabalho com a Assintecal, o projeto de design da associação chamava-se Fórum de Design e Tecnologia. Ele surgiu em um momento muito importante, quando a China entrou no cenário das exportações para os EUA, implodindo as exportações de calçados e acessórios feitos no Brasil para o mercado americano. Ficamos muitos anos usando esta nomenclatura, já que era importante ressaltar o design e a tecnologia para ampliar o mercado de materiais. Em 2005, efetivamente, eu passei a coordenar o projeto e, diante de tantas mudanças e da expectativa de que empresários e estilistas se inspirassem mais em tudo à nossa volta, fortalecendo inclusive a marca Brasil em detrimento de simples cópias, estabelecemos uma relação ímpar com esta palavra, colocando-a em nosso discurso na busca pela originalidade. Em 2009, o Fórum de Inspirações foi repaginado e juntamente com esta modificação iniciou-se o processo de estabelecer um Salão de Inovação e, assim, motivados pelas possibilidades de criarmos um movimento inovador e repleto de criatividade nasceu o Inspiramais. Acredito que estamos conseguindo realizar nosso sonho de incentivar os designers, empresários de todos os setores da moda a serem mais sensíveis e atenciosos para com os sinais que indicam a todo o momento novas inspirações.

 

Para o Inverno 2016 falamos da importância do “pertencimento”. Daquilo que aprendemos ao longo da vida e adquirimos através das tradições ancestrais, dos fazeres e ofícios artesanais

“Para o Inverno 2016 falamos da importância do “pertencimento”. Daquilo que aprendemos ao longo da vida e adquirimos através das tradições ancestrais, dos fazeres e ofícios artesanais”

HT – Qual a situação da indústria da moda hoje no Brasil? E de que forma podemos fazer nossa parte para ajudá-la a crescer ainda mais?

WR – No último final de semana atuando como docente em curso de pós-graduação aqui, em Caxias do Sul, conversamos muito sobre os momentos históricos da humanidade e sua relação intrínseca com a moda, e concluímos que em tempos de graves crises, e mesmo do após guerras, a criatividade fica mais exacerbada e surgem assim ótimas oportunidades de novos negócios e de reinventar-se. Não precisamos falar muito do passado da indústria da moda no Brasil que nunca teve apoio governamental, mesmo sendo a maior geradora de empregos femininos ou de gerar milhões de reais em impostos. É que nunca tivemos um lobby forte nas cúpulas de Brasília. Assim sempre fomos preteridos ou, no máximo, vistos como exóticos. Mas uma indústria que não se fortaleceu, não buscou inovação e fixou-se em uma zona de conforto ao fabricar commodities e nunca antes da liberação das importações de máquinas e tecnologia foi capaz de analisar sua situação, pois vivia em berço esplêndido, não tem como reclamar. O cenário de penúria e a força dos tecidos chineses e coreanos é o resultado deste descaso e desta preguiça, que agora muitos têm que engolir. Já os produtos de moda, também tiveram seu auge, foram fortalecidos pela boa distribuição no mercado interno, e pelo fato do brasileiro amar moda, mas, de novo, os sistemas se modernizaram, os prazos, as estações se modificaram e em um país continental como o nosso, tudo fica mais lento para mudar. A falta de investimentos, a própria identidade das empresas sendo 90% familiares, estabelece um círculo vicioso de inoperância, que com a chegada da chamada fast-fashion e também dos conglomerados de luxo, botam ladeira abaixo o pouco que se construiu em vinte e poucos anos. Para mudar será preciso reaprender a fazer tudo: de tecidos, produtos, marketing, feiras, semanas de moda e mais ainda o produto. Será preciso entender melhor o Brasil, suas regionalidades, seus encantamentos e até seus exageros para, daí sim, planejar um novo mapa de moda, um novo discurso e uma estratégia para o mercado interno e para a exportação. Do jeito que está, não chegaremos a lugar algum.

HT – Quando vemos marcas, que nada têm a mostrar, pagando milhões para celebridades vestirem o “nada” que elas estão mostrando, acho que temos que mudar, sim, urgentemente, a fórmula das semanas de moda” . A frase foi dita por você a mim, em Brasília, em 2012, quando foi homenageado pelos seus 20 anos de carreira logo após ter decidido deixar as passarelas. Hoje, três anos depois, como analisa as semanas de moda no Brasil?

WR – Continuamos na mesma, mas eu mudei minha opinião e respeito mais isso, até por que os consumidores que lotam desfiles promovidos por shoppings centers repletos de celebridades novelísticas desejam isto mesmo. Estou mais realista três anos depois…rsrsrsrsr. Acredito que o consumidor brasileiro não está interessado em vestir “moda brasileira”. Ele nem sabe o que é isso. Ele quer preço e a possibilidade de sensualizar, usando os chavões locais, estampas, cores e lycra. Aí está a chave de muitas possibilidades. Consumidores sem cultura de moda. E veja bem: nem estou sonhando em avessos perfeitos, entendimento de conceitos contemporâneos do slow fashion. Estou pensando em conforto, boas modelagens, certificado de origem, ética no fabricar. Sendo assim, temos também as marcas que não educam seus consumidores, não comunicam suas ações de sustentabilidade e de preservação e nem estão interessadas em torná-los seus cúmplices. Apenas querem o fugaz sentimento de estar vendendo muito e de estar fazendo bastante dinheiro naquele período para depois desaparecer em pouco tempo, sem deixar rastro. Falta planejamento, falta estratégia, falta tradição, falta amor pelo que se faz. Não vejo as semanas de moda como plataformas de fortalecimento da indústria, tudo lá também é fugaz e tedioso, devíamos recomeçar a reaprender fazer produtos, a vender melhor, e aí sim comunicar o que se faz. Hoje me parece que ao se fazer um bom estardalhaço, é possível vender qualquer trapo.

Para mudar a situação da indústria da moda será preciso reaprender a fazer tudo: de tecidos, produtos, marketing, feiras, semanas de moda e mais ainda o produto. Será preciso entender melhor o Brasil, suas regionalidades, seus encantamentos e até seus exageros para, daí sim, planejar um novo mapa de moda, um novo discurso e uma estratégia para o mercado interno e para a exportação. Do jeito que está não chegaremos a lugar algum.

“Para mudar a situação da indústria da moda será preciso reaprender a fazer tudo: de tecidos, produtos, marketing, feiras, semanas de moda e mais ainda o produto. Será preciso entender melhor o Brasil, suas regionalidades, seus encantamentos e até seus exageros para, daí sim, planejar um novo mapa de moda, um novo discurso e uma estratégia para o mercado interno e para a exportação. Do jeito que está não chegaremos a lugar algum”

HT – Você teve a preocupação de pensar no próximo, na História e nos alunos de moda ao preservar o acervo de moldes das coleções no Senac São Paulo e das roupas exclusivas e vestidos de noivas com a Universidade de Caxias do Sul. Como está esse material precioso hoje? A consciência da preservação da História da Moda no Brasil vai até que ponto?

WR – Sou do tempo que não havia internet, nem o santo google, nem sites e que as revistas demoravam três meses para chegar. Nós, brasileiros, nunca tivemos acervos históricos, nossa memória é de no máximo dois anos. Assim passei parte de minha vida acumulando (rsrsrsrsrs). Foram anos e horas de pesquisa e muito dinheiro investido em adquirir peças de estilistas fundamentais para entendermos os caminhos da moda e em preservar e arquivar meu próprio trabalho. Sim, os moldes das coleções do prêt à pôrter estão hoje em um espaço denominado Moldeteca, no Senac Moda de São Paulo, todos catalogados e em fase de digitalização, para que possam ser estudados por alunos e pesquisadores. Os moldes, peças pilotos, desenhos e até os convites da série de vestidos noivas estão aqui em Caxias do Sul, na Universidade que possui o curso de design de moda. Eles também estão arquivados  e esperando o início da digitalização. Quanto às coleções de roupas referentes aos meus desfiles e o acervo de aquisições compondo perto de 3 mil peças estão guardados em São Paulo, e estamos buscando meios de torná-los público, para pesquisas e estudos. Nós, no Brasil, não temos museus especializados em moda. Temos um em Salvador, que é maravilhoso, mas é bem pequeno e os outros que dependem da vontade política ou de verbas governamentais e que estão à míngua. É uma tristeza. Determinei que o ano de 2015, seja o ano de resolver esse problema e estou empenhado nisto. O sonho é deixar no Brasil, mas em última instância posso negociar com museus estrangeiros e, assim, perderemos mais uma vez nossas histórias.

Não vejo as semanas de moda como plataformas de fortalecimento da indústria, tudo lá também é fugaz e tedioso, devíamos recomeçar a reaprender fazer produtos, a vender melhor, e aí sim comunicar o que se faz. Hoje me parece que ao se fazer um bom estardalhaço, é possível vender qualquer trapo"

“Não vejo as semanas de moda como plataformas de fortalecimento da indústria, tudo lá também é fugaz e tedioso, devíamos recomeçar a reaprender fazer produtos, a vender melhor, e aí sim comunicar o que se faz. Hoje me parece que ao se fazer um bom estardalhaço, é possível vender qualquer trapo”

HT – Depois da saída das passarelas o seu trabalho de consultoria aumentou e muito. Quais as empresas e público que tem se beneficiado de sua experiência? E de que forma você acha que tem contribuído para a moda dessa forma?

WR – Minha decisão em deixar as passarelas e o sistema de confecção de roupas foi por uma busca de uma vida mais feliz, foi por qualidade de vida. Hoje, moro em Caxias do Sul, um lugar que tem uma natureza disciplinada, pois as estações são bem definidas, com paisagens lindas, muita tradição e cultura. Aqui, vivo feliz, mantenho uma casa em São Paulo, pois ainda se faz necessário. Muito do meu tempo é dedicado aos estudos e elaboração da pesquisa que define as estações do Fórum de Inspirações. Tenho um bom grupo de estudos e mais a orientação de Ilse Guimarães, a minha, a nossa guru. Participo de vários projetos com o Instituto By Brasil, que, juntamente com o Sebrae, busca incentivar e promover a inovação e mais conhecimentos e experiências. Tem sido muito encantador compartilhar minha experiência de trabalho e vida com alunos e também com empresários. E agradeço sempre a oportunidade de aprender todos os dias com eles também. Busco com esta minha nova atitude de vida, valorizar o compartilhamento de saberes, ideias e sonhos e estou feliz com os resultados.

HT – Quem chama sua atenção por um bom trabalho na nova geração de estilistas brasileiros?

WR – Tem muita gente boa: Weider Silveiro, Rober Dognani, Karin Feller, Rodrigo Rosner, Martins Paulo, Melk-Zda e Carlos Bacchi. Eles, cada um com seu estilo, demonstram capacidade criativa, gerencial e possuem um brilhante futuro.

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HT –  A frase-chave do Inspiramais Inverno 2016 é:  “Tudo o que reflete é conteúdo”. O que você pensa a respeito?

WR – Nesta estação, falamos da importância do “pertencimento”. Daquilo que aprendemos ao longo da vida e adquirimos através das tradições ancestrais, dos fazeres e ofícios artesanais. É importante entender que o Brasil, ainda, mesmo que com data para acabar, possui uma mão de obra artesanal riquíssima e que foi sempre desprestigiada. Portanto buscamos enfatizar nossas expertises fortalecendo nossa autoestima, e aplicando em tudo o que fizermos a riqueza destas histórias e heranças, refletindo assim em nossos produtos aquilo que temos de mais precioso: o conteúdo de nossas vivências, experiências e esperanças.

HT – O Inspiramais integra o calendário da moda nacional com o lançamento dos materiais e produtos que a indústria de componentes investiu e trabalhou um semestre inteiro. Cores, formas, composições, possibilidades serão apresentadas para imprimir um DNA brasileiro. Como analisa a repercussão de um salão como esse? Você que sempre imprimiu em seu trabalho uma pesquisa aprofundada antes de um resultado, o que tem a comentar sobre o Salão de Design e Inovação de Materiais?

WR –  O Salão de Design e Inovação de Materiais – Inspiramais é resultado da combinação do trabalho dos empresários, juntamente com o trabalho dos consultores do Núcleo de Design Assintecal. Esta é uma nova maneira de pensar produtos, munidos da pesquisa do Fórum de Inspirações. Lado a lado, eles trabalham em novos desenvolvimentos, assim, a cada estação, mostramos no Salão mais de 600 produtos inéditos que serão base para os setores de calçados, acessórios, moveleiro e de confecção. Hoje, o Inspiramais é uma grande vitrine de tudo que é produzido em componentes de moda e de inovação, proporcionando aos visitantes uma visão muito estruturada na estação vigente e também muitas indicações da próxima estação. Assim trabalharemos, agora em julho de 2015, o Inverno 2016, nos materiais que estarão expostos nos stands e nas mesas inspiracionais do Fórum, mas também já teremos o Preview do Couro para o Verão 2017, projeto este realizado juntamente om o CICB, Centro das Indústrias de Curtumes do Brasil, antecipando cores e texturas da nova estação vindoura e mais o Projeto Referências Brasileiras conduzido pelo estilista Jefferson de Assis, que propõe um olhar sobre a cultura brasileira, decodificando estes significados em produtos de moda. O Salão é nossa vitrine, da pesquisa, do trabalho dos consultores junto às empresas, dos empresários que confiam e acreditam no projeto e é, portanto, um resultado de muitas mãos em busca do melhor.

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HT – A indústria da moda no Brasil tem sentido o reflexo de uma busca maior pela qualidade? O que você sente em suas palestras pelo Brasil afora?

WR – Aqui é importante frisar que “qualidade” passou a ser uma determinante no mundo, sendo assim para justificar os altos preços cobrados. Marcas internacionais lotam a internet com short films, nos quais enfatizam suas tradições e mão de obra. Acredito que, com a expansão das marcas de luxo pelo mundo, do fortalecimento do design na China, tida antes como fornecedora de pouca qualidade e que hoje luta para mudar este histórico, apresentando produtos de elevado padrão de fabricação, os consumidores globais saibam que, ao comprar um produto, eles terão que pagar por seu valor institucional e também de manufatura. Esses fatores têm modificado nossa percepção de qualidade. Hoje, no Brasil, percebo que empresários de todas as regiões produtivas estão, cada vez mais interessados em tecnologia, investindo em plantas de fábricas mais otimizadas, em maquinários de última geração e no treinamento de seus funcionários buscando estabelecer uma marca forte. Estamos aprendendo a reconhecer nossos pontos fortes e também nossas características regionais para criar produtos encantadores e desejáveis. Já percorremos um bom caminho, mas estamos longe de descansar.

HT – O que podemos esperar dos próximos passos de Walter Rodrigues?

WR – Wow, espero poder continuar colaborando através da minha paixão pela moda com as empresas brasileiras, defendendo o design e a inovação, compartilhando ideias e experiências e, ao mesmo tempo, aprendendo todos os dias com estes batalhadores corajosos que fazem a moda brasileira. Espero poder ser feliz com minhas escolhas e inspirar outras pessoas a descobrirem seus propósitos e a amar o que fazem, pois assim faremos a diferença.