Com a pandemia causada pelo novo coronavírus, o mundo digital acelera a expressividade, proporcionando um outro formato de negócios e experiência para designers, empresários, profissionais da moda e players das indústrias de calçados, bolsas, acessórios, vestuário e móveis de Norte a Sul do país e do exterior ajudando a acelerar a roda da economia. Em plena Quarta Revolução Industrial, a palavra de ordem é reinvenção, quebrando paradigmas e abraçando a moda 4.0, perfeitamente alinhada aos novos consumidores e suas exigências. É nesse clima que o Inspiramais 2021_II – Único Salão de Design e Inovação de Materiais da América Latina terá uma edição 100% digital, programada para os dias 25, 26 e 27 de agosto de 2020, mostrando estar totalmente adaptado às mudanças na forma de se conectar e estar em sinergia com as pessoas.
Promovido pela Associação Brasileira de Empresas de Componentes para Couro, Calçados e Artefatos (Assintecal), Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit), Associação Brasileira das Indústrias do Mobiliário (Abimóvel), Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil), pelo Centro das Indústrias de Curtumes do Brasil (CICB) e Programa de Internacionalização da Indústria Têxtil e de Moda Brasileira (Texbrasil), Brazilian Leather, By Brasil Components, Machinery and Chemicals e com apoio de algumas das principais entidades setoriais do país, o Inspiramais é onde a moda começa. Entre as principais atrações dessa edição digital estão showrooms, estandes virtuais, projetos inovadores, vitrines interativas, salas virtuais para reuniões e encontros com nomes fortes do mercado.
Acompanho as edições do Inspiramais há anos e é impossível deixar de destacar aqui as frases que ouvi de Ilse Guimarães, superintendente da Associação Brasileira das Empresas de Componentes para Couro, Calçados e Artefatos (Assintecal), em janeiro, em São Paulo, durante o Inspiramais 2021_I permeado pelo tema Sincronia, que se concretizaram em um piscar de olhos. “Acredito que o tema veio ao encontro de todas essas mudanças que, às vezes, nos parecem díspares, mas, que acabam nos trazendo uma realidade que é vermos o ser humano como essência, sendo que todas as tecnologias devem ser utilizadas para cada vez nos tornar melhores e com maiores possibilidades. Essa valorização do ser humano se conecta de todas as formas com a sustentabilidade também”. Pois assim será.
Tenho pontuado que, diante da Quarta Revolução Industrial, realidade que já bate à porta, compreender o papel das máquinas, assim como o das inovações que elas promovem, é essencial para entender as novas tendências e formas de comportamento. Mais do que qualquer outro fator, o profissional da moda precisa buscar conhecimento e saber reconhecer as transformações que a sociedade vem sofrendo. Neste momento atual, no qual players das indústrias, profissionais inseridos em toda a cadeia produtiva e consumidores têm refletido sobre as práticas que permearão – com certeza – o produzir moda no Brasil e no mundo já sentimos o reverberar de vozes sobre zero waste, sustentabilidade + consumo consciente e upcycling ressignificando uma nova produção.
Na live de lançamento oficial, intitulada “Inspiramais Digital – um novo formato de negócios na Indústria da Moda”, Rafael Weber, CEO da W/África, fundador da África Seguros e business partner da StartSe, mediou um painel entre Ilse Guimarães, superintendente da Associação Brasileira de Empresas de Componentes para Couro, Calçados e Artefatos (Assintecal), Walter Rodrigues, coordenador do Núcleo de Design do Inspiramais; Fernando Pimentel, presidente do Conselho de Administração da Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit); Cândida Cervieri, diretora executiva da Associação Brasileira das Indústrias do Mobiliário (Abimóvel); e José Fernando Bello, presidente executivo do Centro das Indústrias de Curtumes do Brasil (CICB). Mais do que um salão de inovação, design e tecnologia em ambiente virtual, o Inspiramais irá propor uma experiência única no mercado da moda.
Há mais de uma década, o Inspiramais é referência para os segmentos da moda no Brasil, na América Latina e em países da Europa, recebendo os principais players mundiais e empresários de segmentos como calçadista, confecção, bijuterias e moveleiro, além de estilistas, designers e formadores de opinião. O salão apresenta novidades em design, tecnologia, inovação, cartela de cores e referências, antecipando os movimentos de consumo mundial. Vivemos em um mundo em constante transformação e o Inspiramais é uma plataforma, com um legado muito grande: poder transformar de fato a maneira como lançamos, desenvolvemos e analisamos a moda.
Ilse Guimarães vê uma transformação do físico no virtual, trazendo uma grande oportunidade para o avanço do Inspiramais. “Nesse assunto, sou bastante sonhadora. A moda deve acompanhar o mundo e a vinda de tecnologias nos possibilita fazer isso. A interatividade que o salão de design vai promover, os contatos online diretos entre expositores e os projetos especiais, irão gerar uma mudança de comportamento”, afirma. “Teremos o físico e o virtual, cada um com suas peculiaridades. O virtual, por exemplo, traz vantagens nesses momentos em que a logística é algo impensável, além da questão de maior abrangência”, acrescenta.
Voltando à minha conversa com Ilse em janeiro, perguntei: “Qual o caminho trilhado até agora e a perspectiva que nos é apresentada para a indústria da moda no Brasil?”. E a resposta foi rápida: “O caminho é de uma mudança de consumo e comportamento de compra online”. A superintendente frisa ainda que o Inspiramais, ao completar uma década, atinge toda a indústria nacional, responsável pela produção dos mais diversos itens, estabelecendo um padrão de produtos mundialmente consumidos, “dentro de inspirações internacionais e inserindo uma cartela de cores ‘made in Brazil’, com referências de nossas culturas e elementos regionais, tudo seguindo um conceito de consumo que também fala com o mundo. Assim, levamos o Brasil para um patamar de excelência”.
Na era do universo virtual e da robotização mesclam-se cada vez mais com o humano e orgânico. Estamos falando muito de novas tecnologias, werables, impressões 3D, mas o importante é entender que esse processo acaba valorizando o humano. E Ilse Guimarães pontua: “É uma mudança que estamos vivenciando na forma de consumir: a do pensamento. O ter já não é tão importante como usufruir… ‘ter experiências’. Certamente não deixaremos de consumir, mas consumiremos de forma diferente e aí acredito que existirão grandes oportunidades de novos modelos de negócios”.
Durante a live de start do Inspiramais Digital, o designer Walter Rodrigues, por sua vez, enxerga o futuro da moda como um sistema híbrido, online e offline. Para ele, a indústria fashion já vinha flertando com esse conceito virtual há bastante tempo e a pandemia só acelerou o processo. “É muito necessário gerar negócios, principalmente agora. A plataforma digital possibilita isso de maneira interativa, muito comunicativa, fazendo com que os designers de produto de todos os setores que sempre visitaram o Inspiramais tenham chance de encontrar esses novos materiais. É muito bacana”, enfatiza. “O mais fascinante é que, no evento físico, a gente tinha uma conexão com cerca de sete mil pessoas. Hoje, o céu é o limite, com a possibilidade de falar com mais gente e colocar os conceitos do Inspiramais de forma muito mais ampla. Acredito muito que o futuro será uma combinação entre o presencial e o virtual. A moda tem que estar cada vez mais acessível, para que as pessoas possam comprar, usar e saber o que vai acontecer. E até que possamos nos encontrar e nos abraçar tudo será realizado aqui”, completa.
O coordenador do Núcleo de Design do Inspiramais sempre foi visionário ao nos mostrar os resultados das pesquisas realizadas pelos consultores e já fala há tempos sobre Inteligência Artificial, conectividade, redes… o futuro é agora e a evolução das ciências tornando o homem atual um questionador sem limites. “Tivemos um tempo onde fortaleceram-se as relações B To B, e B To C, mas de agora em diante deverá ser Human to Human”, frisou em janeiro no nosso encontro físico, em São Paulo. Sincronia estava no topo da pirâmide, nos 10%, que significam a inovação com propósito de gerar valor. É onde se cria um storytelling disruptivo. Os valores se unem a um contexto mundial, à pesquisa inspiracional realizada pelo Núcleo de Design do Inspiramais, formando um estudo para que o novo produto possa gerar marketing, imagem positiva e assegurar em longo prazo a presença da empresa no mercado.
“A sincronia tem a ver com uma possibilidade muito importante de a gente já pensar na Indústria 4.0, de toda a automação que vai acontecer dentro da indústria, de toda a parte tecnológica. Mas, nós temos que entender que a tecnologia veio para ajudar o homem, veio para melhorar a vida do homem e não para substituir o homem. Dentro do tema Sincronia, estamos falando exatamente dessa premissa: da importância de a gente entender o quanto as ações humanas, a mão humana, que realmente é o instrumento de arte, vai continuar a fazer coisas interessantes”, disse, acrescentando: “Isso tudo é a gente realmente calcular e pensar na velocidade da informação, o quanto ela está impactando o cotidiano, o que cria de expectativas. Vamos ter que reprogramar profissões e proporcionar aos profissionais que estavam nas máquinas a chance que eles façam algo novo com as mãos, porque a relação vai ser pautada pelo Human to Human. Mesmo com a tecnologia será olho no olho. Isso é importante pensarmos quando criamos. Não existe mais distância, ela foi encurtada”, disse à época Walter Rodrigues.
Na live do Inspiramais Digital, Fernando Pimentel, presidente do Conselho de Administração da Abit, ressalta que não haverá um mundo pós-Covid, porque a doença permanecerá entre nós. Para ele, o novo normal da indústria será calcado em cinco pilares: moda, design, estilo, sustentabilidade e segurança sanitária. “A segurança virá quando encontrarmos a vacina, algo que não está visível no curto prazo. A grande diferença é a questão da segurança e da higiene influenciando toda a cadeia da moda. Teremos não só a exploração de novos designs e materiais, mas também um fator relevante ligado à saúde”, afirma. “Estar familiarizado com a tecnologia não será mais uma questão de escolha, mas sim uma obrigação. Teremos que fazer progressos na integração entre produtores e distribuidores, a fim de melhorar a assertividade, diminuir o desperdício e administrar melhor o ciclo de vida dos produtos. O grande desafio será humanizar esse processo. A visão solidária já está fazendo diferença”, ensina.
Em relação aos curtumes brasileiros, José Fernando Bello, presidente do CICB, destaca o entusiasmo de quem trabalha nessa área quando se fala em digital. “O setor de couros é uma indústria milenar, já passamos por todos os tipos de desafio na história da humanidade. Os curtumes estão extremamente motivados com essa possibilidade de ingressar com força no mercado virtual”, frisa. “Teremos uma ferramenta adicional na hora de fazer negócios e iremos nos aproximar mais do consumidor, aumentando a agilidade ao tomar decisões. Esperamos que todos usem muito a plataforma do Inspiramais”, observa.
Já Cândida Cervieri, diretora executiva da Abimóvel, lembra que a moda é inclusiva, pois perpassa todas as cadeias produtivas, e globalizada, uma vez que está incorporada à vida das pessoas nas roupas, casas, escritórios, carros. “Esse momento de pandemia nos permitiu ver como é importante a união das nossas indústrias e o quanto nós já estamos preparados para usar esses mecanismos ligados à tecnologia. Os mais preparados, que tiveram visão de futuro ao longo do tempo, poderão fazer a diferença. O Inspiramais Digital nos aproxima de outras culturas e traz, ao mesmo tempo, grandes desafios e aprendizados. Não tenho dúvida de que iremos superar as dificuldades trazidas pela Covid-19”, comenta. Portanto, a transformação digital também passa pelo despertar de uma nova mentalidade em toda a cadeia.
Se na edição 2021_I o tema-central foi “Sincronia”, no qual passado, presente e futuro são o agora – portanto estamos em tempos repletos de transformações da internet, das tecnologias, da robótica, mas observando mudanças de um renascer de ideias, de mindset da sociedade e foco total na sustentabilidade, o Inspiramais Digital 2021_II será permeado pelo tema Free Spirit. E o que seria o Free Spirit traduzido em pesquisa de inspiração para moda? ‘Sentir-se bem’ com as roupas que vestimos não é mais estritamente aparência ou conforto: trata-se de sentir-se bem em representar algo, em ter propósito. Portanto acreditamos que a ‘criatividade’, um tanto esquecida nesses tempos de grandes volumes e lucros estratosféricos, passa a ser hoje uma palavra importante. Uma reflexão sobre o momento de (r)evolução que estamos presenciando, com um sentimento criativo muito similar ao dos anos 1970, década marcada pelas contraculturas e a força street style.
A tônica do Inspiramais é que a construção, que unifica a linguagem e metodologia para a indústria, gera hoje a produção de produtos baseada em referências e inspirações únicas, buscando trazer identidade genuinamente brasileira à toda a produção nacional: são cartelas de cores, pesquisas, consultorias e palestras realizadas pelo Núcleo de Design do Inspiramais durante o ano e nos mais diversos polos do país, entre diversas ações – universalizando o produto nacional e ampliando a assertividade de suas vendas não só no Brasil como no mercado internacional.
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