*Por Karina Kuperman
São mais de duas décadas de São Paulo Fashion Week e, agora, a maior semana de moda da América Latina passa por sua maior reviravolta: A Luminosidade, braço do grupo Inbrands – dono de Ellus, Salinas, Richards e VR – que comanda o evento, vendeu 50,1% das ações da SPFW à IMM Participações, de propriedade do fundo árabe de investimentos Mubadala Development Company, que detém parte de marcas e eventos culturais e esportivos no Brasil – como UFC, Rio Open, Rock in Rio e Cirque de Soleil. “Temos eventos de esporte, música, arte, gastronomia em nosso portfólio. Faltava a moda, que é uma excelente plataforma de comunicação. Tenho certeza que esse casamento será maravilhoso. Não existe outro evento de moda no Brasil que possa ser comparado a SPFW do ponto de vista de impacto e relevância para o mercado”, afirmou Alan Adler, presidente da IMM e ex-atleta olímpico.
A ideia da parceria é aproveitar a rede de contatos da IMM no universo do entretenimento para fortalecer o evento. Em 2017, vale lembrar, a Prefeitura de São Paulo cortou 37% do patrocínio dedicado ao evento. “Essa crise machucou pesado quase todo mundo. Finalmente e felizmente, estamos vivos”, disse Nelson Alvarenga, presidente do conselho da InBrands. “Essa parceria nos dá a possibilidade de integração, colocando a moda em um espectro mais amplo de ações e não ficando presos a dois eventos por ano. Chegamos em uma sinergia intensa, porque moda é arte, entretenimento, muito importante para a vida. Vemos muita possibilidade de interação com os outros produtos da IMM”, afirmou. “Acreditamos, com muito otimismo, que estamos no início de uma nova rampa de progresso e desenvolvimento”, complementou.
O namoro entre a InBrands e a IMM já dura mais de um ano. “Não foi monetização, o que é bacana é que montamos um desenho de recuperação das nossas perdas e temos planos de ganhar juntos. Vamos fazer uma sociedade forte e promissora. É o início de um novo ciclo”, comemorou Nelson. “Mesmo tendo tido surpresas desagradáveis e compromissos não cumpridos, sempre mantivemos a qualidade do nosso evento. Nunca desistimos de acreditar que tudo passaria”, afirmou.
Paulo Borges, o fundador do evento e dono de 25% da Luminosidade, permanece à frente da direção criativa. “Não é fácil no Brasil se não fizer com amor. Só estão realmente resistindo quem têm alma pelo que faz. Pode mudar o processo, a dinâmica, o câmbio, mas a moda é algo que emociona, conecta uns aos outros pela imagem, olhar. Isso não muda”, garantiu ele, que foi além: “Mantemos nítida nossa alma, resistência e amor. A gente veio colocando a moda em todas as relações de plataforma, com capacidade de transformar, criar, fazer com que o Brasil fosse percebido como um país que tem sua própria forma de pensar”, disse. “Estou muito feliz, porque me considero sortudo. Conseguimos até hoje nos mantermos fieis a uma ideia. Eu não gosto de moda só quando a onda está para cima, eu gosto de moda. Ponto”, afirmou.
Paulo lembrou da essência do evento: “O SPFW nunca foi baseado em Paris, Milão ou Nova York. A maneira de fazer sim, são desfiles, representação do cenário. Mas sempre trouxemos questões da sociedade. O olhar sob a cultura, o protagonismo ao mercado”, analisou. “Sei que a parceria de Luminosidade com IMM vai poder transformar a moda em um grande projeto internacional a partir do Brasil. Não muda nada no sentido do que continuamos fazendo. Temos mais aprendizado e, agora, mais ferramentas, porque temos uma equipe altamente qualificada e que está à disposição para que a moda volte a ter importância para o nosso país”. Seguimos torcendo.
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