Site de vendas ou revista? Da França para o Brasil, Rogério Vasques lança e-commerce com jeito de publicação!

*Por Alexandre Schnabl

Com o objetivo de revolucionar o nome de sua marca, angariar clientes pela world web e ainda facilitar a vida das consumidoras modernas, o designer paraense Rogério Vasques, 34 anos, nome por trás da Maison Revolta, voltou ao Brasil após anos na Europa para lançar um e-commerce. Além disso, sua marca em breve ganhará representação no site Farfetch. Aproveitamos o badalo em torno do lançamento de sua maison virtual há poucos dias, no Rio, com direito à campanha com a avantajada diva Gaby Amarantos – sua conterrânea – para um bate-papo exclusivo com o estilista, que já trabalhou com Karl Lagerfeld em seu estúdio de criação, fez free-las para Fendi e Chanel e, ainda, trabalhou por duas coleções com Nicholas Guesquière na Balenciaga. Nessa conversa informal, ele fala sobre moda, estilo, Brasil, novas propostas de comércio e, também, sobre a necessidade de os sites de marca refletirem sobre comportamento, em geral, para cativar as clientes.

Rogério tem andado exaltante. Afinal, sua proposta é oferecer uma plataforma de e-commerce completa, repleta de informações sobre estilo de vida, com os melhores serviços de logística e pagamento do mercado brasileiro, além de entrega em todo o território nacional. “O sistema para troca e devolução também foi desenvolvido para garantir a melhor experiência de compra possível na internet”, detalha o estilista. “Consumidores antenados sabem que esta estratégia é a nova febre que permite comprar sem sair de casa, mas muitas coisa nesse sentido no Brasil ainda precisa caminhar a passos largos”, completa.

Ainda assim, Rogério não parece estar preocupado com o ritmo atual do Brasil. Ariano com ascendente em sagitário, ele é literalmente fogo e a impulsividade também encontra escoamento no seu dia a dia frenético. “A passagem pela França marcou porque me deu estrutura, mas o ímpeto é meu mesmo, desde sempre”, confessa. Com formação acadêmica em comunicação, publicidade e design, além de mestrado em semiótica pela PUC-SP, o criador comenta que seu olhar de estilista vem, sobretudo, de uma visão de mercado e que, antes mesmo de pensar em ser fashion designer, transitava pelo universo da comunicação. “Estudei publicidade e fiz escola no design. Trabalhei em propaganda e até como produtor de programas de televisão, no SBT. Fiz a primeira edição de “Casa dos Artistas”, aquela que teve Bárbara Paz, Supla, Alexandre Frota e André Gonçalves“, revela, afirmando que, com todo esse background, antes da coleção, estudava a maneira como estruturaria a marca e trabalharia o produto.

Sobre a nova empreitada, o empresário garante: “A loja online contempla o lifestyle das mulheres que vivem a intensidade do mundo atual, mas será preciso conferir”. As vantagens parecem boas: o novo site funciona como uma revista de comportamento, com seções como aquelas que encontramos em publicações nas bancas, dispondo de uma área de conteúdo exclusivo, desenvolvida para discutir assuntos que vão além do mero vestuário – como, beleza, tecnologia, gastronomia, cinema, música, design, viagens e artes visuais. Ou seja, é um verdadeiro portal de estilo de vida, uma revista de comportamento, pronta para trocar figurinha com o mulherio sobre assuntos que elas adoram! “Isso é fruto de minha visão de comunicação. Tenho uma equipe de conteúdo terceirizada para fornecer conteúdo ao site, supervisionada por um profissional da minha equipe direta que faz a interface”, completa, ressalvando que aprova pessoalmente cada matéria que sobe no ar. “Além do mais, como morei fora, tenho uma verdadeira french connection de amigos lá fora. Eles me municiam de material bacana”.

Por exemplo, na seção sobre cinema, tem uma matéria sobre a atriz Léa Seydoux, que trabalha em Hollywood em filmes como “Missão: Impossível 4 – Protocolo Fantasma” e “Meia-noite em Paris”, de Woody Allen.  A moça é queridinha dos fashionistas e estrela do perfume Candy L’eau, da Prada. Já na parte que fala de artesa visuais, Rogério faz um tour pelas exposições que estão rolando no eixo Paris-Brasil, com destaque para a expô do mestre cubista Georges Braques no Grand Palais e outra, sobre Azzedine  Allaïa, que está no Museu Galliera até 26 de janeiro. E, em gastronomia, o badalado Alex Atala ensina como transformar brasilidade em sofisticação. Ou ainda, na mesma seção, o chef Regsi Ferey, aquele da residência oficial dos presidentes franceses, dá a receita de um perfeito nougat glacé, aquela ótima e esnobe sobremesa gelada, mix de sorvete e torrone, que costuma fazer a alegrias nas ceias natalinas dos chiques.

“A Maison Revolta nasce na web com a intenção de extrapolar o serviço de e-boutique de luxo. Isso porque entendemos que a nossa mulher é dinâmica e carrega uma cultura de informação tão importante na construção do seu estilo quanto às roupas de qualidade que veste. Queremos munir nossa cliente, que é cosmopolita, de informação sobre tudo o que possa interessar”, completou o designer, que ressalta ainda a necessidade de estar próximo das clientes através de um portal que possa falar sobre tudo. “As marcas precisam ter história. Todas as grifes com tradição, sejam modernas ou clássicas, trazem em seu DNA muita bagagem. Como a marca, estou trazendo a comunicação, que faz parte da minha trajetória e do meu sangue. Informar é preciso”, alega.

Para ele, a cliente de grifes consolidadas viaja, lê, curte gastronomia, assiste filmes. Daí ser imperativo trazer para o universo da sua marca o manancial de informação, se envolvendo de maneira direta com o comportamento da mulher, influenciando-a muito além de apenas oferecer boas propostas de moda.

Fotos: divulgação

Para o lançamento power, a maison propõe uma troca entre o que há de melhor na união entre Brasil e França. Com características dos dois países em seu DNA, a marca tem no couro como matéria prima principal que aparece em calças slim, lindos tops croppeds coloridos e jaquetas no modelo perfecto com tratamento diferenciado, utilizando uma técnica da indústria automobilística para tornar o material mais fino e atingir uma flexibilidade e leveza até então desconhecidas. O mix de texturas e materiais é outro ponto forte. Em algumas peças, o couro foi misturado ao chamois e a malha, em recortes que criam linhas geométricas e revelam uma leve referência ao sportswear já popularizado entre as mulheres brasileiras. “O couro faz parte do meu estilo e, por isso, deve se mantar por muito tempo em várias coleções, misturado a outros materiais. Mas, como venho de uma visão de mercado antes de uma visão estilística, nem fico pesquisando 500 mil matérias-primas, vou direto naquelas em que acredito e dou muito valor ao caimento, à modelagem, coisa que aprendi trabalhando na equipe de Karl Lagerfeld, um mestre que conhece tudo sobre isso”, enfatiza Rogério. “Jamais partiria de um delírio, tudo comigo é bem planejado, herança dos meus anos na Europa. Assim, me dedico com afinco a essa questão da modelagem e fico feliz quando vejo as mulheres brasileiras, nos eventos comerciais que promovo em Belém, Brasília e São Paulo, contentes porque a roupa caiu bem”, diz Rogério, afirmando que a escolha pela amiga Gaby Amarantos para vestir as peças na campanha tem a ver com o biotipo das mulheres daqui.

O mote da coleção é evidenciado por linhas minimalistas e, isso pode ser claramente observado a começar pelas silhuetas simplificadas com uma atmosfera clean e a cartela de cores onde o preto e o branco  reforçam a ideia da marca de que menos é mais. A mistura da costura francesa com a bossa brasileira provou que o luxo “made in Brazil” é poderoso sim! “Gosto do minimal, ele é minha praia. Sou fã. Não sei se vou ficar nessa a vida inteira, mas é uma coisa forte em mim”. Por isso mesmo, perguntado sobre a febre dos prints digitais e a ausência de estamparia na sua coleção, ressalta que evita a poluição de estampas e que a questão do minimalismo é a tônica que o faz evitar excessos nessa área também.

Fotos: divulgação

Serviço:
Maison Revolta
http://www.maisonrevolta.com.br