*Por Karina Kuperman
De terça, 17, a sexta-feira, 20, o público que passou pelos corredores do Minas Trend teve acesso e pôde conferir de perto toda a beleza e funcionalidade de um dos materiais mais versáteis e sofisticados do mundo: o couro. Promovida pelo Sindibolsas MG (Sindicato das Indústrias de Bolsas do Estado de Minas Gerais) em parceria com Sindicalçados MG (Sindicato das Indústrias de Calçados do Estado de Minas Gerais) e CICB (Centro das Indústrias de Curtumes do Brasil), com apoio da FIEMG (Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais) e Inspiramais, único Salão de Design e Inovação de Materiais da América Latina, a exposição “Couro: o sustentável luxo da moda” reuniu marcas e designers com curtumes e expôs peles já tradicionais, como as bovinas e de cabra, além dos exóticos, como python, pirarucu, jacaré e salmão – todos produzidos pelos curtumes brasileiros Arte da Pele, Baby Leather, Couroquímica, Courovale, Fuga Couros, Natur, Nova Kaeru e Rhoma Pelles. E, se a ideia era mostrar o valor do design nacional e a importância do couro como matéria-prima moderna alinhada aos processos produtivos da indústria da moda, a missão foi cumprida com sucesso. Por lá, marcas como Ágali, Celso Afonso, Débora Germani, Diwo, Elisa Atheniense, Floré, Junia Gomes, La Spezia, Mara Spina e Paula Bahia apresentaram suas criações que destacam o produto natural valorizado pelo design e a identidade criativa brasileira.
Para Celso Luís Afonso da Silva, presidente do Sindicato Intermunicipal das Indústrias de Bolsas e Cintos de Minas Gerais (Sindibolsas/MG), a iniciativa, além de destacar os valores do produto brasileiro, reforçou a posição do estado como principal evento de lançamento de moda do país. “Sempre penso em uma maneira de fortalecer a nossa presença no evento, porque nosso segmento não é típico de desfile. Não é simples um desfile de acessórios. Achei que o formato mais interessante seria essa exposição. Estamos aproveitando para entregar mais informações e conhecimento sobre couro, sua cadeia produtiva, por que os designers optam por ele, porque é o mais durável e nobre material que tem”, explicou. Os benefícios do material vão além: “O couro é produto chave para a maioria de designers de calçados e bolsas. É a nossa matéria-prima. Gostaríamos de mostrar mais o que é trabalhar com isso. A produção de couro, hoje no Brasil, é extremamente sustentável, não é poluente, já tem certificados de sustentabilidade e há comunidades inteiras que se beneficiam dessa cadeia produtiva. O pirarucu, por exemplo, é da Amazônia e hoje existem famílias que melhoraram sua qualidade de vida através desse produto”, ressaltou, endossado por Fernando Bello, presidente do CICB.
“O ser humano se acostumou com couro desde a época das cavernas. Ele caçava, saciava a fome, e queria o couro para se proteger, fazer armamentos, defesa, moradia, tudo. Além disso, o couro nada mais é do que uma ótima solução para indústria de alimentos, porque os animais são criados por causa da carne e o couro é subproduto. Se não tivesse curtumes, esse couro teria que ser enterrado, teriam cemitérios disso. Então pegamos um subproduto da indústria de alimentos e transformamos em luxo, em produto com alto valor agregado. A cadeia do couro que vem da pecuária é extremamente reciclada”, disse.
Parceiro na produção e realização da mostra, o Centro das Indústrias de Curtumes do Brasil (CICB) promove a qualificação do setor de couros do Brasil e representa empresas responsáveis por 80% da produção nacional estimada em 40 milhões de peles/ano. Reunindo desde microempresas até grandes multinacionais da indústria curtidora. Esse grupo produz couros bovinos, caprinos, ovinos e de peixe, além de exóticos – como os de cobras e jacarés -, entre outros e exporta para 77 países, onde são utilizados em segmentos diversos como os de vestuário, bolsas, calçados, automotivo e moveleiro. “E tudo começa na apresentação. Esse grande número de curtumes não conhecia os fabricantes e, aqui, os aproximamos. Nós temos no CICB o ‘Design na pele’, um projeto com designers conceituados que vão desenvolver curtumes junto com equipes técnicas e o resultado roda o mundo todo”, contou Fernando Bello, que acredita que o Minas Trend é essencial para estimular empresas e aproximar fornecedores e clientes.
“A parceria com o Sindicato das Bolsas é uma busca disso. Queremos fazer eventos como esse em vários lugares do Brasil”, adiantou ele, que também é parceiro da Assintecal. “É maravilhoso porque trabalhamos juntos diversos tipos de materiais. “Construímos, em conjunto com o Inspiramais, tendências. Pegamos a força de dois setores, é um complemento muito bom”, ressaltou Fernando, grande incentivador da internacionalização da Assintecal. “Acho que o Inspiramais deveria rodar o mundo. Ele é tudo de bom. Lançador, inovador. Quem visita o evento vai com muita vontade. A economia pode estar no chão, mas não interfere. O pessoal sai estimulado. O Inspiramais tem tudo que o Brasil sabe fazer de bom em termos de calçados e outros componentes e isso temos que levar para o exterior. Já até fizemos experiências, em Shanghai deu muito certo. Mas a ideia é, de verdade, ter calendário de eventos internacionais”, disse.
Sem dúvidas, a mostra “Couro: o luxo sustentável da moda” ampliou ainda mais a visibilidade do setor de calçados e bolsas junto ao lojista que visita a semana de moda mineira e pôde ter contato direto com produtos, designers e curtumes. “Unimos maiores designers de calçados e bolsas do evento com importantes curtumes e estamos aproveitando a oportunidade para que as pessoas conheçam não só os produtos, mas também as peles, que trouxemos separadas, para que possam ser tocadas, sentidas”, disse Celso Afonso.
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