Exposição “Couro: o luxo sustentável da moda” toma os corredores do Minas Trend e une curtumes e designers ao redor do material, um dos mais versáteis e sofisticados do mundo


A exposição foi promovida pelo Sindibolsas MG (Sindicato das Indústrias de Bolsas do Estado de Minas Gerais) em parceria com Sindicalçados MG (Sindicato das Indústrias de Calçados do Estado de Minas Gerais) e CICB (Centro das Indústrias de Curtumes do Brasil), com apoio da FIEMG (Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais) e Inspiramais, único Salão de Design e Inovação de Materiais da América Latina

CICB - Minas Trend 22a edição (Foto: Henrique Fonseca)

*Por Karina Kuperman

De terça, 17, a sexta-feira, 20, o público que passou pelos corredores do Minas Trend teve acesso e pôde conferir de perto toda a beleza e funcionalidade de um dos materiais mais versáteis e sofisticados do mundo: o couro. Promovida pelo Sindibolsas MG (Sindicato das Indústrias de Bolsas do Estado de Minas Gerais) em parceria com Sindicalçados MG (Sindicato das Indústrias de Calçados do Estado de Minas Gerais) e CICB (Centro das Indústrias de Curtumes do Brasil), com apoio da FIEMG (Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais) e Inspiramais, único Salão de Design e Inovação de Materiais da América Latina, a exposição “Couro: o sustentável luxo da moda” reuniu marcas e designers com curtumes e expôs peles já tradicionais, como as bovinas e de cabra, além dos exóticos, como python, pirarucu, jacaré e salmão – todos produzidos pelos curtumes brasileiros Arte da Pele, Baby Leather, Couroquímica, Courovale, Fuga Couros, Natur, Nova Kaeru e Rhoma Pelles. E, se a ideia era mostrar o valor do design nacional e a importância do couro como matéria-prima moderna alinhada aos processos produtivos da indústria da moda, a missão foi cumprida com sucesso. Por lá, marcas como Ágali, Celso Afonso, Débora Germani, Diwo, Elisa Atheniense, Floré, Junia Gomes, La Spezia, Mara Spina e Paula Bahia apresentaram suas criações que destacam o produto natural valorizado pelo design e a identidade criativa brasileira.

(Foto: Henrique Fonseca)

Para Celso Luís Afonso da Silva, presidente do Sindicato Intermunicipal das Indústrias de Bolsas e Cintos de Minas Gerais (Sindibolsas/MG), a iniciativa, além de destacar os valores do produto brasileiro, reforçou a posição do estado como principal evento de lançamento de moda do país. “Sempre penso em uma maneira de fortalecer a nossa presença no evento, porque nosso segmento não é típico de desfile. Não é simples um desfile de acessórios. Achei que o formato mais interessante seria essa exposição. Estamos aproveitando para entregar mais informações e conhecimento sobre couro, sua cadeia produtiva, por que os designers optam por ele, porque é o mais durável e nobre material que tem”, explicou. Os benefícios do material vão além: “O couro é produto chave para a maioria de designers de calçados e bolsas. É a nossa matéria-prima. Gostaríamos de mostrar mais o que é trabalhar com isso. A produção de couro, hoje no Brasil, é extremamente sustentável, não é poluente, já tem certificados de sustentabilidade e há comunidades inteiras que se beneficiam dessa cadeia produtiva. O pirarucu, por exemplo, é da Amazônia e hoje existem famílias que melhoraram sua qualidade de vida através desse produto”, ressaltou, endossado por Fernando Bello, presidente do CICB.

(Foto: Henrique Fonseca)

“O ser humano se acostumou com couro desde a época das cavernas. Ele caçava, saciava a fome, e queria o couro para se proteger, fazer armamentos, defesa, moradia, tudo. Além disso, o couro nada mais é do que uma ótima solução para indústria de alimentos, porque os animais são criados por causa da carne e o couro é subproduto. Se não tivesse curtumes, esse couro teria que ser enterrado, teriam cemitérios disso. Então pegamos um subproduto da indústria de alimentos e transformamos em luxo, em produto com alto valor agregado. A cadeia do couro que vem da pecuária é extremamente reciclada”, disse.

(Foto: Henrique Fonseca)

Parceiro na produção e realização da mostra, o Centro das Indústrias de Curtumes do Brasil (CICB) promove a qualificação do setor de couros do Brasil e representa empresas responsáveis por 80% da produção nacional estimada em 40 milhões de peles/ano. Reunindo desde microempresas até grandes multinacionais da indústria curtidora. Esse grupo produz couros bovinos, caprinos, ovinos e de peixe, além de exóticos – como os de cobras e jacarés -, entre outros e exporta para 77 países, onde são utilizados em segmentos diversos como os de vestuário, bolsas, calçados, automotivo e moveleiro. “E tudo começa na apresentação. Esse grande número de curtumes não conhecia os fabricantes e, aqui, os aproximamos. Nós temos no CICB o ‘Design na pele’, um projeto com designers conceituados que vão desenvolver curtumes junto com equipes técnicas e o resultado roda o mundo todo”, contou Fernando Bello, que acredita que o Minas Trend é essencial para estimular empresas e aproximar fornecedores e clientes.

(Foto: Henrique Fonseca)

“A parceria com o Sindicato das Bolsas é uma busca disso. Queremos fazer eventos como esse em vários lugares do Brasil”, adiantou ele, que também é parceiro da Assintecal. “É maravilhoso porque trabalhamos juntos diversos tipos de materiais.  “Construímos, em conjunto com o Inspiramais, tendências. Pegamos a força de dois setores, é um complemento muito bom”, ressaltou Fernando, grande incentivador da internacionalização da Assintecal. “Acho que o Inspiramais deveria rodar o mundo. Ele é tudo de bom. Lançador, inovador. Quem visita o evento vai com muita vontade. A economia pode estar no chão, mas não interfere. O pessoal sai estimulado. O Inspiramais tem tudo que o Brasil sabe fazer de bom em termos de calçados e outros componentes e isso temos que levar para o exterior. Já até fizemos experiências, em Shanghai deu muito certo. Mas a ideia é, de verdade, ter calendário de eventos internacionais”, disse.

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Sem dúvidas, a mostra “Couro: o luxo sustentável da moda” ampliou ainda mais a visibilidade do setor de calçados e bolsas junto ao lojista que visita a semana de moda mineira e pôde ter contato direto com produtos, designers e curtumes. “Unimos maiores designers de calçados e bolsas do evento com importantes curtumes e estamos aproveitando a oportunidade para que as pessoas conheçam não só os produtos, mas também as peles, que trouxemos separadas, para que possam ser tocadas, sentidas”, disse Celso Afonso.